Manifesto Público
1 – Desde 2008 o Governo do Estado de Minas Gerais, informado por seus próprios técnicos, está ciente da insuficiência dos estudos apresentados pela então MMX na caracterização do universo sociocultural que seria impactado pela instalação de uma mina em Conceição do Mato Dentro, para exploração de 56 milhões de toneladas anuais de minério de ferro, a serem transportados por um mineroduto e exportados via Porto do Açu, no Rio de Janeiro;
2 – Em 2008, 2009 e 2010, apesar do reconhecimento oficial da inexistência de um cadastro que contemplasse a totalidade das famílias e comunidades atingidas, o Governo do Estado de Minas Gerais concedeu a esse empreendimento, já liderado pela Anglo American, as licenças prévias e de instalação;
3 – Em 2010, em virtude da gravíssima situação das comunidades impactadas pelas obras – sem água, isoladas, sujeitas à poeira, ao barulho, à insegurança –, o órgão licenciador definiu como condicionante a realização, por empresa de consultoria independente, do levantamento e caracterização desse universo, assim como a inclusão das famílias no cadastro de atingidos dentro de um prazo de 30 dias após a aprovação do estudo na Unidade Regional Colegiada de Política Ambiental – URC Jequitinhonha (condicionante 70 da LI fase II – PU).
4- Após a conclusão do referido diagnóstico, ficou evidenciado que o empreendedor reduziu o cadastro de atingidos e a área de influência direta do empreendimento, quer por meio da omissão de impactos potenciais, quer pela simples desconsideração de fatores socioambientais relevantes ou, ainda, por possível incapacidade técnica. Tal circunstância, impediu a visibilidade de certos fenômenos ou processos pela equipe técnica e poderá comprometer ainda mais a implantação de medidas e programas sociais satisfatórios. Isso porque a delimitação de um cadastro de atingidos reduzido restringe a identificação e avaliação dos impactos, bem como a proposição de medidas de mitigação/compensação e de programas de monitoramento dos impactos. É sabido que ao proceder assim, os empreendedor pode reduzir os custos do projeto e, principalmente, os custos das fases posteriores à implantação do projeto, que visam à execução das medidas e programas propostos.
5 – Após dois anos da conclusão desse diagnóstico, nós, atingidos, ainda aguardamos a sua discussão no âmbito da URC, sendo surpreendidos pela não inclusão do estudo na pauta da próxima reunião, a se realizar no dia 18 de abril, como havia sido previamente agendado nas reuniões de fevereiro e março daquela URC.
Diante da gravidade da situação de nossas comunidades, impactadas por esse megaempreendimento; diante da arbitrariedade da decisão “superior” de não colocar em discussão um diagnóstico independente; diante, enfim, da tentativa de manterem nossa existência no limbo, vimos exortar a todos a exigir, publicamente, do Governo do Estado de Minas Gerais, que este se comporte dignamente e propicie a ocasião para o nosso reconhecimento.
Atingidos pelo Projeto Minas-Rio em Conceição do Mato Dentro, Minas Gerais."
Um comentário:
Deve ser a outra regra do capitalismo que não está escrita, e que o "anta" mencionou no outro post, e que pode ser traduzida assim:
F...dam-se todos em nome do lucro!
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