O Porto Sudeste, assim como o Açu era integralmente de Eike. Depois da crise com a OGX expandida para as demais empresas do grupo EBX, o controle acionário foi sendo repassado para outros grupos.
O Porto do Açu, da antiga LLX, hoje Prumo Logística, tem o controle do fundo americano EIG, embora, grande parte da equipe seja a mesma de antes.
No Porto Sudeste instalado na Baía de Sepetiba, município de Itaguaí a holandesa Trafigura, junto com o fundo árabe de Abu Dhabi ficou 65% das ações do porto e o Eikbe Batista com 35%.
Nesta operação de mudança de controle acionário acertado com Eike as novas controladoras (Trafigura e fundo Mubadala) o aporte de US$ 400 milhões novos no negócio. Além disso deveriam assumir R$ 1,3 bilhão em dívidas da MMX Sudeste.
Caberia também a estas empresas renegociações com o BNDES e com os bancos que emprestaram dinheiro à MMX Porto Sudeste visando novos prazos e as transferências com os bancos de todas as dívidas para que a transferência acionária seja efetivada.
A estimativa é que o Porto Sudeste entre em operação no 3º trimestre deste ano (até setembro), depois de dois anos de atrasos no cronograma. Sua capacidade plena é de embarcação de 50 milhões de toneladas de minério de ferro por ano.
A Holding holandesa Trafigura através de sua subsidiária, Impala negocia com a MMX e o fundo Mudala a conclusão do negócio. A Trafigura é líder no mercado internacional de commodities e especializada em negócios, transporte e armazenagem de cargas como petróleo, minerais e metais.
A Trafigura tem sede em Genebra, Suíça, onde opera com mais facilidades seus negócios com sigilo fiscal. Foi fundada em 1993 por Marc Rich que escapou da prisão nos EUA ao migrar para a Europa por ilegalidades cometidas.
Em 2010, a Trafigura negociou US$ 79 bilhões em petróleo, assim é hoje, a terceira maior empresa (independente, quer dizer não produtora) de intermediação de petróleo do mundo e a segunda maior negócios com metais. Também atua com minério.
A Trafigura tem grande estrutura de armazenagens (storage) que lhe permite estocar estas commodities, controlar estoques e manipular preços. (A informação é do artigo do professor Ladislaw Dowbor, tendo como origem da informação Dmitry Zdannikov e Ikuko Kurahone). Em 2012, o faturamento da Trafigura teria sido de US$ 124 bilhões.
A Wikipedia informa que a receita em 2013 da Trafigura teria sido de US$ 31,2 bilhões e também aqui lista alguns dos muitos escândalos em que esta holding estaria envolvida.
Na lista há desde venda de petróleo ilegal que teria sido identificada pela ONU, a descarte de lixo tóxico na Costa do Marfim em 2009, noticiado pelo jornal inglês The Guardian, matéria que rendeu prêmio aos seus autores. O caso do lixo depois redundou numa explosão na Noruega. Além disso, há problemas com negociação de petróleo em Malta.
Segundo informações a instalação atual da Trafigura a Suíca em paraíso fiscal teria relação direta com estas irregularidades e processos contra empresa.
Ajuda à compreensão do leitor interessado no tema, a leitura da nota "O ganho que há entre consumidores e produtores - "a economia do pedágio" publicada aqui, no último dia 24 de fevereiro, por este blog.
Não há como compreender estas questões que se derivam do "deslocamento" do controle de acionário das empresas do empresário Eike Batista sem que ela gere uma série de indagações que os fatos reais começam a comprovar. A articulação das informações em rede, na construção de um imenso mosaico permite que se depreenda processos e fatos que vinculam a economia real e à fictícia na contemporaneidade.
Continuamos acompanhando!
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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