sábado, novembro 30, 2013

Datafolha: "Dilma cresce e oposição encolhe"

A manchete é do Folha Online:

Dilma cresce e oposição encolhe, aponta Datafolha


De junho para cá, os pré-candidatos a presidente fizeram o possível para recuperar a popularidade perdida por causa do abalo provocado pelas manifestações de rua em todo país. Por enquanto, só a presidente Dilma Rousseff segue em trajetória ascendente. A oposição oscila entre bons e maus momentos, e agora encolheu um pouco mais, segundo o Datafolha.

FERNANDO RODRIGUES - DE BRASÍLIA

Dilma ou seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, ambos do PT, lideram a corrida presidencial em todos os cenários mais prováveis para 2014 --o Datafolha testou nove combinações de nomes.

A presidente pontua de 41% a 47%, dependendo de quem são seus adversários. Lula oscila de 52% a 56%.

O Datafolha entrevistou 4.557 pessoas em 194 municípios na quinta e na sexta-feira. A margem de erro máxima é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Apesar do conforto momentâneo que oferecem a Dilma, os eleitores emitem um sinal contraditório para a petista. Dois terços dizem preferir que "a maior parte das ações do próximo presidente seja diferente" das adotadas por ela.

Entre todas as simulações com os nomes dos pré-candidatos, o cenário que parece mais provável hoje é também aquele em que Dilma está mais bem colocada. Ela tem 47% contra 19% de Aécio Neves (PSDB) e 11% de Eduardo Campos (PSB). Em outubro, ela pontuava 42%. O tucano tinha 21% e o socialista, 15%.

Nesse cenário, o percentual de eleitores que vota em branco, nulo ou que se diz indeciso ficou inalterado em 23%, de outubro até agora. Ou seja, a petista cresceu extraindo votos dos dois adversários diretos nesse período. Ganharia no primeiro turno.

A presidente só não venceria hoje a eleição na primeira votação nos cenários em que Marina Silva aparece como candidata. Ocorre que a ex-senadora se filiou ao PSB e não é certo que vá concorrer como cabeça de chapa nas eleições do ano que vem.

Numa das simulações, a petista fica com 41% contra 43% dos outros dois adversários somados (Marina registra 24% e José Serra 19%). Mas Dilma está se recuperando. Em outubro, tinha 37%, contra 28% de Marina e 20% de Serra.

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, testado num dos cenários, aparece com 15%, numericamente em segundo lugar. Dilma, com 44%, venceria no primeiro turno. Aécio teria 14%. Campos, 9%.

Diferentemente de Dilma, o ex-presidente Lula venceria a disputa no primeiro turno nos quatro cenários em que seu nome aparece --inclusive contra Marina e Serra.
Editoria de arte/Folhapress

sexta-feira, novembro 29, 2013

O turismo numa outra perspectiva

A breve matéria é também do Outras Palavras. Uma ideia simples e interessante numa relação biunívoca. Confira:


Outro turismo também é possível


Ao invés de hotéis convencionais e relações intermediadas por dinheiro, redes propõem hospedagem rural gratuita, em troca de trabalho e com vasto intercâmbio cultural
Por Taís Gonzalez
Em poucas atividades humanas, a mercantilização é tão empobrecedora quanto no turismo convencional. A experiência cultural e o prazer que poderiam desenvolver-se a partir do contato com outras geografias, etnias, idiomas, formas de estar e ver o mundo é esterilizada pela intermediação onipresente do dinheiro. Hotéis quase sempre padronizados procuram reproduzir a atmosfera de conforto burocrático a que o visitante está acostumado em sua cidade de origem. Tours levam sempre aos mesmos “cartões postais”. O diálogo com a população local limita-se à compra e venda de objetos. As consequências ambientais da criação de infra-estruturas turísticas são frequentemente dramáticas.
Uma alternativa a esta roda-viva está se popularizando com rapidez, nos últimos anos. É barata e promove trocas culturais intensas. São as hospedagens em fazendas alternativas e ecológicas, promovidas por redes como a Wwoof (sigla em inglês de Oportunidades Mundiais em Fazendas Orgânicas), Growfood,WorkAway e Helpx. Por meio delas, o visitante hospeda-se de graça em propriedades rurais (quase sempre cooperativas) que rejeitam o conceito deagribusiness. Retribui-se com trabalho, também enriquecedor. Convive-se. Há destinos assim em dezenas de países do mundo, inclusive o Brasil. 
Não é, propriamente, uma novidade. A Wwoof, pioneira, surgiu na Inglaterra, em 1971, quando Sue Coppard, uma secretária londrina, passou a dedicar parte de seu tempo à tarefa de colocar alguns amigos em contato com uma fazendabiodinâmica em Sussex. A moda pegou, e em alguns anos surgia a Willing Workers on Organic Farms (Trabalhadores Voluntários em Fazendas Orgânicas). Como as autoridades migratórias (e certos sindicatos) de alguns países alegavam competição com trabalhadores locais, o nome da rede foi mudado.
Mas foi após a internet que a iniciativa ganhou asas: tornou-se possível buscar hospedagem do gênero em qualquer parte do mundo. Surgiram novas redes.
Para fazer parte da Wwoof [veja suas iniciativas no Brasil], basta inscrever-se no site, pagando uma anuidade, escolher seu destino e entrar em contato com os possíveis anfitriões. Você determina o tempo que quer ficar. A maioria das fazendas pedem que permaneça ao menos uma ou duas semanas, mas é possível conversar a respeito.
O tipo de trabalho também depende do local, mas você poderá colher uvas, aprender sobre culturas orgânicas, ajudar a montar um sistema de irrigação. O tempo de trabalho pode variar de seis a oito horas. O mais importante é certificar-se com os proprietários, de antemão, quantas horas você terá que contribuir por dia. E, claro, tomar as mesmas precauções que normalmente levaria se ficar com estranhos.
Outras redes:
Growfood – Semelhante a WWOOF, Growfood tem como missão treinar uma nova geração de agricultores sustentáveis.
Workaway – Criada para promover uma melhor compreensão cultural em todo o mundo, colocando viajantes de baixo orçamento em contato com organizações e indivíduos à procura de uma mão amiga.
HelpX – Lançado em 2001 o site lista fazendas, pousadas, albergues e outros tipos de acomodações que procuram voluntários de curto prazo em troca de refeição e alojamento.
CouchSurfing – (CS) é um serviço de hospitalidade urbana, com base na Internet com o objetivo de oferecer intercambio entre pessoas e culturas diferentes. Em 2012 o projeto atingiu a marca de 1 milhão de membros em mais 180 países e territórios.

Obsolescência programada na produção capitalista contemporânea

Leia abaixo o artigo publicado no blog hospedado no ótimo portal "Outras Palavras" do "Ponto de Cultura - Escola Livre de Comunicação Compartilhada" sobre o tema:

"Benito Muros enfrenta a obsolescência programada"
"Após lançar lâmpada que dura cem anos, espanhol quer debater uma das práticas mais difundidas – e devastadoras – da produção capitalista contemporânea - Por Cibelih Hespanhol

Em 1999, quando o espanhol Benito Muros visitou o quartel de bombeiros de Livermore, na Califórnia, conheceu uma lâmpada que está acesa há 112 anos no local. E iluminou-se numa ideia: “Se em 1901 foi produzida uma lâmpada que dura mais de cem anos, por que não agora?”.

Foi então que Muros compreendeu o conceito de obsolescência programada – as lâmpadas no século XXI, e uma infinidade de outros produtos, não duram e não interessa que durem – simplesmente para que o consumidor precise comprar mais, fazendo lucrar as corporações. Benito conta em entrevista: para demonstrar que tal prática não é inevitável, resolveu fabricar sua própria lâmpada. Assim foi produzida a OEP Eletrics, que possui garantia de 219 mil horas de funcionamento e gasta 70% menos energia que as lâmpadas fluorescentes convencionais. Também propôs um movimento chamado Sem Obsolescência Programada.

Muros afirma que tem sido ameaçado de morte. É carismático e às vezes controverso. Seja como for, sua iniciativa ajuda a lançar luz sobre uma prática capitalista cada vez mais anacrônica e devastadora e, no entanto, cada vez mais empregada. A obsolescência programada surgiu há quase cem anos, no coração da indústria automobilística. Em 1924, diante de uma das primeiras crises de estagnação da venda de carros novos, Alfred Sloan Jr, executivo-chefe da General Motors, teve a ideia de mudar, a cada ano, algumas das características dos modelos fabricados. Foi amplamente criticado – inclusive por Henry Ford, para quem a nova prática prejudicaria a produção em escala.

Mas sua iniciativa mudou a indústria. Aos poucos, dezenas de pequenos produtores de automóveis fecharam as portas, por não poderem pagar os custos de design e reprogramação das fábricas implicados. A GM ultrapassou a Ford, assumindo a condição de principal fabricante norte-americana e mundial. Mais tarde, durante a depressão econômica vivida pelos EUA nos anos 30, o industrial Brook Stevens teria inventado o jargão: “um produto que não se desgasta é uma tragédia para os negócios”.

Na indústria automobilística, lançar um modelo a cada ano tornou-se prática quase obrigatória. Mas obsolescência programada esparramou-se rapidamente por todos os ramos da produção capitalista. Uma de suas marcas contemporâneas são as imensas filas formadas, em lojas de todo o mundo, nas noites de lançamento de novos modelos do Ipad. Não é preciso muito para compreender suas consequências ambientais, num mundo de recursos finitos e produção incessante de lixo.

O espanhol Muros persevera. Para ele, as ameaças (e as dificuldades em encontrar intermediários para a venda das lâmpadas) não são um problema: “Meu objetivo não é vender, mas sim chamar atenção para a necessidade de mudar o nosso sistema econômico atual, baseado no consumo e no desperdício, no deitar fora e comprar. Não fiz isto para vender lâmpadas. Apenas para dizer ao mundo que as coisas podem ser de outra forma, sem enganar ninguém, sem destruir o planeta e sem usar recursos de que não se precisa”.

Quanto à lâmpada de Livermore, que inspirou Muros e é considerada um verdadeiro destino turístico, vale ressaltar: as câmeras webcans que a vigiam diariamente já precisaram ser trocadas."

quinta-feira, novembro 28, 2013

Técnicos de Tecnologia da Informação (TIC) que prestam serviços para a Petrobras reclamam de "demissões bárbaras"

Abaixo o blog publica a reclamação de um dos milhares de técnicos de informática ou TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) que prestam serviços terceirizados para a Petrobras. Por razões evidentes, o blog não vai divulgar seu nome. Ele sugeriu a leitura de um manifesto escrito pelo engenheiro Célio Franco e publicado no site da Federação Nacional dos Petroleiros (FUP)* (ver atualizações) que o blog decidiu também publicar. O blog abre espaço para que gerentes da empresa possam se manifestar sobre as reclamações:

"Estou lhe enviando este manifesto:
http://fnpetroleiros.org.br/?p=5600

Sobre a grande covardia que vem acontecendo em toda a TI da Petrobras. É vergonhoso! Totalmente contra os princípios e código de ética da empresa.
Contratados da TI sendo demitidos após mais de 15 anos de trabalho aqui dentro. Eles e suas famílias sendo despejados sem nenhuma dignidade e gratidão.

Você poderia ajudar a divulgar?
Obrigado e um abraço!"


Manifesto contra privatização e demissões bárbaras de contratados na TIC
Importante: este manifesto não é uma apologia aos desocupados ou crítica gratuita à empresa. Trata da defesa dos interesses da própria PETROBRAS e dos sagrados direitos dos empregados contratados, que têm emprestado a sua genialidade e esforço a esta empresa durante muitos anos, e merecem nosso profundo respeito, porque são Gente como a Gente, trabalhadores, e nunca serão meros serviços!
Enquanto a PETROBRAS investe milhões na grande mídia para difundir, em comemoração dos 60 ANOS o seu brilhante slogan, “GENTE é que INSPIRA a GENTE”, mais que inspirado…, que traz felicidade e até arrepia ao ouvir…
Enquanto o Código de Ética da PETROBRAS, em seus princípios, impõe enfaticamente já no item primeiro que: “O respeito à vida e a todos os seres humanos, a integridade, a verdade, a honestidade, a justiça, a eqüidade, a lealdade institucional, a responsabilidade, o zelo, o mérito, a transparência, a legalidade, a impessoalidade e a coerência entre o discurso e a prática são os princípios éticos que norteiam as ações do Sistema Petrobras”…
Enquanto entre os dez compromissos da Diretoria ETM, constam: “1. Conduzir nossas atividades com ética e transparência”… e “5. Cuidar das pessoas, preservar o meio ambiente e garantir a segurança operacional”…
Vemos na TIC um panorama muito diferente: (1) a INcoerência entre o discurso e a prática, que viola flagrantemente o Código de Ética… (2) a total falta de compromisso com o Cuidar das Pessoas e com a Segurança Operacional… o que destoa dos compromissos assumidos… enfim… vemos no ambiente atual da TIC, entre petroleiros e contratados, um cenário dantesco de demolição… fato lamentável e bárbaro… digno dos primórdios da revolução industrial…e da exploração do trabalho… perpetrado por verdadeiros “Snakes in Suits”… sem a mínima sensibilidade humana ou de gestão…
Mesmo que esse desmanche fosse necessário… e NÃO é… ninguém merece ser aterrorizado / demitido deste modo… nem o pior dos vagabundos… num final de ano e sem qualquer consideração…
Enfim, vemos de um lado, Profissionais fantásticos – contratados – com 8, 10, 12 ou mais anos de casa… muitos dos quais praticamente criados dentro dessas paredes e que deveriam ser PREMIADOS pela excelência do trabalho realizado…sendo jogados para fora… como TRAPOS VELHOS… Capital intelectual e Humano que é descartado de forma alucinada, sem o mínimo cuidado e respeito…
De outro lado, Jovens Petroleiros sendo coagidos por gerentes a sujar as mãos com o ‘sangue dos inocentes’… orientados a ligar o ‘sugador de cérebro’ em suas ‘vítimas contratadas’… com a ‘missão’ de conseguir absorver o conhecimento das mesmas em prazos de 2 a 6 meses… antes da degola… Um absurdo até mesmo técnico numa área de alta tecnologia, considerando-se as premissas básicas do que é uma “Curva de Aprendizado”… Além de um profundo tormento moral… a decisão entre NÃO obedecer e ser perseguido, tendo a carreira comprometida… OU obedecer e atentar contra a própria consciência e valores… e ainda mais… com o compromisso de guardar absoluto… SIGILO…
Será mesmo que tais ordens, que afrontam o Código de Ética e os Compromissos da ETM… merecem ser abrigadas pelo compromisso do… SIGILO ? Ainda em tempos de LAI (Lei de Acesso à Informação) ? Ou essas ordens merecem ser colocadas rapidamente sob a ‘luz da candeia’ que ilumina…? Afinal, existem ou não existem os compromissos reais com a transparência, com a coerência entre o discurso e a prática e com o Cuidar das Pessoas?
MUITO PIOR… em tempos de Espionagem Cibernética… até por potências estrangeiras ‘amigas’, enquanto a Presidente da PETROBRAS vai ao Senado da República garantir que a empresa está investindo bilhões em Segurança da Informação… a TIC joga fora parte dos PRINCIPAIS PILARES da segurança da informação: (1) os profissionais contratados que têm o conhecimento, comprometimento e que vestem a camisa dessa empresa há muitos anos… isso porque Segurança da Informação tem muito mais a ver com pessoas que com aquisição de Hardware e Software… e (2) a infraestrutura de TI, que está sendo PRIVATIZADA, colocando servidores, Storages, Bancos de Dados e Sistemas sob a administração de empresas terceirizadas… ou seja, o mesmo que colocar “Gambás para tomar conta de Galinheiros”… e cláusulas contratuais de sigilo (o OBAMA que o diga)… não garantem nem NUNCA garantiram nada nesse mister…
Portanto, esse manifesto BRADA POR QUEM tenha ouvidos de ouvir… olhos de ver…e poder para decidir e rever… no entendimento que “Buscar Inspiração nas Pessoas presume respeitar cada uma dessas pessoas e manter um ambiente onde todos se sintam felizes e motivados”… petroleiros e contratados… para a harmonia e o bem comum, a serviço de uma PETROBRAS cada vez melhor, construída por Mentes Brilhantes e Geograficamente Dispersas”…
1. Pela mudança imediata da estratégia atual, de desmanche e desrespeito ao trabalhador, prevenindo muitos prejuízos futuros à PETROBRAS…
2. Pelo respeito ao Código de Ética e aos Compromissos da ETM !!!
3. Contra a privatização disfarçada da TIC e de outras áreas da companhia…
4. Por uma primeirização verdadeira e consciente!
5. Pelo respeito e valorização que merecem os companheiros contratados, gente como a gente!!!
Artigo escrito pelo petroleiro Eng. Celio Franco, PMP/CRISC.

PS.: Atualizado às 15:34: Para corrigir que a publicação foi no site da FNP (Federação Nacional do Petroleiros) e não da FUP (Federação Única dos Petroleiros).
O blog aproveitou para indagar de sua fonte se sabia informar sobre a situação dos contratados via a CTIS empresa contratada para serviços de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) na Bacia de Campos. A CTIS empresa teria hoje entre 1 mil e 2 mil funcionários prestando serviços em Campos na Rua 13 de Maio, a grande maioria ex-alunos do IFF. 
Sobre a CTIS e outros assuntos sobre TIC a fonte do blog informou também:
"Em relação a CTIS, que funciona na 13 de Maio não tenho muita informação. Acho que por lá não tem mudado muita coisa. Até mesmo porque eles estão num formato de outsourcing mais definido desde o início. O problema que está acontecendo aqui, é que muitos dos contratados em todas as regionais estão sendo mandados embora e sendo substituídos por contratos de serviço externos. Então, a Petrobras não quer pagar mais por pessoa e sim por serviço. Na prática, acontece que a empresa que ganha este contrato de serviço, pode estar em qualquer lugar do país, e quer fazer MUITO mais com muito menos como também oferecem salários muito abaixo do mercado.

Tudo isso por causa do PROCOP:
http://www.investidorpetrobras.com.br/pt/destaques/procop-divulgacao-das-metas-de-reducao-de-custos-com-economia-potencial-de-r-32-bilhoes-no-periodo-de-2013-a-2016.htm

A nossa área é uma das mais afetadas. Pois hoje tem-se a ideia aqui que a TI é apenas "despesa" para uma empresa onde o negócio fim é petróleo. O que eu acho completamente errado... ... A Petrobras, como uma empresa que quer ser considerada "de ponta" e reconhecida internacionalmente, DEPENDE e muito de tecnologia pra isso. Não se pode simplesmente "desinvestir" em tecnologia e capital humano achando que está fazendo um bom negócio nesta altura do campeonato.

Abraço e obrigado mais uma vez!"


PS.: Atualizado às 15:58: Para corrigir a especificação do termo TIC que é Tecnologia da Informação e Comunicação como lembrou o Guilherme Almeida em seu comentário abaixo.

PS.: Atualizado às 23:58: Para corrigir no texto da nota a origem do manifesto como sendo da FNP e não da FUP.

Petrobras já arrematou 21 blocos no 12º Leilão da ANP

A Petrobras arrematou até agora 21 blocos, dos quais 12 sozinha e 9 em consórcio, na 12ª Rodada de Licitação de Blocos Exploratórios da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Até agora, a ANP ofertou blocos terrestes em oito setores, de cinco bacias sedimentares e arrecadou R$ 71,18 milhões em bônus de assinatura. A agência fez um intervalo na rodada, que deve recomeçar em instantes.

Ainda serão leiloados blocos de cinco setores em três bacias sedimentares: Sergipe-Alagoas, São Francisco e Recôncavo.
Fonte: Valor.

Parabéns aos torcedores do Flamengo pelo tri-campeonato

Abaixo a foto do meu filho Caio, ao chegar ao Maracanã, às 20 horas, para ver seu clube ser tricampeão da Copa do Brasil. Parabéns!

Parece que a torcida arco iris dos demais cubes ficou mesmo do lado de fora como o próprio, visto na foto.

O brocador, o Elias e os garotos entenderam o recado do "saber-fazer" do Jaime e do Cantarelli, enquanto o Mano Menezes... bom mano... o Flamengo é tri porque não entendia mesmo o que ele falava. Já o Jaime sabe o que é o futebol. Parabéns aos torcedores do Flamengo.

quarta-feira, novembro 27, 2013

Obras causam problemas na cidade mineira de onde sai o mineroduto para chegar ao Açu

O blog recebeu da Patricia Generoso a matéria publicada no jornal mineiro "Hoje em Dia" com informações sobre os problemas gerados no município de Conceição de Mato Dentro, MG, a partir da construção da infraestrutura da mina e no início do mineroduto no Quadrilátero Ferrífero:

Obras de mineroduto devastam Conceição do Mato Dentro
Samuel Costa/Hoje em Dia

Mineroduto Minas-Rio e mão de obra atraída para trabalhar na obra transformaram a cidade


CONCEIÇÃO DO MATO DENTRO  – Conceição do Mato Dentro, a 167 quilômetros de Belo Horizonte, não é mais a mesma desde o início da implantação do mineroduto que, de 2008 para cá, levou 8 mil funcionários para a região. A instalação do empreendimento aumentou a oferta de emprego para moradores, mas outros benefícios para a população não aconteceram.

Agora, a um mês do começo da retirada dos trabalhadores da cidade, processo que deve durar até setembro de 2014, os 18 mil moradores enumeram os problemas que terão que enfrentar por causa da presença das empreiteiras.

A lista é extensa: ruas esburacadas e sem pavimentação, violência, áreas invadidas, trânsito sem sinalização e aterro controlado transformado em lixão a céu aberto.

Expulsos de casa

A consequência mais visível – e sem previsão de solução – foi a invasão de terrenos públicos por moradores que não conseguiram mais pagar aluguel. Uma locação por R$ 300 mensais subiu para até R$ 3 mil.

O Ministério Público Estadual (MPE) estima que 200 casas e pequenos prédios na área urbana viraram repúblicas para trabalhadores diretos e indiretos da Anglo American, responsável pelo mineroduto.

“A implantação de alojamentos para peões na cidade não estava no licenciamento. Sem essa previsão, não houve medida mitigadora dos impactos”, diz o secretário municipal de Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Ricardo Guerra.

Só agora, quase seis anos após o início da instalação do empreendimento, a prefeitura corre atrás do prejuízo. “Pedimos o número exato de funcionários e moradias usadas. Vamos cobrar a fatura”, afirma o secretário municipal de Meio Ambiente, Sandro Lage.

A Anglo admite que mantém trabalhadores em repúblicas, mas não reconhece os locais como alojamentos. Há 15 dias, porém, uma equipe do Ministério Público do Trabalho flagrou 172 operários abrigados em “condições análogas ao trabalho escravo” em um imóvel na área urbana.

Improviso

Os moradores que ocuparam áreas invadidas vivem em situação precária, sem água, luz e coleta de esgoto. É o caso do vigia José Antônio de Souza, de 24 anos, há três no loteamento irregular Vila São Francisco. “Não consegui pagar R$ 500 em um barracão de dois cômodos”.

Ponto turístico da cidade, o Parque Salão de Pedras teve 600 ocupações irregulares em três meses. “Em 20 anos, foram no máximo cem”, diz Sandro. A demarcação de 80% dos “lotes” já foi removida, mas o MPE cobra da prefeitura a preservação do espaço.

Quem ainda vive de aluguel luta para bancar a despesa. Há quatro anos, a garçonete Marinete Oliveira, de 27, pagava R$ 80 por uma casa na Vila Caetano. Hoje desembolsa R$ 200, mas o dono do imóvel quer R$ 600. “Se aumentar, terei que voltar para a roça”.

O problema está longe de ser resolvido. A prefeitura pretende construir um loteamento para essas famílias, mas precisa de R$ 22 milhões.

“É uma cidade de ‘papel’. Para tudo há diagnóstico e projeto, mas nada sai do papel. Se saiu, o resultado ainda é muito incipiente”, diz o promotor Marcelo Mata Machado.

Superpopulação faz pilha de lixo crescer e ‘condena’ aterro

Os moradores de Conceição do Mato Dentro terão que conviver por pelo menos mais um ano com um problema que, pela legislação federal, deveria ser extinto em agosto de 2014: o lixão.

Desde a chegada dos trabalhadores na região, aumentou muito o volume de resíduos produzidos e levados para o aterro controlado, às margens da MG-010. Há indícios de contaminação do lençol freático.

O lixão fica em um terreno com uma guarita sem vigia ou controle de entrada e saída de veículos.

“Em 2011, notificamos os responsáveis pelo projeto (do mineroduto) Minas-Rio, pedindo que cessassem o despejo de resíduos. Para o tamanho da nossa população, deveríamos aterrar o lixo duas vezes por semana, o que não fazemos mais”, admite o secretário de Meio Ambiente da cidade, Sandro Lage.

Ele não dá esperanças de que a questão será solucionada por agora. Órgãos fiscalizadores aplicaram pelo menos três multas, de R$ 50 mil cada uma, à administração municipal.

“A previsão para 2015 é a de criação de um aterro sanitário, mas ate lá o plano é fazer com que o lixão volte a ser um aterro controlado”, diz.

Na última quinta-feira, o Hoje em Dia flagrou o depósito irregular de materiais hospitalares na área, sem aterramento.

Questionada, a prefeitura disse que dentro de um mês uma empresa dará início à coleta de dejetos domiciliares e especiais.

Sustento

Enquanto isso não acontece, o risco continua para quem tira do lixão recursos para a sobrevivência. O catador Agnaldo Alves da Cruz, de 40 anos, e a mulher buscam diariamente no entulho material para vender. Os dois torcem para que o lixão continue aberto. “Se acabar, só Deus para nos ajudar”, diz Cruz.

Diante da indefinição quanto ao lixão, Conceição do Mato Dentro se prepara para implantar o aterro sanitário por meio de um consórcio com as cidades de Alvorada de Minas e Dom Joaquim. Na última segunda-feira, representantes dos municípios elegeram a mesa gestora do grupo.

Falta de vagas em creche afasta mulheres do mercado de trabalho

Se por um lado os homens conseguiram emprego nas obras do mineroduto, mulheres que precisam trabalhar não têm com quem deixar os filhos. As duas creches públicas de Conceição do Mato Dentro têm capacidade para 90 crianças. O Conselho Tutelar afirma que o déficit chega a 200 vagas.

Uma escola infantil está sendo construída no bairro Barro Vermelho desde 2011. A previsão era a de que a obra terminasse em julho deste ano, mas a edificação ainda está sendo erguida.

O prefeito Reinaldo César de Lima Guimarães diz que o atraso na construção é um “problema que advém da administração passada”.

O gestor afirma que o imóvel será concluído no próximo mês. Em nota, garantiu que mais duas creches serão abertas em 2014.

O Conselho Tutelar busca uma solução mais rápida. Por isso, enviou formulários aos pais de crianças matriculadas em creches.

Cobertor curto

“Se houver alguma mãe que não trabalha, vamos pedir a retirada do filho para ceder lugar para quem realmente precisa”, alerta a presidente da entidade, Jamile Daniel.

A lavradora Gracielma de Fátima Silva, de 31 anos, está na torcida. Mãe de nove filhos com idades entre 11 meses e 17 anos, ela tentou matricular as duas crianças mais novas, sem sucesso.

Sem ter com quem deixar os pequenos, a família se sustenta com R$ 700 por mês.

“Se eu pudesse trabalhar, a renda iria dobrar. Antes do mineroduto, comprava pão a R$ 0,25. Agora, é R$ 0,50. Não tenho água tratada, e a mineral é muito cara: até R$ 2,50 a garrafa. Se eu estiver empregada, a vida ficará menos difícil para nós’”, diz, esperançosa.

OSX divulga prejuízo de R$ 1,7 bilhão só no 3º Bimestre de 2013

Só o prejuízo da Unidade de Construção Naval (UCN-estaleiro) no Açu chegou a R$ 2,5 bilhões. Nesta quarta (ou quinta) o blog trará informações sobre outros negócios do Fundo americano EIG que se transformou em controlador do Porto do Açu, segundo informação corporativa com aporte de R$ 1,3 bilhão.

Veja abaixo informação do Valor Online sobre resultados da empresa OSX do grupo EBX que controla a empresa de fretamentos de embarcações e o estaleiro (UCN) cuja implantação foi praticamente interrompida, no Açu, junto ao porto, em função da crise e suspensão das encomendas da empresa de petróleo do grupo, a OGX:

OSX sai de lucro para prejuízo de R$ 1,77 bilhão 


no 3º trimestre

SÃO PAULO - A OSX encerrou o terceiro trimestre com prejuízo de R$ 1,77 bilhão, revertendo o lucro de R$ 8,2 milhões registrado um ano antes. A empresa de estaleiros do grupo de Eike Batista teve seu pedido de recuperação judicial deferido hoje pela Justiça do Rio de Janeiro.
As perdas foram provocadas principalmente pela reavaliação de ativos, que ocasionaram uma baixa contábil de R$ 1,78 bilhão no período. O principal impacto veio da redução de R$ 933,3 milhões no valor da plataforma WHP-2, que passou a ser registrada em balanço pelo valor de R$ 102 milhões.
Outra grande baixa veio do estaleiro do Açu, cujo valor estimado recuou R$ 566,6 milhões, para R$ 2,58 bilhões.
No terceiro trimestre, a OSX teve receitas de R$ 151,9 milhões, 89% superiores às registradas no mesmo período de 2012. Ao fim de setembro, a companhia tinha R$ 196,6 milhões em caixa, R$ 602,9 milhões a menos do que no segundo trimestre. Os empréstimos e financiamentos com vencimento em até um ano somavam R$ 1,56 bilhão. As dívidas com fornecedores nacionais passaram de R$ 91 milhões no fim de 2012 para R$ 611,7 milhões em setembro deste ano. O valor devido a fornecedores estrangeiros ficou estável em cerca de R$ 380 milhões.
(Natalia Viri | Valor)

terça-feira, novembro 26, 2013

25 anos da Constituição Brasileira: Balanço e Perspectivas


Ibope no Rio

Pesquisa feita pelo Ibope com 1.008 entrevistas, de 13 a 17 de novembro avaliou cenários com diversos candidatos para o governo do Estado do Rio de Janeiro na eleição de outubro do ano que vem. Em todos eles, o senador Crivella está na frente, com percentuais variando de 16% a 27%, sendo este maior no cenário sem o nome de Garotinho.

No cenário hoje mais provável: Crivella 16%; Garotinho 13%; Lindbergh 11%; Jandira Feghali 6%; Cesar Maia 5%; Pezão 4%, Bernardinho 4%; Miro Teixeira 2%. Nulos mais brancos: 27%. Não opinaram: 10%.

Rejeição: Cesar Maia 73%; Garotinho 61%; Pezão 60%; Lindbergh 49% e Crivella 40%.

Sobre aprovação dos governantes: Cabral tem 58% de desaprovação. Avaliação da administração de Cabral: 18% ótima ou boa; 39%, regular e 41% ruim ou péssima. Desaprovação da gestão Eduardo Paes na prefeitura do Rio é de 57%. Avaliação da administração de Paes: 26% ótima ou boa; 34%, regular; e 40%, ruim ou péssima. Ou seja, ambos do PMDB têm baixíssimos índices de aprovação popular.

A pesquisa foi divulgada pelo jornal O Globo, onde está dito que ela foi realizada sem ter sido (oficialmente - incluído pelo blog) encomendada. Porém, o tom de sua divulgação e por alguns números (incoerentes) é difícil acreditar no "sem encomenda", desde que se leia as entrelinhas e os números com a criticidade que o cenário determina. A conferir!
PS.: Atualizado às 11:34.

segunda-feira, novembro 25, 2013

Justiça aprova recuperação judicial da OSX

Abaixo a informação do Valor Online:

Justiça aprova pedido de recuperação judicial da 


OSX

Por Rodrigo Polito | Valor
RIO  -  O juiz Gilberto Clovis Matos, da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro aprovou o pedido de recuperação judicial da OSX, empresa de estaleiros do grupo EBX, de Eike Batista. De acordo com a decisão do juiz, o pedido foi deferido para as três empresas da OSX que pediram a proteção judicial: OSX Brasil, OSX Construção Naval e OSX Serviços Operacionais.
“Defere-se o processamento da recuperação judicial devendo cada uma das recuperandas apresentar seu próprio plano de recuperação judicial, mesmo que sejam idênticos ou interdependentes, e deverão ser analisados separadamente por seus respectivos credores, com absoluto respeito à autonomia patrimonial de cada sociedade, tal sorte que deverão ser publicados quadros gerais de credores distintos de cada sociedade”, informou o juiz, em sua decisão.
Segundo o magistrado, o Ministério Público, a quem havia sido solicitado um parecer de análise docu mental, indicou que todos os requisitos contábeis foram apresentados pelas recuperandas.
O juiz também determinou a intimação da Delloite Touche Tohmatsu para atuar como administrador judicial. A empresa deve apresentar a proposta de honorários no prazo de 24 horas.
A decisão ocorre quatro dias depois de o mesmo juiz ter aprovado o pedido de recuperação judicial da OGX, petroleira do grupo de Eike Batista.
O pedido de recuperação judicial da OSX foi feito por distribuição por dependência ao processo semelhante solicitado pela OGX, “considerando sua posição creditícia extremamente relevante do grupo OSX em face do grupo OGX”, de acordo com a decisão do juiz, que aprovou o pleito da empresa de estaleiros.

Mobilidade urbana é tema de Seminário 6ª e sábado em Campos

O arquiteto e urbanista Renato Siqueira tem sido um debatedor permanente dos temas "Urbanização e Mobilidade" no município de Campos. Bom que técnicos e representantes da Sociedade Civil tragam o tema ao debate. Melhor seria que o poder público e gestores pudessem estimular democraticamente este debate, para ouvir a sociedade, suas críticas e sugestões.

Por inúmeras vezes este blog abriu espaço para suas ideias sobre o tema, sempre arguindo a necessidade de uma maior participação popular, assim como um debate virtuoso entre técnicos na busca de soluções que interessam à nossa comunidade.

Foi com este espírito que ele organizou este evento pelo Observatório Social de Campos. Os temas, e os debatedores convidados ajudam a tornar a mobilidade uma agenda urgente e necessária, como diz a chamada para o evento. Parabéns, ao Renato e demais organizadores e sigamos em frente.

Abaixo o cartaz e mais abaixo a programação do evento:




Óleo, gás & etanol com investimentos cruzados na academia

Li agora há pouco na internet (em sites especializados) a notícia de que a petroleira, anglo-holandesa Shell

fez parceria com a Unicamp e vai inaugurar hoje, um Laboratório de Caracterização de Biomassa, ligado à Faculdade de Engenharia Química. O laboratório é para pesquisas de etanol de segunda geração.
A unidade obteve R$ 7,9 milhões de investimentos da Shell, sendo R$ 6 milhões destinados a obras e equipamentos.

Há pouco mais de um mês (17/10), a PUC-Rio inaugurou as instalações do Instituto Tecgraf de Desenvolvimento de Software Técnico-Científico, localizado no campus da universidade com investimentos de R$ 25 milhões da Petrobras.

O laboratório da PUC atua no desenvolvimento de sistemas computacionais para as áreas de geofísica, geologia, reservatórios, meio ambiente e logística. Na ocasião, a Petrobras afirmou que já havia Investido R$ 450 milhões em projetos com a PUC-Rio (entre 2006 e 2013), sendo R$ 57 milhões deste total destinados ao Instituto Tecgraf.

Interessante, uma petroleira privada investe numa universidade pública em São Paulo (R$ 8 milhões em números redondos), enquanto, a petroleira estatal brasileira investe e apóia uma universidade privada no Rio com somas bem maiores. A da estatal ligada a petróleo e da privada ligada à biomassa.

É oportuno lembrar que estes investimentos tem o dedo do Estado, já que investimento que a Agência Nacional de Petróleo (ANP) determina que 1% da receita bruta de campos que atinjam determinado nível de produção têm que ser investidos em projetos de pesquisa e tecnologia.

Eu que tenho acompanhado com mais detalhes a atuação do setor de "óleo & gás" ligado à exploração e à logística de portos, achei interessante esta realidade, inclusive analisando a disputa regional (ou espacial entre Rio e SP), para além do vínculo financeiro das universidades, para uma maior relação/integração com o setor. 

Diversas leituras podem ser feitas do fato. O blog deixa para seus interessados leitores outros comentários.

Esquema de produção açúcar e álcool

Mesmo vivendo na região com enorme tradição no setor sucroalcooleiro e tendo visto muitos trabalhos acadêmicos na área, eu não me recordo de ter visto um diagrama esquemático, do processo de produção do açúcar e do álcool com indicações das operações unitárias, tão claro e didático, em termos de programação visual como este abaixo. Seu autor é João Alberto Camelini da Unicamp:


domingo, novembro 24, 2013

Canal Ibase entrevista Harvey em sua passagem pelo Rio

Os jornalistas Rogério Daflon e Camila Nobrega do Canal Ibase entrevistaram ontem o geógrafo David Harvey em sua passagem nesta semana pelo Rio de Janeiro. Na sexta-feira ele esteve na sessão de encerramento do Simpósio de Geografia Urbana na Uerj. Ontem ele foi a um debate organizado pela Editora BoiTempo no Teatro Rival, no centro do Rio de Janeiro. Hoje, o Ibase divulgou aqui a entrevista que republicamos abaixo:

“Urbanização incompleta é estratégia do capital”

Camila Nobrega e Rogério Daflon
Do Canal Ibase 
David Harvey no Rio de Janeiro. Foto: Camila Nobrega
Com a usual camisa vermelha, o sorriso miúdo e uma calma que contrasta com sua densa teoria crítica, o geógrafo britânico marxista David Harvey se preparava para uma palestra que lotaria neste sábado (23/11) o Teatro Rival, no Centro do Rio de Janeiro. Considerado um dos maiores pensadores da atualidade, ele recebeu o Canal Ibase uma hora antes do início de sua fala e não deixou pergunta alguma sem resposta. Harvey, que está no Brasil para o lançamento do livro “Os limites do capital” em português, pela Boitempo, desafia o coro dos contentes sem qualquer bravata. Age assim porque vê um mundo com cada vez menos gente satisfeita com os rumos do capitalismo. Sem palavras de ordem e dispensando clichês, o geógrafo diz que há uma atmosfera para se criar um grande movimento anticapitalista. Ele vislumbra uma convergência entre os protestos no Brasil, a revolta da Praça Tahrir (na Tunísia) e outras manifestações internacionais : “Atualmente, quando um presidente diz ‘o país está indo muito bem’, ele quer dizer que o capital está indo bem, mas as pessoas estão indo mal.” Nesta entrevista, Harvey explica o porquê de tanta insatisfação.
Canal Ibase: Com os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo, nunca foi tão caro morar no Rio de Janeiro. E isso está impactando a renda de todas as classes sociais na metrópole. Mas é claro que as classes mais pobres são as mais prejudicadas. Qual serão, na sua opinião, as consequências dessa segregação?
David Harvey: O interesse que o capital tem na construção da cidade é semelhante à lógica de uma empresa que visa ao lucro. Isso foi um aspecto importante no surgimento do capitalismo. E continua a ser. Após Segunda Guerra, por exemplo, os Estados Unidos construíram os subúrbios de uma maneira muito rentável. O que temos visto, nos últimos 30 anos, é a reocupação da maioria dos centros urbanos com megaprojetos. Muitos desses projetos associam a urbanização ao espetáculo. E fazem um retorno à descrição de Guy Debord sobre a sociedade do espetáculo.  Faz todo sentido na diretriz da realização dos megaeventos como as Olimpíadas e a Copa do Mundo. O capital precisa que o estado assegure essa dinâmica. Assim, pode usar esses eventos como instrumentos de investimentos e mais lucratividade. Invariavelmente, entre as consequências dos megaeventos estão as remoções de pessoas de algumas áreas. Eles dependem disso para serem realizados. E essa situação tem causado revolta. De um lado, o capital vai muito bem, mas as pessoas vão mal. Há alguma geração de empregos, em função dos megaprojetos e megaeventos, mas o que se vê é o desvio da verba pública para apoiar essas empreitadas. Ao redor do mundo, tem havido muitos protestos devido à retirada de pessoas de suas residências. As populações percebem que o dinheiro dos impostos está indo para esses fins, em detrimento da construção de escolas e hospitais. Este é um contexto que ilustra como o capital gosta de construir as cidades, à diferença do que é a cidade em que as pessoas podem viver bem. Há um abismo entre essas duas propostas. Essa é a grande briga, porque enquanto o capitalismo quer desempoderar pessoas, a fim de reproduzir a si próprio, elas querem verbas para outras coisas. O grande problema é que a tendência é a dominação do capital sobre o poder político nas cidades. O financiamento das campanhas políticas é um instrumento para que isso aconteça. Trata-se de controle sobre a representação política. Essa lógica tem ocorrido em vários lugares do mundo, não só na viabilização de megaeventos no Brasil. Trata-se de um processo padrão. Remete à Coréia do Sul, em Seul (Olimpíadas de 1988). E também à Grécia. Se pensarmos na Grécia hoje, um país que sediou as Olimpíadas (Atenas, em 2004), vemos que esses eventos não costumam trazer grandes benefícios econômicos. O país está numa profunda crise econômica. Há grandes estádios construídos mas, a longo prazo, essas edificações gigantes não trazem vantagens para o país.
Canal Ibase: Mas, e quanto à Barcelona, que aqui no Brasil é um dos exemplos mais disseminados como uma cidade que aproveitou muito bem um megaevento?
Harvey: Bem, eu acho que Barcelona era uma excelente cidade antes das Olimpíadas (de 1992). Eu nem gosto de voltar muito lá. Costumo dizer que o ápice da cidade foi antes das Olimpíadas. Depois disso, foi ladeira abaixo.
Canal Ibase: Na África do Sul, muitas pessoas foram expulsas de suas casas devido às obras relacionadas à Copa do Mundo…
Harvey: Exatamente. O problema das remoções tem sido recorrente. Há muita luta em torno disso. Isso é típico. Se há pessoas pobres vivendo em terras muito valorizadas, há uma tentativa de tirá-las de lá. Uma forma de levar isso a cabo é o aumento do custo de vida. Os megaprojetos também são uma excelente desculpa.
Canal Ibase: Qual é sua reflexão sobre o papel do grandes veículos de comunicação na lógica de acumulação do capital nas intervenções urbanas?
Harvey no camarim durante a
entrevista. Foto: Miguel Serbeto
Harvey: Claramente, o controle da mídia é uma ameaça para a democracia popular. A questão é como se faz uma cobertura e o que é coberto. Os jornalistas que querem cobrir os acontecimentos de uma forma mais real têm vivido tempos difíceis. É uma luta pela liberdade de expressão. O caminho passa pela mídia alternativa, e a tecnologia, com a internet, abre possibilidades. O problema é que a mídia alternativa pode ser absorvida e disciplinada pelo mercado. É uma disputa que está sendo travada.  Mas é importante lembrar que vivemos sob monopólios dos meios de comunicação no mundo. A desinformação pode ser espalhada tão facilmente como a informação. E há monopólio inclusive nas mídias sociais. Ainda há muitas perguntas a serem respondidas sobre o papel das mídias sociais e sua diferença em relação às mídias convencionais.
Canal Ibase: As obras de urbanização nas favelas do Rio têm como característica a falta de diálogo com as populações e a descontinuidade dessas intervenções. Ocorreu com um projeto chamado Favela Bairro e agora se repete com um Programa de Aceleração do Crescimento. Nota-se o desinteresse do poder público de oferecer os mesmos serviços da cidade sem que haja gentrificação, embora as grandes construtoras estejam sempre presentes nessas obras. Para não legitimar a permanência dos moradores de favelas, as obras são interrompidas sempre. Qual a avaliação do senhor sobre isso?
Harvey: Se há populações de baixa renda em terras de alto valor, uma das estratégias é dar títulos de propriedade aos moradores dessas áreas, sob o argumento da regularização fundiária e da garantia da moradia. Não sei como isso ocorre no Brasil, mas um dos projetos em favelas, periferias e outras áreas pobres tem sido essa concessão de títulos de propriedades. Porque propriedade o capital pode comprar. Assim começa um processo de reocupação dessas áreas e sua consequente gentrificação. Por outro lado, uma forma de manter os preços baixos em determinadas comunidades é ter projetos incompletos. Então, o estado oferece intervenções, mas não as termina. E, desse jeito, os moradores vendem a terra a um preço baixo e saem do local. Quando a oferta chega, a infraestrutura ainda não está lá. Essa estratégica é típica nos Estados Unidos, onde se compram propriedades e as levam à decadência forçadamente. Desse jeito, desvalorizam um bairro inteiro e, num período de dez anos, é possível reocupá-lo comprando propriedades no entorno. Como o estado está envolvido nisso? Depende de lugar para lugar. Às vezes, o estado é apenas incompetente e não sabe o que está fazendo. Nesse caso, o estado pode começar uma obra e simplesmente parar no meio. Não necessariamente é uma estratégia deliberada. Mas em alguns casos é. E responde aos interesses privados. Nesses casos, há de fato uma estratégia quando uma empresa quer atuar em determinado lugar. E se decide começar uma obra já sabendo que não vai terminá-la. Ao não se terminarem projetos de infraestrutura, abre-se caminho para a chegada das empresas privadas.
Canal Ibase: No Brasil, o estado tem feito alianças com transnacionais, que têm usado e abusado do territórios brasileiro, nas zonas urbanas e rurais. Um dos setores onde isso é mais grave é a mineração. sobretudo no que diz respeito à mineração. Como a sociedade civil pode reagir a isso?
Harvey: O principal jeito de reagir é por meio de protestos. Eu fico abismado que países como o Brasil ainda abram mão de seus recursos naturais para multinacionais. E há outras formas de exploração, como é o caso das plantações de soja. Empresas como a norte-americana Monsanto (líder mundial de venda de sementes transgênicas e agrotóxico) e outras líderes do agronegócio tomam conta de territórios. A terra no Brasil vem sendo constantemente degradada por esse processo. E o ciclo é maior. É preciso lembrar que o principal mercado do agronegócio brasileiro é a China. De um lado, são os Estados Unidos vendendo a semente e o agrotóxico e, de outro, a China comprando. Um problema que se agrava é o controle chinês de terras na América Latina.
Canal Ibase: O geógrafo brasileiro Milton Santos tem uma frase que diz: “A força da alienação vem dessa fragilidade dos indivíduos que apenas conseguem enxergar o que os separa e não o que os une”. O senhor tem falado sobre a divisão da esquerda no mundo, da fragmentação dos movimentos sociais. Para a criação de um movimento anticapitalista, quais são os elementos invisíveis que perpassam todos os movimentos? O que liga a preservação do meio ambiente, a luta das mulheres por autonomia e o direito à cidade, por exemplo?
Harvey: Eu conheço Milton Santos, especialmente o dos anos 1970. Depois disso, ele se tornou muito pró-franceses. E ele não gostava de norte-americanos (risos; Harvey leciona na Universidade da Cidade de Nova York). Se eu tivesse a resposta para essa pergunta, poderíamos ter começado a revolução. Mas não tenho uma boa resposta.  É importante ter alianças que cruzem movimentos ambientalistas, o feminismo, assim como juntar organizações que trabalham por questões como a da moradia ou questões étnicas. Mas às vezes divergências tolas quebram essas alianças. Na minha opinião, precisamos definir o que é anticapitalismo. Não há razão para ser anticapitalista, se você acha que o capitalismo está fazendo um bom trabalho. Mas, se você não acha…Uma das coisas que eu tenho discutido com amigos da esquerda é esse conceito de anticapitalismo. Há opiniões que afirmam que o capitalismo fez um trabalho melhor que o comunismo e o socialismo. No entanto, o que está acontecendo agora é um processo violento. Se queremos mudar, temos muito trabalho a fazer. Não há muita gente na mídia interessada no que nós fazemos. Não somos um grupo muito poderoso, nem temos popularidade. É importante, entretanto, fazer esse grupo crescer, explicando às pessoas  por que é importante ser anticapitalista.
(Na palestra ministrada logo em seguida à entrevista ao Canal Ibase, Harvey complementou esse raciocínio: “Estamos em um mundo em que o neoliberalismo está ficando enraizado. Se a pessoa vai mal, a culpa é dela, e não do sistema. Ah!, e só para lembrar: é também você o responsável por pagar sua educação. Eu sempre estudei em instituições públicas até o doutorado. Hoje em dia, isso não é possível nem na Inglaterra nem nos Estados Unidos. O movimento anticapitalista poderia visar a algumas vitórias, como tornar novamente públicos o transporte, a saúde e a educação. O que estou tentando dizer é que, se você é pobre ou tem dificuldades de acesso a serviços, você é um produto do sistema; a culpa não é sua. E só há como mudar isso mudando o sistema. Em que sociedade você quer viver? Na sociedade em que a educação é com base no valor de uso ou no valor de troca?”, disse o geógrafo, fazendo a oposição por meio desses dois conceitos marxistas)
Canal Ibase: Movimentos sociais já contabilizam 100 mil pessoas removidas de suas casas apenas no Rio de Janeiro, para realização de obras em função dos megaeventos. Que forças do capitalismo levam, mesmo após os protestos que ocorreram no país inteiro, à manutenção desta alteração brutal no território?

Harvey: Como falamos anteriormente, o capitalismo depende de uma dinâmica maior. Mas precisamos redefinir coisas. Moradia não pode ser vista como commodity. A questão central é descobrir se você quer uma cidade para as pessoas ou para o lucro. Para construir uma cidade diferente, é preciso ser anticapitalista. Não há outra forma.