terça-feira, agosto 27, 2013

Empresa espanhola Acciona dá desconto de quase metade da dívida de R$ 500 milhões da OSX

Veja abaixo a notícia da revista Exame:

"Acciona dá desconto de R$ 200 milhões para calote da OSX"
"Dos R$ 500 milhões que o estaleiro devia à companhia espanhola, cerca de R$ 300 milhões serão pagos até 2017"

Na semana passada, a OSX comunicou ao mercado que havia chegado a um acordo com sua principal fornecedora Acciona, mas não detalhou as condições do ajuste. Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, desta terça-feira, a companhia espanhola teria concedido um desconto de pelo menos 200 milhões de reais no calote do estaleiro de Eike Batista.

De acordo com a reportagem, o pagamento dos 300 milhões de reais de débitos restantes deve ser feito em 36 parcelas, que serão pagas a partir do próximo ano.

Em junho, rumores de que a OSX estava devendo 500 milhões de reais à Acciona vieram à tona. Na ocasião, o estaleiro negou qualquer irregularidade. “A notícia sobre suposto crédito não honrado pela OSX junto ao fornecedor Acciona é falsa", afirmou a companhia em comunicado.

A Acciona era responsável pela construção do píer da OSX no porto do Açu, em São João da Barra, no Rio de Janeiro. Há indícios, no entanto, que as obras estão paralisadas."

Comentário do blog:
O caso das relações da empresa espanhola Acciona com a empresa OSX do grupo EBX merecia um estudo mais detalhado. Se fosse um contrato no setor público já estaria sendo esmiuçado.

Imagina que no auge do contrato entre a Acciona e a OSX, centenas de trabalhadores que atuavam nas obras do estaleiro junto ao Porto do Açu informaram que ganhavam sem trabalhar (veja postagem aqui do dia 10 de maio de 2013).

Muitos destes trabalhadores de origem nordestina alegaram que ficavam no alojamento na localidade do Açu (11 pavilhões - veja aqui postagem sobre problemas nos alojamentos) e que nunca pisaram no canteiro de obras. Outros que trabalhavam reclamaram sobre as anotações erradas de horas extras. Estranho, uns ganhavam sem trabalhar, outros faziam horas extras e reclamavam sobre a tabulação destas. Fizeram greve. Todos suas reivindicações foram consideradas justas.

O Ministério do Trabalho e do Emprego em mesa de negociação viu a empresa aceitar diversas exigências básicas dos trabalhadores, durante suas paralisações. (vide postagem aquiaquiaqui, aqui e aqui)

Depois de tudo isto, a empresa espanhola sustentou por mais de um mês os trabalhadores parados em casa, pagando os seus salários enquanto aguardava o desfecho sobre o prosseguimento ou não das obras do estaleiro. (veja aqui)

A Acciona fez várias reuniões junto com o Sindicato de Trabalhadores da Construção Civil de campos e região no campo do Goytacaz, local que considerou apropriado para caber cerca de 2 mil trabalhadores.

Na região do Açu, muitos pequenos comerciantes ficaram com créditos a receber da empresa espanhola. Alguns estavam sendo ressarcidos, outros não.

Depois de todas estas questões, o estranhamento se amplia quando a empresa diz que abre mão de R$ 200 milhões de um crédito de R$ 500 milhões, ainda assim, para receber em parcelas divididas por quatro anos, até 2017.

Confesso que mesmo acompanhando todo este processo, eu tenho imensa dificuldades em compreender os seus meandros. Assim, eu deixo para os leitores do blog, ou para ex-trabalhadores da empresa espanhola, que talvez possam explicar o que as nossas vistas não alcançam.

9 comentários:

Muchuango disse...

E você crê que a Acciona saiu no prejuízo Roberto?

Roberto Moraes disse...

É evidente que não.

O que só realça a forma "estranha" de obter lucro entre as corporações, que muitas vezes dizem tratar-se apenas de problema no setor público.

Muchuango disse...

Creio que não é bem assim, aquela parada repentina no mês de maio já foi reflexo das negociações sobre o dito cujo pagamento e foram feitos todos os levantamentos pelo contratante que com certeza provou por a+b que o devido seria este valor... Um pouco de dedução com um muito de conhecimento dos fatos. Nem tudo é o que se pensa ou o que se ouve, rs!

Roberto Moraes disse...

E nem o que se escreve, rs.

A falácia da eficiência privada fica em check quando não se tem controle, ainda mais em se tratando de obras de infraestrutura.

Centenas de pessoas ganhando sem trabalhar no alojamento, no Farol e depois em Campos foi fato.

De onde saiu este dinheiro e quem perdeu não é difícil imaginar. É fácil saber quem ganhou.

Muchuango disse...

Como falácia meu caro professor, se alguém ganhou dinheiro ilegal, eu não tenho como saber, mas com certeza no setor privado é bem mais controlado em todos os seus gastos e procedimentos especialmente nesta obra, e digo mais: Empresa privada visa lucro, e quem quer ter lucro não joga dinheiro no "ralo", o que posso afirmar é que profissionais com pouca experiência em obras de grande porte foram exportados da Espanha e... Isso eu vi!

Anônimo disse...

Prezados,

Acho possível que a manutenção de contratados no alojamento, sem efetivamente trabalhar, talvez tenha por razão o cumprimento de algumas obrigações acessórias em TAC com o Ministério Público do Trabalho.

Assim, desconfio que o motivo não seja nem ineficiência e nem excesso de bondade por parte dos espanhóis: simplesmente fizeram análises (não saberia informar se decorrente de pressões da contratante ou não) e averiguaram q seria menos custoso manter alguns contratados no alojamento do que pagar multas milhionárias e ainda ter auditores do trabalho e o próprio MPT vigiando seus passos...

Ressalto que essa é apenas uma hipótese, porém como não debati profundamente essa questão com aqueles que a deliberaram, não posso garantir que seja a principal razão...

Anônimo disse...

Queridos negociações em obras entre empresas privadas são mais "corretas" do com obras publicas. A Acciona e a OSX não podem assumir os "fiados" dos trabalhadores q atuaram no estaleiro, assim como a OSX e Acciona assumiram os riscos do emprendimento os comerciantes locais tambem tem q assumir e aguentar os prejuizos.

Roberto Moraes disse...

Sobre o comentário das 07:04,

Desculpe mas considerar que os "fiados" são riscos a serem assumidos pelos pequenos é repugnante.

Depois ainda querem estimular as pessoas a serem empreendedoras? O que a afirmação sugere é que as espertezas e malandragem são partes dos negócios.

Isto seria a confirmação de que o papo de responsabilidade social é conversa para boi dormir.

Isto é uma involução que segue em caminho contrário do que chamam de ética nos negócios.

Então nesta busca expansionistas vai-se pisando em tudo e todos.

Anônimo disse...

Roberto, sempre vejo o seu blog q muito acrescenta sobre as informações locais. Espertezas e malandragens são riscos para qualquer negocio, porem quando me refiro sobre Acciona e OSX acredito firmemente que ambas iram assumir e quitar suas dividas. Porem os funcionários q ficaram devendo nos comércios locais não podem ser considerados de responsabilidade da Acciona e OSX.