quarta-feira, abril 23, 2014

Anglo American agora espera fazer embarque de minério antes do Natal através do Porto do Açu

O Valor traz hoje como matéria de capa uma ampla matéria sobre o projeto de exportação de minério pelo Porto do Açu. A reportagem fala sobre os seguidos adiamentos do início do embarque previsto inicialmente para 2010 e depois sendo sucessivamente adiado. Ano passado foi falado no final do primeiro semestre deste ano. Agora a previsão é antes do Natal.

Também é citada a liberação de novas parcelas de empréstimo do BNDES de um total de R$ 2,6 bilhões. O projeto foi adquirido da LLX/MMX pela Anglo por US$ 5,2 bilhões em 2007. A matéria fala de um investimento total de R$ 14 bilhões. Ainda, segundo a empresa com 88% pronto, como todo o mineroduto concluído, a unidade de beneficiamento (chamado pelos funcionários de Maracanã) com andamento de 87% das obras, enquanto a unidade de filtragem e embarque no Porto do Açu com 79%. Como se vê a parte mais atrasada da implantação é a da Porto do Açu.

Para iniciar as operações o Sistema Minas-Rio depende ainda de 4 licenças: da mina e da unidade de beneficiamento em Conceição do Mato Dentro, MG; do mineroduto; do terminal no Porto do Açu e da linha de energia elétrica.

Outra novidade além de novo adiamento é o de que o projeto também vai exigir o entendimento entre os sócios na operação portuária. O fato chama a atenção porque o blog vincula a questão ao fato comentado em nota postada aqui neste espaço no último dia 21 de abril que estranha o fato da Prumo Logística S. A. (ex-LLX) em reposta ao blog, sobre demissões de cerca de 100 trabalhadores da empresa espanhola nas obras do Porto do Açu, a Assessoria de Imprensa ter informado que a responsabilidade sobre ela era do Sistema Minas-Rio controlado pela Anglo American.

Há questionamentos das comunidades atingidas junto com técnicos e especialistas de diversas universidades sobre o cumprimento das compensações ambientais previstas no processo de licenciamento ambiental e na licença de instalação do empreendimento que deverão ser objetos de discussão judicial.

Leia abaixo a reportagem de Olívia Alonso, Francisco Góes e Marcos de Moura e Souza. Os grifos na reportagem são do blog:

BNDES libera R$ 2,6 bi para projeto da Anglo 


American

Por Olivia Alonso, Francisco Góes e Marcos de Moura e Souza | De São Paulo, do Rio e de Belo Horizonte
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já desembolsa parcelas do empréstimo de R$ 2,6 bilhões concedido ao grupo Anglo American no fim do ano e até agora não divulgado. Os recursos foram destinados à companhia para conclusão de seu megaprojeto de minério de ferro, que tem previsão de ficar pronto até o fim deste ano. A mineradora espera fazer o primeiro embarque antes do Natal.
Conhecido como Minas-Rio, o empreendimento da companhia sul-africana está atrasado alguns anos em relação ao plano original, 2010, e tem valor total de US$ 8,8 bilhões. É um dos maiores do país na área, com capacidade para produzir 26,5 milhões de toneladas de minério de ferro por ano quando estiver operando plenamente, a partir de 2016.
Segundo informações da empresa - que adquiriu o projeto de Eike Batista, ainda na planilha, por US$ 5,2 bilhões em 2007 - as obras gerais do empreendimento estão com 88% de avanço físico - última atualização, até o fim de março, passada ao Valor. Esse percentual abrange todas as licenças ambientais do projeto, obras civis e de montagem, suprimentos e pré-operação.O projeto inclui uma mina de ferro no município de Conceição do Mato Dentro, em Minas Gerais, um mineroduto de 525 km para transporte do produto na forma de polpa até o Porto Açu, em São João da Barra (RJ), e um terminal de embarque para exportação.
A Anglo American informou que até o momento foram aportados US$ 5,6 bilhões no empreendimento, 63% da previsão total, que inclui despesas financeiras durante a implantação.
A obra gigantesca da mineradora, que teve várias revisões de prazo de instalação e do investimento planejado, já está com o mineroduto totalmente construído. Maior duto de minério de ferro do mundo, em extensão, a obra corta 32 municípios de Minas e do Rio e exigiu negociações com centenas de proprietários de terras. Na unidade de beneficiamento do minério, o estágio atual é de 87%. No porto, 79%. Para iniciar operação, a empresa depende apenas de quatro licenças: da mina e da instalação de beneficiamento, do mineroduto, do terminal no porto e da linha de energia.

Projeto Minas-Rio atinge 88% do cronograma

Por Olívia Alonso, Francisco Góes e Marcos de Moura e Souza | De São Paulo, do Rio e de Belo Horizonte

Divulgação / DivulgaçãoVista das instalações de bombeamento do minério de ferro em Minas Gerais
Um dos principais projetos da anglo-sul-africana Anglo American em todo o mundo, o Minas-Rio já recebeu investimentos de US$ 5,6 bilhões até o momento, 63% de uma previsão de US$ 8,8 bilhões, e está em suas fases finais, quase totalmente construído. Do total, R$ 2,6 bilhões foram contratados com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), segundo apurou o Valor. O restante têm saído do caixa do grupo Anglo American e de outras instituições financeiras.
Com quatro anos de atraso em relação ao cronograma inicial, o Minas-Rio terá seu primeiro embarque de minério de ferro ainda neste ano, na expectativa da Anglo American. Após diversos contratempos, o projeto estava 88% completo no fim de março, segundo informações obtidas com exclusividade pelo Valor PRO, serviço de tempo real do Valor.
Esse status leva em conta o progresso das obras, os suprimentos necessários, a pré-operação e o licenciamento ambiental, segundo a companhia. Até o fim do ano, a Anglo espera concluir os 12% restantes.
Dividido em quatro partes, o projeto já tem uma delas totalmente construída, que é o mineroduto de 525 km. Maior duto de minério de ferro do mundo, o canal atravessa 32 municípios de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Também compõem o mega-projeto a mina de ferro e uma planta de beneficiamento, ambas em Conceição do Mato Dentro (MG), além de terminal no porto do Açu, com uma unidade de filtragem de minério, que ficam em São João da Barra (RJ).
A Anglo American afirma que finalizou a construção da linha de transmissão de energia, de 230 kV e 187 torres, que em 2012 foi motivo de uma das três ações civis movidas contra o Minas-Rio. O Ministério Público de MG pedia a suspensão da obra por seus danos à flora e à fauna locais. As outras duas ações, do mesmo ano, estavam relacionadas com uma caverna, o que exigiu que a empresa elevasse seu raio de proteção, e com obras da mina, do beneficiamento e do mineroduto.
Ainda segundo o levantamento da Anglo, a unidade de beneficiamento estava ao fim de março com 87% de avanço físico, sendo 95% das obras civis completas e 78% da montagem eletromecânica finalizada. O terminal de minério de ferro do Porto do Açu, por sua vez, estava 79% concluído, sendo que a unidade de filtragem está pronta, em fase de testes.
A partir do início das operações, a empresa estima um período de aceleração ("ramp-up", no jargão técnico) de 18 meses para que chegue à capacidade total de produção, de 26,5 milhões de toneladas/ano de minério de ferro.
Mas o início das operações ainda depende da obtenção das licenças de operação (LO). No total, a companhia precisa de quatro aprovações, uma para a mina e a unidade de beneficiamento, uma para o mineroduto, uma para o terminal portuário e outra para a linha de transmissão de energia.
Em novembro, a Anglo começou a protocolar as solicitações de conversão das licenças de instalação em licenças operacionais. Agora, depende de um conselho ambiental de Minas Gerais, do qual faz parte a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), que vai decidir sobre a mina e o beneficiamento, do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), responsável por avaliar o mineroduto, e pelo o Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (Inea), que analisa o porto.
Em Minas Gerais, a Semad tem seis meses para emitir um parecer técnico deferindo ou não o pedido da empresa. Esse prazo pode ser prorrogado por mais quatro meses, segundo informou a assessoria de comunicação da secretaria. Posteriormente, um conselho cuja formação é dividida entre representantes do governo e da sociedade, vai dar seu parecer final, que será votado pela chamada unidade regional colegiada do Jequitinhonha, com integrantes da Polícia Militar, Ministério Público do Estado, federações de indústria, Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e outras entidades. (Colaborou Fábio Pupo, de São Paulo)

Obra marcada por estouros de prazos e de 


investimentos

Por Olivia Alonso, Francisco Góes e Marcos de Moura e Souza | De São Paulo, Rio e Belo Horizonte
Comprado pela Anglo American em 2007, da MMX, controlada por Eike Batista, o projeto Minas-Rio passou por diversos contratempos. Teve estouros nos prazos e orçamentos e provocou mudanças dentro da mineradora. Sete anos depois da aquisição, a empresa ainda tem desafios pela frente, mas acredita que conseguirá entrar em operação até o fim do ano.
Um dos principais problemas do projeto foi financeiro. Ele contribuiu, em 2013, para a substituição de Cynthia Carroll por Mark Cutifani na presidência do grupo.
Os investimentos totais somam pelo menos US$ 14 bilhões, considerando também a compra dos ativos da MMX, por US$ 5,2 bilhões. Mais do que a cifra gigantesca, o que trouxe problemas à empresa foi a necessidade de uma baixa contábil de US$ 4 bilhões, que foi feita no balanço de 2012, após seguidos atrasos no desenvolvimento do projeto. E, na mesma época, anunciou que os investimentos anteriormente previstos em US$ 3 bilhões haviam saltado para US$ 8,8 bilhões.
Outro grande desafio, foi o ambiental. Em 2012, a empresa teve suas obras paralisadas por pelo menos oito meses após três ações civis movidas em Minas Gerais. Ainda que as ações tivessem sido derrubadas no mesmo ano, contribuíram para o atraso no projeto.
Agora, a Anglo depende da obtenção de suas quatro licenças de operação e da conclusão das obras, atualmente com avanço físico de 88%. E, como se não bastassem os desafios, o projeto também vai exigir o entendimento entre os sócios na operação portuária.
Existe um contrato firme de embarque de 26,5 milhões de toneladas de minério de ferro ("take or pay") entre a Anglo e a Prumo Logística Global, antiga LLX, que começa a valer a partir de 1º julho deste ano. As duas empresas são sócias com partes iguais na LLX Minas-Rio, responsável pela operação portuária do minério de ferro no Porto do Açu (RJ). Se até julho, o porto estiver pronto e a Anglo não começar os embarques, a mineradora terá que pagar mesmo que não escoe minério. A tarifa fixada no contrato foi fixada em US$ 7,10 por tonelada.
A Prumo já informou que o contrato de embarque de minério de ferro vai gerar receita de US$ 190 milhões por ano à LLX Minas-Rio. Como o "gatilho" do contrato será acionado em julho, a receita prevista para 2014 é da ordem de US$ 95 milhões, sendo metade da Prumo Logística e metade da Anglo American.
PS.: Atualizado às 09:34.

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