A Petrobras e a Braskem estão negociando um acordo sobre o preço do gás natural para a segunda construir uma unidade de petroquímica, a partir de uma das duas refinarias previstas para o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro que está sendo instalado no município de Itaboraí na região metropolitana fliminense.
O Comperj foi pensado quando a produção de petroquímicos no mundo não estava influenciado pelo uso do gás de xisto (shale gas) nos EUA. Hoje, com o gás não convencional a produção de petroquímicos ficou bem mais barata, o que inviabiliza a produção a partir do gás natural pelo preço de mercado no Brasil.
O gás não convencional americano estaria hoje na faixa de US$ 4 por milhão (podendo chegar a US$ 6 por BTU de gás). No Brasil o custo do gás natural é hoje de US$ 14 por milhão de BTU. A Braskem acha que entre US$ 8 a US$ 10 por milhão de BTU daria para garantir a unidade em Itaboraí.
Explicando de outra maneira: com o preço atual do gás natural do Brasil, é muto mais barato importar petroquímicos dos EUA, deixando de agregar valor e empregos ao Brasil. Hoje, quase 90% das petroquímicas americanas trabalham com o shale gas.
O caso cria uma necessidade de fazer contas para esta "delicada equação", segundo o presidente da Braskem e também diretores do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
A Petrobras diz que o gás está a 300 quilômetros do continente e que só para levá-lo ao Comperj terá que gastar em torno de R$ 1 bilhão. Isto poderá deixar a refinaria (uma ou duas) produzindo apenas combustível, bem distante do projeto inicial, desde quando ele esteve cogitado para ser instalado em Campos ou Itaguaí, antes da solução salomônica em Itaboraí.
Além destes problemas, o Comperj enfrenta ainda problemas com o fornecimento de água que demandará a instalação de um reservatório em terras desapropriadas de pequenos proprietários no município vizinho de Cachoeira de Macacu. O transporte de grandes peças do porto do Rio para o local da refinaria em Itaboraí é outro problema. Há ainda a demanda de um terminal portuário, que está projetado para Maricá, onde há enorme resistência para a sua construção, pelos impactos que causaria.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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Um comentário:
O Shale Gas é como o Crack. Vicia e é mais barato. Só que faz um mal terrível...
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