sábado, março 23, 2013

Média de público nos campeonatos estaduais/regionais em 2013

O discurso corrente e parece que direcionado é de que estes campeonatos são deficitários. Pelos números abaixo não restam dúvidas, mas, parece que há outras questões, além das óbvias.

O que se diz é que os campeonatos estaduais, são longos e fracassos de público e renda. O desdobramento é o de que se precisa repensar a fórmula dos estaduais no calendário do futebol brasileiro. 

Acho que não há outra opção, porém, sufocar os pequenos clubes do interior, não parece, uma boa pedida para o esporte, para a formação esportiva dos jovens, celeiros dos craques.

Se por um lado é essencial para livrar clubes dos prejuízos, por outro, a acusação é de que os grandes clubes são prejudicados por interesses de dirigentes de federação. 

Verdade e mentira simultâneas que parecem induzir à única conclusão que interessa, valorização dos grandes campeonatos com maior apelo de público para agradar patrocinadores e à grade da Globo.
Difícil resolver este impasse, embora, ninguém tem dúvida que a corda vai arrebentar do lado mais fraco.

Veja abaixo a média de público nestes primeiros dois meses de futebol do ano por estado. Depois veja a situação em nosso estado, com os clubes da série A, a surpresa é o Quissamã, que mesmo com um baixo publico médio, está em 5º lugar no estado, na frente de todos os chamados times pequenos.

Depois veja os comentários sobre esta estatística preparado pela PluriConsultoria reforçando o discurso comentado no início desta nota:


"Estamos na metade da temporada dos Estaduais de 2013, fracasso absoluto de público, assim como a temporada 2012, cujo ranking de público por Estado trazemos neste estudo. Os números falam por si.

Apesar de se referir ao ano de 2012, dados preliminares mostram que o público em 2013 tende a ser ainda inferior ao observado no ano anterior, tendência que marca os Campeonatos Estaduais desde que sua
decadência se tornou mais evidente, ainda em meados dos anos 90;
  1. No total, 6,8 milhões de torcedores foram assistir a 2.090 jogos dos 19 campeonatos analisados, com média de 3.273 por jogo; 
  2. Para efeito de comparação, a última temporada completa do campeonato alemão, com apenas 306 jogos, levou 13,8 milhões de torcedores aos estádios, média de 45 mil por jogo. Já o Brasileirão, em 
  3. 380 jogos teve público total de 4,9 milhões de torcedores, média de 12.971; 
  4. Pernambuco (9.134), Goiás (6.220) e São Paulo (6.122) são os Estados com maior média de público; 
  5. Por outro lado, Maranhão (825), Piauí (843) e Espírito Santo (895) são os campeonatos com menor média de público; 
  6. O campeonato pernambucano liderou os rankings de média de público e de público total, superando inclusive o campeonato Paulista neste ítem; 
  7. Apenas 14 campeonatos conseguem média de público superior a 1.000 torcedores por jogo; 
  8. Vale lembrar que essa média é muito influenciada pelo público nos jogos finais. Todos os campeonatos apresentam uma maioria esmagadora de jogos com estádios praticamente desertos, e uma pequena fração de jogos decisivos com casa cheia, o que distorce a média. Estudo preliminar da PLURI aponta que cerca de 10% dos jogos dos Estaduais respondem por 70% do público total; 
  9. Das 27 unidades de federação do Brasil, não foi possível obter informações dos seguintes Campeonatos: Acre, Amapá, Amazonas, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Roraima e Tocantins; 
  10. O Campeonato Brasileiro, com sua média de 12.971 torcedores por jogo, ocupa a 18ª posição no Ranking Mundial de presença nos Estádios (considerando apenas os campeonatos nacionais de cada País). A média dos Estaduais garantiria a posição 85 no mesmo ranking."

2 comentários:

douglas da mata disse...

Eu me arrisco a dizer: o ranking de público e causa e efeito de nossa posição no ranking da Fifa.

Não coloco o dilema (falso) de futebol-negócio versus futebol-arte(semi-amador).

São instâncias distintas, e que por erro de análise, tendemos a misturar. embora o modo de jogar possa ter relação com o jeito de administrar.

Podemos ter campeonatos lucrativos, organizados e com futebol de nível médio, e futebol de rara execução com modelos de gestão ruins(aliás como sempre tivemos).

O que aconteceu no futebol brasileiro não é a "modernização" ou melhor, a industrialização da gestão do jogo, mas a preponderância de um modelo que só beneficiou alguns setores(a mídia é o maior deles), onde todos os demais tiveram que sacrificar seus interesses.

Em outras plagas, a mídia é um vetor importante, mas a própria descentralização da mídia promove a possibilidade de arejar as relações na gestão esportiva, o que não acontece aqui.

Enquanto a principal compradora (e financiadora) do futebol determinar tudo, nosso futebol definhará, e só ainda resiste por causa de nossa incrível capacidade de chutar uma bola desde crianças.

Os outros atores (clubes, cartolas, jornalistas, etc) se comportam como urubus, a disputar os restos mortais...negociando transações, comissões e lobbies.

Mas o interesse por outras modalidades cresce, e o próprio peso relativo do esporte na vida social do país parece diminuir.

Antes o resultado de uma copa poderia mudar o resultado de eleições presidenciais, ao contrário de hoje.

O futebol já foi uma das únicas possibilidades de auto-reconhecimento e auto-legitimação de um povo, que orgulhava-se, ao menos, de fazer algo bem feito em escala global.

Hoje já não é mais assim, e não precisamos estar amassados em arquibancadas horrorosas e banheiros imundos, em ambientes violentos para nos sentirmos mais brasileiros, ou mais pertencentes a este ou aquele grupo social.

Por outro lado, não adianta enormes estádios e caríssimos, se o espetáculo esportivo é ruim.

Ou o futebol se reinventa ou só vai ladeira abaixo.

Anônimo disse...

Apenas o futebol tem que se reinventar?
Acho que , ou o Homem se reinventa ou descerá ladeira abaixo.