Tudo isto é muito interessante. Já bati algumas vez na tecla criticando o que passou a ser chamado de shoppinização da vida. Escrevi uma nota aqui no blog, em 18 de fevereiro de 2013, sobre o assunto questionando a falta de espaços públicos de lazer para a população em Campos e fiz referência ao livro da Valquíria Padilha "Shopping center - a catedral das mercadorias".
Por diversas vezes reclamamos aqui da inexistência de um Parque da Cidade e dos interesses comerciais de setores da sociedade que viam nesta ausência, uma possibilidade à mais de ganhos como quase única área de lazer que induz ao consumo, na falta de alternativas. (Veja aqui, aqui, aqui, aqui e aqui)
Em maio de 2012 reproduzimos aqui um artigo do arquiteto Luiz Fernando Janot falando destes "templos de consumo" que vale ser relido.
Aqui por diversas vezes defendemos áreas de esporte e cultura pelos bairros e distritos da cidade. Demorou a iniciarem os projetos das Vilas Olímpicas, que poderiam ser melhor aproveitado se em sua concepção tivessem incorporados de forma adjacente espaços e projetos de formação cultural.
Pois bem, os jovens passaram a se rebelar contra a falta destes espaços e mais querem também circular, conhecer e se integrarem aos "templos de consumo" dos shoppings. Assim, os rolerzinhos estão nas diversas cidades e na próxima quarta-feira tem o mesmo no Boulevard em Campos.
Talvez agora, os interesses mudem, e queiram um parque para a cidade e outras áreas de lazer. Elas são necessárias, mas, a contradição de qualquer forma está instalada. Espaço de comércio é privado, mas, precisa do público, dos possíveis consumidores, então não podem ser fechados.
Dialeticamente, a população excluída vai colocando os pés nas áreas fechadas exigindo seus direitos. Bom que os gestores compreendam bem este momento não criando novos mecanismos de segregação e apartação, como guetos de pobres ou condomínios fechados de ricos.
A saída é a integração as áreas (zonas) de interesse (e convívio) social. É preciso ouvir a juventude e suas reivindicações. Eles não querem só parque da cidade (área verde) e espaços de esporte e lazer. Eles querem participar e conhecer esta vida maluca do consumo. Novamente a dialética do ser e ter.
Não apenas os ricos e poderosos querem manter a apartação, mas, também aqueles que se julgam intermediários ou representantes que querem apenas manter a representação de um em relação ao outro.
A complexidade dos problemas pós-modernos não são de todo ruins, eles apontam, se não o caminho a seguir, mas, os que não devem de forma nenhuma ser trilhado. Integração, diálogo, solidariedade e redução das desigualdades deve ser a linha para a condução.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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Um comentário:
Bela reflexão sobre convivência de pessoas nesses ambientes de consumo. E novamente o tema a ausência de um parque público na cidade. Pena que o Poder Público privilegiou a construção de um grande sambódromo, no concreto escaldante e pouca rotatividade, ao invés de brindar a população com uma área verde refrescante.
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