O câncer tem sido uma das doenças que mais tem matado em Campos. Por outro lado, contraditoriamente, a doença tem também trazido luxo e riqueza para algum(ns) pouco(s). Câncer para o povo é doença, para outros é fonte de lucros.
Por convicção e posição política sou defensor da Saúde Pública. Admito com má vontade a complementariedade do sistema público, através do sistema privado e/ou filantrópico, nesta área que mexe de forma tão direta com a vida das pessoas e que coloca gestores, profissionais e donos de negócio de saúde, diante de pessoas e famílias vulneráveis e fragilizadas pela doença e por tudo que a cerca.
O Estado na sociedade moderna é a forma que a humanidade encontrou para organizar a vida em sociedade visando o bem comum. Só Estado tem o direito ao monopólio de atuação, assim mesmo em algumas áreas.
Poderia falar um pouco mais como usuário e como membro da sociedade sobre a saúde, atendida pelo ente privado, nas lacunas do sistema público, mas quero me ater à querela do momento na área de oncologia.
Não seria crível se não fosse real, ver um agente privado do setor ensejar uma disputa com o propósito básico de manter a hegemonia, ou retomar o monopólio que por décadas se sustentou, basicamente com o financiamento público. Uma vil, simples e cruel disputa de mercado.
A cidade cresceu, sua população idem, assim como o crescimento exponencial da doença entre os nossos conterrâneos. Em meio a este cenário, ainda há quem queira ter o controle do tratamento que se mantém financiado, em grande parte pelo Estado, que hoje, corretamente, exige o tratamento integrado do doente e não mais as terapias isoladas, desumanas e lucrativas para alguns.
Fora as querelas e pendências que devem ser explicadas por quem de direito, junto aos órgãos de controle e fiscalização públicos, na condição de cidadão, é difícil imaginar o cidadão doente e vulnerável ter que confiar atendimento a quem mais que tudo luta pelo monopólio e pela exclusividade de mercado com o intuito claro da obtenção do lucro.
Mais cruel ainda é ver que a Via escolhida para tal empreitada tenha sida a que propõe falsamente, a imparcialidade e que se apresenta como alternativa de mídia corporativa, quando na prática serve apenas de defesa exclusiva dos interesses do patrão e dono.
O monopólio (que não seja do Estado) precisa ser como o câncer extirpado antes de ser tratado. Isto vale para Campos, ou em qualquer outro lugar do planeta, em que o ser humano tem que ser a maior razão de ser de uma sociedade sã e merecedora de algum crédito.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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