Em meio a toda a confusão - e certo desespero - que a região vive, com a decisão do Congresso Nacional de derrubar o veto presidencial, com a consequente redução das quotas de royalties aos que os municípios produtores até então recebiam, as notícias do grupo EBX também mexe com a economia regional.
Se é que possa falar de surpresas no mundo corporativo, é difícil interpretar de outra forma, a saída da vice-presidência do grupo EBX, do atual presidente da Firjan, Eduardo Eugênio, apenas dois meses depois de ter assumido a função, antes existente na hierarquia da holding, por "divergências de visão empresarial" com seu líder, o empresário, Eike Batista.
A aceitação da ida de Eduardo Eugênio para a EBX tinha sido compreendida como consequência da guinada cada vez maior para o setor de óleo & gás, área de sua atuação, através da gestão da Ipiranga, que até alguns anos atrás era de propriedade de sua família.
Mesmo que negue, a desconfiança que passa com a saída do presidente da Firjan, é que o setor óleo & gás da EBX, pode ser um calcanhar de aquiles para o grupo empresarial.
Além disso, o acordo de cooperação (e financiamento) fechado ontem, com o Banco BTG Pactual, do André Esteves, que propiciou uma subida de mais de 10% no valor das empresas do grupo na Bolsa de Valores, pode também, relacionar um caso ao outro.
Para o mercado, o acordo com um banco pode significar lucros. Isto explica a subida no valor das ações. Por outro lado, as duas questões juntas podem significar maior pragmatismo nas decisões sobre vendas de empresas, em setores menos lucrativos, para dedicação maior àqueles que sinalizem mais potencialidades.
Para um presidente de um dos dos setores produtivos, o segmento industrial (Firjan), não fica nada bem, estar vinculado (como vice-presidente) a estratégias de financeirização de um grupo empresarial que pode estar deixar de ter a industrialização como uma de suas estratégias.
Outro dado a ser considerado em todo este contexto é o impacto que traz para o empreendedor, a redução das receitas dos royalties do petróleo para o estado e para os municípios da área de influência direta do Complexo do Açu, atualmente em construção.
Menos recursos públicos significa menor apoio de infraestrutura para as chamadas condições gerais de produção, e maior demanda por investimentos do empreendedor para dar conta de moradia, saneamento, segurança pública, transporte, educação, saúde, etc. visando reduzir os impactos ambientais e sociais decorrentes da implantação do empreendimento. Parte daquilo que os royalties bancavam agora recairá sobre o grupo X. E não apenas, simbolicamente. A conferir!
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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Um comentário:
Por falar em royalties e manifestações "populares" no final quem sofre é o cidadão que depende das estradas.
Virou moda usar o dinheiro dos royalties para distribuir notinhas de cinquenta para o povo interromper rodovias para chamar atenção não sei de quem.
Um dia vai aparecer um filho de "inho" e passar por cima de todos igual fizeram na Boneca do Waldir.
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