Uma das principais reclamações dos mineiros, além dos impactos das movimentação de terras para extração de minério nas minas, da construção de perigosas barragens de rejeitos é o uso da água para transportar o minério, sob a forma de pasta, nos minerodutos, até o litoral, onde a mesma é desidratada (e filtrada). Assim, o minério volta à forma de pó ou pelotas, para ser embarcado e exportado nos portos.
A água considerada cada vez mais como elemento estratégico para o desenvolvimento de qualquer comunidade é ainda mais importante para a atividade agrícola. Assim, as comunidades rurais são definitivamente impactadas, pela subtração dos recursos hídricos em grande quantidade.
Outra alternativa para o transporte do minério de ferro é a via ferroviária, como acontece nas minas de Carajás, no estado Pará. De lá o minério sai por trem até o litoral do Maranhão, para ser exportado, no Porto de Itaqui.
Segundo a Associação Brasileira de Mineração (ABM) a diferença de custos na logística de transporte de minério de ferro por tonelada, através de ferrovia é de R$ 25, enquanto no mineroduto é de apenas R$ 1,50.
Enquanto os custos de extração interessam aos empresários do setor extrativo, de outro, a população e as comunidades do entorno dos empreendimentos sofrem e sequer são ouvidas.
No último final de semana no Açu, no 2º Encontro de Resistências ao Projeto Minas-Rio, o problema do uso e do escasseamento da água foi um dos principais problemas citados por representantes da comunidade da região de Conceição de Mato Dentro, MG, município onde está a mina e local da saída do mineroduto de 525 quilômetros que chegará ao Porto do Açu.
Promotores, defensores públicos e deputados mineiros estão junto com as comunidades locais exercendo pressão contra a forma com que todo este processo vem sendo conduzido. Ainda sobre o assunto leia mais aqui, aqui e aqui.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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