Interessante observar como um mesmo fato, pode gerar diferentes tipos de abordagens e matérias, conforme a linha editorial do veículo.
Ao longo dos últimos anos temos observados os mais diferentes tipos de matérias, por diversas mídias, que enfocam a questão da nossa economia e da utilização dos royalties em nossa região.
É evidente que a grande maioria sempre pesou muito mais nos problemas, em sua maioria, do que nas virtudes, quase exceções.
Pois bem, hoje, fui conferir a matéria de duas páginas no caderno de Economia de O Globo (que pode ser vistos em parte aqui e aqui) sobre o assunto que foi amplamente amplamente divulgada e, confesso que me surpreendi.
A matéria do jornalista Henrique Gomes Batista, tem um caráter completamente diverso da grande maioria das matérias que vi nesta última década.
Tentando ser isento, ninguém poderá dizer que esta ou as anteriores, diz a verdade ou reproduz mentiras.
Todas falam do que conhecemos, mas, é evidente que a abordagem que elas passam é muito distinto e tendem a diferentes interpretações.
A escolha de qual depoimento deve ser reproduzido e em que contexto, passa, um quadro distinto e que foi definido pela pauta da editoria do veículo. Assim, Quissamã chegou a ser comparada ao Canadá em qualidade de vida.
Esta tinha a intenção de mostrar o lado positivo do uso dos royalties e as consequências de sua perda.
Independente do que cada um julgue das intenções desta e das outras reportagens, o mais importante é o leitor cada vez mais, conseguir compreender nas entrelinhas das matérias, o que elas querem que você e outros leitores interpretem como fato e reproduzam enquanto sua opinião.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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8 comentários:
Os dois links citados direcionam para uma mesma página.
Obrigado por lembrar.
O primeiro link é de uma parte da matéria escrita. Só para assinantes eles disponibilizam a matéria completa. O segundo link é de um pequeno vídeo de 2 minutos sobre o mesmo tema.
Roberto, bom dia!
Há um boato circulando, que a perda dos royalties, pode ocasionar demissão dos concursados efetivos.
Isso é possível ou apenas se trata de uma pressão em cima dos mesmos?
Obrigado.
Pressão descabida.
A perda caso se efetive é paulatina e crescente até 2020. Ainda assim, os cortes terão que ser nos investimentos, no custeio e nos milhares de cargos comissionados.
Tem um artigo na constituição que permite sim demissão de concursados, mas só em casos extremos de falta de orçamento, no caso de Campos o extremo é a fartura no oçamento. Causar panico a população sem razão deveria ser analisado pelo MP.
Não precisa MP, basta ser seletivo na eleição, isso sim é nossa ferramenta de eficiência máxima!
Professor,
Não sei se estou "atrasado" no assunto, mas acho salutar a matéria do jornalista Carlos Tautz publicada no blog do Noblat em 19/03.
Segue link:
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/post.asp?cod_post=490053&ch=n
Mendel,
Vale publicá-lo na íntegra neste espaço:
Royalties para quem?
Carlos Tautz
Uma breve passagem por Campos dos Goytacazes e Macaé, duas das cidades fluminenses que mais recebem royalties por estarem dentro da Bacia de Campos, a maior região petrolífera de petróleo do Brasil, mostra que é muito mal parada essa discussão sobre quais cidades devem ser recompensadas pela extração do óleo.
A se deduzir pela infraestrutura social criada pelos dois municípios desde que aquela atividade econômica começou ali, há pouco mais de 30 anos, a montanha de dinheiro deveria ter tido final muito melhor. Afinal, onde foram parar os royalties pagos até hoje?
Campos, reduto do esquema Garotinho – aquele ex-governador, hoje de novo candidato ao cargo, indiciado por formação de quadrilha armada - exibe os piores resultados do Estado em termos de educação pública. Se pelo menos alguma parte dos royalties serviru para alguma finalidade, em Campos se pode dizer uma coisa: esse destino final certamente não foi a educação.
Em Macaé, que tem a coragem de exibir placas onde se lê “Capital nacional do petróleo”, os transportes públicos – monopolizados pela empresa 1001 – levam poucos do nada a lugar nenhum.
Os transportes estão entre os piores serviços apontados pela população, que também se queixa, muito, de um tremendamente deficiente sistema de saúde pública. De tão violenta, a cidade é a única, fora a capital Rio de Janeiro, a ter uma Unidade de Polícia Pacificadora, instalada na favela Nova Holanda.
Campos e Macaé são apenas dois dos exemplos, certamente que os mais visíveis, mas não os únicos, de cidades que há mais de três décadas vêm recebendo quantias crescentes de dinheiro a título de royalties, mas que vêem essa fortuna ser desviada ano a ano sem que saúde, educação, cultura sejam as áreas, como orienta a legislação, prioritárias no recebimento do repasse mensal.
Essa dimensão do problema dos royalties precisa vir à tona nesse momento em que o proselitismo esperto do governador Cabral, de um lado, e a volúpia interessada de Garotinho, no campo oposto, voltam suas baterias contra esse recurso público. Nem um, nem outro, têm em mente o interesse público quando defendem que o Estado do Rio continue a receber o montante atual de royalties.
Alguém já os viu defender uma fiscalização efetiva sobre a aplicação desses recursos?
Isso não significa, entretanto, que a injusta legislação sobre a exploração de minérios e de hidreletricidade, que não prevê a distribuição equânime destas riquezas entre todos os entes do território brasileiro, deva também se manter. Petróleo, minérios e hidroeletricidade não pertencem aos munícios onde aparecem e/ou são explorados. São de propriedade da União e é ela quem deve distribuir as benesses advindas de sua exploração econômica.
Essas são as verdadeiras questões que subjazem o debate sobre os royalties. Mas, quem está decidido a levá-las a termo?
Carlos Tautz é jornalista, coordenador do Instituto Mais Democracia – Transparência e Ccontrole cidadão de governos e empresas
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