A reportagem de página inteira no caderno Empresas P.B2 também fala sobre a paralisação (que continua) nas obras da Unidade de Construção Naval (UCN) da OSX, junto ao Terminal-2 do Porto do Açu.
Ainda sobre o assunto é interessante lembrar que nesta quinta-feira, em Campos, na Regional da Firjan foi bem discutido, na Oficina de Planejamento Estratégico de Logística e Cargas do ERJ - PELC-RJ 2040 - os problemas do acesso ao porto, seja por via rodoviária, seja por ferrovia. A chegada de materiais para abastecer e desembarcar equipamentos das sondas e plataformas das Bacias de Campos e Espírito Santo dependem se acesso ao porto que é estrangulado, seja pela BR-356, ou pela RJ 216.
Prumo corre para concluir as principais obras do
Açu
ra Por Francisco Góes | De São João da Barra (RJ)
Caminhões carregados com pedras transitam de um lado a outro, homens trabalham na construção de quebra-mares e o cais para atracação de navios vai ganhando a forma final. Nas águas calmas do porto, as dragas não param. Ali perto, mais de uma centena de torres de transmissão se espalha em fila à espera da conexão com o sistema elétrico nacional. Esse conjunto de obras no porto do Açu, no norte fluminense, vai consumir quase todo o investimento de R$ 1,72 bilhão previsto para este ano pela Prumo Logística Global, antiga LLX, controlada, desde outubro de 2013, pela gestora americana EIG Global Energy Partners.
O investimento da Prumo em 2014 é quase o dobro dos R$ 885,1 milhões aplicados em 2013, quando as obras no porto foram paralisadas como resultado das dificuldades financeiras do empresário Eike Batista, o antigo controlador. Foi um período de incertezas em que o porto correu risco de ficar inacabado. Sob nova administração e com novo presidente, o engenheiro Eduardo Parente (ex- MRS), a Prumo está acelerando investimentos para concluir obras prioritárias no Açu, complexo portuário idealizado por Batista no município de São João da Barra (RJ). "O Açu é um projeto visionário de Eike [Batista]", disse Parente.
Um dos objetivos de Parente é atrair a Petrobras para o porto: "Tentamos entender as necessidades da Petrobras e mostrar o potencial do porto", disse o executivo. O uso do Açu pela estatal terá o efeito de atrair para o porto uma segunda onda de fornecedores da indústria de petróleo depois da chegada de empresas como Technip, NOV e Intermoor. A Petrobras disse que abriu processo licitatório para contratar dois berços para atracação de embarcações de apoio que fazem o transporte de carga para a Bacia de Campos e o Espírito Santo. "Para essa licitação, que tem previsão de conclusão nos próximos meses, a Petrobras convidou operadores logísticos especializados, alguns dos quais apresentaram o Porto do Açu, pertencente à Prumo, como alternativa", disse a Petrobras em nota.
Ontem a Prumo divulgou os resultados de 2013, quando registrou prejuízo de R$ 135,8 milhões, bem acima dos R$ 36,6 milhões de perda de 2012. O que mais pesou para o aumento do prejuízo no ano passado foi a provisão R$ 45,9 milhões para perdas de ativos da LLX Brasil. Dessa forma, a empresa baixou como prejuízo opções de compra de um terreno em Peruíbe (SP), onde Batista tinha planos de desenvolver o Porto Brasil. A Prumo não tem interesse de levar esse projeto adiante. A companhia está concentrada em entregar o Açu.
Parente disse que o orçamento de investimentos de 2014 inclui a realização de obras necessárias para o escopo atual do porto e iniciativas capazes de permitir que o Açu gere caixa rapidamente. Em 2013, a Prumo teve receita líquida de R$ 56 milhões com o aluguel de áreas para seis empresas no Açu: Technip, NOV, Intermoor, Wartsilla, OSX e Eneva.
A fábrica da Technip no Terminal 2 do Açu (T2) deve começar em abril a primeira fase de produção comercial de tubos flexíveis usados em poços de petróleo. Breno Barcellos, superintendente de projetos da Technip Brasil, disse que a empresa escolheu o Açu em função da proximidade geográfica com a Bacia de Campos (RJ) e pela possibilidade de expandir a fábrica no futuro. Também pesou a existência de um canal no T2 com saída direta para o mar. O T2 tem áreas em terra para instalação de empresas e nasce com vocação para atender a indústria de petróleo. Esse canal, com 300 metros de largura, terá 6,5 quilômetros de extensão e 13 quilômetros de cais, mas ainda precisa ser sinalizado e ter a profundidade homologada pela Marinha para permitir a navegação de embarcações offshore.
Parente disse ao Valor que existem três áreas com potencial de geração de caixa para a empresa no Açu. Essas atividades representam uma fatia pequena em termos de aluguel de áreas, negócio que vem garantindo a receita da Prumo até agora. No total, o Açu está pensado como um complexo de 130 quilômetros quadrados, dos quais 40 quilômetros quadrados correspondem à uma reserva.
As três áreas com potencial de aumentar a geração de caixa da Prumo são: um terminal de transbordo de petróleo, um centro de reparo naval para plataformas que poderão ser ancoradas a 18 metros de profundidade e o desenvolvimento do negócio de energia via instalação de termelétricas no porto ou mediante um terminal de gás natural liquefeito (GNL).
O terminal de transbordo foi pensado para o Terminal 1 (T1) do Açu, onde até o fim do ano a Anglo American começará a embarcar minério de ferro, operação que vai garantir receita de US$ 95 milhões por ano à Prumo. Mas no T1 a Prumo vai aproveitar o quebra-mar que protege o berço do minério para criar um píer para receber petroleiros que precisam fazer transbordo para barcos maiores. Esse terminal terá capacidade de se interligar a uma unidade de tratamento de petróleo com capacidade de 1,2 milhão de barris/dia.
Parente disse que há discussões entre a Prumo e operadores de petróleo interessados em dispor de áreas para fazer transbordo, mas ainda não há acordos e nem se chegou a uma fase de detalhar os projetos. Na área de energia, a prioridade é atrair um parque térmico. No mercado comenta-se que a Eneva, antiga MPX, poderia desistir dos dois projetos que tem no Açu, mas a empresa negou. Em nota, reiterou o interesse em desenvolver os projetos térmicos a carvão e a gás no Açu, tão logo as condições apresentadas para os leilões de energia sejam favoráveis. A empresa recorreu contra o indeferimento da renovação da licença de instalação do projeto a carvão.
A Eneva confirmou que renegocia preços com a Prumo no contrato de aluguel de uma área no Açu. Hoje, o porto recebe energia elétrica de geradores a diesel, mas ainda este ano terá uma subestação ligada ao sistema elétrico nacional.
Terreno de 3,2 milhões de m2 pertencente à OSX ocupa uma área nobre no porto, mas as obras estão paralisadas - Foto Leo Pinheiro - Valor |
Na visita que o Valor fez ao porto do Açu, na terça-feira, foi possível constatar que os grandes galpões industriais construídos pela OSX não tinham movimento de trabalhadores. Só há atividades em uma parte do terreno da OSX em que a Integra, sociedade da empresa com a Mendes Junior, constrói módulos para duas plataformas da Petrobras: P-67 e P-70.
O presidente da OSX, Eucherio Rodrigues, negou, porém, que as instalações da empresa no Açu estejam abandonadas. "Temos um custo alto de manutenção no Açu", disse o executivo, sem citar os valores gastos. Parte do material comprado para as obras de construção do estaleiro, porém, não poderá mais ser aproveitado. É o caso de vergalhões de aço carbono que encontram-se depositados no terreno a céu aberto. Para Rodrigues, essa é uma parte muito pequena do material comprado para as obras do estaleiro. Ele afirmou que a estrutura inacabada da OSX no Açu faz parte de um projeto de estaleiro que será modificado. Rodrigues afirmou que há várias alternativas sobre a mesa para encontrar uma solução para o estaleiro da OSX.
Segundo a OSX, a empresa tem prazo até 19 de maio para apresentar o plano de recuperação à justiça. Hoje a principal fonte de receita da OSX vem do aluguel e operação das plataformas OSX1 e OSX3. A diretoria da OSX conversa com potenciais parceiros interessados em utilizar a área do Açu para desenvolver atividades de construção naval, disse Rodrigues. Um dos focos da OSX é utilizar a área para fazer reparo e construção naval. A Prumo, dona do porto, também quer desenvolver a atividade de reparo no Açu. Mas segundo Eduardo Parente, presidente da Prumo, as duas empresas não vão concorrer diretamente na atividade de reparo naval, uma vez que foco da Prumo será o reparo de plataformas atracadas a 18 metros de profundidade no Terminal 2.
OSX e Prumo anunciaram acordo segundo o qual o estaleiro concordou em devolver metade da área à dona do Açu. A implementação do acordo depende das partes chegarem a um acerto. A OSX está inadimplente com a Prumo. É considerada ainda a sublocação de parte da área para terceiros.
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