O blog acompanhou a mobilização e a greve (paralisação é eufemismo, porque não foi por tempo determinado) dos trabalhadores da Acciona, na maior mobilização e mais organizado movimento reivindicatório, em favor dos seus direitos que vimos no passado recente por aqui.
A prova do direito dos trabalhadores ficou evidenciada, no comunicado da empresa espanhola Acciona, cedendo em todas as reivindicações, assim como, nos termos do acordo que fala em pagamento de atrasados, de horas extras trabalhadas, de plano de saúde combinado na contratação, alimentação (com ou sem cartão) entre outras, como acesso ao setor de recursos humanos (RH) da empresa, para tratar destes direitos no dia-a-dia e direito à comunicação com parentes deixados longe.
A empresa Acciona não é uma empresa qualquer. Apesar de ser espanhola, não tem atuação apenas no seu país-sede. Está presente em cinco países de cinco continentes. (veja seu site internacional aqui) Diz ter 30 mil funcionários e trabalha com infra-estrutura, energia e água e diz ter compromisso com a "sustentabilidade para reduzir gradualmente a sua pegada climática e liderar a transição para uma economia de baixo carbono".
Diante destas promessas, nada justificaria, um descaso destes aqui no trópico, abaixo da Linha do Equador, que não seja interpretado como descaso. Em seu site fala em desenvolvimento sustentável e inovação, exatamente o inverso, do que estava praticando aqui em nossas bandas.
Não há como deixar de lado o grupo EBX, sua contratante, que também afirma compromissos semelhantes, mas, que precisa efetivamente praticar e exigir de suas contratadas, antes disto tudo, o cumprimento das leis na execução de seus contratados. Sustentabilidade verdadeira, está para além disto que é básico.
Penso que os trabalhadores com o seu sindicato deram uma demonstração de coragem e determinação, na luta pelos seus direitos, contra um poderoso grupo. Mais que resistir avançaram em conquista de direito e, mais que isto, no respeito, admiração e apoio da nossa população.
Como acaba de me falar por email, um amigo dileto, em sua silenciosa observação, dizendo, que, quem sabe, as relações trabalhistas em nossa região possam ser positivamente impactadas, a partir de fatos como este, compensando, de certa forma, os demais problemas gerados pelo empreendimento aqui na região.
Garantir que o que foi acordado possa ser cumprido é uma outra etapa, quando se está lidando com quem já desrespeito o direito que estava em lei.
Ainda assim, divulgar e publicizar estas conquistas é uma forma de ir ampliando estas garantias, inclusive, uma especial para os trabalhadores nos dias atuais, que confere um status junto à família, que que é a extensão do plano de saúde para os dependentes, como forma de dar alguma tranquilidade, a que precisa ir longe para garantir o sustento da família.
Será entre conflitos e lutas por nossos direitos que esta região haverá de garantir melhores dias no futuro, do que tivemos no passado e usufruímos no presente.
Bom seria que os trabalhadores e a comunidade pudessem seguir juntos, no debate sobre a cidade, a região, contra a salinização do solo e das águas, a favor de uma harmoniosa urbanização, moradias, saneamento, segurança púbica, a saúde e a educação públicas, o apoio à agricultura, a defesa do meio ambiente, etc., rumo a um desenvolvimento mais igualitário, ao inverso do crescimento econômico em favor de poucos.
PS.: Atualizado às 22:32 e 23:10 para pequenos ajustes e acréscimos no texto.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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