A coluna do jornalista Ilimar Franco de O Globo diz hoje que a Receita Federal está com força-tarefa investigando as empresas Google e Facebook como prováveis e maiores sonegadoras de impostos do Brasil.
Não se tem dúvidas que a Globo está por trás desta pressão. A Google já é oficialmente o segundo maior faturamento de publicidade do país. Ano passado a Google teria recebido oficialmente mais de R$ 3 bilhões em publicidade. Sobre faturamento "oficial" com mídia veja ranking de maiores anunciantes em 2013, publicado na semana que passou aqui por este blog a partir de infográfico do Valor.
A investigação é porque os indícios são de que a Google e o Facebook venderiam publicidade aqui e receberiam em paraísos fiscais. Informações dão conta de que ano passado a família Marinho procurou Lula e Dilma para reclamar desta concorrência, que chama de desleal e ilegal.
Bom que o governo tenha agido e melhor ainda se ampliarem a investigação sobre negócios da Globo fora do país e também sobre sonegações em negócios firmados no exterior como de eventos esportivos, shows e filmes.
Se a Google e o Facebook estão agindo desta forma, não devem ser os inovadores nesta prática, que já é falada por aqui há tempo. A Globo sabe bem disto.
Se a Globo está entregando estes anéis é porque estão apavorados com as ameaças que apontam para aumento ainda maior de receita do Google, em seu detrimento. Especialmente, por conta daquilo que o pessoal de Tecnologia da Informação (TI) chama de mídia dirigida que é aquela que aparece nas páginas que você pesquisa, em seu email, etc. depois que você fez alguma consulta sobre em algum dos sites de compras.
O crescimento da receita com esta propaganda é assustadora entre os maiores anunciantes do país (não institucionais, os comerciais), porque ela é muito, muito mais eficiente, por conta de oferecer o que aquele consumidor já está procurando, ao passo que na televisão, rádio, ou jornal a publicidade fala para um público geral, para tentar atingir 1% ou algo bem menor.
Aliás, quem usa sites de compras online já vem percebendo como isto funciona. Se não tem pressa na aquisição do produto, ele pesquisa em sites de venda online o produto que tem interesse. Depois espera a chuva de ofertas daquele produto desejado, que já conhece, porque já viu numa loja real ou com alguém, até que o preço do mesmo caia ao nível que considera uma boa compra.
Além disto, os custos com esta publicidade mais eficiente (para muitos produtos e serviços e não todos) é muito mais barata do que aquelas veiculadas na TV.
Assim, estamos assistindo, para o bem e para o mal, uma revolução. Que pode ou não baratear os custos dos produtos, por conta de menores gastos com mídia, mas, também pode (como é o mais provável) encher os bolsos com os lucros dos mesmos de sempre.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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7 comentários:
Essa semana mesmo veiculei uma campanha no Facebook e a fatura veio com o seguinte endereço:
Facebook Ireland Limited
Hannover Reach, 5-7 Hannover Quay Dublin 2, Ireland
O pior é que a gente paga por um serviço prestado aqui e no faturamento internacional acabamos pagando mais caro por conta do IOF.
Lucas, o dia que for faturado aqui no Brasil, vai se arrepender ao ver o quanto mais caro vai ficar.
Então á lógica é esta: trabalhar aqui e pagar impostos (ou não) lá fora. A questão seria esta? Depois queremos mais serviços públicos? Mais segurança, mais educação, saúde?
Verdade que temos que pressionar para melhorar estes serviços, mas, em lugar nenhum do mundo há serviços públicos sem impostos e receita.
Sei que a reclamação sempre é da carga tributária que estaria na casa dos 34¢, 37%.
Fala-se muito nos pequenos países nórdicos sobre qualidade de vida (Suécia, Dinamarca, etc.). Lá, além de pequenas populações a carga tributária se aproxima e em alguns casos supera os 50%. Imposto sobre heranças e grandes fortunas.
Sem uma visão mais ampla de construção de um projeto de nação continuaremos a reproduzir aquilo que se fala e ouve na mídia comercial onde seus interesses falam mais alto que o país ou a nação.
pois é... a culpa dos presídios medievais, do péssimo atendimento de saúde, da justiça lenta e da corrupção é do Google e do Facebook.
Se eles pagassem impostos aqui, com certeza tudo seria bem diferente.
Se o discurso é assim simplista e maniqueísta, vale então o inverso: já que está tudo muito ruim, em todos os setores, alto desemprego, etc., então deixem o Google e Facebook faturarem aqui à vontade (gerando pouquíssimos empregos) no país sem pagar nenhum imposto.
Repito, precisamos superar esta visão colonizada e servil.
Se quisermos ir um pouco mais adiante é preciso pensar não apenas um projeto de nação, mas, nova civilização.
ah bom... nova civilização.
Vamos fazer a revolução cultural, então, que nem Mao.
Facinho, facinho.
Oh, meu caro,
Veja que a discussão era sobre o pagamento de impostos, mas, vejo que não consegue discutir um "estado de bem estar" sem logo apresentar o temor anti-socialista.
Por outro lado Freud explica porque ao comentar sobre nova civilização traga à baila a referência chinesa.
É bom olhar o que tem debaixo de sua cama, rs.
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