quarta-feira, novembro 13, 2013

EIG informa durante Audiência Pública na Alerj que obras e operação do Porto do Açu ficarão por conta dos gerentes da LLX

Aconteceu na manhã desta quarta-feira, na sala 311 da Alerj no Rio de janeiro, a terceira Audiência Pública,  da Comissão Especial do Porto do Açu. Presidida pelo deputado estadual Roberto Henriques, a comissão tem na relatoria o deputado Luiz Paulo e na vice o deputado Jânio Mendes. Também participou da reunião desta manhã o deputado estadual Geraldo Pudim.

Fizeram uso da palavra o membro do Conselho de Administração da LLX, Luiz Reis e o vice-presidente da EIG, Kevin Corrigan. Os dois insistiram em dizer que a LLX é hoje controlada pela EIG e não mais pelo grupo EBX e que manterá os projetos para o Porto do Açu.

Sobre os financiamentos do empreendimento os mesmos informaram que a empresa já possui recursos para continuar a obra e que hoje tem recursos de linha de financiamento do BNDES na quantia de R$ 2,8 bilhões.

Respondendo indagações feitas durante a Audiência os representantes das empresa disseram que segundo a due-diligencie (auditoria feita pelas duas partes antes da finalização dos negócios entre a EIG e a LLX) apontou que as obras de instalação do Porto do Açu demandam investimentos de R$ 2,5 bilhões para começar a operar.

O senhor Luiz Reis informou respaldado pelo vice da EIG, Mr. Corrigan, que a LLX hoje possui dívida contabilizada em R$ 813 milhões com o Bradesco que teria sido rolada por mais três anos. De R$ 518 milhões com o BNDES que tem o banco Santander como garantidor e que foi rolada também por três anos e de R$ 850 milhões de recursos do FGTS, debêntures com a CEF e prazo de até 15 anos. Assim, as dívidas da LLX contabilizariam R$ 2,181 bilhões.

Para fazer face a estas dívidas teriam sido contratados R$ 900 milhões, sendo R$ 450 milhões com o Bradesco e R$ 450 milhões com o Santander (por um prazo de 18 meses), o aumento de capital de R$ 1,3 bilhão com a entrada do fundo de investimentos EIG, dos quais, R$ 700 milhões já teriam sido "adiantados" e um total de R$ 2,8 bilhões "já teriam sido garantidos pelo BNDES por carta-consulta, já devidamente enquadrado e a ser disponibilizado entre julho e agosto de 2014", para suprir os R$ 900 milhões do Bradesco e Santander e os R$ 1,9 bilhão restante para acrescido aos R$ 600 milhões restantes da EIG, integralizar os R$ 2,5 bilhões para conclusão das obras e início da operação dos terminais portuários (1 e 2) no Açu.

Na oportunidade, o representante da EIG respondendo a uma das indagações deste blogueiro sobre quem serão os operadores do porto, já que a EIG trata-se de um investidor informou que serão os "próprios executivos da LLX".

A informação causou surpresa, porque na prática ela confirmaria a hipótese de que o Porto do Açu, mesmo não estando sob o controle do grupo EBX, na prática, de alguma forma, este continua a ter ingerência, mesmo que indireta sobre o projeto. O grupo EIG voltou a informar que hoje possui participação em dois ativos no Brasil: na Sete Brasil consórcio que organiza pela Petrobras para a produção de embarcações para a exploração de petróleo no Brasil e na exploração de minério de ferro da empresa Manabi.

Também fizeram uso da palavra na audiência pública, além dos deputados e dos representantes das empresas, na sequência, Doralice Gonçalves, coordenadora Geral de Projetos na prefeitura Municipal de São João da Barra, representante o prefeito Neco. Luiz Mário Concebida representando a Firjan, Roberto Moraes, representando o Núcleo de Estudos em Estratégias e Desenvolvimento (NEED/IFF) e o Programa de Políticas Públicas e Formação Humana (PPFH-UERJ); José Eulálio, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Campos e NF, Walter Sales diretor do Núcleo do IFF em SJB e Olavo Pinto delegado da Creci em Campos, SJB e SFI.

Diversas perguntas forma encaminhadas aos representantes das empresas. Em especial, este blogueiro endereçou sete indagações sobre as intenções dos empreendedores na região:

1) Em especial sobre o DISJB (Distrito Industrial de São João da Barra), a devolução de mais de 2 milhões de m² por parte da OSX à LLX.

2) Sobre os questionamentos do fundo canadense OTPP sobre a parceria LLX-EIG. 

3) Sobre a necessidade de novos licenciamento ambientais e sobre o andamento e cumprimento das compensações ambientais e sociais por parte da LLX-EIG. 

4) Sobre a relação entre a LLX e o governo estadual que produziu um acordo (PPP - Parceria-Público-Privada), através da Codin, que acabou por sere realizada  apenas através de um "simples convênio", considerando todas as importantes questões como desapropriações, pagamento aos desapropriados e responsabilidades das partes na constituição do Distrito Industrial de São João da Barra, referentes a uma área superior a 50 Km², considerando que quase nenhuma benfeitoria foi até hoje realizada e muitos projetos industriais acabaram suspensos ou adiados, por conta de mudanças de cenários, de falta de insumos e condições locais e por conta ainda da crise de confiança com o grupo EBX.

5) Sobre a contratação da empresa espanhola FCC para conclusão das obras do Terminal-1; 

6) Sobre a necessidade de tanta área, tendo em vista a redução do porte do projeto para o Açu e os problemas sociais com as desapropriações e a reforma agrária às avessas com transformação de minifúndios em latifúndio com a empresa prevendo receita de mais de R$ 7 bilhões com aluguel de áreas; 

7) Sobre a quase exclusiva destinação do porto ao apoio às atividades offshore e relações comerciais com a Petrobras.

O blogueiro comentará mais adiante sobre algumas respostas dadas e outras que ficaram de ser respondidas posteriormente à Comissão, pelo fato dos representantes dos empreendedores terem considerado a impossibilidade de assim fazer diretamente na audiência. Há diversas questões que merecem comentários e análises mais detalhadas e o blogueiro necessitará de tempo para trazer as questões para este espaço.

A comissão definiu entre os deputados que agora fará reuniões temáticas visitando os locais para apurar diretamente as questões que julga importante. Assim, a Comissão definiu que o próximo tema será sobre o Distrito Industrial de São João da Barra (DISJB), sobre o qual o relator solicitou à PMSJB informações sobre o atual e a proposta de novo Plano Diretor do município, das leis de uso e ocupação do solo, que define sobre o eventual uso de áreas que poderão não ser mais utilizadas pelo empreendimento. 

Abaixo três imagens da audiência desta terça-feira produzidas pelo fotógrafo Moisés Batista (Agência Cadê Photo) e disponibilizada em seu perfil no Facebook:


 

2 comentários:

Anônimo disse...

Caro Prof. Moraes

A respeito da postagem "Audiência Pública, da Comissão Especial do Porto do Açu", só podemos agradecer pelo ótimo relato que apresentou.

Realmente notável que num assunto de tal importância para a região e o estado como um todo não se leia absolutamente nada na mídia convencional.

Ainda bem que temos os blogues e, mais justo ainda, que eles sejam liderados por sua pessoa, pioneira nesse, cada vez mais, importante canal de informações.

Excelentes as suas indagações e coerentes as suas primeiras conclusões.

Entretanto, me parece faltou um comentário, que sugiro ao blogueiro incluir oportunamente. É sobre a incompreensível e reiterada ausência no evento do poder executivo das duas esferas, porque muito mais relevante que os interesses financeiros envolvidos nós apostamos nosso território, nosso litoral, e a esperança de nossa gente nesse empreendimento.

Sds

Jose Ronaldo Saad

Roberto Moraes disse...

Caro Ronaldo,

Obrigado pela referência.

Quanto às ausências dos executivos citadas é lamentável.

Estou com o tempo muito exíguo para detalhar um pouco mais sobre o assunto, mas, o básico passei aqui na nota.

Quanto à mídia convencional, já me convenci que além dos interesses definidos na escolha das notícias, há uma leniência deliberada, talvez, mesmo uma falta de apetite para fazer um jornalismo um pouco mais aprofundado e de qualidade que pudesse ser chamado, pelo menos, de razoável, mesmo dentro dos limites dos interesses comerciais enquanto mídia corporativa.

Sigamos em frente!