“Luisinho, nosso amigo Ricardo sempre nos fará lembrar dos ótimos momentos convividos juntos. Sempre alegre e disposto a regar as amizades. Que Rose e os seus filhos enfrentem este momento com a coragem e a esperança que Ricardo sempre norteou sua passagem entre nós. Que o seu canto embale a sua travessia".
Luisinho respondeu:
“Nosso amigo seguiu antes de nós. Seu sorriso, sua simpatia, aquele jeito gostoso de chamar a gente, de lembrar canções, de dedilhar como ninguém o violão, de cuidar da família, dos amigos, da poesia... Que Deus abençoe sua família e receba seu coração de menino em toda sua glória. Que assim seja.”
Eu conheci Ricardo quando éramos crianças, na Escola Jesus Cristo. Eu mais tímido, ele sempre mais conversador, afetuoso e construtor de fáceis e profundas amizades. Depois fomos estudar fora e nossos encontros passaram ser acompanhados das músicas de Chico, Tom e outros. Mais adiante, ambos recém-casados, compartilhamos muitas noites em sua agradibilíssima Cantina do Amorim, ainda na Rua do Ouvidor. Excelente comida, boas conversas e ótima música, sempre com o seu violão mais valioso que os pratos e as pratas do comércio, agora o seu ganha-pão.
Com esta trágica notícia, não há como não recordar das crenças que comungamos e mais que tudo, no valor que insistíamos incansavelmente em celebrar à amizade.
Não consigo lembrar de Ricardo sem que seja pelo canto e pelo sorriso amigo. Assim, guardo a imagem e o som de ouvi-lo cantando, murmurando a canção “Morro velho”, lá no singelo palco, à meia luz de sua aconchegante cantina (do primeiro e segundo momento), com o olhar emocionado do nosso velho camarada.
Ouça Milton e relembre Ricardo:
E ainda para embalar a sua (que em breve será nossa) travessia, assim como ele insistia e nos brindava sempre com mais uma canção, ouçamos em prece, novamente Milton Nascimento:
“Mas quem cantava chorou
Ao ver o seu amigo partir
Mas quem ficou, no pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro cantou
Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam "não"
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração
Pois seja o que vier, venha o que vier
Qualquer dia, amigo, eu volto
A te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar.”
Obrigado pela sua amizade e siga em Paz!
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