Usando o jargão do mercado estes "ativos" educacionais estão caros com negócios fechados na casa dos R$ 8 mil por aluno. Assim, uma instituição com 20 mil alunos valeria cerca de R$ 160 milhões.
As universidades S.A. tiveram valorização de suas ações muito acima da média de outras ações comercializadas no Ibovespa: a Kroton com 151% e a Estácio com 134% ficaram nas primeiras colocações entre as 126 empresas de capital aberto com financeiro diário acima de R$ 5 milhões.
O que se diz no mercado é que esta valorização está ligado ao aumento da demanda de alunos, do Financiamento Estudantil (FIES) do MEC com juros de 3,4% ao ano e do interesse de outros grupos internacionais que estão de olho no Brasil, no crescimento da classe média e da forte expansão do ensino.
Diz-se no mercado que a Estácio S.A. deverá até o final do semestre se associar a outro "player" (outra expressão do mercado) para ampliar sua abrangência e poder lucrar com a massificação, segundo matéria da jornalista Beth Koike do Valor.
Hoje, segundo o MEC são 6,9 milhões de matrículas no ensino superior no Brasil, sendo 1,9 milhão nas universidades e institutos públicos e 5 milhões no ensino particular.
Vendo a dimensão das negociações, da valorização e dos investimentos, mesmo no campo da busca do lucro, não há com não comparar com o sacrifício em montar uma indústria ou construir uma grande infraestrutura cujas amortizações e lucros propiciados pelo investimentos são muitas vezes mais lentos do que estes na área dos serviços de educação.
Abaixo os dados da empresa que surge da fusão da Anhanguera e Kroton:
Infográfico do Valor de 23 de abril de 2013, página B3 |
O debate natural, para alguns anacrônicos, entre o ensino público e o privado nas universidades permite a discussão sobre a qualidade do ensino no nível superior, em instituições que não se retroalimentam das outras duas vertentes, além do Ensino, no conhecido tripé da universidade: Ensino-Pesquisa e Extensão.
Interessante, como já disse aqui em nota (há dois anos, em março de 2011) é o fato de que o perfil dos alunos desta universidades, é, em sua maioria, o trabalhador.
É perceptível também, que a imensa maioria dos alunos estuda no turno da noite, porque durante o dia estão no trabalho. É ainda importante observar o financiamento público através destas instituições privadas e focadas no lucro.
Sob o ponto de vista do trabalhador da educação destas empresas (professores e técnicos) já há estudos e evidências de uma profunda precarização do trabalho, de desgastes e doenças mentais pelo aumento das pressões nas relações de trabalho. Também se identifica a perda da noção do valor do trabalho, a fragmentação das atividades, que na grande maioria dos casos, não trabalha com a pesquisa e desconhece a extensão, que historicamente são consideradas como atividades indissociáveis para o desenvolvimento de um ensino de qualidade.
O assunto merece muito mais que uma nota, pesquisas, hipóteses, dissertações, teses e um grande e necessário debate, diante desta realidade e dos desafios da universidade pública e da Educação que a nossa população merece.
5 comentários:
SE fosse ensino, tudo bem, seria uma boa notícia.
Acho que vai surgir a IDX - Indústria de Diplomas "X" no mercado financeiro.
CONSOLIDAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR
CRESCER OU ESCOLHER UM LADO ?
Luis Adriano Silva
Os cadernos econômicos dos jornais e dos sites de notícias, anunciaram recentemente, a união dos dois maiores grupos de Educação do Pais: A Kroton e a Anhanguera .
A fusão cria o maior conglomerado do mundo da educação , com um faturamento esperado em R$ 4,3 bilhões . A efetivação, depende agora tão somente da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica-Cade, o que deve acontecer pois a sobreposição de cursos se dá em apenas 4 municípios.Aguardemos.
A notícia pode passar ao largo da atenção da maioria dos brasileiros, mas, é importante demais para ser ignorada, afinal, trata-se de um assunto que não pode ser encarado como reles. Educação é e sempre será a melhor maneira de elevar o nível de vida do cidadão e consequentemente, de uma nação. E a qualidade não pode ser deixada de lado.
A pergunta que fica é como tratarão a qualidade de seus cursos. O Ensino superior, diferente de outras áreas, sofre interferência direta na avaliação de um ministério, o MEC. Conseguirão manter em suas unidades o mínimo de 3 para poderem ter acesso aos FIES em seus cursos? Sim, pois o FIES hoje é o grande indutor do crescimento do ensino superior privado.
Como reagirão as IES de médio e pequeno porte frente à esta enorme fusão?
Serão incorporadas pelos grandes grupos? Penso que seja uma possibilidade. Mas Faculdades que apostaram em atuar em uma região específica, ou em algum nicho do mercado, terão o privilégio de seguir seu caminho, crescendo com sustentabilidade.
Diria Darwin que a adaptação é o caminho da evolução. Como conhecedor profundo da realidade de uma IES fundada há 10 anos , com solidez e seriedade, penso que a saída pos estar numa espécie de consórcio educacional de instituições de ensino superior. Cada uma continuará com seu regimento interno, sua soberania e liberdade administrativa própria, porém, em assuntos comuns como compras de materiais e a defesa dos interesses legítimos das entidades, a união, poderá ser a grande oportunidade de um desenvolvimento sem temores diante dos “gigantes” que surgem no horizonte.
Afinal, é com uma boa educação que tornamo-nos aptos a vencer obstáculos. Sejamos gigantes também.
Luís Adriano Silva
Diretor de Operações e Finanças da Faculdade Redentor
oi seja...FHC privatizou e Lula ensinou as particulares a ter lucro...e a petrobras a ter prejuízo...
Se o MEC fizer as exigências e fiscalizar tenho certeza absoluta de que as IES privadas serão capazes de se adaptar mais rápido que qualquer ente público.
Postar um comentário