Pela falta de tempo acabei deixando passar o assunto, comentado em diversos meios e blogs, sobre a pressão que o Ministério Público Eleitoral e a Justiça Eleitoral estaria fazendo contra atuação política de cidadãos e pré-candidatos à próxima eleição em 2014..
Não interessa o fato deles terem ou não mandato. Não interessa quem sejam, melhor que fossem muitos.
Fazer Política não é e não pode ser considerado crime. Isto é a ditadura de uma compreensão do direito e não Justiça.
Como surgirão as manifestações populares e políticas se não forem do contato direto, do diálogo, do debate, do conhecimento real da vida dos cidadãos.
Como surgirão as lideranças que naturalmente são consequências desta atuação?
Os que defendem esta judicialização ainda maior da política, parece, que de forma, nem tão escamoteada assim, estão pretendendo tirar "coelhos da cartola".
Nesta linha, penso que estas pessoas poderiam estar tentado segregar o debate político, à correria da véspera das eleições e ao pagamento de cabos eleitorais, evitando assim, o debate maior e o conhecimento das demandas populares, para as quais elegemos representantes para atuar no Estado em nosso nome.
Mais uma vez querem intensificar a Judicialização da Política, restringindo-a ao momento e ao espaço de atuação, em que alguém com poder (emanado do povo?) autoriza?
Para quem conheceu as limitações da falta de democracia, é mais fácil entender e crer, que seja melhor a opção até pela permissão dos excessos, do que a limitação e o cerceamento do exercício da Politica.
Ao contrário do que muitos imaginam, e puerilmente vaticinam, precisamos cada vez mais de Política e não de menos, para lidar com os problemas que a sociedade identifica e que o arcabouço jurídico do estado e a capacidade dos governos não conseguem dar conta.
O excessos verdadeiramente classificados como tal, podem ser perfeitamente tratados como abusos (do poder econômico, o mais grave e fácil de classificar, ou do poder político, para os que têm máquinas públicas sob seu controle). Os demais casos não.
Fazer Política é debater problemas e soluções, é concluir prioridades, definir o que é inegociável, entre outras atividades. Isto é bom, necessário e prescinde de mandatos. Melhor, se, pretendentes a líder e representante do povo escolham trilhar este caminho de procurar a comunidade para ouvir, falar, discutir, etc. Fora daí tem-se os candidatos de gabinete.
Esta opção é imensamente melhor, à tomada por outros que optam por buscar financiadores e estruturas de campanha para contratar milhares de "compromissados eleitores" para aquilo que, alguns chamam, falsamente, de festa da democracia, nos dias que antecedem às eleições. A verdeira Política tem que ser pensada e debatida no seu dia-a-dia.
Por tudo isto, é melhor que todos se postem a fazer Política, participar e influir, do que inibir a cidadania ao irrelevante trabalho de apenas observar.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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