Mister K no mundo X
Ricardo Knoepfelmacher assume gestão da EBX de forma radical: demite executivos, reavalia contratos e começa a buscar uma saída para a OGX
Por Rosenildo Gomes FERREIRA
Em junho de 2009, o economista Ricardo Knoepfelmacher, 47 anos, confidenciava aos amigos que sentia saudades do tempo em que estava às voltas com desafios corporativos de todos os tamanhos. Um dos maiores encontrados em sua trajetória como executivo de alto escalão foi a reestruturação, bem-sucedida ao final, da operadora de telefonia Brasil Telecom. Hoje, pode-se dizer que suas preces foram atendidas e ele não tem do que reclamar. Desde 28 de agosto o executivo, que também é sócio fundador do fundo de investimentos Angra Partners, passou a dar expediente no tradicional edifício Serrador, no número 14 da praça Mahatma Gandhi, no centro do Rio de Janeiro.
É lá que está situado o quartel-general do mundo X, o conglomerado de empresas criadas pelo empresário Eike Batista. Caberá a Ricardo K, como ele é mais conhecido graças ao sobrenome praticamente impronunciável, reorganizar a gestão da holding que controla a petroleira OGX, a mineradora MMX, o estaleiro OSX, a empresa de logística LLX e a companhia de energia MPX. Sua prioridade é recuperar a credibilidade do grupo EBX e de seu controlador junto ao mercado e aos credores de um passivo estimado em R$ 25 bilhões.
Apesar de ser visto como uma prova de que Eike está disposto a salvar o mundo X, a chegada de Ricardo K causou um verdadeiro terremoto na sede do grupo.
Também levantou suspeitas sobre o rompimento de Eike com o banqueiro André Esteves, controlador do BTG Pactual, que, em março, assinou contrato para assessorar o empresário a encontrar compradores para suas empresas. Procurados, nenhum deles quis conceder entrevista. De acordo com fontes que privam da intimidade do trio, Esteves teria sido consultado e aprovou a entrada de K no negócio. “Caberá a ele reestruturar o sistema de gestão do grupo”, afirma a fonte. “O mandato para a venda da MPX, MMX e LLX continua com o BTG.” Carioca, Knoepfelmacher é casado e pai de três filhos. Graduou-se em economia pela Universidade de Brasília e possui especialização na Thunderbird School, dos Estados Unidos.
Workaholic assumido, sua jornada diária de trabalho não é inferior a 12 horas. Esse período tem sido utilizado para esquadrinhar cada contrato e definir as mudanças. A dança das cadeiras não vem poupando nem “queridinhos” de Eike, como Aziz Ammar, o tunisiano apresentado como o interlocutor dos fundos de investimento de países árabes. Marcelo Horcades, diretor da EBX, também recebeu o bilhete azul, e a lista poderá incluir Luiz Carneiro, presidente da OGX. A combalida petroleira vem ocupando quase a totalidade do tempo de Mister K.
Na sexta-feira 6, um comunicado no site da empresa anunciava que a diretoria da OGX exigiu que Eike exercesse a “put” de US$ 1 bilhão. Desse total, US$ 100 milhões teriam de ser desembolsados imediatamente. A manobra é vista como uma forma de evitar a insolvência da companhia, além de sensibilizar os credores a conceder mais prazo para quitação da dívida de US$ 3,6 bilhões. É difícil saber até onde vai a autonomia do consultor-interventor. Batista já tentou, sem sucesso, deixar o dia a dia da companhia. “Eike é o que se pode chamar de autocrata benevolente”, diz o especialista em gestão e sucessão de empresas familiares, Ronaldo Da Matta, dono da RM Consultoria. “Ele delega, mas não tem paciência para esperar os resultados.”
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