O termo virtual muito usado para designar espaços digitais que só existiriam sob a forma digital, surge agora para conceituar o interesse em se utilizar dos resultados do uso da água cada vez mais escassa no mundo.
Quem faz uso do termo é o Ramón Llamas, diretor do Observatório da Água da Fundação Botín, no fórum da OCDE acontecido semana passada em Madri. Llamas considera este conceito chave. Para ele, o "líquido virtual" se refere ao que se necessita para a produção de qualquer produto. "A maior parte da água se usa para produzir coisas com muito pouco valor como o trigo e o algodão".
Assim, segundo Llamas se distribui a água por meio dos alimentos o que pode trocar a política de água no mundo. Assim, os países centrais passam cada vez mais a viver da água e da chuva de outros países que produzem alimentos naturais, não industrializados.
"A água virtual tem um papel importante com estas transferências e comércio de alimentos. A falta real de água é um problema ético. As regras de comércio internacional são pouco justas e solidárias e precisam ser levados em conta a partir do ponto de vista da água virtual."
A questão consta de ma entrevista que faz parte de uma ampla matéria "Sem água no há saída para a pobreza", de duas páginas que foi publicada no último dia 3 de maio, no jornal espanhol El País.
O assunto sugere que a discussão sobre a teoria da dependência que define que os países pobres vivem de exportar produtos primários e importar produtos de industrializados, e que a dependência se define porque uma está diretamente ligada à outra, passaria a ganhar na contemporaneidade mais um importante elemento de debates, considerando que os recursos naturais estariam se aproximando dos seus limites e de um esgotamento.
A questão há que ser ainda mais relevante no tempo presente, considerando o fato que a questão da exportação de alimentos, assim como de recursos minerais, onde a água é muito utilizada, necessita entrar no debate sobre a cadeia de valores no comércio internacional, no âmbito do cada vez mais interligado sistema econômico mundial.
Neste caso, a água in natura, sob a forma de produtos agrícolas ou minerais, necessitam ter outros valores e um sentido mais amplo. Até porque se pode viver sem algumas das "quinquilharias" produzidas neste mundo pós-moderno contemporâneo, mas, não se pode ter vida humana sem a água e os alimentos antes de serem industrializados, mesmo que toda a logística de transporte, tenha reduzido os valores dos fretes a níveis inimaginados, após o processo de conteinerização dos portos.
Vale ampliar a reflexão sobre o assunto.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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3 comentários:
Dr. Roberto.
Aproveito este espaço, para denunciar a preocupação dos milhares de inscritos ao concurso publico, `à área de saúde, para a prefeitura municipal de Campos.
Ocorre que, a prova já está agendada para , 25 deste mês. Portanto faltam pouco mais de duas semanas, para a realização de tal concurso. Todavia, até a presente data não foi divulgado os locais, onde os inscritos, prestarão tais provas.
Será que haveria interesses escusos, visando tumultuar o concurso, para que no final, tal certame seja cancelado, por falta de comunicação em tempo hábil, aos inscritos, dos locais onde deverão prestar suas prova?
Fiquemos de olho, pois esse filme, já vimos passar em nossa prefeitura.
mas a agua virtual faz mal ao meio ambiente ?
O concento de água virtual é simples. É que um país vende recursos minerais e agrícolas que para sua extração ou produção se usa muita água.
Desta forma se diz que é como se você estivesse vendendo água também, com todas as consequências que isto pode ter para um futuro não muito distante.
Assim, ela vai ser ruim para quem perde este recurso hídrico vendido de forma indireta e muitas vezes sem possibilidade de reuso, ou, com possibilidades mas, com alto custo.
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