As siderúrgicas chineses são hoje, as maiores consumidoras globais de minério com cerca de 60% da demanda mundial (63% em 2013). A China tem minério de baixa qualidade e alto custo de produção.
Ainda assim, segundo a Associação de Minas e Metalurgia da China o país pretende extrair mais minério para reduzir sua dependência dos fornecedores internacionais da commoditiy. A meta seria produzir 50% de seu consumo, com impacto direto no Brasil, especialmente sobre a Vale.
Atualmente, a China produz entre 20% e 30% de sua necessidade de minério, considerando o minério de ferro com concentração de 62% de ferro - usado como referência no mercado internacional.
A produção chinesa em 2014 está projetada para 320 milhões de toneladas que corresponde a 27% do total do consumo estimado. Segundo o governo chinês a importação de minério prevista para 2014 é de 870 milhões de toneladas, o que totaliza um volume de 1,1190 bilhão de toneladas do consumo interno.
Para 2016 a previsão é de importação de 949 milhões de toneladas, ou 77% da previsão do seu consumo. Seus maiores e tradicionais fornecedores são da África, Brasil e Austrália (Rio Tinto, Vale SA e BHP Biliton).
Certamente o Brasil está no meio destas contas. Mais como exportador, porém, cada vez mais como importador do aço produzido nas siderúrgicas chinesas que está com custos mais baixos que os produzidos aqui. As siderúrgicas brasileiras estão atualmente com capacidade ociosa entre 30% e 40%. O fato inibe a existência de qualquer novo projeto de construção de siderúrgica no território nacional.
Para o Brasil a consequência econômica é sobre o impacto na balança comercial (importação x exportação), onde vai produto in-natura e volta produto semi-acabado. Há ainda outro grande e antigo impacto sobre as populações e sobre o ambiente onde estão instaladas as minas e, mais recentemente os gerados pela instalação de minerodutos nos estados do Rio, Minas e ES com desapropriações de pequenos produtores rurais, transformações brutais de áreas rurais com poluição de solo e água
Pelo lado da China, ela amplia os problemas da poluição do ar. Assim, a China é cada vez mais obrigada a conviver e ter de gastar altas somas com programas de despoluição do ar, inclusive mudança das instalações para o interior e para locais distantes dos maiores adensamentos populacionais.
Muitas siderúrgicas da China dão prejuízo, mas, funcionam bancados por governos locais/regionais para manterem os empregos da população. O aço é usado em grande parte na indústria da construção, automobilística e bens manufaturados em geral.
Atualmente, os chineses se espantam com o que chamam de "excesso de capacidade da indústria do aço" e pretendem ter maior controle sobre ela para evitar preços muito baixos, a volatilidade do mercado e os impactos ambientais. O porte de tudo na China é muito grande, mas, na indústria de aço parece avassalador, diante do consumismo global.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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