É o nome de um belo bairro carioca, mas, quem parece mesmo emoldurado nesta imagética é o prefeito Eduardo Paes, ao comentar sobre os problemas do estádio do Engenhão: "o estádio vai ficar fechado por tempo indeterminado. Se me apresentarem uma solução que vai levar um mês, ficará um mês fechado. Se durar um ano, vai ficar um ano fechado".
Tirando a aceitável retórica da disputa partidária, com o ex-prefeito, responsável pelo projeto e implantação do estádio, eu sou de uma época que os prefeitos buscavam solução que afligiam os seus munícipes, e não, ficavam esperando alguém apresentar solução.
É preciso descer do alto do encantamento e colocar as mãos na massa para solucionar os problemas, como faz com tanto esmero, quando se trata dos interesses imobiliários sobre o território carioca.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
domingo, março 31, 2013
O chororô decorrente dos direitos dos empregados domésticos
É deprimente o chororô exposto pela velha mídia, para dar vazão aos sentimentos esdrúxulos da também ultrapassada classe média (ainda leitora), que se considera elite, repetindo os chavões, semelhantes aos que eram usados, quando foram conquistados os direitos dos trabalhadores ao repouso semanal remunerado. Se dizia à época que os mesmos ficariam mal acostumados e lenientes, estimulados que seriam, com o tempo livre, à vagabundagem e à vadiagem.
Há cerca de dez anos eu ajudei a orientar um grupo de alunos de curso técnico (nível médio) a pesquisar a profissão de empregada doméstica, identificando sua história, os problemas, a legislação, as relações de trabalho, os conflitos, a verdadeira e falza amizade entre patrões e empregados, "a falsa cordialidade", etc.
Confesso que mais que orientar, aprendi. Acredito que a partir daí, pelos relatos, pelas discussões avancei nas discussões sobre o assunto, que vai muito para além de livro de ponto, horas extras, capacidade de pagamento, etc.
Agora, vendo o avanço dos direitos destes trabalhadores, não há como não rogar: pelo amor de Deus! Já se passaram 40 anos que o direito à carteira assinada virou direito. É mais que passada da hora de agora se ampliar estes direitos. O tempo de acomodação foi muito superior (quase duas gerações) ao que seria admitido.
Superemos, mesmo que de forma paulatina, o velho e surrado discurso da casa grande e da senzala, já tratado na blogosfera goitacá, pelo Douglas da Mata, aqui em sua "Planície Lamacenta", na nota "Por que choram os senhores e iaiás das Casas Grandes..." e até, pelo Gaspari, em bom texto em sua coluna deste domingo que convoca o velho Delfim, para, quem diria, afirmar que "o Brasil vive um novo processo civilizatório".
Afirma mais: " O processo civilizatório incomoda. Empregada com hora estra e acesso á multa do FGTS, ou sujeito de bermuda e chinelo no check-in do aeroporto, cotistas e bolsista do ProUni na mesma faculdade do Junior são estorvo para ordem natural das coisas. Como foram a jornada de outo horas, os nordestinos migrando para São Paulo e o voto do analfabeto".
No mesmo texto a fala de Delfim, encerra para mim a história, mostrando que tudo isto está longe do que é socialismo: "ou tem capitalismo para todo mundo ou não tem para ninguém".
Há cerca de dez anos eu ajudei a orientar um grupo de alunos de curso técnico (nível médio) a pesquisar a profissão de empregada doméstica, identificando sua história, os problemas, a legislação, as relações de trabalho, os conflitos, a verdadeira e falza amizade entre patrões e empregados, "a falsa cordialidade", etc.
Confesso que mais que orientar, aprendi. Acredito que a partir daí, pelos relatos, pelas discussões avancei nas discussões sobre o assunto, que vai muito para além de livro de ponto, horas extras, capacidade de pagamento, etc.
Agora, vendo o avanço dos direitos destes trabalhadores, não há como não rogar: pelo amor de Deus! Já se passaram 40 anos que o direito à carteira assinada virou direito. É mais que passada da hora de agora se ampliar estes direitos. O tempo de acomodação foi muito superior (quase duas gerações) ao que seria admitido.
Superemos, mesmo que de forma paulatina, o velho e surrado discurso da casa grande e da senzala, já tratado na blogosfera goitacá, pelo Douglas da Mata, aqui em sua "Planície Lamacenta", na nota "Por que choram os senhores e iaiás das Casas Grandes..." e até, pelo Gaspari, em bom texto em sua coluna deste domingo que convoca o velho Delfim, para, quem diria, afirmar que "o Brasil vive um novo processo civilizatório".
Afirma mais: " O processo civilizatório incomoda. Empregada com hora estra e acesso á multa do FGTS, ou sujeito de bermuda e chinelo no check-in do aeroporto, cotistas e bolsista do ProUni na mesma faculdade do Junior são estorvo para ordem natural das coisas. Como foram a jornada de outo horas, os nordestinos migrando para São Paulo e o voto do analfabeto".
No mesmo texto a fala de Delfim, encerra para mim a história, mostrando que tudo isto está longe do que é socialismo: "ou tem capitalismo para todo mundo ou não tem para ninguém".
Grussaí vista do alto
Aproveitando o domingo de Páscoa, o blog traz uma homenagem a todos que apreciam o balneário sanjoanense de Grussaí.
Mais do que a sede do município de SJB, Grussaí, talvez seja, logo depois do Açu e seus arredores, a localidade mais impactada pelo adensamento populacional gerado a partir da instalação do Complexo do Açu.
Sei que há divergências sobre a grafia correta se Gruçaí, que parece ser a nomenclatura, original, ou Grussaí, a nomenclatura, hoje, mais amplamente utilizada e a que adotei no título desta postagem.
É perceptível pela imagem aérea, a proeminência da Lagoa que deu nome ao balneário. Em torno dela, acompanhando suas margens, que segue um percurso, em paralelo à linha do mar, de ambos os lados, foi se estabelecendo a ocupação do solo com as moradias.
É ainda interessante observar na área central (veja última foto) as áreas ainda não ocupadas. Nesta mesma foto é interessante observar uma área de preservação ambiental ao fundo do Sesc-MG.
Mais ao fundo desta imagem, quase no horizonte da imagem tem-se a BR-356, na reta de chegada à sede do município de São João da Barra, onde se vê o espaço de construção de um campus destinado ao IFF.
PS.: Peço desculpas aos leitores por conta de algumas fotos terem registrado o reflexo do vidro dianteiro do helicóptero. Bom também relembrar que quem quiser ver as imagens em tamanho maior é só clicar sobre elas.
PS.: Atualizado às 13:58: Para acrescentar legenda às imagens facilitando assim a observação dos leitores. Proximamente, para evitar ciúmes, o blog disponibilizará imagens semelhantes da nossa Atafona.
Mais do que a sede do município de SJB, Grussaí, talvez seja, logo depois do Açu e seus arredores, a localidade mais impactada pelo adensamento populacional gerado a partir da instalação do Complexo do Açu.
Sei que há divergências sobre a grafia correta se Gruçaí, que parece ser a nomenclatura, original, ou Grussaí, a nomenclatura, hoje, mais amplamente utilizada e a que adotei no título desta postagem.
É perceptível pela imagem aérea, a proeminência da Lagoa que deu nome ao balneário. Em torno dela, acompanhando suas margens, que segue um percurso, em paralelo à linha do mar, de ambos os lados, foi se estabelecendo a ocupação do solo com as moradias.
É ainda interessante observar na área central (veja última foto) as áreas ainda não ocupadas. Nesta mesma foto é interessante observar uma área de preservação ambiental ao fundo do Sesc-MG.
Mais ao fundo desta imagem, quase no horizonte da imagem tem-se a BR-356, na reta de chegada à sede do município de São João da Barra, onde se vê o espaço de construção de um campus destinado ao IFF.
PS.: Peço desculpas aos leitores por conta de algumas fotos terem registrado o reflexo do vidro dianteiro do helicóptero. Bom também relembrar que quem quiser ver as imagens em tamanho maior é só clicar sobre elas.
PS.: Atualizado às 13:58: Para acrescentar legenda às imagens facilitando assim a observação dos leitores. Proximamente, para evitar ciúmes, o blog disponibilizará imagens semelhantes da nossa Atafona.
A Lagoa de Grussaí vista da direção do litoral par ao interior, mostrando a ponte de acesso de veículos |
Nesta imagem pode-se ver em mais detalhes a extensão da Lagoa de Grussaí, da esquerda para a direita da proximidade da ponte de veículos (que não parece na foto), para o litoral, mostrando a ponte de pedestres e uma boa parte da ocupação do chamado "Outro lado da Lagoa |
Imagem mais próxima da aproximação da Lagoa de Grussaí com o mar |
sábado, março 30, 2013
Indução das necessidades: ovos de Páscoa!
É importante registrar como a geração de necessidades é induzida, através de um projeto e um modelo de civilização, e aos poucos vai se tornando obrigação, sem que nos apercebamos da adoção destes costumes, sempre ligado ao consumo de produtos e novos serviços. Os ovos de Páscoa, por mais gostosos e saborosos que possam ser os chocolates, representam um exagero, em termos de preços, filas, e... desperdícios.
Goyta 2 x 1 Tigres no Arizão
Acabou agora. Com um gol de Clodoaldo de penalty, o Goytacaz manteve a liderança no seu grupo da Segundona, ao vencer em casa, o Tigres do Brasil por 2 x 1.
PS.: Atualizado às 19:12: O Goytacaz no grupo B agora tem 15 pontos, é seguido pelo América-RJ como 14 pontos e da Portuguesa que tem 12 pontos. Jogará fora na próxima quarta-feira contra o Ceres, em Bangu no Rio de Janeiro. Dá-lhe Goyta!
PS.: Atualizado às 19:12: O Goytacaz no grupo B agora tem 15 pontos, é seguido pelo América-RJ como 14 pontos e da Portuguesa que tem 12 pontos. Jogará fora na próxima quarta-feira contra o Ceres, em Bangu no Rio de Janeiro. Dá-lhe Goyta!
Ideologias e projetos em disputa: política & mídia no Brasil
Vale a pena você conferir o texto do do sociólogo, jornalista e professor de Comunicação da ECA - USP, Laurindo Leal, cujo título é: "Em 1964, havia o Ipes e o Ibad. Hoje o Millenium" publicado hoje no blog do Azenha, "Viomundo". Clique aqui e confira.
Arte do Marcos Maciel
A criatividade foi intensificada e ganhou fluidez com a aposentadoria que livrou o engenheiro e professor, Marcos Guimarães Maciel das obrigações da burocracia da gestão para exercer com tempo, maestria e sabor a arte em seu estado mais puro.
Das tarefas de mestre em sala de aula, Careca levou a inspiração gerada pelo convívio com os alunos e do prazer de compartilhar. Assim, ganhamos com a ampliação artística, iniciada com o tema naval, e agora as suas criações avança para novas temáticas, como nas peças abaixo das aranhas tecnológicas:
Das tarefas de mestre em sala de aula, Careca levou a inspiração gerada pelo convívio com os alunos e do prazer de compartilhar. Assim, ganhamos com a ampliação artística, iniciada com o tema naval, e agora as suas criações avança para novas temáticas, como nas peças abaixo das aranhas tecnológicas:
Denúncia-desabafo de um dos principais blogueiros (talvez, o melhor) do país
O jornalista, Luiz Carlos Azenha, com o seu blog "Viomundo" presta um enorme serviço à democracia brasileira com seu depoimento e o seu blog a favor, daquilo que ele mesmo define como "defesa do interesse público e dos movimentos sociais, sub-representados na mídia corporativa.
O depoimento de Azenha reforçando o que já falou em outros momentos, sobre o que presenciou na TV Globo merece ser mais amplamente conhecido.
Por isto, este blog publica na íntegra, o texto postado na noite desta sexta. Ainda sobre o mesmo assunto vale ler aqui a denúncia de outro jornalista Rodrigo Vianna sobre a perseguição à blogosfera de esquerda:
por Luiz Carlos Azenha
"Meu advogado, Cesar Kloury, me proíbe de discutir especificidades sobre a sentença da Justiça carioca que me condenou a pagar 30 mil reais ao diretor de Central Globo de Jornalismo, Ali Kamel, supostamente por mover contra ele uma “campanha difamatória” em 28 posts do Viomundo, todos ligados a críticas políticas que fiz a Kamel em circunstâncias diretamente relacionadas à campanha presidencial de 2006, quando eu era repórter da Globo.
Lembro: eu não era um qualquer, na Globo, então. Era recém-chegado de ser correspondente da emissora em Nova York. Fui o repórter destacado para cobrir o candidato tucano Geraldo Alckmin durante a campanha de 2006. Ouvi, na redação de São Paulo, diretamente do então editor de economia do Jornal Nacional, Marco Aurélio Mello, que tinha sido determinado desde o Rio que as reportagens de economia deveriam ser “esquecidas”– tirar o pé, foi a frase — porque supostamente poderiam beneficiar a reeleição de Lula.
Vi colegas, como Mariana Kotscho e Cecília Negrão, reclamando que a cobertura da emissora nas eleições presidenciais não era imparcial.
Um importante repórter da emissora ligava para o então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, dizendo que a Globo pretendia entregar a eleição para o tucano Geraldo Alckmin. Ouvi o telefonema. Mais tarde, instado pelo próprio ministro, confirmei o que era também minha impressão.
Pessoalmente, tive uma reportagem potencialmente danosa para o então candidato a governador de São Paulo, José Serra, censurada. A reportagem dava conta de que Serra, enquanto ministro, tinha autorizado a maior parte das doações irregulares de ambulâncias a prefeituras.
Quando uma produtora localizou no interior de Minas Gerais o ex-assessor do ministro da Saúde Serra, Platão Fischer-Puller, que poderia esclarecer aspectos obscuros sobre a gestão do ministro no governo FHC, ela foi desencorajada a perseguí-lo, enquanto todos os recursos da emissora foram destinados a denunciar o contador do PT Delúbio Soares e o ex-ministro da Saúde Humberto Costa, este posteriormente absolvido de todas as acusações.
Tive reportagem sobre Carlinhos Cachoeira — muito mais tarde revelado como fonte da revista Veja para escândalos do governo Lula — ‘deslocada’ de telejornal mais nobre da emissora para o Bom Dia Brasil, como pode atestar o então editor Marco Aurélio Mello.
Num episódio específico, fui perseguido na redação por um feitor munido de um rádio de comunicação com o qual falava diretamente com o Rio de Janeiro: tratava-se de obter minha assinatura para um abaixo-assinado em apoio a Ali Kamel sobre a cobertura das eleições de 2006.
Considero que isso caracteriza assédio moral, já que o beneficiado pelo abaixo-assinado era chefe e poderia promover ou prejudicar subordinados de acordo com a adesão.
Argumentei, então, que o comentarista de política da Globo, Arnaldo Jabor, havia dito em plena campanha eleitoral que Lula era comparável ao ditador da Coréia do Norte, Kim Il-Sung, e que não acreditava ser essa postura compatível com a suposta imparcialidade da emissora. Resposta do editor, que hoje ocupa importante cargo na hierarquia da Globo: Jabor era o “palhaço” da casa, não deveria ser levado a sério.
No dia do primeiro turno das eleições, alertado por colega, ouvi uma gravação entre o delegado da Polícia Federal Edmilson Bruno e um grupo de jornalistas, na qual eles combinavam como deveria ser feito o vazamento das fotos do dinheiro que teria sido usado pelo PT para comprar um dossiê contra o candidato Serra.
Achei o assunto relevante e reproduzi uma transcrição — confesso, defeituosa pela pressa – no Viomundo.
Fui advertido por telefone pelo atual chefão da Globo, Carlos Henrique Schroeder, de que não deveria ter revelado em meu blog pessoal, hospedado na Globo.com, informações levantadas durante meu trabalho como repórter da emissora.
Contestei: a gravação, em minha opinião, era jornalisticamente relevante para o entendimento de todo o contexto do vazamento, que se deu exatamente na véspera do primeiro turno.
Enojado com o que havia testemunhado ao longo de 2006, inclusive com a represália exercida contra colegas — dentre os quais Rodrigo Vianna, Marco Aurélio Mello e Carlos Dornelles — e interessado especialmente em conhecer o mundo da blogosfera — pedi antecipadamente a rescisão de meu contrato com a emissora, na qual ganhava salário de alto executivo, com mais de um ano de antecedência, assumindo o compromisso de não trabalhar para outra emissora antes do vencimento do contrato pelo qual já não recebia salário.
Ou seja, fiz isso apesar dos grandes danos para minha carreira profissional e meu sustento pessoal.
Apesar das mentiras, ilações e tentativas de assassinato de caráter, perpretradas pelo jornal O Globo* e colunistas associados de Veja, friso: sempre vivi de meu salário. Este site sempre foi mantido graças a meu próprio salário de jornalista-trabalhador.
O objetivo do Viomundo sempre foi o de defender o interesse público e os movimentos sociais, sub-representados na mídia corporativa. Declaramos oficialmente: não recebemos patrocínio de governos ou empresas públicas ou estatais, ao contrário da Folha, de O Globo ou do Estadão. Nem do governo federal, nem de governos estaduais ou municipais.
Porém, para tudo existe um limite. A ação que me foi movida pela TV Globo (nominalmente por Ali Kamel) me custou R$ 30 mil reais em honorários advocatícios.
Fora o que eventualmente terei de gastar para derrotá-la. Agora, pensem comigo: qual é o limite das Organizações Globo para gastar com advogados?
O objetivo da emissora, ainda que por vias tortas, é claro: intimidar e calar aqueles que são capazes de desvendar o que se passa nos bastidores dela, justamente por terem fontes e conhecimento das engrenagens globais.
Sou arrimo de família: sustento mãe, irmão, ajudo irmã, filhas e mantenho este site graças a dinheiro de meu próprio bolso e da valiosa colaboração gratuita de milhares de leitores.
Cheguei ao extremo de meu limite financeiro, o que obviamente não é o caso das Organizações Globo, que concentram pelo menos 50% de todas as verbas publicitárias do Brasil, com o equivalente poder político, midiático e lobístico.
Durante a ditadura militar, implantada com o apoio das Organizações Globo, da Folha e do Estadão — entre outros que teriam se beneficiado do regime de força — houve uma forte tentativa de sufocar os meios alternativos de informação, dentre os quais destaco os jornais Movimento e Pasquim.
Hoje, através da judicialização de debate político, de um confronto que leva para a Justiça uma disputa entre desiguais, estamos fadados ao sufoco lento e gradual.
E, por mais que isso me doa profundamente no coração e na alma, devo admitir que perdemos. Não no campo político, mas no financeiro. Perdi. Ali Kamel e a Globo venceram. Calaram, pelo bolso, o Viomundo.
Estou certo de que meus queridíssimos leitores e apoiadores encontrarão alternativas à altura. O certo é que asOrganizações Globo, uma das maiores empresas de jornalismo do mundo, nominalmente representadas aqui por Ali Kamel, mais uma vez impuseram seu monopólio informativo ao Brasil.
Eu os vejo por aí.
PS do Viomundo: Vem aí um livro escrito por mim com Rodrigo Vianna, Marco Aurelio Mello e outras testemunhas — identificadas ou não — narrando os bastidores da cobertura da eleição presidencial de 2006 na Globo, além de retratar tudo o que vocês testemunharam pessoalmente em 2010 e 2012.
PS do Viomundo 2: *Descreverei detalhadamente, em breve, como O Globo e associados tentaram praticar comigo o tradicional assassinato de caráter da mídia corporativa brasileira."
O depoimento de Azenha reforçando o que já falou em outros momentos, sobre o que presenciou na TV Globo merece ser mais amplamente conhecido.
Por isto, este blog publica na íntegra, o texto postado na noite desta sexta. Ainda sobre o mesmo assunto vale ler aqui a denúncia de outro jornalista Rodrigo Vianna sobre a perseguição à blogosfera de esquerda:
"Globo consegue o que a ditadura não conseguiu: calar imprensa alternativa"
publicado em 29 de março de 2013 às 20:32
por Luiz Carlos Azenha
"Meu advogado, Cesar Kloury, me proíbe de discutir especificidades sobre a sentença da Justiça carioca que me condenou a pagar 30 mil reais ao diretor de Central Globo de Jornalismo, Ali Kamel, supostamente por mover contra ele uma “campanha difamatória” em 28 posts do Viomundo, todos ligados a críticas políticas que fiz a Kamel em circunstâncias diretamente relacionadas à campanha presidencial de 2006, quando eu era repórter da Globo.
Lembro: eu não era um qualquer, na Globo, então. Era recém-chegado de ser correspondente da emissora em Nova York. Fui o repórter destacado para cobrir o candidato tucano Geraldo Alckmin durante a campanha de 2006. Ouvi, na redação de São Paulo, diretamente do então editor de economia do Jornal Nacional, Marco Aurélio Mello, que tinha sido determinado desde o Rio que as reportagens de economia deveriam ser “esquecidas”– tirar o pé, foi a frase — porque supostamente poderiam beneficiar a reeleição de Lula.
Vi colegas, como Mariana Kotscho e Cecília Negrão, reclamando que a cobertura da emissora nas eleições presidenciais não era imparcial.
Um importante repórter da emissora ligava para o então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, dizendo que a Globo pretendia entregar a eleição para o tucano Geraldo Alckmin. Ouvi o telefonema. Mais tarde, instado pelo próprio ministro, confirmei o que era também minha impressão.
Pessoalmente, tive uma reportagem potencialmente danosa para o então candidato a governador de São Paulo, José Serra, censurada. A reportagem dava conta de que Serra, enquanto ministro, tinha autorizado a maior parte das doações irregulares de ambulâncias a prefeituras.
Quando uma produtora localizou no interior de Minas Gerais o ex-assessor do ministro da Saúde Serra, Platão Fischer-Puller, que poderia esclarecer aspectos obscuros sobre a gestão do ministro no governo FHC, ela foi desencorajada a perseguí-lo, enquanto todos os recursos da emissora foram destinados a denunciar o contador do PT Delúbio Soares e o ex-ministro da Saúde Humberto Costa, este posteriormente absolvido de todas as acusações.
Tive reportagem sobre Carlinhos Cachoeira — muito mais tarde revelado como fonte da revista Veja para escândalos do governo Lula — ‘deslocada’ de telejornal mais nobre da emissora para o Bom Dia Brasil, como pode atestar o então editor Marco Aurélio Mello.
Num episódio específico, fui perseguido na redação por um feitor munido de um rádio de comunicação com o qual falava diretamente com o Rio de Janeiro: tratava-se de obter minha assinatura para um abaixo-assinado em apoio a Ali Kamel sobre a cobertura das eleições de 2006.
Considero que isso caracteriza assédio moral, já que o beneficiado pelo abaixo-assinado era chefe e poderia promover ou prejudicar subordinados de acordo com a adesão.
Argumentei, então, que o comentarista de política da Globo, Arnaldo Jabor, havia dito em plena campanha eleitoral que Lula era comparável ao ditador da Coréia do Norte, Kim Il-Sung, e que não acreditava ser essa postura compatível com a suposta imparcialidade da emissora. Resposta do editor, que hoje ocupa importante cargo na hierarquia da Globo: Jabor era o “palhaço” da casa, não deveria ser levado a sério.
No dia do primeiro turno das eleições, alertado por colega, ouvi uma gravação entre o delegado da Polícia Federal Edmilson Bruno e um grupo de jornalistas, na qual eles combinavam como deveria ser feito o vazamento das fotos do dinheiro que teria sido usado pelo PT para comprar um dossiê contra o candidato Serra.
Achei o assunto relevante e reproduzi uma transcrição — confesso, defeituosa pela pressa – no Viomundo.
Fui advertido por telefone pelo atual chefão da Globo, Carlos Henrique Schroeder, de que não deveria ter revelado em meu blog pessoal, hospedado na Globo.com, informações levantadas durante meu trabalho como repórter da emissora.
Contestei: a gravação, em minha opinião, era jornalisticamente relevante para o entendimento de todo o contexto do vazamento, que se deu exatamente na véspera do primeiro turno.
Enojado com o que havia testemunhado ao longo de 2006, inclusive com a represália exercida contra colegas — dentre os quais Rodrigo Vianna, Marco Aurélio Mello e Carlos Dornelles — e interessado especialmente em conhecer o mundo da blogosfera — pedi antecipadamente a rescisão de meu contrato com a emissora, na qual ganhava salário de alto executivo, com mais de um ano de antecedência, assumindo o compromisso de não trabalhar para outra emissora antes do vencimento do contrato pelo qual já não recebia salário.
Ou seja, fiz isso apesar dos grandes danos para minha carreira profissional e meu sustento pessoal.
Apesar das mentiras, ilações e tentativas de assassinato de caráter, perpretradas pelo jornal O Globo* e colunistas associados de Veja, friso: sempre vivi de meu salário. Este site sempre foi mantido graças a meu próprio salário de jornalista-trabalhador.
O objetivo do Viomundo sempre foi o de defender o interesse público e os movimentos sociais, sub-representados na mídia corporativa. Declaramos oficialmente: não recebemos patrocínio de governos ou empresas públicas ou estatais, ao contrário da Folha, de O Globo ou do Estadão. Nem do governo federal, nem de governos estaduais ou municipais.
Porém, para tudo existe um limite. A ação que me foi movida pela TV Globo (nominalmente por Ali Kamel) me custou R$ 30 mil reais em honorários advocatícios.
Fora o que eventualmente terei de gastar para derrotá-la. Agora, pensem comigo: qual é o limite das Organizações Globo para gastar com advogados?
O objetivo da emissora, ainda que por vias tortas, é claro: intimidar e calar aqueles que são capazes de desvendar o que se passa nos bastidores dela, justamente por terem fontes e conhecimento das engrenagens globais.
Sou arrimo de família: sustento mãe, irmão, ajudo irmã, filhas e mantenho este site graças a dinheiro de meu próprio bolso e da valiosa colaboração gratuita de milhares de leitores.
Cheguei ao extremo de meu limite financeiro, o que obviamente não é o caso das Organizações Globo, que concentram pelo menos 50% de todas as verbas publicitárias do Brasil, com o equivalente poder político, midiático e lobístico.
Durante a ditadura militar, implantada com o apoio das Organizações Globo, da Folha e do Estadão — entre outros que teriam se beneficiado do regime de força — houve uma forte tentativa de sufocar os meios alternativos de informação, dentre os quais destaco os jornais Movimento e Pasquim.
Hoje, através da judicialização de debate político, de um confronto que leva para a Justiça uma disputa entre desiguais, estamos fadados ao sufoco lento e gradual.
E, por mais que isso me doa profundamente no coração e na alma, devo admitir que perdemos. Não no campo político, mas no financeiro. Perdi. Ali Kamel e a Globo venceram. Calaram, pelo bolso, o Viomundo.
Estou certo de que meus queridíssimos leitores e apoiadores encontrarão alternativas à altura. O certo é que asOrganizações Globo, uma das maiores empresas de jornalismo do mundo, nominalmente representadas aqui por Ali Kamel, mais uma vez impuseram seu monopólio informativo ao Brasil.
Eu os vejo por aí.
PS do Viomundo: Vem aí um livro escrito por mim com Rodrigo Vianna, Marco Aurelio Mello e outras testemunhas — identificadas ou não — narrando os bastidores da cobertura da eleição presidencial de 2006 na Globo, além de retratar tudo o que vocês testemunharam pessoalmente em 2010 e 2012.
PS do Viomundo 2: *Descreverei detalhadamente, em breve, como O Globo e associados tentaram praticar comigo o tradicional assassinato de caráter da mídia corporativa brasileira."
sexta-feira, março 29, 2013
Entrevista de Lula ao Valor
Um resumo dos trechos considerados mais importantes da grande entrevista que Lula deu ao Valor, em São Paulo, depois do seminário "Novos Desafios da Sociedade", promovido pelo jornal, no início desta semana, foi disponibilizada, sob a forma de vídeo.
É a primeira entrevista longa e detalhada que o ex-presidente concedeu sobre política e economia, desde que deixou o Palácio do Planalto, em dezembro de 2010, ao final de seu segundo mandato.
Como sempre há mais coisas a serem lidas nas entrelinhas do que no que foi dito (escrito). Percebam como trata a questão da possível candidatura de Eduardo Campos e outros assuntos que para alguns seriam temas delicados.
A entrevista na íntegra pode ser lida aqui. Se você gosta de política vale a conferida, independente de suas opções políticas e/ou partidárias. Os anti-petistas e anti-Lula sei que vão fazer o que sempre fizeram: chiar, reclamar, etc., mas, se não leram, vão ler, até porque, faz parte do enfrentamento político o conhecimento da opinião e da retórica dos adversários.
Uma interessante análise da entrevista foi feita pelo jornalista político Cristian Klein e você pode acessar aqui.
PS.: Atualizado às 00:06: para pequeno acréscimo na apresentação da entrevista e na retirada do automático da reprodução do vídeo da entrevista.
É a primeira entrevista longa e detalhada que o ex-presidente concedeu sobre política e economia, desde que deixou o Palácio do Planalto, em dezembro de 2010, ao final de seu segundo mandato.
Como sempre há mais coisas a serem lidas nas entrelinhas do que no que foi dito (escrito). Percebam como trata a questão da possível candidatura de Eduardo Campos e outros assuntos que para alguns seriam temas delicados.
A entrevista na íntegra pode ser lida aqui. Se você gosta de política vale a conferida, independente de suas opções políticas e/ou partidárias. Os anti-petistas e anti-Lula sei que vão fazer o que sempre fizeram: chiar, reclamar, etc., mas, se não leram, vão ler, até porque, faz parte do enfrentamento político o conhecimento da opinião e da retórica dos adversários.
Uma interessante análise da entrevista foi feita pelo jornalista político Cristian Klein e você pode acessar aqui.
PS.: Atualizado às 00:06: para pequeno acréscimo na apresentação da entrevista e na retirada do automático da reprodução do vídeo da entrevista.
Incêndio na Casa de Carnes, na Ipiranga, em Campos
A informação e a foto foram veiculadas no perfil do Áquila Dias, dizendo que o Corpo de Bombeiros controlou o incêndio, mas, que o estrago teria sido grande. Pelo relato o acidente/incêndio começou por volta das 21:30.
PS.: Atualizado às 22:22.
PS.: Atualizado às 22:22.
Buraco de mais de ano, descaso e o Judas do campista!
Não venham dizer que o blog resolveu malhar o Judas antes da hora, em plena sexta-feira santa, mas, é que os problemas comunitários da bilionária planície são grandes e não somem nos feriados. Ao contrário, parecem que se multiplicam, diante da falta de soluções.
Os moradores batalhadores para obtenção do sustento durante a semana, usam o tempo do feriado e finais de semana, que não têm no dia de trabalho, para mostrar as mazelas próximos de suas residência, clamando por solução e contra o abandono do poder público.
Ontem, foi o Francisco com o problema do esgoto lá no Parque Imperial. Hoje são os moradores do Conjunto Damas Ortiz, no Parque Califórnia, próximo ao SuperBom da Alberto Lamego (antiga rua Sete).
O buraco de quase um metro e meio de diâmetro da imagem abaixo, fica na esquina da ruas Paulo Alves com Domingos Andreti. Ele fez nove meses e dali nada nasceu, só cresceu o já conhecido, descaso.
O buraco já fez aniversário de um ano, quando os moradores, depois de muito reclamar, quase fizeram bolo de aniversário, mas, novas chuvas atrapalharam as comemorações.
Além deste problema, mais recentemente surgiu outro, na entrada da Rua Paulo Alves, ainda na Alberto Lamego, uma tampa de bueiro sumiu, o buraco está exposto, uma alma caridosa sinalizou com um galho e... o descaso continua bem perto do centro urbano de Campos.
É de admirar que com dezenas de milhares de servidores concursados e terceirizados e mais de mil cargos comissionados, bilhões de royalties e orçamento, a população ainda precisa procurar a mídia alternativa para reclamar de coisas simples de serem resolvidas.
Taí o Judas do dia-a-dia do campista que não precisa do Sábado de Aleluia para malhar!
Os moradores batalhadores para obtenção do sustento durante a semana, usam o tempo do feriado e finais de semana, que não têm no dia de trabalho, para mostrar as mazelas próximos de suas residência, clamando por solução e contra o abandono do poder público.
Ontem, foi o Francisco com o problema do esgoto lá no Parque Imperial. Hoje são os moradores do Conjunto Damas Ortiz, no Parque Califórnia, próximo ao SuperBom da Alberto Lamego (antiga rua Sete).
Esquina da Rua Domingos Andreti com Paulo Alves no Conjunto Damas Ortiz no Parque Califórnia - Buraco de 1,5 m que tem mais de um ano |
O buraco já fez aniversário de um ano, quando os moradores, depois de muito reclamar, quase fizeram bolo de aniversário, mas, novas chuvas atrapalharam as comemorações.
Bueiro desprotegido na Alberto Lamego esquina com Rua Paulo Alves |
É de admirar que com dezenas de milhares de servidores concursados e terceirizados e mais de mil cargos comissionados, bilhões de royalties e orçamento, a população ainda precisa procurar a mídia alternativa para reclamar de coisas simples de serem resolvidas.
Taí o Judas do dia-a-dia do campista que não precisa do Sábado de Aleluia para malhar!
Será que agora deixam de chamar de Campeonato Carioca de Futebol?
O primeiro Campeonato Estadual do Rio de Janeiro de Futebol foi disputado em 1979, após a fusão entre a Guanabara e o Estado do Rio de Janeiro, acontecida em 1974.
No ano que vem completará 40 anos com o campeonato sendo disputado por times da capital, o Rio de Janeiro, os municípios da região metropolitana e também do interior.
Mesmo que o campeonato venha perdendo espaço no calendário, que cada vez privilegia mais os torneios nacionais, a imensa maioria, até meso do interior, prefere chamá-lo de Campeonato Carioca argumentando que é mais charmoso e tradicional.
Porém, uma coisa é a disputa municipal, valendo o termo Carioca, ou Campista, mas, para uma disputa estadual, o torneio passou a ser oficialmente denominado de Campeonato Estadual do Rio de Janeiro, evitando a denominação dos que são natural do nosso estado, por conta do clube das Laranjeiras.
Só que agora, com a falta do Maracanã e os problemas do Engenhão, o "Carioca" deles vai ser decidido no interior. Será que nem agora, a mídia futebolística da capital se tocará?
No ano que vem completará 40 anos com o campeonato sendo disputado por times da capital, o Rio de Janeiro, os municípios da região metropolitana e também do interior.
Mesmo que o campeonato venha perdendo espaço no calendário, que cada vez privilegia mais os torneios nacionais, a imensa maioria, até meso do interior, prefere chamá-lo de Campeonato Carioca argumentando que é mais charmoso e tradicional.
Porém, uma coisa é a disputa municipal, valendo o termo Carioca, ou Campista, mas, para uma disputa estadual, o torneio passou a ser oficialmente denominado de Campeonato Estadual do Rio de Janeiro, evitando a denominação dos que são natural do nosso estado, por conta do clube das Laranjeiras.
Só que agora, com a falta do Maracanã e os problemas do Engenhão, o "Carioca" deles vai ser decidido no interior. Será que nem agora, a mídia futebolística da capital se tocará?
quinta-feira, março 28, 2013
Morador do Parque Imperial reclama e questiona procedimento da concessionária Águas do Paraíba em resolver grave problema de esgoto no bairro
Por email, o leitor-colaborador Francisco de Assis dos Santos Cruz detalhou o grave problema que ele e outros moradores do Parque Imperial em Campos estão sofrendo, pela incapacidade dos gestores resolver o problema da rede coletara de esgoto das residências no bairro.
Os governos que se sucederam gastaram milhões, durante anos de intervenção no bairro, mas, muitos problemas básicos permanecem. O pior é que além os transtornos, a concessionária ainda quer colocar o problema na conta do munícipe. É conhecido problema do baixo nível do solo no bairro, sempre, porém, como sempre o dinheiro dos royalties é pessimamente empregado e os serviços públicos refletem esta realidade.
Leia você mesmo o desabafo de Francisco, porque, qualquer um sabe muito bem, o transtorno que causa às nossas vidas os problemas com esgoto. Tire você mesmo as suas conclusões. A minha reafirma o entendimento de que os royalties trouxeram poucas coisas boas, e muita merda (desculpe a expressão) que atinge diretamente o cidadão.
Qualquer hora desta, cansados desta penúria, os cidadãos, começarão a pensar, onde deposita o esgoto não coletado pela rede. Como o blog sempre procede, o espaço está facultado para explicações e soluções dos gerentes da concessionária e dos gestores públicos:
“Professor, gostaria de usar seu espaço para fazer uma denúncia. Nós moradores do parque Imperial estamos sofrendo um transtorno enorme com a empresa Aguas do Paraíba. Há tempo estamos percebendo que há um sério problema com a rede de esgoto do bairro, pois em várias residências o esgoto não flui de maneira satisfatória para a rede na rua, o que nos leva a crer que existe um grande problema que eles não fazem questão de resolver.
Há vários meses vários caminhões estão fazendo o esgotamento nas redes das casas a partir de suas calçadas isso já vem ocorrendo há muito tempo e a explicação que alguns funcionários das terceirizadas nos dão é que algumas bombas de recalque da rede estão com defeito. Aí fica a pergunta como cobrar por um serviço que não existe ou que não funcione satisfatoriamente?
Se alguém pensou que não poderia piorar, pelo menos para mim piorou, não sei se já aconteceu com algum morador o que vou lhe relatar: antes do carnaval cheguei a pensar que minha rede de esgoto estivesse entupida, pois o esgoto estava voltando para as caixas e transbordando em meu quintal, conversando com alguns vizinhos e profissionais da área, eu pude constatar que o problema era na rede de esgoto na calçada. Abri a tampa da saída de esgoto na calçada e realmente ela estava cheia, ou seja, não conseguia seguir seu caminho para rede.
Liguei para o 115 (empresa concessionária pública sem um numero de SAC gratuito) e reclamei que o esgoto a partir da calçada estava com passagem obstruída. Mandaram um caminhão de limpa fossa (não sei por que ainda estava com logotipo do EMAHB) eles falaram que não poderiam fazer nada, pois uma rede estava com a bomba danificada, ou seja, sem poder de sucção, nada da rede iria pra frente. Neste tempo receberam um telefonema e disseram que tinham outra emergência para atender, aí me perguntei: será que minha casa inundada de esgoto por um problema causado pela Aguas do Paraíba não era uma emergência?
Fui para praia e ao voltar novamente paguei outro telefonema para a empresa ISO não sei o que, pra reclamar do problema de sua rede, mandaram outro caminhão. Estava em casa eu e o pedreiro que estava fazendo um serviço em minha residência e constatamos que os operários da terceirizada colocaram uma mangueira em direção da rua e sugou todo excesso da rede, ou seja, um paliativo, pois o problema continua em todo bairro.
Professor sem querer ser exagerado é uma média de 10 caminhões de cores e tamanhos diferentes fazendo o esgotamento das calçadas direcionadas para a rede desta empresa, isto há muito tempo. O que está havendo no Imperial? Com a palavra a PMCG, pois é ela quem deu e continua dando a concessão.
Para piorar cobraram a limpeza do ramal por R$ 140,00 e colocaram em minha conta. Quer dizer vão tirar de meu bolso para pagar a limpeza do ramal que está com problema da Águas do Paraíba, na minha próxima conta de pagamento no próximo dia 3 de abril.
Educadamente fui hoje nesta empresa (28-03-2013) e a moça que me atendeu ouviu meus argumentos de que o defeito era na rede de sua empresa não na minha casa, como vários moradores do bairro. Foi lá falou com sua chefia e disse que tenho que pagar e se não pagar com certeza vão cortar.
Sentimento de derrota, mas na segunda-feira, eu vou procurar o Procon e a associação do bairro para ver se esta cobrança veio só para mim.
Espero que algum diretor desta empresa ou alguns de seus colaboradores possam se informar do absurdo que esta ocorrendo no Parque Imperial, pois vou cobrar os meus direitos a quem couber.
Obrigado professor Roberto.”
Os governos que se sucederam gastaram milhões, durante anos de intervenção no bairro, mas, muitos problemas básicos permanecem. O pior é que além os transtornos, a concessionária ainda quer colocar o problema na conta do munícipe. É conhecido problema do baixo nível do solo no bairro, sempre, porém, como sempre o dinheiro dos royalties é pessimamente empregado e os serviços públicos refletem esta realidade.
Leia você mesmo o desabafo de Francisco, porque, qualquer um sabe muito bem, o transtorno que causa às nossas vidas os problemas com esgoto. Tire você mesmo as suas conclusões. A minha reafirma o entendimento de que os royalties trouxeram poucas coisas boas, e muita merda (desculpe a expressão) que atinge diretamente o cidadão.
Qualquer hora desta, cansados desta penúria, os cidadãos, começarão a pensar, onde deposita o esgoto não coletado pela rede. Como o blog sempre procede, o espaço está facultado para explicações e soluções dos gerentes da concessionária e dos gestores públicos:
“Professor, gostaria de usar seu espaço para fazer uma denúncia. Nós moradores do parque Imperial estamos sofrendo um transtorno enorme com a empresa Aguas do Paraíba. Há tempo estamos percebendo que há um sério problema com a rede de esgoto do bairro, pois em várias residências o esgoto não flui de maneira satisfatória para a rede na rua, o que nos leva a crer que existe um grande problema que eles não fazem questão de resolver.
Há vários meses vários caminhões estão fazendo o esgotamento nas redes das casas a partir de suas calçadas isso já vem ocorrendo há muito tempo e a explicação que alguns funcionários das terceirizadas nos dão é que algumas bombas de recalque da rede estão com defeito. Aí fica a pergunta como cobrar por um serviço que não existe ou que não funcione satisfatoriamente?
Se alguém pensou que não poderia piorar, pelo menos para mim piorou, não sei se já aconteceu com algum morador o que vou lhe relatar: antes do carnaval cheguei a pensar que minha rede de esgoto estivesse entupida, pois o esgoto estava voltando para as caixas e transbordando em meu quintal, conversando com alguns vizinhos e profissionais da área, eu pude constatar que o problema era na rede de esgoto na calçada. Abri a tampa da saída de esgoto na calçada e realmente ela estava cheia, ou seja, não conseguia seguir seu caminho para rede.
Liguei para o 115 (empresa concessionária pública sem um numero de SAC gratuito) e reclamei que o esgoto a partir da calçada estava com passagem obstruída. Mandaram um caminhão de limpa fossa (não sei por que ainda estava com logotipo do EMAHB) eles falaram que não poderiam fazer nada, pois uma rede estava com a bomba danificada, ou seja, sem poder de sucção, nada da rede iria pra frente. Neste tempo receberam um telefonema e disseram que tinham outra emergência para atender, aí me perguntei: será que minha casa inundada de esgoto por um problema causado pela Aguas do Paraíba não era uma emergência?
Fui para praia e ao voltar novamente paguei outro telefonema para a empresa ISO não sei o que, pra reclamar do problema de sua rede, mandaram outro caminhão. Estava em casa eu e o pedreiro que estava fazendo um serviço em minha residência e constatamos que os operários da terceirizada colocaram uma mangueira em direção da rua e sugou todo excesso da rede, ou seja, um paliativo, pois o problema continua em todo bairro.
Professor sem querer ser exagerado é uma média de 10 caminhões de cores e tamanhos diferentes fazendo o esgotamento das calçadas direcionadas para a rede desta empresa, isto há muito tempo. O que está havendo no Imperial? Com a palavra a PMCG, pois é ela quem deu e continua dando a concessão.
Para piorar cobraram a limpeza do ramal por R$ 140,00 e colocaram em minha conta. Quer dizer vão tirar de meu bolso para pagar a limpeza do ramal que está com problema da Águas do Paraíba, na minha próxima conta de pagamento no próximo dia 3 de abril.
Educadamente fui hoje nesta empresa (28-03-2013) e a moça que me atendeu ouviu meus argumentos de que o defeito era na rede de sua empresa não na minha casa, como vários moradores do bairro. Foi lá falou com sua chefia e disse que tenho que pagar e se não pagar com certeza vão cortar.
Sentimento de derrota, mas na segunda-feira, eu vou procurar o Procon e a associação do bairro para ver se esta cobrança veio só para mim.
Espero que algum diretor desta empresa ou alguns de seus colaboradores possam se informar do absurdo que esta ocorrendo no Parque Imperial, pois vou cobrar os meus direitos a quem couber.
Obrigado professor Roberto.”
Porto de minério que foi da MMX desaba no Amapá
O desmoronamento fez com que caminhões, guindastes e parte da área
administrativa da mineradora, que estavam em uma estrutura flutuante,
caíssem no Rio Amazonas. O acidente ocorreu por volta das 0h30 desta quinta-feira (28) e as causas ainda estão sendo investigadas. Mergulhadores, homens da defesa civil, da Capitania dos Portos e da Polícia Militar também estão no local.
No início da madrugada, dois funcionários da empresa foram socorridos com vida do rio, informaram os bombeiros. A Anglo American diz que houve uma grande "onda". Em nota, a mineradora confirmou que por volta das 12h desta quinta-feira, seis pessoas permaneciam desaparecidas (sendo 3 funcionários e outros três contratados).
Testemunhas disseram porém que foi o desabamento da estrutura do porto, que exporta minério para diversos países, que provocou a onda. Diversos barcos, que estavam ancorados no porto, acabaram afundando. "Foi tudo muito rápido, não levou mais de cinco minutos", disse o vigia Denilson Silva.
A mina e a estrutura de exportação de minério do Amapá foi vendida pela MMX do Grupo EBX, junto do chamado Sistema Minas-Rio (que inclui a jazida de minério em Minas Gerais, o mineroduto em construção e a unidade de filtragem e esteiras para exportação no Porto do Açu), no final de março de 2008, à mineradora Anglo American, pela quantia de US$ 5,5 bilhões. Foi nesta mesma época, que a holding EBX foi constituída e os negócios com petróleo iniciados através da OGX.
PS.: Com informações e vídeo do G1.
PS.: Atualizado às 22:36: Com novas imagens e informações sobre o desabamento. Segundo o metereologista a causa não deve estar ligada à tal onda" e sim a um provável desbarrancamento de área onde se depositava o minério para ser carregada no pier do porto que desabou junto dos guindastes, caminhões, etc. Desde o segundo semestre do ano passado a Anglo American já havia anunciado seu interesse em vender este "ativo", estimado entre US$ 400 milhões e US$ 600 milhões, para se dedicar o projeto Minas-Rio.
O grupo sul africano Anglo American, em agosto de 2008, depois de ter adquirido o Sistema Amapá e o Minas-Rio da MMX criou a Anglo Ferrous do Brasil.
O grupo Anglo American é uma das maiores mineradoras do mundo, atuando nos continentes africano, europeu, asiático, Austrália e nas Américas do Norte e Sul, com extração de cobre, níquel, ferro e carvão. A Anglo desde que adquiriu o sistema do Amapá informou que investiu R$ 1,5 bilhão neste empreendimento. No ano de 2011 a mina do Amapá produziu 4,8 milhões de toneladas de minério. No primeiro semestre de 2012 a produção atingiu 3,3 milhões de toneladas, com previsão de atingir a plena capacidade da mina, agora em 2013, com uma produção de 6,1 milhões de toneladas de minério.
No início da madrugada, dois funcionários da empresa foram socorridos com vida do rio, informaram os bombeiros. A Anglo American diz que houve uma grande "onda". Em nota, a mineradora confirmou que por volta das 12h desta quinta-feira, seis pessoas permaneciam desaparecidas (sendo 3 funcionários e outros três contratados).
Testemunhas disseram porém que foi o desabamento da estrutura do porto, que exporta minério para diversos países, que provocou a onda. Diversos barcos, que estavam ancorados no porto, acabaram afundando. "Foi tudo muito rápido, não levou mais de cinco minutos", disse o vigia Denilson Silva.
A mina e a estrutura de exportação de minério do Amapá foi vendida pela MMX do Grupo EBX, junto do chamado Sistema Minas-Rio (que inclui a jazida de minério em Minas Gerais, o mineroduto em construção e a unidade de filtragem e esteiras para exportação no Porto do Açu), no final de março de 2008, à mineradora Anglo American, pela quantia de US$ 5,5 bilhões. Foi nesta mesma época, que a holding EBX foi constituída e os negócios com petróleo iniciados através da OGX.
PS.: Com informações e vídeo do G1.
O grupo sul africano Anglo American, em agosto de 2008, depois de ter adquirido o Sistema Amapá e o Minas-Rio da MMX criou a Anglo Ferrous do Brasil.
O grupo Anglo American é uma das maiores mineradoras do mundo, atuando nos continentes africano, europeu, asiático, Austrália e nas Américas do Norte e Sul, com extração de cobre, níquel, ferro e carvão. A Anglo desde que adquiriu o sistema do Amapá informou que investiu R$ 1,5 bilhão neste empreendimento. No ano de 2011 a mina do Amapá produziu 4,8 milhões de toneladas de minério. No primeiro semestre de 2012 a produção atingiu 3,3 milhões de toneladas, com previsão de atingir a plena capacidade da mina, agora em 2013, com uma produção de 6,1 milhões de toneladas de minério.
Custo dos imóveis: Campos x Macaé
É absurdo o valor dos imóveis em Campos, tanto para venda quanto para aluguéis. Dezenas de milhares de imóveis fechados, desocupados e o valor aumentando. Milhares de novas unidades construídas e adquiridas, por aqueles que buscam lucros rentistas e/ou especulam para a venda.
Este boom de novos empreendimentos sempre foi um alimentador da tendência especulativa. Grupo de pessoas, como aposentados, ex-fazendeiros, gestores e funcionários públicos, pequenos e médios empreiteiros, etc. investem em imóveis, não apenas para moradia, mas, como segundo, terceiro imóvel, na expectativa de que os preços subam ainda mais.
A redução dos juros no plano nacional e o frisson pela construção do Porto do Açu que gerou um aumento de demanda (mas, nem tanto a mais) aumentou a esperança de que os aluguéis pudessem gerar mais, do que o 0,5% da poupança.
Valores de Campos próximos de Macaé - Não há explicação diferente da especulação
Mesmo considerando todas as observações acima, nada poderia justificar que os valores praticados em Campos pudessem estar próximos dos vigentes na vizinha Macaé, berço operacional da Bacia de Campos, no setor de óleo e gás, uma área internacionalizada e acostumada com preços majorados, e que no caso especial da Princesinha do Atlântico, também acompanhado da baixa oferta de imóveis na cidade.
Em Macaé, se divulga o número, que o blog não sabe a origem, de que existiria, atualmente, naquele município, um déficit habitacional de 30 mil unidades, ou seja, quase metade, da quantidade atual de domicílios.
Apesar de tudo isto, o blogueiro dando uma vasculhada nos classificados, em dois finais de semana, do jornal O Debate de Macaé, qual não foi a surpresa, em identificar, pela descrição de centenas de anúncios, que os valores praticados, tanto para venda, quanto para aluguel, estavam, injustificadamente (a não ser pela forte e plantada especulação imobiliária), muito próximo do que se vê em Campos, onde a demanda é infinitamente menor.
É evidente que a base empírica para tal evidência é pequena e limitada a classificados. Seria necessário ampliar a abrangência desta análise.
Também é verdade que a comparação entre imóveis não é algo simples, nem na própria cidade, especialmente, quando comparamos uma no litoral e outra no interior. Por outro lado, é também perceptível, que há mais proximidade nos valores dos imóveis, maiores e mais bem localizados (portanto, mais caros) de um e outro município, do que aqueles em bairros mais periféricos. Nestes bairros, o preço em Macaé, é, em média, em torno de 20% mais caro, quando comparados à imóveis em bairros mais afastados em Campos, o que também é uma surpresa, considerando as duas realidades.
Dados comprativos entre Campos x Macaé
É interessante recorrer aos dados do Censo 2010 do IBGE para verificarmos a relação número de habitantes por domicílio, número de domicílios desocupados e vagos e o percentual em relação ao total de domicílios, assim como a estimativa do déficit e da população flutuante que são dados divulgados para Macaé e que o blog desconhece estimativa idêntica para o município de Campos, mas, não é difícil imaginar, que pela menor dinâmica econômica, por conta da base de operações de exploração de petróleo offshore estar em Macaé tende a ser maior do que em Campos. Esta conclusão é consequência da identificação da arrecadação bem maior de ICMS e ISS em Macaé quando comparada a Campos.
Da tabela acima podemos ainda observar que a relação habitante por domicílio é igual para os dois municípios (3,2), mas, com a população flutuante estimada de 70 mil pessoas em Macaé, esta relação subiria para 4,3. Se somássemos o déficit estimado em 30 mil unidades ao total de 64 mil domicílios de Macaé, a relação habitante por domicílio ficaria em aproximadamente 3,0.
Importante ainda identificar que, mesmo percentualmente, o município de Campos tem o dobro de domicílios não ocupados, quando comparados a Macaé, o que deveria contribuir para segurar os valores de aluguéis e mesmo preços para a venda. O mesmo ocorre com os domicílios vagos 4% em Macaé (um número quase insignificante) e 11% em Campos.
O percentual de casas e apartamentos em relação aos domicílios totais são muito próximos praticamente iguais, 8% em Campos e 11% em Macaé. O que é bastante diferente é o número de domicílios alugados no mercado de imóveis.
Até em números absolutos, com Macaé possuindo menos da metade de domicílios de Campos, possui 20,2 imóveis alugados, contra 17,1 em Campos. Na relação percentual a diferença é 35% dos imóveis macaenses são de aluguel, enquanto em Campos esta relação, pelo Censo 2010 do IBGE era de 15%.
Como já foi comentado acima, o blog não tem a estimativa do quantitativo de unidades habitacionais considerada como déficit e também a população flutuante estimada, mas, é certo que em ambos os indicadores, o município de Campos fica atrás de Macaé, mesmo possuindo uma dinâmica econômica que reproduz uma população que é o dobro de Macaé, com muitos estudantes universitários de fora do município, mas, com menor movimentação bancária e financeira que aquela produzida pela cadeia produtiva do petróleo em Macaé.
Aprofundamento da análise e debate com quem acompanha o setor imobiliário na região
O blog tem muito leitores e colaboradores de Macaé. Certamente eles conhecem em mais detalhes a realidade do município que é, efetivamente, a capital do petróleo no Brasil, apesar da Bacia ser de Campos (mais isto é uma outra conversa que já tivemos aqui e podemos retomar adiante).
Desta forma, solicito aos macaenses que possam comentar sobre este processo, assim como aos petroleiros que circulam pela região, ora morando num ou noutro município, sobre esta impressão, que é bom que se diga, vem de um a dois anos para cá.
Corretores e donos de imobiliária e outros estudiosos do tema são bem-vindos a este debate, sobre valores dos imóveis nos municípios de Campos e de Macaé e todas as implicações que atuam como causas, ou como consequências deste processo.
PS.: Atualizado em 26-04-2013 às 00:42 para corrigir pequenos erros na tabela da nota.
Este boom de novos empreendimentos sempre foi um alimentador da tendência especulativa. Grupo de pessoas, como aposentados, ex-fazendeiros, gestores e funcionários públicos, pequenos e médios empreiteiros, etc. investem em imóveis, não apenas para moradia, mas, como segundo, terceiro imóvel, na expectativa de que os preços subam ainda mais.
A redução dos juros no plano nacional e o frisson pela construção do Porto do Açu que gerou um aumento de demanda (mas, nem tanto a mais) aumentou a esperança de que os aluguéis pudessem gerar mais, do que o 0,5% da poupança.
Valores de Campos próximos de Macaé - Não há explicação diferente da especulação
Mesmo considerando todas as observações acima, nada poderia justificar que os valores praticados em Campos pudessem estar próximos dos vigentes na vizinha Macaé, berço operacional da Bacia de Campos, no setor de óleo e gás, uma área internacionalizada e acostumada com preços majorados, e que no caso especial da Princesinha do Atlântico, também acompanhado da baixa oferta de imóveis na cidade.
Em Macaé, se divulga o número, que o blog não sabe a origem, de que existiria, atualmente, naquele município, um déficit habitacional de 30 mil unidades, ou seja, quase metade, da quantidade atual de domicílios.
Apesar de tudo isto, o blogueiro dando uma vasculhada nos classificados, em dois finais de semana, do jornal O Debate de Macaé, qual não foi a surpresa, em identificar, pela descrição de centenas de anúncios, que os valores praticados, tanto para venda, quanto para aluguel, estavam, injustificadamente (a não ser pela forte e plantada especulação imobiliária), muito próximo do que se vê em Campos, onde a demanda é infinitamente menor.
É evidente que a base empírica para tal evidência é pequena e limitada a classificados. Seria necessário ampliar a abrangência desta análise.
Também é verdade que a comparação entre imóveis não é algo simples, nem na própria cidade, especialmente, quando comparamos uma no litoral e outra no interior. Por outro lado, é também perceptível, que há mais proximidade nos valores dos imóveis, maiores e mais bem localizados (portanto, mais caros) de um e outro município, do que aqueles em bairros mais periféricos. Nestes bairros, o preço em Macaé, é, em média, em torno de 20% mais caro, quando comparados à imóveis em bairros mais afastados em Campos, o que também é uma surpresa, considerando as duas realidades.
Dados comprativos entre Campos x Macaé
É interessante recorrer aos dados do Censo 2010 do IBGE para verificarmos a relação número de habitantes por domicílio, número de domicílios desocupados e vagos e o percentual em relação ao total de domicílios, assim como a estimativa do déficit e da população flutuante que são dados divulgados para Macaé e que o blog desconhece estimativa idêntica para o município de Campos, mas, não é difícil imaginar, que pela menor dinâmica econômica, por conta da base de operações de exploração de petróleo offshore estar em Macaé tende a ser maior do que em Campos. Esta conclusão é consequência da identificação da arrecadação bem maior de ICMS e ISS em Macaé quando comparada a Campos.
Da tabela acima podemos ainda observar que a relação habitante por domicílio é igual para os dois municípios (3,2), mas, com a população flutuante estimada de 70 mil pessoas em Macaé, esta relação subiria para 4,3. Se somássemos o déficit estimado em 30 mil unidades ao total de 64 mil domicílios de Macaé, a relação habitante por domicílio ficaria em aproximadamente 3,0.
Importante ainda identificar que, mesmo percentualmente, o município de Campos tem o dobro de domicílios não ocupados, quando comparados a Macaé, o que deveria contribuir para segurar os valores de aluguéis e mesmo preços para a venda. O mesmo ocorre com os domicílios vagos 4% em Macaé (um número quase insignificante) e 11% em Campos.
O percentual de casas e apartamentos em relação aos domicílios totais são muito próximos praticamente iguais, 8% em Campos e 11% em Macaé. O que é bastante diferente é o número de domicílios alugados no mercado de imóveis.
Até em números absolutos, com Macaé possuindo menos da metade de domicílios de Campos, possui 20,2 imóveis alugados, contra 17,1 em Campos. Na relação percentual a diferença é 35% dos imóveis macaenses são de aluguel, enquanto em Campos esta relação, pelo Censo 2010 do IBGE era de 15%.
Como já foi comentado acima, o blog não tem a estimativa do quantitativo de unidades habitacionais considerada como déficit e também a população flutuante estimada, mas, é certo que em ambos os indicadores, o município de Campos fica atrás de Macaé, mesmo possuindo uma dinâmica econômica que reproduz uma população que é o dobro de Macaé, com muitos estudantes universitários de fora do município, mas, com menor movimentação bancária e financeira que aquela produzida pela cadeia produtiva do petróleo em Macaé.
Hipótese da origem, desenvolvimento e sedimentação da especulação
imobiliária em Campos
A hipótese que o blog levanta é de que a origem da
especulação imobiliária em Campos é mais antiga, tem sua base nas tradições dos
fazendeiros e senhores de engenho, que em paralelo ao uso da terra para o
plantio nas áreas rurais, passaram a também obter lucro com venda de áreas e
construção de casas, na área urbana, local onde se reuniam para fechar os
negócios de terra, de venda de cana, açúcar e outros. Assim, o setor
imobiliário, com anúncios que podem ser identificados já na segunda metade do
século XIX.
O processo de urbanização de Campos se dá "a partir de 1877 quando são implantados os engenhos centrais - as usinas. Em 1890 constam registros de que o território do município já tinha tal desenvolvimento que atingiu praticamente às fronteiras atuais e a partir desta época, o comando da vida cultural da região passa dos solares rurais para o núcleo urbano". (in, Vasconcelos, Leonardo e outros no artigo "O resgate da memória sócio-cultural de Campos dos Goytacazes pela iconografia do alemão Guilherme Bockaul" (veja aqui o artigo) onde está publicada a fotografia ao lado do acervo de Leonardo.
O processo de urbanização de Campos se dá "a partir de 1877 quando são implantados os engenhos centrais - as usinas. Em 1890 constam registros de que o território do município já tinha tal desenvolvimento que atingiu praticamente às fronteiras atuais e a partir desta época, o comando da vida cultural da região passa dos solares rurais para o núcleo urbano". (in, Vasconcelos, Leonardo e outros no artigo "O resgate da memória sócio-cultural de Campos dos Goytacazes pela iconografia do alemão Guilherme Bockaul" (veja aqui o artigo) onde está publicada a fotografia ao lado do acervo de Leonardo.
O texto, sobre a importância do registro fotográfico como forma de compreender os caminhos da ocupação do território e da vida em Campos, dá uma boa posta sobre o que pode ser o início da especulação imobiliária no município. Daí em diante, ela vai crescendo, em paralelo ao processo de urbanização da cidade, grande polo de toda a região e ainda, referência para o Império, ainda em vigência no país.
Nesta época os "barões do açúcar" começam a tomar gosto também pela obtenção de renda de aluguel e venda de construções. Nesta mesma época, pequenos proprietários de terra desistem de suas pequenas usinas e passam a plantar para fornecer cana para os engenhos centrais e com isto, sobra tempo e interesse em vir para a cidade, onde também investe em moradias.
A partir desta gênese, a especulação ganha força com o uso da imprensa como veículo de formação da opinião e da criação de expectativas de aumento de preços dos imóveis, decorrentes de falsas demandas, fato que percorre os dois últimos séculos se estende aos dias atuais e ganha corpo com a nova economia urbana que tem sua gênese na circulação do dinheiro dos royalties e de processos de corrupção ligados ao poder local.
A partir desta gênese, a especulação ganha força com o uso da imprensa como veículo de formação da opinião e da criação de expectativas de aumento de preços dos imóveis, decorrentes de falsas demandas, fato que percorre os dois últimos séculos se estende aos dias atuais e ganha corpo com a nova economia urbana que tem sua gênese na circulação do dinheiro dos royalties e de processos de corrupção ligados ao poder local.
É interessante observar que estes dois últimos fatores apresentados
continuam a atuar como contribuição à especulação, num processo em que um
alimenta o outro, num ciclo que tem como organizador deste processo os donos de
imobiliária (o setor empresarial que mais cresceu na última década no
município, em número de unidades) e mais recentemente a figura do incorporador,
elemento de ligação, entre as construtoras, os financiadores e o mercado de
imóveis onde as imobiliárias se situam.
Aprofundamento da análise e debate com quem acompanha o setor imobiliário na região
O blog tem muito leitores e colaboradores de Macaé. Certamente eles conhecem em mais detalhes a realidade do município que é, efetivamente, a capital do petróleo no Brasil, apesar da Bacia ser de Campos (mais isto é uma outra conversa que já tivemos aqui e podemos retomar adiante).
Desta forma, solicito aos macaenses que possam comentar sobre este processo, assim como aos petroleiros que circulam pela região, ora morando num ou noutro município, sobre esta impressão, que é bom que se diga, vem de um a dois anos para cá.
Corretores e donos de imobiliária e outros estudiosos do tema são bem-vindos a este debate, sobre valores dos imóveis nos municípios de Campos e de Macaé e todas as implicações que atuam como causas, ou como consequências deste processo.
PS.: Atualizado em 26-04-2013 às 00:42 para corrigir pequenos erros na tabela da nota.
Petroleiro reclama de condições de helicóptero
O blog recebeu do petroleiro, funcionário da Petrobras, Newton José de Deus Santos, Operador Senior com 33 anos de empresa, que trabalhou em Aracaju e desde 1997 está na Bacia de Campos, a reclamação sobre uma ocorrência na aeronave que há quinze dias usou para chegar ao seu local de trabalho. Newton diz, que mesmo tendo passado este tempo e a empresa tenha corrigido o problema, é preciso evitar situações que possam levar a acidentes.
“É com muito pesar que venho informar sobre um episódio que mostra o descaso com a segurança no transporte aéreo, o qual é utilizado pela grande maioria dos trabalhadores da área offshore no objetivo chegar até sua unidade de trabalho.
Na sexta dia 15/03/13 um helicóptero AW-139, prefixo PR-MT, empresa Aeróleo, voo de N° 3450, o qual saiu do Aeroporto de Farol de São Tomé com destino para a P-31, às 14:50.
Durante o voo foi observado pelos seus passageiros que no momento que a aeronave passou por nuvens de chuva, houve o ingresso de água na cabine pelo teto da aeronave, a qual escorria pelos cabos de comando do teto, entre os pilotos e painel de comando. Um dos pilotos tinha em mãos uma toalha de rosto a qual utilizou para enxugar as partes molhadas pela chuva.
Fico triste e preocupado com as possíveis consequências que cabos e comandos molhados pode vir a causar em um equipamento daquele tamanho, c/ homens e mulheres que deixam suas família para trabalhar por 14 dias, confiando suas vidas em um sistema que não esta preocupado em zelar por suas vidas.”
“É com muito pesar que venho informar sobre um episódio que mostra o descaso com a segurança no transporte aéreo, o qual é utilizado pela grande maioria dos trabalhadores da área offshore no objetivo chegar até sua unidade de trabalho.
Na sexta dia 15/03/13 um helicóptero AW-139, prefixo PR-MT, empresa Aeróleo, voo de N° 3450, o qual saiu do Aeroporto de Farol de São Tomé com destino para a P-31, às 14:50.
Durante o voo foi observado pelos seus passageiros que no momento que a aeronave passou por nuvens de chuva, houve o ingresso de água na cabine pelo teto da aeronave, a qual escorria pelos cabos de comando do teto, entre os pilotos e painel de comando. Um dos pilotos tinha em mãos uma toalha de rosto a qual utilizou para enxugar as partes molhadas pela chuva.
Fico triste e preocupado com as possíveis consequências que cabos e comandos molhados pode vir a causar em um equipamento daquele tamanho, c/ homens e mulheres que deixam suas família para trabalhar por 14 dias, confiando suas vidas em um sistema que não esta preocupado em zelar por suas vidas.”
quarta-feira, março 27, 2013
O velho problema das marquises nos pontos de ônibus em Campos
A maioria dos pontos de ônibus em Campos não possui proteção contra sol e chuva para os usuários do transporte coletivo. Outros estão em péssimo estado, como mostrado pelo leitor-colaborador Diego França, sobre esta proteção em Goitacases:
"Caro Roberto, Boa Tarde! Fiquei muito preocupado com a situação das marquises de nossa cidade. No dia 25/03/13 uma marquise veio abaixo. Segundo alguns populares, o acidente se deu por conta de um caminhão que saia de ré de uma oficina de parte elétrica, que fica ao lado desse paredão amarelo, onde encontra esse veículo preto, que podemos ver na foto (0999). Graças a Deus não havia ninguém no momento, o letreiro da igreja, o muro e o portão foram atingidos. Nas fotos 0995 e 1010 encontra-se uma outra marquise, praticamente em frente da que veio abaixo, observamos o estado em que a mesma se encontra, um alerta para o que pode vir a ocorrer se medidas não forem tomadas.
Att."
"Caro Roberto, Boa Tarde! Fiquei muito preocupado com a situação das marquises de nossa cidade. No dia 25/03/13 uma marquise veio abaixo. Segundo alguns populares, o acidente se deu por conta de um caminhão que saia de ré de uma oficina de parte elétrica, que fica ao lado desse paredão amarelo, onde encontra esse veículo preto, que podemos ver na foto (0999). Graças a Deus não havia ninguém no momento, o letreiro da igreja, o muro e o portão foram atingidos. Nas fotos 0995 e 1010 encontra-se uma outra marquise, praticamente em frente da que veio abaixo, observamos o estado em que a mesma se encontra, um alerta para o que pode vir a ocorrer se medidas não forem tomadas.
Att."
Helicóptero da Líder que transportava cargas cai próximo à P-7
A informação é do Sindipetro-NF:
"Aeronave cargueira da Lider cai próximo a P-07"
27/3/2013 - 13:33
"Aeronave cargueira da Lider cai próximo a P-07"
"O Sindipetro-NF recebeu a informação agora pela manhã da queda de uma aeronave cargueira da Lider próxima a P-07. Os três tripulantes já foram resgatados, após acionamento do bote resgate, e estão a salvo na plataforma.
A aeronave HUW BELL 412 estava flutuando, mas emborcou e afundou. Segundo informações da Petrobras, a Cia vai tentar resgatar a aeronave para investigação das causas do acidente."
PS.: Atualizado às 12:36:
Do G1: "Helicóptero com três tripulantes cai na Bacia de Campos, no RJ"
"O Sindipetro do Norte Fluminense confirmou a queda de um helicóptero na Bacia de Campos, na cidade de Macaé, no Norte Fluminense. Segundo informações do sindicato, o acidente foi na manhã desta quarta-feira (27) próximo da Plataforma P-7. A aeronave tinha três tripulantes e todos conseguiram acionar o bote salva-vidas e se salvar. O helicóptero chegou a ficar um tempo com o flutuador, mas emborcou e afundou em seguida.
Os três tripulantes foram socorridos do bote por trabalhadores da P-7 e levados de volta para a plataforma. A equipe do G1 tentou contato com a assessoria da Petrobras, por telefone, mas até às 12h05 não conseguiu resposta.
Segundo o diretor de comunicação do Sindipetro, Marcos Breda, o órgão vai participar da investigação sobre o caso e espera uma medida para evitar novos acidentes.
PS.: Atualizado às 14:20 com novas informações do Sindipetro-NF:
"27/3/2013 - 12:55
Segundo informação da gerência de SMS da UO-BC a aeronave cargueiro HUW da Lider, às 10h34, foi pousada na água pela tripulação após identificarem um defeito, e acabou emborcando.
O sindicato chegou a divulgar informação de trabalhadores que a aeronave teria afundado, mas a Petrobras nega e diz que está preparando embarcações para recolher a aeronave.
Um representante do sindicato vai participar da comissão de análise do acidente como está garantido no acordo coletivo."
A aeronave HUW BELL 412 estava flutuando, mas emborcou e afundou. Segundo informações da Petrobras, a Cia vai tentar resgatar a aeronave para investigação das causas do acidente."
PS.: Atualizado às 12:36:
Do G1: "Helicóptero com três tripulantes cai na Bacia de Campos, no RJ"
"O Sindipetro do Norte Fluminense confirmou a queda de um helicóptero na Bacia de Campos, na cidade de Macaé, no Norte Fluminense. Segundo informações do sindicato, o acidente foi na manhã desta quarta-feira (27) próximo da Plataforma P-7. A aeronave tinha três tripulantes e todos conseguiram acionar o bote salva-vidas e se salvar. O helicóptero chegou a ficar um tempo com o flutuador, mas emborcou e afundou em seguida.
Os três tripulantes foram socorridos do bote por trabalhadores da P-7 e levados de volta para a plataforma. A equipe do G1 tentou contato com a assessoria da Petrobras, por telefone, mas até às 12h05 não conseguiu resposta.
Segundo o diretor de comunicação do Sindipetro, Marcos Breda, o órgão vai participar da investigação sobre o caso e espera uma medida para evitar novos acidentes.
PS.: Atualizado às 14:20 com novas informações do Sindipetro-NF:
"27/3/2013 - 12:55
Segundo informação da gerência de SMS da UO-BC a aeronave cargueiro HUW da Lider, às 10h34, foi pousada na água pela tripulação após identificarem um defeito, e acabou emborcando.
O sindicato chegou a divulgar informação de trabalhadores que a aeronave teria afundado, mas a Petrobras nega e diz que está preparando embarcações para recolher a aeronave.
Um representante do sindicato vai participar da comissão de análise do acidente como está garantido no acordo coletivo."
"Ocorrência de hoje é a 89ª desde 1996 na Bacia de Campos"
"O acidente aéreo na Bacia de Campos, hoje, é a 89ª ocorrência envolvendo helicópteros a serviço da Petrobras na região, desde 1996. De acordo com levantamento do Departamento de Saúde do Sindipetro-NF (Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense), 27 trabalhadores morreram em acidentes com aeronaves neste período.
O último caso com perdas fatais ocorreu em 19 de agosto de 2011, quando um helicóptero da empresa Senior caiu no mar depois de decolar da plataforma P-65, causando as mortes de quatro trabalhadores.
Clique aqui para ter acesso ao conteúdo completo do levantamento de ocorrências aéreas da Bacia de Campos, de acordo com os registros do Sindipetro-NF."
PS.: Atualizado às 14:40: Petrobras divulga nota e identifica a queda do helicóptero como "pouso forçado":
"A Petrobras informa que na manhã desta quarta-feira, 27/3, um helicóptero modelo BELL 412, cargueiro, da empresa Líder Táxi Aéreo, prefixo PT-HUW, realizou pouso controlado no mar, na Bacia de Campos, a cerca de 100 km da costa. A aeronave, que decolou do FPSO Cidade do Rio de Janeiro, se deslocava para a plataforma P-7, localizada no campo de Bicudo. O helicóptero permanece na superfície do mar, por meio do seu sistema de flutuadores.
Os três tripulantes da aeronave foram levados para a plataforma P-7, passam bem e aguardam desembarque. A Petrobras informou o incidente à ANP, Marinha e Aeronáutica. Será instaurada uma comissão para investigar as causas da ocorrência."
O último caso com perdas fatais ocorreu em 19 de agosto de 2011, quando um helicóptero da empresa Senior caiu no mar depois de decolar da plataforma P-65, causando as mortes de quatro trabalhadores.
Clique aqui para ter acesso ao conteúdo completo do levantamento de ocorrências aéreas da Bacia de Campos, de acordo com os registros do Sindipetro-NF."
PS.: Atualizado às 14:40: Petrobras divulga nota e identifica a queda do helicóptero como "pouso forçado":
"A Petrobras informa que na manhã desta quarta-feira, 27/3, um helicóptero modelo BELL 412, cargueiro, da empresa Líder Táxi Aéreo, prefixo PT-HUW, realizou pouso controlado no mar, na Bacia de Campos, a cerca de 100 km da costa. A aeronave, que decolou do FPSO Cidade do Rio de Janeiro, se deslocava para a plataforma P-7, localizada no campo de Bicudo. O helicóptero permanece na superfície do mar, por meio do seu sistema de flutuadores.
Os três tripulantes da aeronave foram levados para a plataforma P-7, passam bem e aguardam desembarque. A Petrobras informou o incidente à ANP, Marinha e Aeronáutica. Será instaurada uma comissão para investigar as causas da ocorrência."
Desapropriação em Água Preta para passagem de linha de transmissão do Corredor Logístico do Açu
O blog foi informado que um grande aparato policial junto com tratores para demolir construções está desde o início da manhã, em Água Preta, no V Distrito de SJB, visando tombar a casa que se situa no "caminho" traçado para a linha de transmissão (LT) da Ampla, que faz parte do Corredor Logístico para atender o Complexo do Açu.
A desconfiança é de que outros moradias que ficariam no percurso desta L.T. também seriam derrubadas. A primeira casa que estão querendo derrubar à força é da matriarca da. Jorgina, mãe de seu Pinduca, que resisti à sair de suas terras e questiona a invasão por parte de um complexo industrial numa área que para ele é agrícola e rural.
A desapropriação estaria se escudando no decreto do governo estadual desapropriando áreas para instalação do Corredor Logístico, e não em negociação e pagamento de indenização como é comum em casos de linhas de transmissão, havendo ainda possibilidade, como seria o caso, do projeto das linhas de transmissão contornarem (passarem ao lado de residências).
PS.: Atualizado às 15:08: O blog foi informado que os moradores resistiram às pressões para desocupação e derrubada de uma casa na localidade de Água Preta e, assim, a Polícia Militar, agentes de segurança privada da LLX e gestores da Codin teriam deixado a localidade. A casa a ser atingida é de propriedade da família do Sr. Pinduca, conhecido produtor que tem resistido e questionado o processo de desapropriações no Quinto Distrito de SJB. Mais informações sobre o assunto daqui a pouco no blog.
PS.: Atualizado às 17:54 de 28-03-2013: Abaixo a matéria veiculada ontem pela InterTV e publicada no G1 sobre a tentativa de desapropriação na localidade de Água Preta:
A desconfiança é de que outros moradias que ficariam no percurso desta L.T. também seriam derrubadas. A primeira casa que estão querendo derrubar à força é da matriarca da. Jorgina, mãe de seu Pinduca, que resisti à sair de suas terras e questiona a invasão por parte de um complexo industrial numa área que para ele é agrícola e rural.
A desapropriação estaria se escudando no decreto do governo estadual desapropriando áreas para instalação do Corredor Logístico, e não em negociação e pagamento de indenização como é comum em casos de linhas de transmissão, havendo ainda possibilidade, como seria o caso, do projeto das linhas de transmissão contornarem (passarem ao lado de residências).
PS.: Atualizado às 15:08: O blog foi informado que os moradores resistiram às pressões para desocupação e derrubada de uma casa na localidade de Água Preta e, assim, a Polícia Militar, agentes de segurança privada da LLX e gestores da Codin teriam deixado a localidade. A casa a ser atingida é de propriedade da família do Sr. Pinduca, conhecido produtor que tem resistido e questionado o processo de desapropriações no Quinto Distrito de SJB. Mais informações sobre o assunto daqui a pouco no blog.
PS.: Atualizado às 17:54 de 28-03-2013: Abaixo a matéria veiculada ontem pela InterTV e publicada no G1 sobre a tentativa de desapropriação na localidade de Água Preta:
terça-feira, março 26, 2013
Nova plataforma (FPSO) que entrará em funcionamento na Bacia de Santos terá custo de afretamento de R$ 1 milhão/dia
Este valor serve para que nós, os menos escolados com os custos da cadeia produtiva do petróleo, tenhamos uma noção.
Após o recebimento da licença do Ibama, a Petrobrás foi autorizada a iniciar a instalação do FPSO Cidade de Paraty no Sistema de Produção e Escoamento de Óleo e Gás de Lula Nordeste, no Campo de Lula, na Bacia de Santos.
A unidade, que pertence ao consórcio SBM/Queiroz Galvão/NYK, será a afretada à estatal a uma taxa diária de US$ 499 mil, por 20 anos.
O FSPO foi convertido no estaleiro Keppel, em Cingapura, a unidade teve todo seu processo de montagem e integração dos módulos no estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis (RJ), e terá capacidade para produzir 150 mil barris de óleo e 5 milhões de m³ de gás por dia. A licença é válida até 19 de outubro de 2016 e está condicionada ao cumprimento das normas estabelecidas no processo.
Após o recebimento da licença do Ibama, a Petrobrás foi autorizada a iniciar a instalação do FPSO Cidade de Paraty no Sistema de Produção e Escoamento de Óleo e Gás de Lula Nordeste, no Campo de Lula, na Bacia de Santos.
A unidade, que pertence ao consórcio SBM/Queiroz Galvão/NYK, será a afretada à estatal a uma taxa diária de US$ 499 mil, por 20 anos.
O FSPO foi convertido no estaleiro Keppel, em Cingapura, a unidade teve todo seu processo de montagem e integração dos módulos no estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis (RJ), e terá capacidade para produzir 150 mil barris de óleo e 5 milhões de m³ de gás por dia. A licença é válida até 19 de outubro de 2016 e está condicionada ao cumprimento das normas estabelecidas no processo.
Em seus estudos sobre a economia fluminense, o blogueiro teve oportunidade de ver, no 2º semestre do ano passado, a adaptação que a unidade estava recebendo no estaleiro Brasfels em Angra dos Reis que está mostrado na foto e clip abaixo.
O custo diário de fretamento de U$ 499 mil (aproximadamente R$ 1 milhão) é de assustar, ou não?
PS.: Atualizado às 12:12 para corrigir o valor no parágrafo acima.
PS.: Atualizado às 12:12 para corrigir o valor no parágrafo acima.
Estaleiro BrasFels, antigo estaleiro Verolme, em Angra dos Reis, onde parte do trabalho de conversão e adaptação do navio (plataforma) FPSO Cidade de Parati foi realizado |
Licitação de Transportes Coletivos em Campos: edital igual à de Petrópolis
A avaliação ainda a ser aprofundada é do advogado e blogueiro Cleber Tinoco, a partir de investigação, da também blogueira e advogada Gianna Barcelos. Numa análise rápida é que os editais são iguais na essência e, possivelmente, na origem da formatação.
Em Petrópolis a licitação para a concessão de serviços do transporte coletivo que deveria ter sido realizada ontem (20) foi temporariamente suspensa por determinação do desembargador da 3ª Câmara Cível, César Augusto Rodrigues da Costa. A decisão teve como base uma ação movida pelo advogado Márcio Tesch, presidente do Instituto de Defesa do Cidadão Consumidor (Indeccon) junto ao Tribunal de Justiça do Estado, questionando a legalidade do processo.
Em Petrópolis a licitação para a concessão de serviços do transporte coletivo que deveria ter sido realizada ontem (20) foi temporariamente suspensa por determinação do desembargador da 3ª Câmara Cível, César Augusto Rodrigues da Costa. A decisão teve como base uma ação movida pelo advogado Márcio Tesch, presidente do Instituto de Defesa do Cidadão Consumidor (Indeccon) junto ao Tribunal de Justiça do Estado, questionando a legalidade do processo.
Com a medida adotada pelo desembargador, a abertura dos envelopes contendo a proposta de seis empresas que se interessaram pela licitação foi adiada até que a ação movida pelo advogado fosse julgada. Segundo Márcio Tesch, o processo licitatório foi feito de forma ilegal, uma vez que não houve apreciação da Câmara Municipal dos termos do edital.
Mais detalhes dos problemas e questionamentos sobre a licitação de Petrópolis, com a lista das empresas que já se inscreveram no certame licitatório você pode ver aqui.
TCE-RJ determina adiamento da licitação da Ponte SJB-SFI
A decisão do Tribunal de Conta do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) foi publicada no Diário Oficial de ontem e trazido à Rede Blog pelo Zé Armando Barreto. Abaixo publicamos a imagem da notificação do DER, Secretaria Estadual de Obras, no DOE. O adiamento segundo a notificação não tem prazo (sine-dia): Os motivos que suscitaram a decisão do TCE-RJ ainda não são conhecidos:
Diretor do Sindipetro-NF denuncia “trabalho escravo na Bacia de Campos”
O diretor de Formação do Sindipetro-NF, Luiz Carlos Menonça encaminhou ao blog a denúncia abaixo:
“Trabalho escravo na Bacia de Campos”
“Companheiros(as), é com muita tristeza que venho mais uma vez utilizar este espaço, pois o " copo" transbordou, chegamos ao cumulo de termos hoje nas seguintes plataformas da UO-RIO (P-38,P-40,P-52,P-53,PRA-1) CERCA DE 250 TRABALHADORES(AS) da antiga empresa de hotelaria DALL, sem salário desde Janeiro, Fevereiro, Março. O que podemos chamar este tipo de coisa? ACIDENTE? INCIDENTE? INCOMPETÊNCIA? MÁ FÉ? Estou até agora sem saber definir o que está ocorrendo.
Desde o ano passado esta empresa vem apresentando sinais que não iria até o final do contrato, com falta de material básico, de higiene e limpeza , chegando até mesmo faltar comida como foi relatado por diversas vezes no site através de denuncias dos trabalhadores das plataformas supra citadas. Acontece que a Petrobras no ultimo dia 15/03/2013, rompeu o contrato com a Dall, retendo um percentual das 3 últimas faturas, quem vai atuar nestas Unidades Marítimas é a empresa, Gastroservice, mas precisamos de alguns esclarecimentos:
Qual Gerente deixou chegar a este ponto?
Quem vai pagar os salários atrasados e a rescisão dos trabalhadores?
Esta empresa Dall ainda tem contratos com a Petrobras?
Na nossa Constituição temos diretos e deveres, aos quais temos que ter conhecimento, pois estes Pais e Mães de famílias que trabalham neste segmento de hotelaria em nossas Plataformas há muito já vem sendo explorados, seja pelos baixos salários, diferenciação de escala de trabalho, falta de representação sindical que de fato os representem, mas eles(as) trabalham a cada embarque/desembarque, sempre com dignidade e na busca de melhores condições de vida para suas famílias acreditando estar trabalhando (prestando) serviço para a tal "FAMOSA PETROBRAS"?
Mesmo não representando estes trabalhadores(as) o SINDIPETRO-NF, esteve ao lado e denunciando e cobrando da Petrobras uma resposta objetiva para estes "heróis" e "heroínas", pois eu não me vejo sem um mês de pagamento ,imaginem estes guerreiros.
Saliento também que o trabalho escravo esta explícito, pois cadê os pagamentos? O reconhecimento do trabalho prestado.
Precisamos nos indignar com este tipo de situação que passa os trabalhadores terceirizados da Bacia de Campos, pois é lamentável que muitas das vezes os "Gerentes dos contratos " ´só vem a fazer algo no final, quando de fato os trabalhadores já estão sem nenhum SALÁRIO..... há três meses.
Que a Petrobrás, faça de fato os devidos pagamentos dos salários e a rescisão destes trabalhadores(as), e cobre na justiça da empresa devedora Dall o que lhe é devido, pois nestes três meses a produção de óleo e gás das Plataformas(P-38/40/52/53/PRA-1) não pararam dia nenhum, o que significa que a mas valia de fato ocorreu, por tudo isto devemos dar um basta no Trabalho Escravo Na Bacia de Campos.
Luiz Carlos Mendonça (1/2 kg) - Diretor do Dep. de Formação do Sindipetro-NF.”
“Trabalho escravo na Bacia de Campos”
“Companheiros(as), é com muita tristeza que venho mais uma vez utilizar este espaço, pois o " copo" transbordou, chegamos ao cumulo de termos hoje nas seguintes plataformas da UO-RIO (P-38,P-40,P-52,P-53,PRA-1) CERCA DE 250 TRABALHADORES(AS) da antiga empresa de hotelaria DALL, sem salário desde Janeiro, Fevereiro, Março. O que podemos chamar este tipo de coisa? ACIDENTE? INCIDENTE? INCOMPETÊNCIA? MÁ FÉ? Estou até agora sem saber definir o que está ocorrendo.
Desde o ano passado esta empresa vem apresentando sinais que não iria até o final do contrato, com falta de material básico, de higiene e limpeza , chegando até mesmo faltar comida como foi relatado por diversas vezes no site através de denuncias dos trabalhadores das plataformas supra citadas. Acontece que a Petrobras no ultimo dia 15/03/2013, rompeu o contrato com a Dall, retendo um percentual das 3 últimas faturas, quem vai atuar nestas Unidades Marítimas é a empresa, Gastroservice, mas precisamos de alguns esclarecimentos:
Qual Gerente deixou chegar a este ponto?
Quem vai pagar os salários atrasados e a rescisão dos trabalhadores?
Esta empresa Dall ainda tem contratos com a Petrobras?
Na nossa Constituição temos diretos e deveres, aos quais temos que ter conhecimento, pois estes Pais e Mães de famílias que trabalham neste segmento de hotelaria em nossas Plataformas há muito já vem sendo explorados, seja pelos baixos salários, diferenciação de escala de trabalho, falta de representação sindical que de fato os representem, mas eles(as) trabalham a cada embarque/desembarque, sempre com dignidade e na busca de melhores condições de vida para suas famílias acreditando estar trabalhando (prestando) serviço para a tal "FAMOSA PETROBRAS"?
Mesmo não representando estes trabalhadores(as) o SINDIPETRO-NF, esteve ao lado e denunciando e cobrando da Petrobras uma resposta objetiva para estes "heróis" e "heroínas", pois eu não me vejo sem um mês de pagamento ,imaginem estes guerreiros.
Saliento também que o trabalho escravo esta explícito, pois cadê os pagamentos? O reconhecimento do trabalho prestado.
Precisamos nos indignar com este tipo de situação que passa os trabalhadores terceirizados da Bacia de Campos, pois é lamentável que muitas das vezes os "Gerentes dos contratos " ´só vem a fazer algo no final, quando de fato os trabalhadores já estão sem nenhum SALÁRIO..... há três meses.
Que a Petrobrás, faça de fato os devidos pagamentos dos salários e a rescisão destes trabalhadores(as), e cobre na justiça da empresa devedora Dall o que lhe é devido, pois nestes três meses a produção de óleo e gás das Plataformas(P-38/40/52/53/PRA-1) não pararam dia nenhum, o que significa que a mas valia de fato ocorreu, por tudo isto devemos dar um basta no Trabalho Escravo Na Bacia de Campos.
Luiz Carlos Mendonça (1/2 kg) - Diretor do Dep. de Formação do Sindipetro-NF.”
segunda-feira, março 25, 2013
Fábrica de tecidos em Campos, símbolo de outra e diferente época
Uma singela e antecipada homenagem pelo 28 de março em Campos. Do acervo do blog "Campos dos Goytacazes em fotos". O texto e as fotos da "extinta Companhia de Fiação e Tecelagem Campista, mais conhecida como A Campista, foi fundada por Francisco Saturnino Braga, que chegou ao Brasil ainda menino, vindo de Portugal, no século XIX.
"Francisco estabeleceu-se em Campos dos Goytacazes (RJ), onde se casou, teve doze filhos e iniciou a família. Grande empresário do setor canavieiro Saturnino Braga implantou também a primeira fábrica de tecidos da região, em 12 de março de 1885, no bairro da Lapa. Francisco é trisavô de Roberto Saturnino Braga, que foi senador pelo nosso estado do Rio de Janeiro.
Homenagear a cidade pelo viés do trabalho, mesmo que na época, infantil, insalubre e de alta sobrecarga de horas, é relembrar e valorizar a classe operária produtora de riqueza, em nossa planície que nas duas últimas décadas, de forma especial virou rentista, não pelo trabalho, mas, pela geografia.
"Francisco estabeleceu-se em Campos dos Goytacazes (RJ), onde se casou, teve doze filhos e iniciou a família. Grande empresário do setor canavieiro Saturnino Braga implantou também a primeira fábrica de tecidos da região, em 12 de março de 1885, no bairro da Lapa. Francisco é trisavô de Roberto Saturnino Braga, que foi senador pelo nosso estado do Rio de Janeiro.
Homenagear a cidade pelo viés do trabalho, mesmo que na época, infantil, insalubre e de alta sobrecarga de horas, é relembrar e valorizar a classe operária produtora de riqueza, em nossa planície que nas duas últimas décadas, de forma especial virou rentista, não pelo trabalho, mas, pela geografia.
LLX lança blog do Porto do Açu
Bem-vindo à blogosfera. É possível que a decisão seja parte da nova estratégia do grupo de ampliar sua posição diante de um cenário muito adverso nas mídias, velhas e novas. Porém, o resultado, pode não ser o desejado, se o canal tiver uma única direção, como a dos releases e das maquetes eletrônicas e vídeos de simulação das obras. O release (abaixo) parece apenas apontar para um pouco mais do mesmo que já conhecemos.
Porém, há que desejar que no bojo da decisão de criar o blog, vier o diálogo, real, aberto e verdadeiro, com interlocuções e ações decorrentes deles, teremos avanço, caso contrário, retrocesso, que colocará a situação pior que antes.
Veja abaixo o conteúdo do release enviado agora a este blog:
"LLX lança blog do Complexo Industrial do Superporto do Açu"
"A LLX lançou um novo canal com informações sobre o Complexo Industrial do Superporto do Açu. No blog www.superportodoacu.com.bré possível acompanhar o andamento das obras do maior empreendimento porto-indústria da América Latina e as iniciativas socioambientais que estão sendo desenvolvidas na região. O blog conta também com notícias atualizadas sobre investimentos, qualificação profissional, visitas ao Complexo Industrial, agricultura familiar, além de galeria de fotos e vídeos.
No Complexo serão instalados polo Metalmecanico, base de estocagem para granéis líquidos, Unidade de Construção Naval da OSX, complexo termelétrico da MPX, Unidade para Tratamento de Petróleo, indústrias offshore, plantas de pelotização de minério de ferro, siderúrgicas e cimenteiras, entre outras. Entre as empresas que já anunciaram que se instalarão no Complexo estão V & M, InterMoor, GE, MPX, Asco, Wärtsilä, OSX, Technip e NOV.
Com construção iniciada em outubro de 2007 e área total de 90 km², os terminais do Complexo Industrial do Superporto do Açu terão profundidade de até 26 metros e 17 km de píer, que poderão receber até 47 embarcações. O início da operação está previsto para este ano."
Porém, há que desejar que no bojo da decisão de criar o blog, vier o diálogo, real, aberto e verdadeiro, com interlocuções e ações decorrentes deles, teremos avanço, caso contrário, retrocesso, que colocará a situação pior que antes.
Veja abaixo o conteúdo do release enviado agora a este blog:
"LLX lança blog do Complexo Industrial do Superporto do Açu"
"A LLX lançou um novo canal com informações sobre o Complexo Industrial do Superporto do Açu. No blog www.superportodoacu.com.bré possível acompanhar o andamento das obras do maior empreendimento porto-indústria da América Latina e as iniciativas socioambientais que estão sendo desenvolvidas na região. O blog conta também com notícias atualizadas sobre investimentos, qualificação profissional, visitas ao Complexo Industrial, agricultura familiar, além de galeria de fotos e vídeos.
No Complexo serão instalados polo Metalmecanico, base de estocagem para granéis líquidos, Unidade de Construção Naval da OSX, complexo termelétrico da MPX, Unidade para Tratamento de Petróleo, indústrias offshore, plantas de pelotização de minério de ferro, siderúrgicas e cimenteiras, entre outras. Entre as empresas que já anunciaram que se instalarão no Complexo estão V & M, InterMoor, GE, MPX, Asco, Wärtsilä, OSX, Technip e NOV.
Com construção iniciada em outubro de 2007 e área total de 90 km², os terminais do Complexo Industrial do Superporto do Açu terão profundidade de até 26 metros e 17 km de píer, que poderão receber até 47 embarcações. O início da operação está previsto para este ano."
A China gigante também no petróleo
A petrolífera chinesa CNOOC teve um lucro líquido de 63,7 bilhões de iuans em 2012, 9,3% menos que os 70,26 bilhões (cerca de US$ 11,1 bilhões) do ano anterior. Além de aumentar a produção, a CNOOC adquiriu a empresa canadense de energia Nexen por 15,1 bilhões de dólares. Esta é a maior aquisição já feita por uma empresa chinesa no exterior. Com esse investimento, a companhia espera elevar a produção em 20% e as reservas existentes em 30%.
Interessante observar que, além das demandas chinesas por minério e aço para construir cidades, a disputa pela energia parece ser um gargalo importante. Observar que foi nesta área que a China fez, até hoje, o seu maior investimento, aponta evidências que permite compreender, porque empresas chinesas sinalizaram possibilidades de estar em projetos industriais no litoral brasileiro. O dado acima ponta inda muitas outros indicadores e possibilidades em suas entrelinhas.
Interessante observar que, além das demandas chinesas por minério e aço para construir cidades, a disputa pela energia parece ser um gargalo importante. Observar que foi nesta área que a China fez, até hoje, o seu maior investimento, aponta evidências que permite compreender, porque empresas chinesas sinalizaram possibilidades de estar em projetos industriais no litoral brasileiro. O dado acima ponta inda muitas outros indicadores e possibilidades em suas entrelinhas.
Intenções do Banco BTG Pactual com a EBX
Leia aqui na íntegra a matéria do Estadão com o banqueiro André Esteves do BTG Pactual, sobre sua interpretação e intenção frente ao acordo que fez com o grupo EBX.
Aqui você pode ler o que o Portal de Notícias 247 tira de conclusão sobre o assunto. Há mais intuições possíveis de serem enxergadas, no que está escrito e daquilo que se depreende das entrelinhas.
Aqui você pode ler o que o Portal de Notícias 247 tira de conclusão sobre o assunto. Há mais intuições possíveis de serem enxergadas, no que está escrito e daquilo que se depreende das entrelinhas.
Situação atual do Complexo de Barra do Furado
O simpático balneário fica no município de Quissamã e tem a divisa com o município de Campos estabelecida pelo Canal das Flechas.
É em Barra do Furado que o consórcio Terra e Mar, formado pelas empresas Odebrecht, OAS e Queiróz Galvão está executando o projeto chamado de Complexo Logístico-industrial Barra do Furado.
Estes recursos estão sendo destinados para construção da casa de bombas, píer, que vai receber estrutura do sistema "send by pass" (transpasse de areia de Quissamã para Campos), e a estrutura do sistema.
Além dos R$ 175 milhões, também foram previstos R$ 50 milhões do governo federal, que serão destinados para boa parte da dragagem do Canal das Flechas e R$ 20 milhões do governo estadual, que serão utilizados para extensão do mole sul.
Segundo informações, mudanças que seriam necessárias e que já teriam sido sinalizadas pelo consórcio das três construtoras, elevariam o projeto para um valor num novo patamar entre R$ 400 e R$ 600 milhões.
Independente, do problemas das receitas dos royalties, os dois municípios já sinalizaram que não estão dispostos a bancar tamanha majoração no valor do projeto. Assim, os municípios estão buscando apoio estadual e especialmente, federal para empreitada.
A execução do seu projeto foi interrompido no seu início, por ausência de um dos licenciamentos (autorização) por parte da ANTAQ (Agência Nacional do Transportes Aquaviários) e SPU (Secretaria de Planejamento da União).
O blog também identifica que as empresas que estavam previstas para se instalar no complexo, o estaleiro coreano STX, estaleiro Eisa e Cassinú, a empresa de apoio offshore Edison Chouest, e o grupo brasileiro Alusa Galvão, já não estariam demonstrando o mesmo interesse de antes, por conta do desenvolvimento de outros projetos no Brasil e no exterior.
O projeto consta de um porto através do canal das Flechas, aproveitando a estrutura já instalada em Barra do Furado e dele constaria, inicialmente, dois estaleiros e um porto para apoio offshore e transporte de cargas.
O projeto do complexo consiste de uma PPP (Parceria Público Privada) que envolve as prefeituras dos dois municípios, o governo estadual estadual, o governo federal e um pool de empresas ligado ao setor de construção naval.
Pelo que foi observado do alto, num sobrevoo do blogueiro, no dia 13 de março, juntando com informações que o blog apurou, as obras estão em ritmo lento.
Pelo que foi observado do alto, num sobrevoo do blogueiro, no dia 13 de março, juntando com informações que o blog apurou, as obras estão em ritmo lento.
O valor orçado para a execução do projeto de preparação do canal de entrada (com o by-pass) para o estaleiro, foi de cerca de R$ 175 milhões,sendo 70% de Campos e 30% de Quissamã.
Estes recursos estão sendo destinados para construção da casa de bombas, píer, que vai receber estrutura do sistema "send by pass" (transpasse de areia de Quissamã para Campos), e a estrutura do sistema.
Além dos R$ 175 milhões, também foram previstos R$ 50 milhões do governo federal, que serão destinados para boa parte da dragagem do Canal das Flechas e R$ 20 milhões do governo estadual, que serão utilizados para extensão do mole sul.
Segundo informações, mudanças que seriam necessárias e que já teriam sido sinalizadas pelo consórcio das três construtoras, elevariam o projeto para um valor num novo patamar entre R$ 400 e R$ 600 milhões.
Independente, do problemas das receitas dos royalties, os dois municípios já sinalizaram que não estão dispostos a bancar tamanha majoração no valor do projeto. Assim, os municípios estão buscando apoio estadual e especialmente, federal para empreitada.
A execução do seu projeto foi interrompido no seu início, por ausência de um dos licenciamentos (autorização) por parte da ANTAQ (Agência Nacional do Transportes Aquaviários) e SPU (Secretaria de Planejamento da União).
O blog também identifica que as empresas que estavam previstas para se instalar no complexo, o estaleiro coreano STX, estaleiro Eisa e Cassinú, a empresa de apoio offshore Edison Chouest, e o grupo brasileiro Alusa Galvão, já não estariam demonstrando o mesmo interesse de antes, por conta do desenvolvimento de outros projetos no Brasil e no exterior.
Enfim, vale conferir a quantas anda o projeto de Barra do Furado. Assim, o blog sugere que gestores públicos, do consórcio privado, trabalhadores das obras e moradores daquela comunidade possam se posicionar sobre o empreendimento.
domingo, março 24, 2013
Goyta vence de virada e é líder: Goyta 2 x 1 Serramacaense
O baixinho Clodoaldo é mais uma vez o salvador, ao fazer o gol da virada sobre o time de Macaé. Com a vitória de 2 x 1, o Goytacaz, agora tem 12 pontos e é líder do seu grupo na Segundona. SJB, América e Portuguesa têm 11 pontos e ficam nesta ordem pelo saldo de gols. O Goyta volta campo no próximo sábado, às 17 horas, contra o Tigres, no Arizão.
sábado, março 23, 2013
"Reality show: mais real do que gostaria"
Aproveitando o final de semana, quando a maioria das pessoas tem mais tempo para a leitura de um texto um pouco maior e mais profundo, o blog traz um assunto que por doze anos seguidos é badalado em nosso país, os chamados "reality show".
Para isto, o blog trouxe, a entrevista feita pelo jornalista Luis Brasilino para o "Le Monde Diplomatique Brasil", do qual é o editor. A entrevista traz um conteúdo atual interessantíssimo e está publicada na edição de março, deste bom periódico.
Confesso que enxerguei nas observações da socióloga Silvia Viana, ao falar do seu livro "Rituais do sofrimento", publicado pela Editora Boitempo, a respeito do programa do tipo "BBB - Big Brother Brasil" da Globo, ou "A Fazenda da Record", um conjunto muito expressivo, de questões presentes no programa de edição anual, que não visualizava antes. A entrevista demonstra, de forma categórica, como um programa televisivo pode mudar a maneira de pensarmos o mundo, assim como, as relações humanas e políticas numa sociedade.
Abaixo reproduzirei a entrevista com grifos em alguns trechos que julguei mais significativos. A leitura completa da entrevista pode ser lida aqui. Peço desculpas antecipadas pela quantidade de grifos, mas, é que o texto (com a entrevista) é de forma efetiva, muito significativa, e mostra de maneira inquestionável, a qualidade e a profundidade que uma matéria como esta faculta a seus leitores. Parabenizo à publicação no mesmo instante que estimulo nosso leitor à leitura:
"Reality Show: mais real do que se gostaria"
por Luís Brasilino
SILVIA VIANA – O capitalismo flexível foi parido com um mito e uma ameaça. Mito: a revolução molecular-digital aumentou a produtividade das empresas, que passaram a dispensar força de trabalho. A exclusão tornou-se o pesadelo, necessário e irreversível, de um exército de “inúteis para o mundo”. Mas, ainda segundo a lenda, a exclusão não é arbitrária: apenas o trabalho repetitivo e “material”, passível de substituição por máquinas, é descartável; aos trabalhadores dos setores criativo, informacional, comunicacional etc., há ainda um espaço bem estreitinho no panteão dos empregados. Cabe à fração supranumerária se reciclar para conseguir ser incluída; da outra é esperada a mesma atitude caso não queira ser eliminada. Ameaça: adapte-se ou...
Quanto ao mito, ainda há muita crítica ideológica por ser realizada, façamo-lo em parte e em linhas gerais. Em primeiro lugar, não se trata de pura mentira: a eliminação dos empregos foi real e brutal, o que está longe de significar que o trabalho foi eliminado; pelo contrário, as novas formas de organização desorganizada do capitalismo abriram as portas para uma exploração literalmente desmedida por meio de expedientes tais como a terceirização, a informalidade, o trabalho temporário etc. O trabalho perdeu sua mediação pública, mas não sua utilidade para a criação, e apropriação, de valor. Por sinal, em sua privatização, ele pôde ser ampliado e intensificado sem que isso aparecesse como a afronta que é. Sendo assim, a exclusão é a imagem distorcida da deriva permanente e descontínua da força de trabalho completamente mobilizada. E a aparente dualidade do mundo do trabalho não é mais que a distribuição a conta-gotas daquilo que se converteu em mercadoria de luxo: a carteira assinada – e nisso não se diferenciam os operadores da máquina computador dos da máquina de costura (não apenas nisso, mas deixemos a discussão a respeito dessa distinção para outra ocasião).
Contudo, a crítica ideológica clássica não basta. Mesmo que saibamos que, infelizmente, não existe um “lado de fora” do capitalismo, permanecemos agindo como se vivêssemos à beira do abismo. O medo da exclusão paira como um fantasma, incapaz de ceder mesmo às variações no índice de desemprego. Isso porque, mais que um discurso, a eliminação tornou-se um ritual ao qual estamos permanentemente submetidos; esse ritual tem a forma da seleção, seja ela de “fora para dentro”, nos incontáveis processos seletivos pelos quais passamos ao longo da vida, seja de “dentro para fora”, na triagem em que se converteu o próprio trabalho sob incessante avaliação. Não é à toa que os reality shows têm a forma preferencial da seleção – e, quando não a têm, ela está pressuposta. O “paredão” é a ritualização desse descarte “necessário e inelutável”, contra o qual é necessário se mobilizar, aceitar quaisquer provas, lutar e, principalmente, participar sempre. Mesmo que os participantes tenham plena consciência de que se trata de um programa de TV, cuja jornada tem data para acabar, eles agem como se aquilo fosse, de fato, o jogo de aniquilação que a propaganda alardeia; eles agem como se estivessem diante do batalhão de fuzilamento. Eles são os temporários da fama, agindo compulsivamente para não ser demitidos por déficit de empreendedorismo entretenedor.
DIPLOMATIQUE– Por que os reality shows seriam inviáveis até o fim da década de 1970?
SILVIA VIANA– Por causa da ameaça por trás do mito. Enquanto, sob o fordismo, o horizonte de expectativas se limitava à já esquálida promessa de conforto e segurança, o mundo contemporâneo não promete absolutamente nada: mesmo que você seja “flexível”, supere “desafios”, vença suas “batalhas”, ainda assim deve continuar a fazê-lo ou perecerá. É como se, em outros tempos, a voz do mundo afirmasse: “O que está dado é bom e é bom porque está dado”, e agora não deixasse de repetir: “O mundo é cruel, adapte-se a isso e busque sobreviver”. Em ambos os casos, qualquer forma de transcendência social está fora de questão; contudo, se antes o bem-estar era a ideologia que recolocava o mundo tal como é – lembrando sempre que o welfare não chegou a se realizar completamente aqui entre nós, periferia, não obstante, vivíamos sob a mesma promessa –, agora é a truculência o caminho para sua ratificação. Por isso os reality shows são próprios ao nosso mundo, eles acabaram com o happy ending, pois não há fim, eles são brutalidade em forma de programa, são mal-estar enlatado.
DIPLOMATIQUE– Você conta que a ideia do livro surgiu num período de pesquisa sobre trabalho flexível. Como foi esse processo? Os rituais de sofrimento dos reality shows também são reproduzidos nos locais de trabalho? Você pode dar exemplos?
SILVIA VIANA– Enquanto a brutalidade dos reality shows é escancarada e ninguém parece se importar com isso (ainda outro dia, enquanto zapeava a TV, escutei parte de uma chamada do A fazenda, na qual o narrador dizia: “O cerco fecha, o medo aumenta...”), o sofrimento que se desenrola no mundo do trabalho não tem visibilidade em razão de sua privatização. Apenas quando esse mal nosso de cada dia toma proporções de “escândalo” podemos entrever o que se passa a portas fechadas, como no caso dos suicídios de trabalhadores da France Telecom. Tais casos não são a exceção, mas a regra do trabalho no capitalismo flexível, como apontam inúmeros estudos da sociologia do trabalho a respeito dos mais diversos setores produtivos. As avaliações nas empresas, por exemplo, não passam de delação premiada; processos seletivos se tornaram gincanas, das mais às menos humilhantes, todas elas despropositadas; o assédio moral entre trabalhadores se tornou problema estrutural; isso para não falar nas tantas gambiarras jurídicas a fim de burlar as leis trabalhistas... E a criatividade dos gestores para arrancar até a última gota de mais-valia e obediência é, de fato, impressionante: um amigo que trabalhou no telemarketing me contou que tinha seus horários de ir ao banheiro controlados pelo computador. Disse-me também que, certo dia, um de seus colegas não conseguiu “gerenciar” seu tempo biológico e urinou na estação de trabalho, sendo prontamente ridicularizado pelos demais. Há alguns meses fui a um dos principais rituais corporativos: uma palestra motivacional. O cerimonial foi oferecido por uma empresa que fabrica e comercializa cursos de inglês, e era voltado para seus vendedores. Após muitos ritos nonsense, aos quais as pessoas respondiam eufórica e mecanicamente, foi anunciada, pela diretora executiva, a grande novidade gerencial para o semestre: os trabalhadores que mais cursos vendessem ganhariam uma viagem para o Nordeste; as despesas, contudo, ficariam por conta dos “perdedores”. Um dos relatos mais impressionantes que eu li foi de Cristophe Dejours, que contou de um processo seletivo no qual os aspirantes à vaga receberam cada qual um filhote de gato para cuidar por alguns dias. Passado esse tempo, receberam a ordem de matar os gatos a fim de mostrar o comprometimento com o almejado emprego. E paremos por aqui, pois a coisa vai longe e é nauseante.
Após ler a respeito, fazer algumas entrevistas, escutar incontáveis casos como esses e até vivenciar coisas do gênero, não foi difícil enxergar aquilo que eu estava pesquisando quando assisti, pela primeira vez, a um episódio do Big Brother Brasil (BBB). Era o episódio do “quarto branco”, no qual três participantes passaram por uma sessão martirizante de privação de sentidos. Quando findo o suplício, com a eliminação sumária de um rapaz que entrou em colapso nervoso, o apresentador voltou-se para os demais participantes e lhes atirou uma pergunta retórica: “Vocês acham que o BBBé colônia de férias?”. “Não”, responderam todos em uníssono. Não, é trabalho. Trabalho flexível, explorado e degradado.
DIPLOMATIQUE– Seu livro afirma que o aparato de seleção (e eliminação) é o show, não os participantes. Como isso acontece?
SILVIA VIANA– Isso é algo bastante fácil de constatar: após o término das diversas temporadas dos inúmeros programas, ninguém se recorda dos nomes dos participantes. A própria indústria não nos deixa esquecer o esquecimento daqueles personagens aos quais, ao longo de poucos meses, nos apegamos com suposto ardor. O aspecto descartável dessa nova categoria de fama não é apenas reconhecido publicamente, mas também alardeado pelo aparato e acaba por se tornar objeto dileto de escárnio.
O fato de as estrelas da indústria cultural serem produtos cuja obsolescência é pré-programada não é novidade: nos quadros de [Andy] Warhol, a mesma pincelada apresenta Marilyn Monroe e latas de sopa. A novidade está no fato de as latas serem mostradas já enferrujadas. Quando um programa apelida uma de suas dançarinas de “mulher-samambaia”, mais que nomear a nulidade da função, aponta para seu caráter perecível – o mesmo pode ser dito das demais mulheres-fruta: perecíveis e intercambiáveis, carregam na designação o fim da era da pseudoindividualidade que sustentava o estrelato. Mas, se a indústria cultural como um todo se tornou ainda mais cínica, os reality shows vão além e ritualizam o descarte, a cada rodada, em seus “paredões”. Como afirma o diretor do BBB: trata-se de um jogo de aniquilação, de “cortar cabeças”, no qual a queda é a nova estrela. Passados para segundo plano por aparecerem em sua equivalência, os trabalhadores dessa “novela da vida real” nada mais são que o combustível para uma máquina que nada produz senão a própria queima – essa, sim, arde, brilha, perdura e aparece como única protagonista.
DIPLOMATIQUE– O ambiente dos reality shows parece aproximar-se da distopia descrita no “Big Brother” de George Orwell mais pelo caráter totalitário das regras do que pela vigilância das câmeras em si. Qual é o sentido dessa arbitrariedade brutal?
SILVIA VIANA– De fato, o aparato de vigilância em si pouco significaria se não estivesse conformado por uma estrutura ideológica que aponta para o que deve ser objeto de observação. Se os reality shows não tivessem a forma fantasmática de “desafios”, assistir a eles seria um tédio, ou uma experiência estranha, como é assistir ao filme Sleep, de Andy Warhol. Por exemplo: no episódio do “quarto branco”, um rapaz foi impelido a uma sessão de tortura e ainda teve de levar dois participantes com ele. Quando questionado pelo apresentador a respeito do “pior do quarto branco”, afirmou que foi levar para lá seus companheiros. Ele foi, então, prontamente interrompido: “Mas isso é um fator externo ao quarto branco. Quero saber do pior na permanência no quarto branco”. A fantasia regula o que está “dentro” ou “fora” de questão, nesse caso, o sofrimento da provação é objeto de devassa, o sofrimento por fazer o outro sofrer é irrelevante e deve ser silenciado.
Por isso mesmo é necessário distinguirmos a distopia orwelliana do objeto com o qual nos ocupamos. Em 1984, a vigilância é, de fato, total; dela absolutamente nada deve escapar, em especial a dimensão afetiva dos personagens. Winston apenas se vê completamente assimilado quando, após a tortura à qual é submetido, passa a amar verdadeiramente o “Grande Irmão”; paradoxalmente, é nesse mesmo momento que ele pode dar-se ao luxo, sem medo de represálias, de ser relapso em seu trabalho de fabricação de mentiras. Ora, o amor pelo nosso Big Brotheré bem mais relativo. O próprio pai do diretor do programa, também ele figurão da emissora que fabrica o produto, afirmou se tratar de “meia hora de uma literatura de quinta categoria”. O nó de nossa dominação tem sentido oposto àquele de Orwell: não acreditamos de fato, mas permanecemos fazendo, e, quanto mais participamos, mais irrelevantes se tornam nossas crenças – e, o pior, nossas críticas.
Um dos principais mecanismos para a produção de tal distanciamento é a arbitrariedade das regras – na verdade, não se trata de regras, mas de decretos estabelecidos segundo as circunstâncias particulares, e não de acordo com princípios. Se há uma obra que captura com precisão o funcionamento dessa estrutura ensaboada é a de Kafka, não de Orwell – em 1984, as leis, ainda que tácitas, são fixas, conhecidas e inculcadas. Em O processo, as regras são “tão diferentes, tão múltiplas e sobretudo tão secretas que, de modo nenhum, são conhecidas fora de certas famílias”. No Big Brother, os aprisionados devem ficar em pé, segurando uma corda por horas a fio, sem saber da finalidade da prova; um participante deve assumir o papel de sabotador, sem saber o que sabotar e qual castigo receberá caso não o faça; metade de um grupo é desalojada, da casa para o jardim, porque o “povo assim decidiu”; um terceiro deve se vestir de galinha e cacarejar quando um sinal toca, ou alguma coisa ruim acontecerá; alguém deve deixar a casa para ir à Sapucaí por ter atendido a um telefonema, enquanto outro é eliminado, sem votação popular, por não ter resistido à tortura; e todos devem “jogar”, sabe-se lá fazendo o quê, ou... Por serem mandamentos obscuros, da ordem do imponderável, as regras devem ser cumpridas com o maior rigor. E, quanto mais nebuloso seu sentido, maior a compulsão em seu cumprimento.
DIPLOMATIQUE– Os defensores da baixaria na televisão costumam alegar que a programação atende aos anseios do público. Em seu livro, você descreve como os reality shows são também uma expressão da sociedade atual. Afinal, a balança da perversão pesa mais do lado dos produtores ou dos espectadores?
SILVIA VIANA – Acho que já passamos da hora de abandonar as leituras moralistas a respeito do que é produzido pela indústria cultural, ou a crítica não apenas será conservadora como permanecerá inócua. As infindas polêmicas a respeito da baixa qualidade estética dos programas e de seu desprezo completo por qualquer coisa que seja minimamente digna estão pressupostas pelo show antes mesmo que possamos esboçar o primeiro grito indignado de “baixaria!”. Uma forma mais sofisticada de rejeição moralista dos reality shows é a alegação de que tanto aqueles que participam quanto aqueles que os acompanham o fazem em razão de alguma forma de perversão: sadismo, masoquismo, exibicionismo, voyeurismo... Desse modo, a crítica perde de vista a dimensão propriamente social do fenômeno; perde de vista uma forma de dominação que é estrutural – além, é claro, de recolocar o já antigo rebaixamento da “massa” em contraposição à “elite cultural”.
Ao contrário do que os próprios programas se esmeram em provar, os participantes são pessoas comuns e, mais importante, agem da forma que agem (machucando-se uns aos outros e se martirizando a si mesmos) como se cumprissem funções ordinárias. A isso Hannah Arendt chamou “banalidade do mal”: eles não praticam o mal levados por motivações políticas, religiosas, estéticas ou por prazer; pelo contrário, as provas, absurdas e desagradáveis, assim são descritas por eles e assim são vivenciadas, como a profusão de lágrimas sublinha a cada episódio. O mal é encarado como um mal necessário ou, como afirmou certa vez um ex-participante: ser filha da puta é parte do contrato; deve-se cumpri-lo. O mal é assimilado como parte de um trabalho, uma função como outra qualquer, cujos efeitos colaterais – em especial a dor de fazer mal aos outros – são minimizados mediante a própria justificativa: “Só estou cumprindo minha tarefa”. Nos patamares acima do chão de fábrica, a lógica não é tão diferente, apesar de a justificativa ser, a cada degrau, mais indecente – o apresentador de A fazenda disse, em entrevista a um programa de sua própria emissora, que chorava todos os dias em casa, quando findo seu expediente. Já as diversas empresas realizadoras de reality shows têm por finalidade única a geração de lucro − tudo mais é meio para sua realização. Esse seria, talvez, o único nível em que se pode dizer que há perversão pura: como um sistema que busca aniquilar toda a materialidade, e por ela tem total indiferença, tendo em vista tão somente sua autorrealização, o capitalismo é perverso.
DIPLOMATIQUE– Seu livro relata que os reality shows constroem um clima de ausência completa de solidariedade, em que os participantes são empreendedores da aniquilação uns dos outros e promovem uma inversão de valores, na qual o bem se converte em tentação e a covardia vira coragem. Qual é o papel político-ideológico desse processo de naturalização e valorização do terror?
SILVIA VIANA– Um dos meus primeiros estranhamentos com o Big Brother Brasil foi o modo como o apresentador se refere aos enclausurados: “meus heróis”. E a cada semana um “perdedor” é congratulado por seus familiares e pelo apresentador com a frase “você já é um vencedor por ter chegado até aqui”. Não obstante toda a discurseira belicosa a respeito da “batalha”, da sobrevivência do mais forte, da necessidade de “vencer a qualquer custo” etc., todos são vencedores? Essas não são palavras de conforto ou condescendência, mas o reconhecimento social do sacrifício ao qual, de fato, eles se submetem. Contudo, de que sacrifício se trata? Os participantes não apenas suportam o isolamento, a convivência forçada, as humilhações e torturas, como devem assumir a horrível tarefa de levar aqueles que se encontram na mesma situação ao cadafalso, através do voto. O maior sacrifício é aquele de cometer com as próprias mãos o trabalho sujo para o qual foram contratados: a seleção. Para que a tarefa seja cumprida, renuncia-se ao próprio juízo mediante inúmeras modalidades de defesa psíquicas que garantem a conquista da indiferença; um processo verdadeiramente doloroso. Ao mesmo tempo, quando a injustiça social se converte em sistema, ser solidário se torna, como você bem colocou, uma tentação à qual se deve resistir, pois é sinal de fraqueza ou burrice. EmAmerica’s Next Top Model, uma moça foi eliminada por ter acudido uma colega que estava em choque ao ser alçada por um guindaste em uma sessão de fotos: ela se distraiu de sua tarefa, carne fraca, demitida. Essa inversão de valores só é possível com uma metamorfose anterior: quando o mal é assimilado como uma missão ou um trabalho. Não se trata, portanto, de coragem, pois a ação é necessariamente heterônoma, fruto da mais estrita obediência. Apesar do risco psíquico contra o qual os colaboradores se defendem mediante a virilidade, trata-se de uma fuga do verdadeiro risco, a recusa. Nossos heróis são os mártires da impotência.
O ganho político para a classe dominante é incalculável: cria-se uma sociedade de kapos, na qual vítima e violentador se confundem entre os explorados, e os donos da bola não precisam sujar as mãos. No programa O aprendiz isso apareceu de forma cristalina quando um candidato à vaga de executivo questionou o próprio processo seletivo – no qual a transparência de baixo para cima é total e as trevas de cima para baixo, absolutas – e foi, então, repreendido com as seguintes palavras: “O único inimigo que vocês têm aqui dentro são vocês entre si. Seu oponente está sentado ao seu lado. Se proteger da gente? Isso não tem cabimento!”. De-mi-ti-do.
DIPLOMATIQUE– Em diversas ocasiões seu livro faz referências ao nazismo e traz relatos dos campos de concentração. Os reality shows são uma expressão de fascismo? Os programas indicam que a sociedade caminha nessa direção?
SILVIA VIANA– Do mesmo modo que devemos tomar cuidado com o termo “totalitarismo” – que muito abarca e pouco explica – é preciso ter muita clareza ao fazer tal analogia ou corremos o risco de o tiro sair pela culatra. Um dos livros de autoajuda para-a-vida-profissional, que eu cito em meu estudo, oferece uma espécie de “lição de vida” de uma sobrevivente de Auschwitz para aqueles que buscam “sobreviver” no mercado de trabalho em nossos dias. A ideia de que habitamos um mundo de escassez, no qual a vida deve se resumir à luta pela sobrevivência, é a medula de nossa ideologia. Há, contudo, algumas características comuns que, guardadas as devidas mediações, podem iluminar a pergunta a respeito da reprodução bizarra de ambos os mundos, a começar pela bizarrice em si. Tratemos aqui de duas entre elas.
Em primeiro lugar, o sistema nazista forjou uma nova forma de ideologia que dispensou a justificação racional da dominação. Ao contrário do que se costuma pensar, não era o ideário disparatado de seus líderes – capaz de abarcar os mais variados paradoxos, tais como a exaltação da indústria e a mitologia do retorno ao campo – a fonte da obediência, mas a forma ritual em que se converteu a organização social. Não são poucos os relatos que mostram, não sem perplexidade, que muitos dos maiores “fanáticos” por Hitler abandonaram suas convicções febris, sem a menor cerimônia, assim que o sistema entrou em colapso. No nazismo, o comando passou a existir sem espírito, como injunção pura e incompreendida. É nesse mesmo sentido que se pode assistir às provas promovidas pelos reality shows: em si mesmas, elas não oferecem sentido algum, não há sequer uma correlação entre elas e os prêmios e castigos distribuídos; do mesmo modo, não obstante o mistério completo dos critérios para a eliminação, todos passam seus dias e noites “batalhando” para sobreviver. Primo Levi mostra como, nos campos de concentração, as chamadas intermináveis, a arrumação impecável das camas, o corte forçado dos cabelos etc. forjavam a obediência sem que nenhuma propaganda fosse necessária. Entre os inúmeros rituais que colocavam as pernas em marcha, mesmo que já não houvesse música, o central era a seleção: eis um segundo ponto no qual a analogia com nosso mundo é possível e perturbadora. Isso porque, em ambos os casos, lidamos com uma seleção negativa, que não é regida pelo mérito ou utilidade daquele que está no fio da navalha, mas por uma necessidade prévia, inelutável e fantasmática de eliminação.
DIPLOMATIQUE– Você diz que os reality shows são incompatíveis com um Estado democrático de direito, uma vez que seus participantes são levados a abrir mão da própria dignidade. É preciso regular a atuação da mídia para equalizar essa questão ou uma “civilização” desses programas requer transformações muito mais profundas?
SILVIA VIANA– É impossível “civilizar” um programa de TV ou um sistema produtivo cuja lógica de funcionamento é o descarte. A regulação de um ou de outro não alteraria em nada a razão de sua existência, que é ela mesma. O trabalho abstrato, explorado e subordinado, sem o qual o capitalismo não existe e do qual, no entanto, quer se desvencilhar, não desaparecerá caso escondamos o chicote. Tudo isso pode parecer novo para uma memória social brutalizada pelo terror, mas o capitalismo nunca esteve tão blindado de críticas, e o mais impressionante é que a resignação ocorre precisamente em meio a uma de suas maiores crises, quando seu caráter destruidor mais uma vez leva a cabo uma catástrofe econômica no coração da dita “civilização” – pois, em suas margens, a exceção em nenhum momento deixou de ser regra, o que já faz a ideia de regulação parecer um tanto ridícula. A modéstia “realista” da oposição, que se limita ao esforço da “inclusão no mercado” – seja de trabalho, seja de consumo, ambos mais lenha para a queima ritual –, faz parecer ainda mais impossível a tarefa de eliminarmos o sistema que nos quer eliminar. Hercúlea é a produção redundante e violentadora a que nos submetemos todos os dias, diante da qual a tarefa da transformação (não mais profunda, mas simplesmente verdadeira) já não parece tão imensa.
Luís Brasilino
Jornalista. Editor do Le Monde Diplomatique Brasil.
Ilustração: Andrício de Souza."
Para isto, o blog trouxe, a entrevista feita pelo jornalista Luis Brasilino para o "Le Monde Diplomatique Brasil", do qual é o editor. A entrevista traz um conteúdo atual interessantíssimo e está publicada na edição de março, deste bom periódico.
Confesso que enxerguei nas observações da socióloga Silvia Viana, ao falar do seu livro "Rituais do sofrimento", publicado pela Editora Boitempo, a respeito do programa do tipo "BBB - Big Brother Brasil" da Globo, ou "A Fazenda da Record", um conjunto muito expressivo, de questões presentes no programa de edição anual, que não visualizava antes. A entrevista demonstra, de forma categórica, como um programa televisivo pode mudar a maneira de pensarmos o mundo, assim como, as relações humanas e políticas numa sociedade.
Abaixo reproduzirei a entrevista com grifos em alguns trechos que julguei mais significativos. A leitura completa da entrevista pode ser lida aqui. Peço desculpas antecipadas pela quantidade de grifos, mas, é que o texto (com a entrevista) é de forma efetiva, muito significativa, e mostra de maneira inquestionável, a qualidade e a profundidade que uma matéria como esta faculta a seus leitores. Parabenizo à publicação no mesmo instante que estimulo nosso leitor à leitura:
"Reality Show: mais real do que se gostaria"
por Luís Brasilino
"Enquanto estudava a exploração no mundo do trabalho, a socióloga Silvia Viana enxergou aquilo que estava pesquisando nos reality shows. O tema virou seu doutorado e foi lançado o livro Rituais de sofrimento, no qual ela revela que a sociedade tem mais semelhanças com o ambiente cruel e brutal dos BBBs do que se imagina.
DIPLOMATIQUE– Seu livro traça uma relação entre as transformações no mercado de trabalho nas últimas décadas e os reality shows. Como o fim do pleno emprego dos anos 1970 influencia o formato dos programas?
SILVIA VIANA – O capitalismo flexível foi parido com um mito e uma ameaça. Mito: a revolução molecular-digital aumentou a produtividade das empresas, que passaram a dispensar força de trabalho. A exclusão tornou-se o pesadelo, necessário e irreversível, de um exército de “inúteis para o mundo”. Mas, ainda segundo a lenda, a exclusão não é arbitrária: apenas o trabalho repetitivo e “material”, passível de substituição por máquinas, é descartável; aos trabalhadores dos setores criativo, informacional, comunicacional etc., há ainda um espaço bem estreitinho no panteão dos empregados. Cabe à fração supranumerária se reciclar para conseguir ser incluída; da outra é esperada a mesma atitude caso não queira ser eliminada. Ameaça: adapte-se ou...
Quanto ao mito, ainda há muita crítica ideológica por ser realizada, façamo-lo em parte e em linhas gerais. Em primeiro lugar, não se trata de pura mentira: a eliminação dos empregos foi real e brutal, o que está longe de significar que o trabalho foi eliminado; pelo contrário, as novas formas de organização desorganizada do capitalismo abriram as portas para uma exploração literalmente desmedida por meio de expedientes tais como a terceirização, a informalidade, o trabalho temporário etc. O trabalho perdeu sua mediação pública, mas não sua utilidade para a criação, e apropriação, de valor. Por sinal, em sua privatização, ele pôde ser ampliado e intensificado sem que isso aparecesse como a afronta que é. Sendo assim, a exclusão é a imagem distorcida da deriva permanente e descontínua da força de trabalho completamente mobilizada. E a aparente dualidade do mundo do trabalho não é mais que a distribuição a conta-gotas daquilo que se converteu em mercadoria de luxo: a carteira assinada – e nisso não se diferenciam os operadores da máquina computador dos da máquina de costura (não apenas nisso, mas deixemos a discussão a respeito dessa distinção para outra ocasião).
Contudo, a crítica ideológica clássica não basta. Mesmo que saibamos que, infelizmente, não existe um “lado de fora” do capitalismo, permanecemos agindo como se vivêssemos à beira do abismo. O medo da exclusão paira como um fantasma, incapaz de ceder mesmo às variações no índice de desemprego. Isso porque, mais que um discurso, a eliminação tornou-se um ritual ao qual estamos permanentemente submetidos; esse ritual tem a forma da seleção, seja ela de “fora para dentro”, nos incontáveis processos seletivos pelos quais passamos ao longo da vida, seja de “dentro para fora”, na triagem em que se converteu o próprio trabalho sob incessante avaliação. Não é à toa que os reality shows têm a forma preferencial da seleção – e, quando não a têm, ela está pressuposta. O “paredão” é a ritualização desse descarte “necessário e inelutável”, contra o qual é necessário se mobilizar, aceitar quaisquer provas, lutar e, principalmente, participar sempre. Mesmo que os participantes tenham plena consciência de que se trata de um programa de TV, cuja jornada tem data para acabar, eles agem como se aquilo fosse, de fato, o jogo de aniquilação que a propaganda alardeia; eles agem como se estivessem diante do batalhão de fuzilamento. Eles são os temporários da fama, agindo compulsivamente para não ser demitidos por déficit de empreendedorismo entretenedor.
DIPLOMATIQUE– Por que os reality shows seriam inviáveis até o fim da década de 1970?
SILVIA VIANA– Por causa da ameaça por trás do mito. Enquanto, sob o fordismo, o horizonte de expectativas se limitava à já esquálida promessa de conforto e segurança, o mundo contemporâneo não promete absolutamente nada: mesmo que você seja “flexível”, supere “desafios”, vença suas “batalhas”, ainda assim deve continuar a fazê-lo ou perecerá. É como se, em outros tempos, a voz do mundo afirmasse: “O que está dado é bom e é bom porque está dado”, e agora não deixasse de repetir: “O mundo é cruel, adapte-se a isso e busque sobreviver”. Em ambos os casos, qualquer forma de transcendência social está fora de questão; contudo, se antes o bem-estar era a ideologia que recolocava o mundo tal como é – lembrando sempre que o welfare não chegou a se realizar completamente aqui entre nós, periferia, não obstante, vivíamos sob a mesma promessa –, agora é a truculência o caminho para sua ratificação. Por isso os reality shows são próprios ao nosso mundo, eles acabaram com o happy ending, pois não há fim, eles são brutalidade em forma de programa, são mal-estar enlatado.
DIPLOMATIQUE– Você conta que a ideia do livro surgiu num período de pesquisa sobre trabalho flexível. Como foi esse processo? Os rituais de sofrimento dos reality shows também são reproduzidos nos locais de trabalho? Você pode dar exemplos?
SILVIA VIANA– Enquanto a brutalidade dos reality shows é escancarada e ninguém parece se importar com isso (ainda outro dia, enquanto zapeava a TV, escutei parte de uma chamada do A fazenda, na qual o narrador dizia: “O cerco fecha, o medo aumenta...”), o sofrimento que se desenrola no mundo do trabalho não tem visibilidade em razão de sua privatização. Apenas quando esse mal nosso de cada dia toma proporções de “escândalo” podemos entrever o que se passa a portas fechadas, como no caso dos suicídios de trabalhadores da France Telecom. Tais casos não são a exceção, mas a regra do trabalho no capitalismo flexível, como apontam inúmeros estudos da sociologia do trabalho a respeito dos mais diversos setores produtivos. As avaliações nas empresas, por exemplo, não passam de delação premiada; processos seletivos se tornaram gincanas, das mais às menos humilhantes, todas elas despropositadas; o assédio moral entre trabalhadores se tornou problema estrutural; isso para não falar nas tantas gambiarras jurídicas a fim de burlar as leis trabalhistas... E a criatividade dos gestores para arrancar até a última gota de mais-valia e obediência é, de fato, impressionante: um amigo que trabalhou no telemarketing me contou que tinha seus horários de ir ao banheiro controlados pelo computador. Disse-me também que, certo dia, um de seus colegas não conseguiu “gerenciar” seu tempo biológico e urinou na estação de trabalho, sendo prontamente ridicularizado pelos demais. Há alguns meses fui a um dos principais rituais corporativos: uma palestra motivacional. O cerimonial foi oferecido por uma empresa que fabrica e comercializa cursos de inglês, e era voltado para seus vendedores. Após muitos ritos nonsense, aos quais as pessoas respondiam eufórica e mecanicamente, foi anunciada, pela diretora executiva, a grande novidade gerencial para o semestre: os trabalhadores que mais cursos vendessem ganhariam uma viagem para o Nordeste; as despesas, contudo, ficariam por conta dos “perdedores”. Um dos relatos mais impressionantes que eu li foi de Cristophe Dejours, que contou de um processo seletivo no qual os aspirantes à vaga receberam cada qual um filhote de gato para cuidar por alguns dias. Passado esse tempo, receberam a ordem de matar os gatos a fim de mostrar o comprometimento com o almejado emprego. E paremos por aqui, pois a coisa vai longe e é nauseante.
Após ler a respeito, fazer algumas entrevistas, escutar incontáveis casos como esses e até vivenciar coisas do gênero, não foi difícil enxergar aquilo que eu estava pesquisando quando assisti, pela primeira vez, a um episódio do Big Brother Brasil (BBB). Era o episódio do “quarto branco”, no qual três participantes passaram por uma sessão martirizante de privação de sentidos. Quando findo o suplício, com a eliminação sumária de um rapaz que entrou em colapso nervoso, o apresentador voltou-se para os demais participantes e lhes atirou uma pergunta retórica: “Vocês acham que o BBBé colônia de férias?”. “Não”, responderam todos em uníssono. Não, é trabalho. Trabalho flexível, explorado e degradado.
DIPLOMATIQUE– Seu livro afirma que o aparato de seleção (e eliminação) é o show, não os participantes. Como isso acontece?
SILVIA VIANA– Isso é algo bastante fácil de constatar: após o término das diversas temporadas dos inúmeros programas, ninguém se recorda dos nomes dos participantes. A própria indústria não nos deixa esquecer o esquecimento daqueles personagens aos quais, ao longo de poucos meses, nos apegamos com suposto ardor. O aspecto descartável dessa nova categoria de fama não é apenas reconhecido publicamente, mas também alardeado pelo aparato e acaba por se tornar objeto dileto de escárnio.
O fato de as estrelas da indústria cultural serem produtos cuja obsolescência é pré-programada não é novidade: nos quadros de [Andy] Warhol, a mesma pincelada apresenta Marilyn Monroe e latas de sopa. A novidade está no fato de as latas serem mostradas já enferrujadas. Quando um programa apelida uma de suas dançarinas de “mulher-samambaia”, mais que nomear a nulidade da função, aponta para seu caráter perecível – o mesmo pode ser dito das demais mulheres-fruta: perecíveis e intercambiáveis, carregam na designação o fim da era da pseudoindividualidade que sustentava o estrelato. Mas, se a indústria cultural como um todo se tornou ainda mais cínica, os reality shows vão além e ritualizam o descarte, a cada rodada, em seus “paredões”. Como afirma o diretor do BBB: trata-se de um jogo de aniquilação, de “cortar cabeças”, no qual a queda é a nova estrela. Passados para segundo plano por aparecerem em sua equivalência, os trabalhadores dessa “novela da vida real” nada mais são que o combustível para uma máquina que nada produz senão a própria queima – essa, sim, arde, brilha, perdura e aparece como única protagonista.
DIPLOMATIQUE– O ambiente dos reality shows parece aproximar-se da distopia descrita no “Big Brother” de George Orwell mais pelo caráter totalitário das regras do que pela vigilância das câmeras em si. Qual é o sentido dessa arbitrariedade brutal?
SILVIA VIANA– De fato, o aparato de vigilância em si pouco significaria se não estivesse conformado por uma estrutura ideológica que aponta para o que deve ser objeto de observação. Se os reality shows não tivessem a forma fantasmática de “desafios”, assistir a eles seria um tédio, ou uma experiência estranha, como é assistir ao filme Sleep, de Andy Warhol. Por exemplo: no episódio do “quarto branco”, um rapaz foi impelido a uma sessão de tortura e ainda teve de levar dois participantes com ele. Quando questionado pelo apresentador a respeito do “pior do quarto branco”, afirmou que foi levar para lá seus companheiros. Ele foi, então, prontamente interrompido: “Mas isso é um fator externo ao quarto branco. Quero saber do pior na permanência no quarto branco”. A fantasia regula o que está “dentro” ou “fora” de questão, nesse caso, o sofrimento da provação é objeto de devassa, o sofrimento por fazer o outro sofrer é irrelevante e deve ser silenciado.
Por isso mesmo é necessário distinguirmos a distopia orwelliana do objeto com o qual nos ocupamos. Em 1984, a vigilância é, de fato, total; dela absolutamente nada deve escapar, em especial a dimensão afetiva dos personagens. Winston apenas se vê completamente assimilado quando, após a tortura à qual é submetido, passa a amar verdadeiramente o “Grande Irmão”; paradoxalmente, é nesse mesmo momento que ele pode dar-se ao luxo, sem medo de represálias, de ser relapso em seu trabalho de fabricação de mentiras. Ora, o amor pelo nosso Big Brotheré bem mais relativo. O próprio pai do diretor do programa, também ele figurão da emissora que fabrica o produto, afirmou se tratar de “meia hora de uma literatura de quinta categoria”. O nó de nossa dominação tem sentido oposto àquele de Orwell: não acreditamos de fato, mas permanecemos fazendo, e, quanto mais participamos, mais irrelevantes se tornam nossas crenças – e, o pior, nossas críticas.
Um dos principais mecanismos para a produção de tal distanciamento é a arbitrariedade das regras – na verdade, não se trata de regras, mas de decretos estabelecidos segundo as circunstâncias particulares, e não de acordo com princípios. Se há uma obra que captura com precisão o funcionamento dessa estrutura ensaboada é a de Kafka, não de Orwell – em 1984, as leis, ainda que tácitas, são fixas, conhecidas e inculcadas. Em O processo, as regras são “tão diferentes, tão múltiplas e sobretudo tão secretas que, de modo nenhum, são conhecidas fora de certas famílias”. No Big Brother, os aprisionados devem ficar em pé, segurando uma corda por horas a fio, sem saber da finalidade da prova; um participante deve assumir o papel de sabotador, sem saber o que sabotar e qual castigo receberá caso não o faça; metade de um grupo é desalojada, da casa para o jardim, porque o “povo assim decidiu”; um terceiro deve se vestir de galinha e cacarejar quando um sinal toca, ou alguma coisa ruim acontecerá; alguém deve deixar a casa para ir à Sapucaí por ter atendido a um telefonema, enquanto outro é eliminado, sem votação popular, por não ter resistido à tortura; e todos devem “jogar”, sabe-se lá fazendo o quê, ou... Por serem mandamentos obscuros, da ordem do imponderável, as regras devem ser cumpridas com o maior rigor. E, quanto mais nebuloso seu sentido, maior a compulsão em seu cumprimento.
DIPLOMATIQUE– Os defensores da baixaria na televisão costumam alegar que a programação atende aos anseios do público. Em seu livro, você descreve como os reality shows são também uma expressão da sociedade atual. Afinal, a balança da perversão pesa mais do lado dos produtores ou dos espectadores?
SILVIA VIANA – Acho que já passamos da hora de abandonar as leituras moralistas a respeito do que é produzido pela indústria cultural, ou a crítica não apenas será conservadora como permanecerá inócua. As infindas polêmicas a respeito da baixa qualidade estética dos programas e de seu desprezo completo por qualquer coisa que seja minimamente digna estão pressupostas pelo show antes mesmo que possamos esboçar o primeiro grito indignado de “baixaria!”. Uma forma mais sofisticada de rejeição moralista dos reality shows é a alegação de que tanto aqueles que participam quanto aqueles que os acompanham o fazem em razão de alguma forma de perversão: sadismo, masoquismo, exibicionismo, voyeurismo... Desse modo, a crítica perde de vista a dimensão propriamente social do fenômeno; perde de vista uma forma de dominação que é estrutural – além, é claro, de recolocar o já antigo rebaixamento da “massa” em contraposição à “elite cultural”.
Ao contrário do que os próprios programas se esmeram em provar, os participantes são pessoas comuns e, mais importante, agem da forma que agem (machucando-se uns aos outros e se martirizando a si mesmos) como se cumprissem funções ordinárias. A isso Hannah Arendt chamou “banalidade do mal”: eles não praticam o mal levados por motivações políticas, religiosas, estéticas ou por prazer; pelo contrário, as provas, absurdas e desagradáveis, assim são descritas por eles e assim são vivenciadas, como a profusão de lágrimas sublinha a cada episódio. O mal é encarado como um mal necessário ou, como afirmou certa vez um ex-participante: ser filha da puta é parte do contrato; deve-se cumpri-lo. O mal é assimilado como parte de um trabalho, uma função como outra qualquer, cujos efeitos colaterais – em especial a dor de fazer mal aos outros – são minimizados mediante a própria justificativa: “Só estou cumprindo minha tarefa”. Nos patamares acima do chão de fábrica, a lógica não é tão diferente, apesar de a justificativa ser, a cada degrau, mais indecente – o apresentador de A fazenda disse, em entrevista a um programa de sua própria emissora, que chorava todos os dias em casa, quando findo seu expediente. Já as diversas empresas realizadoras de reality shows têm por finalidade única a geração de lucro − tudo mais é meio para sua realização. Esse seria, talvez, o único nível em que se pode dizer que há perversão pura: como um sistema que busca aniquilar toda a materialidade, e por ela tem total indiferença, tendo em vista tão somente sua autorrealização, o capitalismo é perverso.
DIPLOMATIQUE– Seu livro relata que os reality shows constroem um clima de ausência completa de solidariedade, em que os participantes são empreendedores da aniquilação uns dos outros e promovem uma inversão de valores, na qual o bem se converte em tentação e a covardia vira coragem. Qual é o papel político-ideológico desse processo de naturalização e valorização do terror?
SILVIA VIANA– Um dos meus primeiros estranhamentos com o Big Brother Brasil foi o modo como o apresentador se refere aos enclausurados: “meus heróis”. E a cada semana um “perdedor” é congratulado por seus familiares e pelo apresentador com a frase “você já é um vencedor por ter chegado até aqui”. Não obstante toda a discurseira belicosa a respeito da “batalha”, da sobrevivência do mais forte, da necessidade de “vencer a qualquer custo” etc., todos são vencedores? Essas não são palavras de conforto ou condescendência, mas o reconhecimento social do sacrifício ao qual, de fato, eles se submetem. Contudo, de que sacrifício se trata? Os participantes não apenas suportam o isolamento, a convivência forçada, as humilhações e torturas, como devem assumir a horrível tarefa de levar aqueles que se encontram na mesma situação ao cadafalso, através do voto. O maior sacrifício é aquele de cometer com as próprias mãos o trabalho sujo para o qual foram contratados: a seleção. Para que a tarefa seja cumprida, renuncia-se ao próprio juízo mediante inúmeras modalidades de defesa psíquicas que garantem a conquista da indiferença; um processo verdadeiramente doloroso. Ao mesmo tempo, quando a injustiça social se converte em sistema, ser solidário se torna, como você bem colocou, uma tentação à qual se deve resistir, pois é sinal de fraqueza ou burrice. EmAmerica’s Next Top Model, uma moça foi eliminada por ter acudido uma colega que estava em choque ao ser alçada por um guindaste em uma sessão de fotos: ela se distraiu de sua tarefa, carne fraca, demitida. Essa inversão de valores só é possível com uma metamorfose anterior: quando o mal é assimilado como uma missão ou um trabalho. Não se trata, portanto, de coragem, pois a ação é necessariamente heterônoma, fruto da mais estrita obediência. Apesar do risco psíquico contra o qual os colaboradores se defendem mediante a virilidade, trata-se de uma fuga do verdadeiro risco, a recusa. Nossos heróis são os mártires da impotência.
O ganho político para a classe dominante é incalculável: cria-se uma sociedade de kapos, na qual vítima e violentador se confundem entre os explorados, e os donos da bola não precisam sujar as mãos. No programa O aprendiz isso apareceu de forma cristalina quando um candidato à vaga de executivo questionou o próprio processo seletivo – no qual a transparência de baixo para cima é total e as trevas de cima para baixo, absolutas – e foi, então, repreendido com as seguintes palavras: “O único inimigo que vocês têm aqui dentro são vocês entre si. Seu oponente está sentado ao seu lado. Se proteger da gente? Isso não tem cabimento!”. De-mi-ti-do.
DIPLOMATIQUE– Em diversas ocasiões seu livro faz referências ao nazismo e traz relatos dos campos de concentração. Os reality shows são uma expressão de fascismo? Os programas indicam que a sociedade caminha nessa direção?
SILVIA VIANA– Do mesmo modo que devemos tomar cuidado com o termo “totalitarismo” – que muito abarca e pouco explica – é preciso ter muita clareza ao fazer tal analogia ou corremos o risco de o tiro sair pela culatra. Um dos livros de autoajuda para-a-vida-profissional, que eu cito em meu estudo, oferece uma espécie de “lição de vida” de uma sobrevivente de Auschwitz para aqueles que buscam “sobreviver” no mercado de trabalho em nossos dias. A ideia de que habitamos um mundo de escassez, no qual a vida deve se resumir à luta pela sobrevivência, é a medula de nossa ideologia. Há, contudo, algumas características comuns que, guardadas as devidas mediações, podem iluminar a pergunta a respeito da reprodução bizarra de ambos os mundos, a começar pela bizarrice em si. Tratemos aqui de duas entre elas.
Em primeiro lugar, o sistema nazista forjou uma nova forma de ideologia que dispensou a justificação racional da dominação. Ao contrário do que se costuma pensar, não era o ideário disparatado de seus líderes – capaz de abarcar os mais variados paradoxos, tais como a exaltação da indústria e a mitologia do retorno ao campo – a fonte da obediência, mas a forma ritual em que se converteu a organização social. Não são poucos os relatos que mostram, não sem perplexidade, que muitos dos maiores “fanáticos” por Hitler abandonaram suas convicções febris, sem a menor cerimônia, assim que o sistema entrou em colapso. No nazismo, o comando passou a existir sem espírito, como injunção pura e incompreendida. É nesse mesmo sentido que se pode assistir às provas promovidas pelos reality shows: em si mesmas, elas não oferecem sentido algum, não há sequer uma correlação entre elas e os prêmios e castigos distribuídos; do mesmo modo, não obstante o mistério completo dos critérios para a eliminação, todos passam seus dias e noites “batalhando” para sobreviver. Primo Levi mostra como, nos campos de concentração, as chamadas intermináveis, a arrumação impecável das camas, o corte forçado dos cabelos etc. forjavam a obediência sem que nenhuma propaganda fosse necessária. Entre os inúmeros rituais que colocavam as pernas em marcha, mesmo que já não houvesse música, o central era a seleção: eis um segundo ponto no qual a analogia com nosso mundo é possível e perturbadora. Isso porque, em ambos os casos, lidamos com uma seleção negativa, que não é regida pelo mérito ou utilidade daquele que está no fio da navalha, mas por uma necessidade prévia, inelutável e fantasmática de eliminação.
DIPLOMATIQUE– Você diz que os reality shows são incompatíveis com um Estado democrático de direito, uma vez que seus participantes são levados a abrir mão da própria dignidade. É preciso regular a atuação da mídia para equalizar essa questão ou uma “civilização” desses programas requer transformações muito mais profundas?
SILVIA VIANA– É impossível “civilizar” um programa de TV ou um sistema produtivo cuja lógica de funcionamento é o descarte. A regulação de um ou de outro não alteraria em nada a razão de sua existência, que é ela mesma. O trabalho abstrato, explorado e subordinado, sem o qual o capitalismo não existe e do qual, no entanto, quer se desvencilhar, não desaparecerá caso escondamos o chicote. Tudo isso pode parecer novo para uma memória social brutalizada pelo terror, mas o capitalismo nunca esteve tão blindado de críticas, e o mais impressionante é que a resignação ocorre precisamente em meio a uma de suas maiores crises, quando seu caráter destruidor mais uma vez leva a cabo uma catástrofe econômica no coração da dita “civilização” – pois, em suas margens, a exceção em nenhum momento deixou de ser regra, o que já faz a ideia de regulação parecer um tanto ridícula. A modéstia “realista” da oposição, que se limita ao esforço da “inclusão no mercado” – seja de trabalho, seja de consumo, ambos mais lenha para a queima ritual –, faz parecer ainda mais impossível a tarefa de eliminarmos o sistema que nos quer eliminar. Hercúlea é a produção redundante e violentadora a que nos submetemos todos os dias, diante da qual a tarefa da transformação (não mais profunda, mas simplesmente verdadeira) já não parece tão imensa.
Luís Brasilino
Jornalista. Editor do Le Monde Diplomatique Brasil.
Ilustração: Andrício de Souza."
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