O maior percentual de uso dos cartões, como se pode imaginar, se dá na região Sudeste com 33%. Com 16%, o menor é no Norte. O setor financeiro vibra com esta alternativa que a tecnologia informacional lhe trouxe de presente, ampliando os ganhos dos intermediários da sociedade em detrimento daqueles que produzem.
O uso dos cartões de crédito é uma forma relativamente barata de recolher os excedentes da economia. Ele vem junto dos meios eletrônicos de uso cada vez mais amplo. Assim, seu “dinheiro”, que cada vez você vê e toca menos, fica no banco, dormindo e gerando filhos, que se transformam em lucros para os banqueiros.
Os donos das bandeiras operadoras do cartão que trabalham articulados com o sistema bancário também ganham, e como, sem nada produzir, é bom que se lembre. Sempre.
Os produtores e consumidores são pressionados por “razões de ampliação de mercado” a entrar no sistema, por conta do gasto de 4% a 5% cobrado pelas operadoras pela administração da intermediação.
Em época de redução permanente das margens de lucro sobre produtos para enfrentar a concorrência dos “mercados” ter que entregar 5% para esta intermediação, não é pouco.
Os órgãos de fiscalização, controle e arrecadação também gostam porque assim monitoram a circulação da riqueza, podendo cruzar informações e impedir sonegações que aconteciam fora do conhecido imposto na fonte.
As operadoras estão se organizando para avançar pelo interior do país, quebrando o que eles chamam de “inércia do hábito de uso do dinheiro”.
De outro lado, como uma reação ou resistência a este processo, já se começa a perceber o aumento do número de comerciantes que passam a oferecer descontos entre 5 e 10% para quem paga em dinheiro. O setor que mais avança neste processo é o de alimentação e da refeição "self-service". Penso que agem desta forma para fugir da taxa de administração dos cartões e dos impostos ligados ao seu faturamento.
É interessante ainda, identificar esta época maluca em que ter dinheiro às mãos virou suspeita. (sobre o assunto leia mais aqui outro texto do blog sobre o tema: "A ditadura do dinheiro mudou a forma como vivemos"). Em outras postagens aqui, eu já estimei que em famílias de classe média, menos de 20% da renda com o salário, deve passar mensalmente pelas mãos de seus donos, sendo movimentado exclusivamente, pela via bancária e pelos cartões.
Para quem nunca ligou uma coisa a outra, nesta lógica, é que as operadoras destes cartões te enchem de propaganda e “ofertas” de consumo, porque é sobre estas compras que eles ganham 5%, sem produzir, nem se preocupar com a logística de entrega.
Os ganhos das operadoras se dão apenas sobre a movimentação de bytes, ou seja, informação, para o sistema financeiro. Além disso, você também paga para ter o cartão e dar ao banco o direito de usar seu dinheiro para obter juros, enquanto você não compra, ou depois nos juros, caso sua compra tenha sido parcelada.
Há que se admirar toda esta engenhosidade utilizada para o sistema faturar e arredondar as pontas de um regime que permite mais e mais acumulação e, mais que isto, um conhecimento como nunca se teve de quem são as pessoas reais e concretas deste tal e abstrato mercado.
Porém, conhecer e refletir sobre esta realidade pode permitir que você possa construir formas de enfrentar esta realidade que como o rio caminha para o mar, também neste caso aniquila pequenos e fortalece os grandes, na luta que tem o oligopólio e o monopólio como objetivos.
PS.: Atualizado às 18:24 de 25/03/2014: Informações do Valor Online hoje sobre o tema:
"Os consumidores das classes C, D e E já possuem 60% dos cartões de crédito ativos no Brasil, ante 50% em 2010, segundo pesquisa do Itaú sobre o mercado de cartões.
A classe B responde por participação de 37%, ante 42% há quatro anos. A participação da classe A também foi reduzida, de 7% para 3%, no período.
Segundo Milton Maluhy, diretor executivo da área de cartões do Itaú Unibanco, o uso de dinheiro ainda é grande no país, principalmente nas classes mais baixas.
O mercado de meios de pagamentos no Brasil movimenta R$ 41 trilhões, com o dinheiro respondendo por 43%, ante 33% na média mundial. Os cheques respondem por 6%, ante 17% no mundo.
“Há uma grande oportunidade de migração de dinheiro para cartões”, diz Maluhy.
O Itaú estima que o volume de faturamento do mercado de cartões cresça a uma média anual de 17% até 2016.
A participação do cartão no consumo das famílias atingiu 28% no ano passado mas, segundo o executivo, esse percentual chegou a 30% no último trimestre de 2013."
Em época de redução permanente das margens de lucro sobre produtos para enfrentar a concorrência dos “mercados” ter que entregar 5% para esta intermediação, não é pouco.
Os órgãos de fiscalização, controle e arrecadação também gostam porque assim monitoram a circulação da riqueza, podendo cruzar informações e impedir sonegações que aconteciam fora do conhecido imposto na fonte.
As operadoras estão se organizando para avançar pelo interior do país, quebrando o que eles chamam de “inércia do hábito de uso do dinheiro”.
De outro lado, como uma reação ou resistência a este processo, já se começa a perceber o aumento do número de comerciantes que passam a oferecer descontos entre 5 e 10% para quem paga em dinheiro. O setor que mais avança neste processo é o de alimentação e da refeição "self-service". Penso que agem desta forma para fugir da taxa de administração dos cartões e dos impostos ligados ao seu faturamento.
É interessante ainda, identificar esta época maluca em que ter dinheiro às mãos virou suspeita. (sobre o assunto leia mais aqui outro texto do blog sobre o tema: "A ditadura do dinheiro mudou a forma como vivemos"). Em outras postagens aqui, eu já estimei que em famílias de classe média, menos de 20% da renda com o salário, deve passar mensalmente pelas mãos de seus donos, sendo movimentado exclusivamente, pela via bancária e pelos cartões.
Para quem nunca ligou uma coisa a outra, nesta lógica, é que as operadoras destes cartões te enchem de propaganda e “ofertas” de consumo, porque é sobre estas compras que eles ganham 5%, sem produzir, nem se preocupar com a logística de entrega.
Os ganhos das operadoras se dão apenas sobre a movimentação de bytes, ou seja, informação, para o sistema financeiro. Além disso, você também paga para ter o cartão e dar ao banco o direito de usar seu dinheiro para obter juros, enquanto você não compra, ou depois nos juros, caso sua compra tenha sido parcelada.
Há que se admirar toda esta engenhosidade utilizada para o sistema faturar e arredondar as pontas de um regime que permite mais e mais acumulação e, mais que isto, um conhecimento como nunca se teve de quem são as pessoas reais e concretas deste tal e abstrato mercado.
Porém, conhecer e refletir sobre esta realidade pode permitir que você possa construir formas de enfrentar esta realidade que como o rio caminha para o mar, também neste caso aniquila pequenos e fortalece os grandes, na luta que tem o oligopólio e o monopólio como objetivos.
PS.: Atualizado às 18:24 de 25/03/2014: Informações do Valor Online hoje sobre o tema:
"Os consumidores das classes C, D e E já possuem 60% dos cartões de crédito ativos no Brasil, ante 50% em 2010, segundo pesquisa do Itaú sobre o mercado de cartões.
A classe B responde por participação de 37%, ante 42% há quatro anos. A participação da classe A também foi reduzida, de 7% para 3%, no período.
Segundo Milton Maluhy, diretor executivo da área de cartões do Itaú Unibanco, o uso de dinheiro ainda é grande no país, principalmente nas classes mais baixas.
O mercado de meios de pagamentos no Brasil movimenta R$ 41 trilhões, com o dinheiro respondendo por 43%, ante 33% na média mundial. Os cheques respondem por 6%, ante 17% no mundo.
“Há uma grande oportunidade de migração de dinheiro para cartões”, diz Maluhy.
O Itaú estima que o volume de faturamento do mercado de cartões cresça a uma média anual de 17% até 2016.
A participação do cartão no consumo das famílias atingiu 28% no ano passado mas, segundo o executivo, esse percentual chegou a 30% no último trimestre de 2013."
Um comentário:
Concordo professor. Contudo, enfrentar o sistema bancário é coisa que eu nunca vi. E não cabe ao usuário enfrentar os usurários. Cabe ao Estado, latu sensu.
E nunca, na história deste país os bancos ganharam tanto. O lucro do Itaú é maior que o da Petrobrás. Pode isso Arnaldo?
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