terça-feira, julho 30, 2013

IDH 2010 dos municípios do Norte Fluminense

O IDH é muito usado no debate político. É bom que assim seja, embora, muitas vezes de maneira equivocada por quem pretende se passar por bem informado e manejando um indicador conhecido.

Ele foi criado para se contrapor à medição do PIB que serve para avaliar crescimento econômico e não desenvolvimento e muito menos ainda da vida das pessoas.

A adaptação do seu uso para os municípios começou a ser feito com os dados do Censo 1991, depois 2000 e agora com os Censo do IBGE de 2010.

Em 2003 eu me aprofundei um pouco mais nos três índices que são usados em média para criar este indicador: educação, longevidade e renda. O indicador é medido nas frações entre 0 e 1. De 0 a 0,499 é o muito baixo e acima de 0,8 até o limite 1 é o mais alto. Entre estes dois extremos há mais três escalas que medem, o baixo, o médio e o alto entre 0,599 e 0,700 variando a cada casa decimal.

Em 2003 eu estudei um pouco esta fórmulas para fazer o IDH dos bairros de Campos. Encontrei dificuldades com os micro-dados dos setores censitários dos bairros e acabei desistindo. Reforçou a decisão de fazer coisas mais úteis, a ideia de que iria encontrar as mesmas coisas que se encontrou no Rio na medição entre Ipanema, Leblon e a Zona Oeste do Rio. Os famosos extremos da antiga "Belíndia".

Em Campos seria dividida os extremos da Pelinca e Tamandaré e Santa Rosa, Codin, Novo Jóquei, etc. Talvez encontrasse IDH maior em Campos que Ipanema, porque no famoso bairro do Rio, embora, os índices de riqueza da metrópoleo sejam maiores, você ainda tem boa a mistura social com as favelas do Complexo do Cantagalo-Pavão-Pavãozinho que diminui a média. Fato que não se teria em Ipanema.

Hoje, com os microdados do censo mais acessíveis estas contas podem ser feitas por quem se interessar.

Usei esta introdução para trazer os dados do IDH-M de alguns município de nossa região entre 1991, 2000 e 2010. Interessante observar que um o índice que mais reflete, a meu juízo a realidade das políticas municipais é a de educação, num grau menor a longevidade (expectativa de vida) e menor ainda a renda, que depende mais das políticas mais macroeconômicas nacionais.

Dito isto, a evolução do IDH das cidades brasileiras reflete esta realidade. Os municípios contemplados com as generosas receitas dos royalties do petróleo tinham a obrigação de ostentar os maiores crescimento do IDH do Brasil nesta última década, mas não é o que se vê.

A metodologia de medição (Cálculo) do IDH-M foi modificado por isto não se pode usar os antigos indicadores, porque eles foram alterados pela nova forma de cálculo. Sem isto não se pode fazer comparação entre os dados de 1991, 2000 e 2010. Também por isto o Atlas do Desenvolvimento Humano já trouxe estes novos números para os dois censos anteriores.

Veja abaixo esta evolução do IDH médio das cidades do Norte Fluminense.

Depois comentaremos sobre os três índices em separado. Quem desejar adiantar e ver detalhes destes índices de cada município clique aqui e digite a cidade desejada e analise os dados que forma tabulados pelo PNUD-ONU, Fundação João Pinheiro e Ipea:














Na tabela abaixo estão listados os nove municípios da região Norte Fluminense e seus respectivos IDHs em ordem decrescente pelo último, o de 2010, divulgado ontem. Nas duas últimas colunas a posição destes nove municípios no ranking entre os 5,565 municípios brasileiros e os 92 fluminenses.

A melhor posição entre o IDH dos municípios do Norte Fluminense é de Macaé e a pior de São Francisco do Itabapoana que junto com Cardoso Moreira também do Norte Fluminense, está os quatro menores IDH de nosso estado.

Por último interessante observar que São Francisco do Itabapoana, mesmo tendo o menor IDH da região é o segundo pior do estado foi o que mais avançou entre 1991 e 2010. O segundo que mais avançou foi Quissamã e depois Carapebus, que no cômputo da região está em terceiro.

Os menores avanços no IDH entre os nove municípios do NF foi São João da Barra e Campos dos Goytacazes, que junto Macaé e Quissamã são os maiores recebedores de royalties do petróleo do Estado do Rio de Janeiro e do Brasil.

7 comentários:

Anônimo disse...

Como pode um município avançar nesse índice se ele a exatos 8 anos paga o mesmo salário aos concursados da EDUCAÇÂO. Sim a 8 anos atrás quem prestou concurso para educação em Carapebus recebe o mesmo salário e ainda sem algumas vantagens e benefícios, tais como vale transporte. Que IDH é esse? Tem que ir para cadeia esses politiqueiros de 5ª!

DéAlves disse...

Meu caro anonimo, quem elabora o IDH é a ONU e não políticos, organize-se, participe das organizações da sociedade civil, junte-se a outros e mude esta realidade que vc descreve...se vc não conseguir mover outros é porque eles entendem que a situação é aceitável!!

DéAlves disse...

O IDH é calculado pela ONU...não por politiqueiros e os políticos não gostam muito dele pois ao contrário do PIB, que nada mede pois trabalha com números macro, o IDH avalia a situação das pessoas, que inegavelmente melhorou. Sua situação deve ser mudada através da organização da sociedade civil exigindo as melhoras, organize-se...convença outros e mude Carapebus...gritante é que os municípios que mais recebem royalties no N.Fluminense não sairam do lugar em 20 anos...

CARLOS RIBEIRO disse...

Campos e São joão da Barra, dois municípios que há muito anos, vem sendo governados por POPULISTAS BARATOS, não melhoram seus índices do IDH,pois governariam para manter a pobreza, e, a miséria, de seu povo.
Somente políticas assistencialistas, a longo prazo, como acontece com essas duas cidades, já citadas, deixa um rastro,um legado de pobreza e miséria, para a grande maioria de seu povo.

São João da Barra, foi governada, por 8 anos, por Carla Machado, ex-aluna, do antigo e ultrapassado, populista Garotinho.

Enfim por esse motivo, esses índices tão baixos no IDH,nesses dois municípios, apesar dos bilhões de reais, arrecadados a cada ano, pelos royaltes do petróleo.

Mesmo assim infelizmente, esse povo, não enxerga e continua, votando nessa corja.

Roberto Moraes disse...

O debate sobre o assunto é grande e julgo interessante.

Abaixo trago conversa rápida com o Clínio Amaral, ex-aluno e petroleiro que agora atua na Tailândia.

Clinio Amaral Bom Jesus do Itabapoana na frente de Campos...
há ± 1 hora · Curtir (desfazer) · 1

Roberto Moraes Sim Clínio, a evolução do IDH de Bom Jesus foi: o,490; 0,625; 0,732. O fato reforça a interpretação dos dados do IDH, onde a média, quando há menos riqueza e pobreza tende a ser melhor do que a maior desigualdade, resultando em melhor qualidade de vida...Ver mais
há 47 minutos · Curtir · 1

Clinio Amaral Me impressionou o fato de BJI estar evoluindo assim em termos de IDH. Sempre passo por aquele municipio e a impressao que eu tenho é que tudo está como sempre esteve. Bom ver o municipio trabalhando nos bastidores, sem muita firula ou pompa.
há 18 minutos · Curtir (desfazer) · 1

Roberto Moraes A questão Clinio é que este indicador acaba trabalhando com outra concepção de desenvolvimento. Com os índices de gente (educação, saúde e renda) ele não fica preso exclusivamente na dinâmica econômica a não ser com renda. A gente tende a conceber uma ideia de civilização que é urbana e industrial somente. Por isto a estranheza que é bem percebida, mas não é apenas sua. Dá um bom debate!
há 14 minutos · Curtir · 1

Clinio Amaral Dá sim, até pra percebermos que para um municipio ter um bom IDH nao significa necessariamente que precise ter sucesso de arrecadacao.
há 11 minutos · Curtir (desfazer) · 1

Roberto Moraes nem grandes dinâmicas econômicas. mas se não tiver bolsões de miséria e pobreza e tiver educação a coisa avança, menos às vezes, mas avança. O indicador tem suas limitações. Percebe-se que os IDHs na medida que evoluem ficam todos muito próximos.
há 9 minutos · Curtir · 1

Anônimo disse...

Continuo afirmando que esses politiqueiros de 5ª tem que ir para cadeia!. Não falei que são eles que elaboram esse índice,até pq. se fossem, os resultados (manipulados) certamente seriam outros. Mas o que esse IDH revela? Não é fruto das administrações públicas? Então, cadeia neles!

douglas da mata disse...

Roberto, corro o risco de falar besteira.

Não há espanto nas conclusões apontadas e debatidas por você.

O avanço do IDH nas cidades mais pobres, revela o seguinte:

Um bom IDH é resultado combinado:

01- das intervenções políticas para diminuir as diferenças e desigualdades locais, através do uso dos pequenos orçamentos na preparação e concertação da vida social das cidades, ou seja: ação estatal para prover saúde, educação, etc;

02- ou uma forte regulação e intervenção da ação estatal nas desigualdades provocadas pela concentração brutal de renda que advém da maior dinâmica das economias locais, como e o caso de Campos dos Goytacazes e outras encharcadas pelo dinheiro da atividade extrativista.

Um exemplo clássico está aí no V Distrito de SJB, onde uma ingerência brutal do capital e sua dinâmica vai desarranjar estruturas locais e seculares, jogando comunidades inteiras no abismo sócio-econômico.


Uma conclusão que também pode ser retirada destes números é que as ações do governo federal na diminuição da pobreza tiveram muito mais efeito, se olharmos a disparidade de avanços entre BJI e Campos, por exemplo, que a enxurrada de royalties, ou a explosão de Macaé.

Enquanto pequenas porções de renda, e o acesso a programas básicos de atendimento refletem, ainda que de forma demorada, mas consistente, a exclusão e segregação provocada pelo avanço desenfreado do mercado e do capital são devastadores.

São os fatos.