A notícia sobre a redução do preço do minério de ferro nas última semanas:
"Minério de ferro acumula queda de 24% no ano"
"Depois de ter se aproximado de US$ 160 por tonelada em 20 de fevereiro, na máxima do ano, o minério de ferro deu início a uma trajetória de queda e chegou a US$ 110,4 por tonelada na sexta-feira no mercado à vista da China. Nesse intervalo de pouco mais de três meses, a queda foi de 30% e, desde o início do ano, a desvalorização é de 24%."
A segunda sobre o aumento da produção de aço na China:
"Excesso de produção da gigante siderurgia chinesa ameaça o setor""Depois de se transformar, nos últimos dez anos, no grande motor de consumo de matérias-primas do mundo para abastecer sua economia, a China vem trazendo enormes preocupações aos investidores globais, em função da desaceleração das atividades. O maior temor, além do fato de ter esfriado sua voracidade por bens como cobre, níquel, celulose e papel, alumínio e outras commodities, é que a indústria chinesa inunde ainda mais nos próximos anos os mercados com seus produtos, semi-elaborados e acabados."
As duas informações são de hoje do Valor Online. Elas têm relação com a economia regional, lembrando que o Porto do Açu nasceu para exportar minério para Ásia e aqui, existiram o projeto para instalação no Distrito Industrial de São João da Barra (DISJB) de duas siderúrgicas.
Sobre os valores do minério e da produção de aço mundiais, é interessante observar que uma poderia desdizer a outra, porque se o preço do minério de ferro cai no mercado mundial é porque haveria menos produção de aço, pois a China, como suas grandes escalas de importação de minério, produção de aço e exportação de semiacabados e máquinas que usam aço, mexem com toda a cadeia produtiva do setor.
No ano passado a China comprou menos minério no segundo semestre, usando seus estoques e fez o preço minério cair para U$ 80 por tonelada. Pelo visto, fará o mesmo este ano.
A China produz 65 milhões de toneladas de aço por mês, que corresponde ao dobro do que o Brasil fabrica anualmente. Em 2012, a China produziu quase a metade (46,3%) de todo o aço produzido no mundo.
Há apenas 10 anos este percentual era menos da metade, apenas 20% e ficava atrás da União Europeia e da América do Norte (incluindo EUA). Em números redondos e absolutos há dez anos, a China produzia 182 milhões de toneladas. No ano passado, 2012, a produção alcançou 716 milhões de toneladas.
A China consome quase toda a sua produção (exportou em 2012, apenas 41 milhões de toneladas de aço, 5% de sua produção) de 716 milhões de toneladas). Interessante ainda observar que a China consumiu quase metade (45,7%) de todo o aço produzido no mundo (1,41 bilhão de toneladas).
O Brasil é o segundo maior produtor de minério de ferro do mundo, sendo que metade é exportado para o mercado chinês. Enquanto isto a produção de aço no Brasil é de cerca de 26 milhões de toneladas anuais. Ou seja, comparativamente, a China exporta (41 milhões de toneladas de aço) mais que toda a produção brasileira.
Há hoje sobra de aço no mundo. Em torno de 40% da capacidade instaladas das siderúrgicas no mundo estão ociosas. O fato ajuda a explicar porque a siderúrgica CSA construída pelo grupo alemão Thyssen, ao custo de aproximadamente US$ 12 bilhões está, sendo negociada, por algo em torno de US$ 3,5 bilhões.
Esta realidade, explica porque a ítalo-argentina Tecchint, proprietária da Ternium usou seus US$ 5 bilhões que tinha para construir a siderúrgica, já licenciada, no Complexo do Açu, para comprar 22% das ações da Usiminas, e assim, mandar aço de chapa grossa para receber seu processamento final em laminadora no México e EUA, para atender demanda do setor automotivo americano.
Os baixíssimos custos de produção de aço na China também explicam porque a chinesa Wisco (Whuan) não veio para o Açu. Aqui a Wisco tinha interesse, mesmo produzindo aço pelo dobro do que faz na China, ter acesso às demandas de aço do mercado de aço para produção de plataformas e outros equipamentos para a produção do pré-sal no mercado brasileiro.
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