O depoimento abaixo é de um morador do Açu. Ele evidencia os impactos que o empreendimento gera sobre o território que ele passou a ocupar, seja no processo de implantação, seja na paralisação de suas atividades.
É compreensível a expectativa que a comunidade passou a nutrir por mudanças para melhor da realidade em que vivem. Ouviram isto todos os dias, de todas as formas e nos diferentes lugares. Mesmo desconfiados, como todo bom muxuango sonhavam com dias melhores.
O uso de um território depois de iniciado é como uma flecha lançada, não há como interromper suas consequências de um ou outro jeito. Mesmo quem não participava da "festa", agora (no chamado "freio de arrumação") sofre as consequências da interrupção provisória ou definitiva.
Até neste momento, os empreendedores parecem obter resultados sobre a mente, a percepção e a resistência das pessoas e comunidades, porque é quase que natural se arguirem, ruim com, pior sem.
Leiam o depoimento e percebam nas linhas e entrelinhas mais um viés dos impactos não previstos nos estudos de licenciamento dos empreendimentos:
"O Açu está vazio, os ônibus não passam mais, triste ver isso viu, espero que essa crise passe logo, não esperava que eles pisassem tanto no freio assim, parece que o alojamento está vazio, só ficou um pessoal reduzido da limpeza, não sei o que eles fizeram com o pessoal que lá estavam.
Faleceu hoje também mais um proprietário desapropriado, com cerca de 50 anos, desde que perdeu suas terras veio passando por uma depressão profunda, seguida por problemas que o pessoal fala aqui nos nervos até o falecimento hoje...
Será que podemos deslumbrar alguma posição e/ou parceria que possa contornar em parte pelo menos os atuais problemas?
...
O clima é exatamente esse, muita gente animada em fazer melhoramentos em casas para alugar, o ano começou como a muito tempo não se via, esse início de ano dava a ideia de que "agora vai", mas esse clima se reverteu bruscamente nesse final/início de mês...
O esvaziamento da praia é visível, vamos aguardar para ver a dimensão do que vai ocorrer, mas já ocorreram 3 arrombamentos de casas aqui nesse final de mês e a PM prendeu 2 pessoas (não sei de onde são) tentando roubar moto em Mato Escuro.
A preocupação é que alguns dos que vieram para cá, não vão embora mesmo sendo demitidos e com passagem de volta assegurada pela empresa, eles dizem que no trabalho informal como pedreiro/ajudante ganham muito mais aqui do que nas cidades de onde vieram.
Outras pessoas dizem que essa "pressão" com demissões é que a OSX quer ajuda do governo, sendo assim estão tomando essas medidas, porém não acredito que isso seja verdade, em jogo está a credibilidade da empresa."
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
13 comentários:
Torço para que tudo se resolva e volte o ritmo das obras gerando empregos e renda na região. Hoje a construção do superporto do açu chegou em um estagio que não pode mais deixar de acontecer. Será um porto de muito valor para o estado do Rio de Janeiro e trará desenvolvimento em toda a região de São João da Barra.
Já que os gnomos do Eike, e outros trolls sumiram, farei eu o papel deles, rsrs:
"Mentira, mentira, mentira, está tudo bem, é apenas um ajuste da "carteira de pedidos", um rearranjo sinérgico e sistêmicos das forças principais de colaboradoras do projeto, tudo não passa de maledicência de invejosos, derrotistas, e outros interessados no atraso da região, mancomunados com forças estranhas e ocultas"
"Já contratamos a mãe dinah, para direção de projetos estratégicos, mudamos o logo de lugar, e já sacrificamos umas 500 ou 1000 famílias no altar do deus mercado, que vai ouvir nossas preces!!!"
Brincadeiras à parte, fica a dúvida:
Onde estão a (ex)prefeita, os jornais, e toda sorte de idiotas que vociferavam contra qualquer chamada a reflexão?
Bom, tem gente que já mudou de lado, claro!
É este pessoa que agora deveria ir ao Açu explicar-se a esta gente!!!!
Novamente, como já virou rotina, alguns blogs anteciparam com exatidão o que se daria, cada qual a seu estilo.
Novamente é bom dizer: é chato ter razão! rsr
A felicidade do Da Mata em ver desemprego é algo interessante. Nem vou comentar muito pois vão me acusar de reaça.
Em tempo: somente o estaleiro parou, por isso o morador comentou, pois bem se sabe somente a OSX colocava os trabalhadores alojados no Açu.
Vida que segue, para desespero de alguns. Technip e NOV tem juntas mais de 1000 trabalhadores, somente para citar 2 empresas.
Chora da mata, suas antecipações tal qual daquele professor da Uenf que ninguem lá sabe muito bem o que faz por lá darão nisso: nada. Mesmo que não seja com o Eike, o Açu é realidade.
A sua razão se come com a mão shakal. Brinde com seus cavaleiros desde já nosso espaço deixado na sua cidadezinha pequeninha de garotinhos que vc critica e ponto não faz mais m... nenhuma. Quem ser vc shakal Douglas? Não soma m... nenhuma.
O Douglas não é contra os empregos nem está torcendo para o crocodilo no filme do Tarzan. Ele simplesmente acredita num mundo viável com estes humanos inviáveis que somos nós. Aliás esta é uma característica da esquerda: ignora ou quer ignorar a humanidade em nós.
Isto não afasta as suas boas análises. Mas também não o coloca como dono da verdade, condição aliás que ele jamais reivindicou por motivos óbvios.
De fato o militante Douglas escreve bem, analisa bem, fala bem, mas faz pouco. Muito pouco para quem sabe tanto. É aí, justamente aí, que ele se encontra com grande parte da esquerda: tem argumentos ótimos, mas na hora de agir apresentam uma série de desculpas burocráticas para justificar a inércia que muitos traduzem até por preguiça.
Ainda assim o que ele faz poucos conseguem e, limitadamente na minha visão, tem seu valor.
Seu estilo "chinelada" é interessante e se ele abandonasse a blogosfera faria falta.
Morderam a isca os gnomos do X e de outra iniquidades locais:
Como sempre, contra os argumentos, apenas as ofensas.
E vejam bem, não sou contra o estilo agressivo, ao contrário, rsrs, desde que venha, como disse, com argumentos.
Agora nós, os críticos do megalômano senhor X e de seu projeto que devastou e trucidou a vida de milhares de pessoas, somos "contra o emprego"!!!
Como se o emprego de uns justificasse o sofrimento de TODA a região!!!!
De TODOS que não estão empregados ali!!!
Arfh, depois eu é que sou sectário!
Quanta canastrice.
Este é o argumento, mais ou menos, das autoridades de Bangladesh em relação ao "empregos" gerados nas fábricas de roupa: "Ora, se entre algum, danem-se direitos e o bom senso!!!"
Resultado? Bem, o resultado é sempre trágico!
O outro gnomo do senhor X diz que a crítica tem que vir acompanhada de algo "prático".
Ora bolas, até cavalos e mulas fazem algo prático: comem capim, andam de quatro e dão coices!!!
O que nos difere deles é a atividade reflexiva, não à toa a que leva mais tempo para se elaborar e, via de regra, são as mais bem remuneradas.
Um olhar panorâmico sobre todos os investimentos e TODOS os cronogramas físico-financeiros dos "projetos" permitem a qualquer leigo dizer que o grupo apenas agoniza a espera de algum tipo de salvamento oficial, ou de mais trouxas para colocar dinheiro lá.
E, pouco a pouco, vão demitindo e "sangrando" as expectativas, como forma de chantagear os governantes federais e empresas estatais.
O texto que você apresenta, Roberto, é a síntese do que falamos desde o início, embora toda a sorte de sacripantas tentem distorcer:
Toda mudança do uso do espaço territorial, das pessoas, suas culturas, seus laços, etc, devem ser cuidadosamente consideradas, através de um amplo consenso político e social, a fim de que os impactos possam ser mitigados.
Justamente o contrário do que se deu: Imposições, força física, milícias e claro, muita mistificação promovida pelos agentes políticos que serviam, ora como papagaios de pirata, ora como carimbo de legitimidade!
Em breve teremos: Açu, a Nova Macaé!
'Taí uma sugestão para a primeira favela que irá se montar no entorno: Nova Macaé!
Bando de beócios!
PS: a cidade dos garotinhos é, de fato, uma merda, mas o que dizer da cidade que foi governada por uma cria rebelde dos garotinhos?
Que venham os "chineses" (será o bloco?).
Douglas da Mata. O cão de guarda ideológico que toma conta do blog de Roberto Moraes.
Comentarista das 1:11 AM
Refletir e contrapor o senso comum não é tarefa menor, nem burocrática.
São instâncias distintas de atuação.
O fato de estar afastado da militância orgânica partidária (porque, simplesmente, não há nenhuma nesta cidade, e nem sou arrogante a ponto de que minha participação seria suficiente para que ela existisse), não quer dizer que eu não milite em outras áreas, quer seja dentro do meu local de trabalho, quer seja aqui, na blogosfera.
A esquerda não é burocrática ou "teórica", apenas, mas foi esta disciplina teórica e talvez o apego ao trato burocrático que nos permitiu fazer o maior e melhor governo da história deste país.
E neste governo, minha quase insignificante participação para os acontecimentos históricos, mas de enorme valor para mim, é a certeza de que cumpri minha tarefa!!!
Pena que ele não viveu na época do descobrimento... assim ainda teríamos aqui, preservados, os verdadeiros nativos da terra brasilis.
Olhe Douglas, o comentário das 12:28,
Concordo com você que os comentários estão rasos demais.
Ao blog não importa opiniões deste tipo, embora, admita, sem nenhum problema, ao inverso, que temos concordâncias de ideias em muitos pontos.
Bom que discutíssemos o que é ideologia, porque ao que parece para o comentarista, ideologia é tudo aquilo que defende os que discordam do seu ponto de vista.
Porém, este tipo de discussão, talvez, já seja um pouco mais profundo.
Ainda assim, sigamos em frente com a caravana sempre progressista e em defesa do desenvolvimento social e da redução das desigualdades.
Roberto, é o que sempre digo: de nada adianta jogar pérolas aos porcos.
Porcos? Espaço publico ou não?
Alguém precisa explicar metáforas a este pobre coitado.
Precisa lhe explicar que blog não é espaço "público", na medida que dependem de um veículo não gratuito, que não é uma concessão pública, é de plataforma específica, não goza de benefícios fiscais, e que só acessam a caixa de comentários se o editor permitir.
E mesmo que fosse "público", maior deveria ser o cuidado com os "porcos".
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