O blogueiro teve pouco tempo nesta terça, e provavelmente também nesta quarta, para fazer alguns comentários sobre as manifestações.
Assim que tiver mais tempo o blogueiro tentará descrever um pouco mais de sua opinião, embora haja necessidade de aprofundamento, sobre muitas questões ainda em aberto.
Porém, antes de fechar o dia, apesar de já ter passado da meia noite, vou citar sem entrar em muito detalhes, três pontos na sequência do título desta nota.
Há muitas explicações e hipóteses sobre os protestos, porém, uma coisa parece já estar clara: se os centavos não são o motivo das manifestações, a discussão dos transportes também não é o único tema.
Nesta linha, não é difícil identificar que o elemento que trouxe coesão aos diferentes discursos e demandas é o que os manifestantes, consideram como uma agressão, os pesados gastos com as obras dos estádios e com a organização da Copa do Mundo. Este é o ponto de coesão em meio, à dificuldades em se definir lideranças e pautas dos movimentos nas variadas cidades, mesmo, aquelas que não serão sede da.Copa do Mundo.
Segundo ponto: a discussão sobre as passagens de ônibus remete, quase invariavelmente, à necessidade de algum subsídio governamental. O fato se por um lado, pode agradar os usuários, ele agrada ainda mais os donos das empresas, de concessões discutíveis e de serviços precários.
Abrir esta caixa preta é uma necessidade. Subsídio até pode ser discutido a meu juízo, mas com forte controle popular, depois aperfeiçoamento da eficiência do sistema, de reduzido lucros abusivos das empresas.
Da mesma forma, não se pode deixar de discutir qual deverá ser a fonte destes recursos. Porque tirar dinheiro da educação, da saúde, e mesmo de algumas infraestruturas básicas para o cidadão da periferia seria tapar um buraco descobrindo outro. Quem pode mais tem que pagar mais, se queremos efetivamente mudanças.
A terceira questão que também será abordada aqui de forma rápida é sobre a opção pela matriz rodoviarista, ou do transporte rodoviário com os ônibus.
Esta não é a melhor solução para as metrópoles, e mesmo para algumas cidades de porte médio. É verdade que não se consegue mudar isto, em curto espaço de tempo, mas, o momento de crise e pressões exige alternativas de curto médio e longo prazos, se efetivamente, se deseja resolver os reclamos populares. A quem interessa esta como única solução?
O blog voltará a tratar do assunto, mas, amplia o debate, ouvindo nossos leitores e colaboradores. Dê a sua opinião.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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4 comentários:
Ao que parece as autoridades não entenderam o apelo das ruas. Reduzir impostos e propor subsidios, é jogar a conta de volta para o povo, pois em algum momento, vamos ter pagar mais pelos serviços publicos. Acho que o professor foi no ponto certo, primeiro tem que melhorar a eficiencia. Quando se faz com qualidade e eficiencia se faz mais barato. Tem dinheiro pra fazer estádio mas não tem pra fazer ruas e estradas. Se 10 ônibus levam 40 minutos pra cruzar a Rio Branco ou a Presidente Vargas, se levasse 20 minutos no percurso você precisaria de metade dos ônibus pra levar os mesmos numero de passageiros. Este é o maior subsidio: modernizar os serviços publicos. O que não será possivel enquanto os politicos estiverem tão preocupados com seus orçamentos particulares.
Pra quem não sabe o que está acontecendo no Brasil, este é um texto traduzido da CNN Americana:
"O que REALMENTE está por trás das manifestações no Brasil?
Os protestos que vêm ocorrendo no Brasil vão além do aumento de R$ 0,20 na tarifa dos transportes públicos.
O Brasil está experimentando atualmente um colapso generalizado em sua infraestrutura. Há problemas com portos, aeroportos, transporte público, saúde e educação. O Brasil não é um país pobre e as taxas impostos são extremamente altas. Os brasileiros não veem razão para uma infraestrutura tão ruim quando há tanta riqueza tão altamente taxada. Nas capitais, as pessoas perdem até quatro horas por dia no tráfego, seja em automóveis ou no transporte público lotado que é realmente de baixíssima qualidade.
O governo brasileiro tem tomado medidas remediadoras para controlar a inflação apenas mexendo nas taxas e ainda não percebeu que o paradigma precisa compreender uma aproximação mais focada na infraestrutura. Ao mesmo tempo, o governo está reproduzindo em escala menor o que a Argentina fez há algum tempo atrás: evitando austeridade e proporcionando um aumento com base em interesses da taxa Selic, o que está levando à inflação alta e baixo crescimento.
Além do problema de infraestrutura, há vários escândalos de corrupção que permanecem sem julgamento, e os casos que estão sendo julgados tendem a terminar com a absolvição dos réus. O maior escândalo de corrupção da história do Brasil finalmente terminou com a condenação dos réus e agora o governo está tentando reverter o julgamento usando de manobras através de emendas constitucionais inacreditáveis: uma, o PEC 37, que aniquilará os poderes investigativos dos promotores do ministério público, delegando a responsabilidade da investigação inteiramente à Polícia Federal. Mais, outra proposta busca submeter as decisões da Suprema Corte Brasileira ao Congresso – uma completa violação dos três poderes.
Estas são, de fato, a revolta dos brasileiros.
Os protestos não são movimentos meramente isolados, unificados ou badernas de extrema esquerda, como parte da imprensa brasileira afirma. Não é uma rebelião adolescente. É o levante da porção mais intelectualizada da sociedade que deseja pôr fim a esses problemas brasileiros. A classe média jovem, que sempre se mostrou insatisfeita com o esquecimento político, agora “despertou” – na palavra dos manifestantes."
Nossa, é da CNN, mas parece escrito pelo merval.
Uma salada tentando dar aos caos algum sentido (que, óbvio, favorece a visão política do veículo sobre o que imagina ser o "ideal" para nosso país).
Tolices, de cabo à rabo. Para ler ou ouvir esta baboseira, é só olhar o PIG nacional e local.
Se Falhas ou Folhas estão em check imagina a CNN com os interesses americanos.
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