sábado, janeiro 11, 2014

Ex-diretor divulga nota sobre demissões na Faculdade de Medicina de Campos

O ex-diretor Jair Araújo Junior da Faculdade de Medicina de Campos divulgou carta se posicionando sobre as demissões e a situação da Faculdade de Medicina de Campos / Fundação Benedito Pereira Nunes a partir de decisão do atual diretor Nélio Artiles.

O professor e médico Jair Araújo é o segundo a se posicionar sobre o assunto. O blog já havia divulgado aqui, no último dia 5 de janeiro de 2014, carta sobre o mesmo tema do professor e médico Paulo Melo:

"Posicionamento sobre as demissões na Faculdade de Medicina de Campos/Fundação Benedito Pereira Nunes. 2013/2014"

"Apresento, em respeito àqueles que acreditam na busca pela verdade e na necessidade de contarmos com o máximo de dados para estabelecermos um bom juízo de valores, o meu singelo posicionamento sobre as demissões na Faculdade de Medicina de Campos/Fundação Benedito Pereira Nunes, ocorridas no apagar das luzes de 2013.

Fui surpreendido, às vésperas do Natal de 2013, com um telefonema, de um constrangido funcionário dos RH da FBPN/FMC, que me solicitava o comparecimento urgente ao DP, para tratar de um "assunto importante". Após muita insistência sobre a necessidade em saber o teor do "assunto" e a garantia de que reconhecia e defenderia a necessidade do funcionário em cumprir ordens, foi informado que era sobre a minha demissão, como Professor da FMC. Recebi posteriormente a comunicação oficial por carta, iniciando ali uma profunda e ampla reflexão, associada a busca por informações - nunca claras ou bem definidas - sobre o significado dessa medida, sumária e adotada em época natalina, em que a maioria dos Homens, renovam a sua fé nos princípios cristãos da fraternidade e da solidariedade. Descobri nos últimos dias que não estava sozinho, mas dignamente acompanhado por alguns dos mais emblemáticos e antigos docentes da FMC, além de outros valorosos docentes e funcionários técnico-administrativos.

Vem sendo alardeada, oficialmente, a necessidade de "compatibilizar os seus custos com as despesas ordinárias", pois a "Fundação e suas Mantidas, passam momentaneamente por grave crise financeira". As outras versões, ainda não oficializadas, mas que progressivamente vão sendo liberadas, dizem respeito a relatórios de auditorias/consultorias - cujos resultados totais não foram franqueados tempestivamente para discussão junto a toda a comunidade acadêmica - e avaliações de desempenho docente, feitas junto aos alunos, que também nunca foram tratadas de forma ética, metodologicamente clara, estatisticamente significativa e dialeticamente voltadas para a melhoria dos objetos/docentes avaliados nas suas práticas educacionais, mas para uma medida punitiva extrema de sumária demissão. Tudo vem ocorrendo por iniciativa e determinação da Direção da Faculdade de Medicina de Campos e a complacência da Presidência da Mantenedora que apóia, por omissão, desde a quebra da palavra empenhada pré-eleitoral, para a união pela governabilidade institucional até a não manifestação concreta em impor limites a comportamentos que colocam em risco, esses sim, a existência Institucional. Em todo este processo não deixei razões que pudessem justificar tamanha perseguição.

As Instituições Faculdade de Medicina de Campos e Fundação Benedito Pereira Nunes, são o meu compromisso profissional/afetivo maior. Fui por elas formado Médico em 1977 e desde 1980, tenho um vínculo de Professor que muito me honra, além de ser por 12 anos seu diretor, por 7 anos presidente da FBPN e por 4 anos diretor do HEAA, vivência que não merece ser, após 34 anos simplesmente descartada. Acredito que, eu e os colegas, se chamados para buscar soluções para a "grave crise", diríamos presente e talvez pudéssemos contribuir com algo que se julga anacrônico como a experiência comprometida. Problemas como o crônico déficit de financiamento do HEAA, agravado pelo sistemático distanciamento da Direção da FMC para com os problemas do Hospital Escola, praticado há muitos anos e as decisões tomadas de forma autocrática, além da "crise financeira" da FMC, são tratadas de forma superficial sem nenhum respaldo no debate democrático mas na velada ameaça às garantias do trabalho, como agora se pratica claramente.

O que pode parecer, para alguns menos avisados, "chiadeira" é o testemunho de um simples médico que por 34 anos se orgulhou de ser Professor da Faculdade de Medicina de Campos e que acredita na palavra empenhada, na construção coletiva e democrática, no respeito à história, às pessoas e que cultiva profundamente a gratidão pelos que nos servem ou serviram. Não apresentar publicamente essas considerações, a pretexto de preservar a Instituição seria contribuir para perpetuar essas e muitas outras situações que precisam ser revertidas. Outras versões serão divulgadas, mas não pretendo assumir um debate público, a não ser nos adequados espaços de diálogo democrático e promotores da Justiça. Agradeço profundamente às manifestações de apoio que nos fazem seguir em frente na defesa do bem maior para o nosso semelhante. A Saúde.

Campos dos Goytacazes, 10 de janeiro de 2014.
Jair Araujo Junior - Professor da Faculdade de Medicina de Campos."

15 comentários:

Anônimo disse...

Há realmente interesses e fatos indizíveis neste episódio. Em princípio, se não houver dinheiro público, é melhor deixar que os interessados resolvam. Mas se os caraminguás da viúva pingam na Fundação Benedito Pereire Nunes e na FMC, o debate deve ser público, sim.
Para começar e fazendo jus a transparência que defende, o autor do posicionamento poderia explicar quais são os "comportamentos que colocam em risco, esses sim, a existência Institucional".

Anônimo disse...

até em empresa particular há hoje conselhos. Quer dizer que uma empresa de consultoria decidiu tudo isto? Que instituição é esta?

guilherme disse...

No final estamos nesta situação porque a Prefeitura deixou de pagar as contas. Mais uma vez esta administração mostra que saude não é prioridade.

Anônimo disse...

As demissões na FMC são para pagar as contas HEAA. Essa dívida é da Prefeitura e não da faculdade e da fundação, sabemos que o hospital escola é quem vem oferecendo exames de maiores complexidade na sua rede e a PREFEITA ROSA, não pagou pelo serviço.

Anônimo disse...

Então tenho que concluir que é triste uma cidade onde todos dependem da prefeitura e dos royalties.

Assim a prefeitura escolhe seus aliados cooptados. Fácil como catar coquinhos no chão.

Anônimo disse...

"Quando a crise entra pela porta, o amor sai pela janela"
Não sei o autor, mas ouvi muito isso de um velho amigo, hoje falecido.
Na FMC/FBPN não é diferente dos outros lugares em que os recursos públicos são alocados para viabilizar um serviço ou fornecimento de bens com justificativas humanitárias, altruístas, ecológicas, sociais etc.
Os "caraminguás da viúva" como disse o Anônimo das 10:45 estão por todo lado. Desde financiando camisas de time de futebol até exames de alta complexidade. Viabilizam a festa do distrito, a creche do vereador, a entidade de relevantes serviços prestados, a empreiteira do colega, a associação de bairro, a escola, a ONG fajuta, a ONG que ajuda pessoas, os protetores dos animais, o partido, a faculdade... e a lista não termina.
Mas, isto é bom ou ruim?
Não sei a resposta, mas esta tem sido a nossa opção. Temos aceito este modelo há anos e nada mais natural do que lermos comentários a exigir a continuidade da mesada como se isto obrigação fosse.
Para perpetuar o modelo porque também isto lhe convém, a viúva abrirá mais uma vez a bolsa.

Anônimo disse...

Ao anônimo das 5:19, o fato do Hospital Escola ser o único na cidade a oferecer exames de alta complexidade para a população carente,significa que a prefeitura (quem deveria oferecer o serviço)que detém um grande arrecadação, não está nem aí para esta clientela, e pior resolveu dar o calote mesmo.

Anônimo disse...

A Gama Filho acaba de ser descredenciada pelo MEC. Acontecerá um caso semelhante aqui? Com a palavra a FMC, a FBPN e a ADOMEC.
Qual a posição da ADOMEC (Associação dos Docentes da FMC)?

André disse...

se a prefeitura precisa de "exames de complexidade", equipe os hospitais públicos municipais e faça concurso para operadores dos aparelhos. não doar para uma instituição "filaantrópica˜.

e antes que venham dizer que a cidade precisa do HEAA, acho que a crise atual, SE FOR por não repasse da prefeitura, mostra o contrário. ainda não entendo a razão da prefeitura repassar verba para essas entidades e deixar os seus próprios hospitais na pior.

Anônimo disse...

Só acho que a classe médica perdeu o bonde da história ficando contra o Programa Mais Médicos!Ah... não sou petista!

Anônimo disse...

Adomec divulga comunicado: http://www.fmc.br/fmc_informa/comunicadoAdomec.pdf
Não seria melhor convocar uma assembléia para expor e avaliar a situação?

Anônimo disse...

Que nota mais estranha de uma associação de professores que fica em cima do muro.

Para que existe uma associação se não for para defender a classe?

Estranhos acordos?

Como é se colocar à disposição dos professores que se sentem injustiçados???

Risível...


FÁBIO SIQUEIRA disse...

O Sindicato dos Professores, provocado por alguns dos interessados, acompanha atentamente o desdobramento da situação envolvendo demissões na Faculdade de Medicina de Campos. Esta semana, dia 22, estaremos reunidos com a Direção da Faculdade, conforme nossa solicitação, em busca de uma solução negociada e consensual para a crise. Pari passu, todas as medidas jurídicas cabíveis estão sendo tomadas em defesa dos professores atingidos pelas demissões. Em fevereiro, de forma articulada com a Associação Docente, convocaremos uma assembleia para orientar a negociação do novo Acordo Coletivo na data base (março), na oportunidade outras questões de interesse da base desta IES poderão ser discutidos para orientar a luta.

FÁBIO SIQUEIRA disse...

O Sindicato dos Professores, provocado por alguns dos interessados, acompanha atentamente o desdobramento da situação envolvendo demissões na Faculdade de Medicina de Campos. Esta semana, dia 22, estaremos reunidos com a Direção da Faculdade, conforme nossa solicitação, em busca de uma solução negociada e consensual para a crise. Pari passu, todas as medidas jurídicas cabíveis estão sendo tomadas em defesa dos professores atingidos pelas demissões. Em fevereiro, de forma articulada com a Associação Docente, convocaremos uma assembleia para orientar a negociação do novo Acordo Coletivo na data base (março), na oportunidade outras questões de interesse da base desta IES poderão ser discutidos para orientar a luta.

Anônimo disse...

Faculdade de Medicina de Campos não pagou as férias de seus professores e demitiu quem não podia ser demitido.
Conforme o disposto no acordo coletivo de trabalho firmado entre a FMC-FBPN e o SINPRO, o pagamento das férias deveria ter sido realizado em Dezembro de 2013. Já sabemos o que vai acontecer. Vejam o exemplo da Gama Filho. Greves, ações individuais e coletivas, intervenções do MP e MEC, etc, com todas as suas consequências.
Além disso demitiram quem não podia ser demitido e agora são obrigados a recuar. É muita incompetência!
"FÉRIAS E LICENÇAS
DURAÇÃO E CONCESSÃO DE FÉRIAS

CLÁUSULA TRIGÉSIMA PRIMEIRA - FÉRIAS

As férias dos Professores serão anuais, com duração de trinta dias corridos e gozados no período de 02 a 31 de janeiro.

Parágrafo 1º - A IES está obrigada a pagar a remuneração de férias no período aquisitivo disposto no caput, o adicional constitucional de 1/3 será pago juntamente com as férias que se iniciam em 02 de janeiro, até dois dias úteis que anteceder o referido período.

Parágrafo 2º - As férias não poderão iniciar-se aos domingos, feriados, dias de compensação de descanso semanal remunerado e nem aos sábados.

Parágrafo 3º - Em caso de descumprimento de qualquer dispositivo acima, fica desde já estipulado uma multa pecuniária em favor ao professor, no equivalente ao valor em dobro, devido no pagamento das férias, e ainda caberá oficiar ao SINPRO para que tome as providências que requer o caso. "