"No último dia do mês de março, o campo de Marlim foi cenário de mudanças na forma de produzir hidrocarbonetos em alto mar"
"No final da tarde daquele dia, entrou em operação o Sistema Submarino de Separação Água-Óleo, o SSAO, ligado à plataforma P-37. Com o SSAO, uma parte da água produzida pelo poço MRL-141 está sendo separada no fundo do mar e sendo reinjetada no próprio reservatório. Com isso, foi encerrada a fase de testes dos equipamentos que compõem o sistema, tanto os de superfície quanto os submarinos.
Esquema da interligação dos equipamentos submarinos |
O SSAO é o primeiro sistema de separação submarina de água-óleo do mundo em águas profundas, um projeto pioneiro da Petrobras instalado na P-37.
O projeto SSAO teve início em agosto de 2009, com a assinatura do contrato de fornecimento do sistema junto à empresa FMC Technologies. Em 2012, foram testados diversos equipamentos que compõe o sistema, tanto na superfície como os submarinos.
“A expectativa pelo início da separação água-óleo e pela reinjeção era muito grande já que o sistema vinha operando pelo by-pass (desvio na linha) desde o dia 12 de agosto (2012), quando entrou em produção o poço MRL-141”, explica o engenheiro de processamento, Rogério da Silva Pereira, que coordena a operação.
Ele conta que já havia sido feita uma tentativa de separação durante o mês de novembro de 2012, no entanto, na época, o baixo teor de BSW (basic sedments and water, em inglês - a fração de água produzida misturada ao óleo) não permitiu a separação adequada. Foi preciso então aguardar o aumento na quantidade de água produzida.
Sala de controle de operação dos equipamentos submarinos |
“Em um primeiro momento, foi atingida uma vazão de água reinjetada de aproximadamente 15 mil litros por dia, com valores de TOG (teor de óleo e graxa) médio, na saída do SSAO, de 20 ppm (partes por milhão). Sendo que o valor limite especificado pela área de reservatório para reinjeção é de 100 ppm”, revela O coordenador.
Atualmente, o maior desafio do projeto é garantir a maior continuidade operacional, uma vez que o equipamento está operando com BSW de 63%, abaixo do mínimo de projeto, que é de 70%. A previsão é de aumento progressivo da eficiência de separação, até atingir os 70% estimados no início do projeto.
Esta fase do projeto, de acordo com Rogério, é de aprendizagem. “Estamos melhorando o processo até chegar à eficiência mínima do processo, que será a reinjeção de 70% da água produzida, para que então esteja aprovada a tecnologia”, diz, prevendo os impactos que isto terá para produção de petróleo em alto mar.
Com o sucesso desta tecnologia, os impactos na planta de tratamento de petróleo acarretarão na eliminação da necessidade de tratamento, a bordo, de 10% da água produzida, além da redução da necessidade de descarte desta água e a diminuição do uso de produtos químicos no seu tratamento.
Com o sucesso desta tecnologia, haverá redução nos volumes de água para tratamento nas unidades marítimas. Quando o SSAO atingir a eficiência mínima prevista, por exemplo, haverá uma redução de pelo menos 7% no volume de água produzida que será enviada para a P-37, ou seja, cerca de 1.500 m3 por dia a menos.
Equipe responsável pelo projeto na P-37 |
Para que a primeira injeção fosse realizada foram mobilizados profissionais de diversas áreas da UO-BC, do Cenpes e do E&P, além de profissionais da empresa norueguesa fabricante do equipamento, de 25 de fevereiro a 31 de março, quando foi realizada a primeira reinjeção de água no reservatório.
Essa fase, o comissionamento, foi coordenada pelo engenheiro de processamento e consultor Gelmirez Martins Raposo. O engenheiro de petróleo da OP-P37, Vitor Pastor Baracho, que foi para a P-37 já com a missão de trabalhar no comissionamento e operação do equipamento conta que, atualmente, o SSAO está na fase de operação assistida, ou pré-operação. “Como um projeto piloto, o mais importante desse SSAO é gerar informações para projetos futuros similares”, esclarece Vitor que vislumbra que o SSAO “poderia significar, em um futuro mais distante, uma nova forma de desenvolvimento da produção de petróleo offshore”.
3 comentários:
Obrigado pelo ótimo conteúdo prof.Roberto Moraes.
Sou aluno do Senai-Campos dos Goytacazes(tec.Petr.e gás),e foi de grande benefício seu blog.
OK Matheus.
Abs.
Confira também.
http://www.robertomoraes.com.br/2014/07/petroleo-offshore-realidade-cada-vez.html
Olá,
Estou estudando para prova de IFPP N1, e tenho uma duvuda sobre o sistema SSAO. Ele é um sistema de separação Trifasica ou quadrifasica?
Luciane Barboza
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