Está previsto para o próximo domingo (01/06/14) a presença do CEO (presidente) da empresa multinacional, Anglo American, na ligação simbólica do mineroduto do Sistema Minas-Rio, com a estação de beneficiamento do minério antes de ser enviada ao Açu.
A ligação dos 525 quilômetros do mineroduto já foram concluídas. Atualmente estão sendo realizados os THs (testes hidrostáticos) na linha e também nos filtros, instalados na chegada do mineroduto, junto ao terminal 1 do Porto do Açu.
Como pode ser visto na foto ao lado, estes testes hidrostáticos também estão sendo feitos nos filtros. É possível ver na imagem a aérea a presença de água no topo de um dos filtros.
Na imagem também se vê a execução dos serviços de preparação dos tanques para armazenar a água que será desidratada da pasta que transportará o minério até o Porto do Açu.
Também é possível identificar próximo aos filtros no Açu, a preparação das áreas de armazenagem do minério para secagem, antes de ser transportado por correias até o píeres, onde aportarão os navios graneleiros que transportarão o minério.
A Anglo trabalha com a hipótese de conseguir fazer oficialmente o seu primeiro embarque antes do Natal deste ano. Para a operação, há necessidade que o Ibama expeça a licença de operação (LO) o que só acontece, depois de auditoria e acompanhamento de diversos testes que precisam ser realizados, junto da
organização das áreas ao redor de toda extensão do mineroduto.
O presidente da Anglo American é atualmente Mark Cutifani. Ele assumiu há cerca de um ano a presidência no lugar da ex-presidente da Anglo American, Cynthia Carroll, que comprou o projeto do Sistema Minas-Rio, por US$ 6 bilhões do grupo EBX do Eike Batista.
Cynthia Carroll deixou a empresa no final de abril do ano passado após receber muitas críticas pelo valor da compra do Sistema-Minas-Rio. Mark Cutifani antes ocupava, desde 2007, a posição de presidente da AngloGold Ashanti, empresa do mesmo grupo inglês-sul-africano que é produtora de ouro sediada na África do Sul.
Há entre os especialistas nas questões relacionadas ao minério de ferro, comentários e análises de que o projeto do Sistema Minas-Rio saiu muito mais caro do que se projetou inicialmente. A empresa teria gasto outro tanto nas obras de instalação da mina e do mineroduto para prepará-lo para operar e exportar.
Porém, parar o projeto teria significado muito mais prejuízo, num processo semelhante ao que está acontecendo agora com a alemã E.ON. depois de adquirir a MPX (agora chamada de Eneva) do grupo EBX. Ao ver o cronograma de operação ser adiado diversas vezes, a Anglo perdeu a época dos melhores preços desta commodity no mercado internacional.
Ainda assim, a empresa desenha a instalação de um segundo mineroduto em área paralela ao atual, já que não haveria gastos com novas indenizações, porque a área indenizada já permite a instalação de outros ramais. A grande resistência é sobre o uso da água que é transporta de Minas para o Rio.
Hoje, a maior resistência vem, não apenas das comunidades locais, mas, até mesmo da FIEMG (Federação das Indústrias de Minas Gerais), preocupada com a perda de competitividade que a economia mineira pode sofrer com a perda seguida de tantos mananciais de recursos hídricos, que certamente inviabilizará outros projetos.
No geral, a Anglo American lucrará bastante com o uso da logística do mineroduto, em contraposição, ao uso do transporte ferroviário do minério bruto. Pelo seu grande volume, os custos de implantação mais altos se amortizam com o tempo. Para se ter uma ideia, hoje, compara-se a diferença entre uma e outra opção num valor de aproximadamente dez vezes.
O atual presidente da Anglo American, Cutifani foi diretor de Operações da CVRD Inco, empresa instalada no Canadá que é produtora de níquel. Cutifani segundo a Anglo, começou a sua carreira nas indústrias de mineração de ouro e carvão na Austrália, é formado em engenharia de minas e é também, o atual presidente da Câmara Sul-Africana de Minas.
Sobre o projeto Minas-Rio, há no município de Conceição do Mato Dentro, MG e em toda a região próxima, movimentos de resistência dos atingidos pela mineradora Anglo American que reclamam dos impactos ambientais e sociais da instalação do projeto.
O blog por diversas vezes trouxe aqui neste espaço reclamações e denúncias e também registrou, o segundo encontro dos atingidos do sistema, nas duas pontas do mesmo, Conceição de Mato Dentro, MG e Açu, São João da Barra que foi realizado em agosto do ano passado. (Veja aqui)
Entre os impactos estaria, a contaminação da água dos rios daquela região, dificultando o uso para atividades de produção agrícola de pequenos proprietários e ainda reclamam também da violência e truculência de gente da empresa com relação às fronteiras do projeto que teria empregado pouca gente da região e trazido muitos trabalhadores de fora, encarecendo a vida e o dia-a-dia da população local.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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