Algumas dificuldades que vêm sendo sentida pela Petrobras como se pode ver parece estar sendo comum a outras grandes petroleiras mundo afora, mesmo, as privadas.
Matéria do Wall Street Journal reproduzida pelo Valor informa que a Chevron, a Esso e a Shell gastaram mais de US$ 120 bilhões só no ano passado para tentar aumentar suas produções de petróleo e gás. Nos últimos cinco anos foram meio trilhão de dólares e, ainda assim, a produção caiu.
Imagine o que a mídia comercial brasileira comentaria se o caso fosse com a estatal brasileira?
Outro dado interessante de ser observado: a Esso (Exxon) e a Shell participam conjuntamente de um consórcio para produzir petróleo em cinco ilhas artificiais no Mar Cáspio. O projeto foi orçado inicialmente em US$ 10 bilhões e agora já se estima que passará dos US$ 40 bilhões.
Outro megaprojeto de gás na Austrália, em consórcio da Chevron, Esso e Shell teve um acréscimo de 45% em seu orçamento que agora alcança US$ 54 bilhões.
Pois bem, a alteração dos custos dos projetos das refinarias em Suape e no Comperj, depois que o país ficou mais de 30 anos sem construir uma nova refinaria são bombardeados e atribuídos ao fato da Petrobras ser estatal, além de outros questionamentos.
Em relação aos lucros destas grandes petrolíferas a Shell informou que seu lucro no quarto trimestre de 2013 despencou 71% quando comparado a 2012. O lucro em todo o ano de 2013 foi de 16,7 bilhões, menor que os 27,2 bilhões de 2012. Enquanto isto, o lucro da Esso caiu 16% para US$ 8,35 bilhões. A Chevron que ainda não anunciou os resultados de 2013 estima uma redução de 20% em relação a 2012.
O diagnóstico para estes números segundo as empresas está relacionado aos gastos com megaprojetos com os citados acima que estão demandando investimentos sempre maiores que os projetados.
O fato pode estar mostrando o aumento dos custos para a produção petrolífera continuar a crescer para atendimento da demanda mundial por energia.
O caso não é diferente, como já se vê, com a Petrobras, ao aprofundar a exploração nas camadas de pré-sal a 7 quilômetros de profundidade em alto mar, distante mais de 300 quilômetros do continente. A estatal tem dificuldades hoje em tocar tantos projetos ao mesmo tempo, desde exploração, até o refino e a distribuição.
O custo do dinheiro para investimento em novos projetos é um calcanhar de aquiles a ser superado. Neste aspecto é interessante observar como estas grandes petrolíferas passaram a atuar de forma consorciada, quase como se fossem uma única e grande empresa, só que unidas por projetos.
O fato mostra como não é fácil a atuação nesta cadeia produtiva de forma isolada em sem apoio do estado ou de grandes investidores. Além disso, talvez, se possa interpretar que no momento se está passando por mudanças de paradigma complexos, em toda a cadeia produtiva do óleo e gás no mundo, relacionando tanto aos processos, quanto à geopolítica, com uma inflexão em direção à Ásia no aumento de consumo de energia em todo o mundo.
Enfim, para quem tem interesse em aprofundar o assunto é bom ampliar o leque de análise, para além do discurso fácil e de interesses conhecidos.
PS.: Atualizado às 01:48: A Petrobras até o terceiro trimestre de 2013 tinha um lucro acumulado 29% maior do que o de 2012, com valores absolutos de R$ 17,28 bilhões.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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