A tabela abaixo mostra os dados de 2012. Interessante observar que o peso da indústria é maior na Alemanha do que nos EUA. A tabela omite a situação na China.
No Brasil o peso do setor industrial é de 13,9% no PIB, sendo que 4,0% isto é da indústria do metalúrgica e metal-mecânica que tem grande peso de arrasto sobre outros indústrias.
O México empata com o Brasil com o peso de 13,9%, de Peru, Chile e Colômbia. Aliás, o Chile é um caso interessante. Um país muito ligado à exportação de cobre e frutas, mas com um setor industrial decrescente que hoje tem um peso de apenas 10,2% em sua economia.
O Chile foi um país que radicalizou a visão neoliberal de enxugamento do estado e da carga tributária. O setor de extração mineral (recursos naturais) cria problemas ambientais, são ligadas a grupos estrangeiros e resistem a aumentos de impostos. A carga tributária no Chile é de 20% do PIB, contra 29% da Argentina, 27% do Uruguai e 36% do Brasil.
Assim, o Chile tem dificuldades de investir em educação pública e novas infraestruturas. Desta forma com energia elétrica com alto valor o gargalo chileno vai apertando, ao contrário do que sempre se falou.
Hoje, os custos de produção da indústria chilena aumentaram com o aumento dos custos de energia elétrica e assim perde competitividade. O preço médio da energia elétrica (MWh) no Chile é US$ 137, com tendência de alta, enquanto no Peru na faixa dos US$ 25.
Interessante observar como algumas premissas defendidas muito recentemente estão sendo paulatinamente descartadas, noque diz respeito ao que se pretendeu como estado mínimo.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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8 comentários:
Bom dia Roberto, ouvi falar algo sobre o aeroporto de farol mas nada concreto, uma reunião me parece que houve na base de farol do heliporto e o assunto era a construção do aeroporto algo sobre licitação, fiquei curioso , será que vc em seus meios de amigos não teria como nos informar melhor , grato.
Roberto, o percentual da indústria no Pib não faz um país melhor ou pior do que outro. Se a China estivesse no gráfico, veríamos um caso de indústria forte com qualidade de vida ruim.
Em contrapartida aparece Nova Zelanda, com participação menor da indústria do que vários paises, sendo que ninguém poderia afirmar que nesse país se vive pior do que no Peru ou Mexico, por exemplo.
Também é bom lembrar que o Chile bate quase todos os países da América Latina, no que diz respeito ao IDH. Pode até ser uma economia de estado mínimo, mas, dos últimos 24 anos, 20 foram de governo de esquerda.
Sobre o comentário das 11:06 vamos tentar descobrir.
Sobre o comentário do Gustavo,
Não disse que um país, um estado ou cidade são melhores ou piores com mais ou menso industrialização. Esta interpretação é sua.
Aliás, seria bom que pudéssemos viver sem elas, mesmo que para isto tivéssemos que abdicar dos produtos que elas fabricam e, principalmente dos empregos que elas geram.
O que interpretei a partir dos dados é que na economia isto tem um peso importante. Os economistas chamam isto de capacidade de arrasto que o setor extrativo não possui.
Verdade que o Chile possui bons indicadores de IDH, até pela baixa população que possui. Porém, o que estou intuindo na leitura dos dados é que o Chile vive uma encruzilhada.
Radicalizou o estado mínimo, que pelo jeito você defende, como ideal de sociedade, como o Estado refém das corporações.
Reduziu os impostos, assim, com baixa arrecadação e com os limites da extração e com a maioria dos serviços públicos pagos, começa e perceber gargalos para manter uma estrutura que mesmo desigual, era menos desigual que outros países de grande extensão territorial e enorme população como o nosso.
Viver no Brasil e querer médias (repito médias) de qualidade de vida de países nórdicos não parece uma boa comparação.
A base econômica do Chile nasceu com o viés neoliberal por essência, passou por governos social-democrata e outros, mas manteve este consenso neoliberalizante, hoje contestado mundialmente, até por quem vê no capitalismo o ideal de sociedade e o indivíduo como princípio de liberdade, mesmo com as denúncias do Edward Snowden e Cia Ltda.
A discussão que no Brasil é entoada por estes neoliberais é que o país se desindustrializou e vem se reprimarizando, com a exportação de commodities minerais e do agronegócios, embora possua uma base industrial significativa, neste sentido, no Chile o caso é mais grave, porque a exportação de cobre tem seus limites. Para modernizar sua economia precisará de investimento em educação e com tributos de 20%, isto não poderá ser feito pelo Estado, assim só os que tiverem dinheiro ascenderão a esta situação com risco de ampliar as desigualdades, hoje, relativamente administradas.
O debate é amplo, o contraditório necessário, mas, precisamos não perder de vista comparações que façam sentido na avaliação de cenários futuros.
Particularmente, meu interesse no tema versa sobre o potencial do continente como um todo e não específico de nações.
Mesmo com deficiências de informações e consequentemente de análises, eu vejo que a América do Sul como exportadora de commodities minerais deveria, de alguma forma ter uma atuação conjunta e complementar para valorizar o que tem, negociar em melhores bases e se complementarem na economia com políticas de cooperação amplas, que passam também pela educação.
Esta análise passa pela discussão da questão de logística (portos) e pela questão do petróleo e toda a geopolítica que ele já está modificando.
Abs.
"Radicalizou o estado mínimo, que pelo jeito você defende, como ideal de sociedade, como o Estado refém das corporações."
Roberto, fez muitas suposições numa única frase...
Agora, qual é o problema de viver no Brasil e querer médias de qualidade de vida de países nórdicos? Por ser sul americano tenho que baixar o meu nível de pretensão?
Minhas observações partiram da sequencia de raciocínio do seu post, onde começa com a participação da industria em cada país e finaliza com a situação econômica do Chile e, segundo você, tem um futuro incerto (enquanto, repito, o seu presente é muito melhor do que quase o resto de AL).
Gustavo,
A meu juízo você tem razão nas afirmações primeiras, embora sob o ponto de vista da segunda, penso, que a prioridade seja reduzir as desigualdades.
Além da média ser sempre complicada, mais que elevar a média, eu preciso incluir socialmente milhões, que no nosso caso é a grande maioria.
Desejar e trabalhar para melhorar é do ser humano, mas, há que se ter um pé na realidade, sob o ponto de vista, de transformarmos nossos desejos em panaceias.
Quanto à terceira afirmação entendo que a postagem permite diversas análises.
Também é verdade que o mote principal da nota é o peso da participação do PIB industrial nos países listados, tendo como consideração o que já comentei acima, sob a capacidade de arrasto que este setor de atividade tem sobre toda a economia. Gostando ou não disso.
A segunda discussão que juntei na primeira é sobre o Chile, que pelo visto temos posições divergentes, embora consideremos que possui um patamar diferenciado em relação a outros países sulamericanos.
Reconheço ainda que não parece adequado estas comparações entre países seja em nosso continente ou noutro.
As distinções são muito grandes e com processos históricos bem diferentes. Em algumas situações é quase como comparar laranja com banana.
É verdade que fazemos isto com muita frequência, seja entre países, estados ou municípios. É a forma que se tem para ajudar nas avaliações. Porém, parece mais adequado comparar a mesma coisa com ela própria ao longo de um período de tempo identificando numa série histórica em que se melhorou ou piorou.
Prof., esse dados camuflam outras questões. Grande parcela dos empregos na indústria não são do setor secundário, mas sim do terciário, como a área administrativa e de escritorios. A linha de montagem emprega pouquissimos trabalhadores, portanto é uma farsa esses dados, pois empregos do setor terciário são contabilizados como secundário. Sem contar que esse dado não retrata uma industrialização consolidada, pois o país pode ser altamente industrializado, porém com indústrias de baixo valor agregado, como indústrias de chinelo ou de goiabada. Esses dados são obscuros e não retratam a realidade.
A(o) comentarista das 05:41,
Você levanta questões interessantes que remetem a um debate mais profundo.
Primeiro se refere à reestruturação produtiva que com a automação e as novas formas de organizar o trabalho vem reduzindo sistematicamente a necessidade de gente para produzir coisas.
Este é um fato,mas, isto também vale para as atividades de gerenciamento e de atividades meio. Isto vale para o setor de contabilidade, RH que hoje necessitam como nos bancos de muito menos pessoas, favorecendo sempre, ou quase os detentores dos meios de produção que assim ampliam seus lucros.
Há no entanto, uma questão a ser considerada que é um debate permanente entre os economistas, sobre a capacidade de arrasto da atividade industrial sobre o setor terciário.
Os setores que você se refere existem porque há a fabricação de produtos, enquanto há serviços que existem por si só, sem necessitar do fabrico de produtos, por exemplo, o turismo, que não por acaso, passaram a chamar de indústria. Isto se dá até pela sua capacidade de arrasto, por exemplo, roteiros turísticos independente do tipo (natureza, histórico, rural, de eventos, etc.) precisarão de hotéis e pousadas, etc.
Quanto a indústrias que você chama de baixo valor agregado entendo que há uma ampla discussão.
A agregação de valor é um conceito também dos economistas e muito ligados ao capitalismo em que tudo é mercadoria que para gerarem mais lucros precisam ter mais valor, daí o conceito de agregação de valor que pode ser real ou simbólico ou irreal ou fruto de marketing, que é outra atividade que pode ser chamada de serviço, mas que não existiria se não tivesse um produto a ser comercializado.
Assim, concordo que estes dados nunca são absolutos e corretos, mas vistos pelo lado relativo e menos comparativamente entre nações, estados ou municípios, mas, para análise de períodos diferentes de tempos servem para apontar para onde se está caminhando.
Há economistas (vou citar um Robert Gordon) que consideram que no presente vivemos o limiar da limitação do crescimento econômico, porque a 1ª Revolução Industrial com o vapor gerou um século de arrasto na economia. A mesma coisa ocorreu com a 2ª RI com a eletricidade que arrastou novidades por outro século. Já a 3ª RI a informacional que vivemos está modificando a maneira de viver, profundamente, mas, em termos de novos produtos gera quinquilharias que se repetem, como os eletroeletrônicos que vemos.
Sei que o tema é discutível, mas, se insere na lógica de que a indústria com reestruturação produtiva está gerando situações não imaginadas há 2 séculos atrás quando do início do capitalismo na Inglaterra.
Este é um bom debate.
Sds.
Professor:
Há também que se considerar o novo paradigma produtivo que começa a se difundir nas principais economias do mundo. É a indústria altamente tecnológica, com poucos funcionários, mais flexível, despadronizada, experimentalista. Esta tendência é a alternativa para muitas de nossas pequenas empresas, que são nossos agentes econômicos mais importantes. Empregam pouco mas como o senhor mencionou possuem elevada capacidade de arrasto da economia.
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