Mesmo estando bem distante do nosso município, as ferramentas da comunicação acabam nos mantendo permanentemente ligados àquilo que nunca deixamos de nos interessar. Desconfio até que a distância permite outros olhares que a disputa local nem sempre favorece.
Observando assim, não ha como não perceber que vilões parecem estar se transformando em "mocinhos", mesmo que alguns dos outros, nunca tenham sido algo similar.
O problema do transporte público no município de Campos tem raízes e responsáveis antigos. Assumir a vitimização em troca de condenações de todos terceiros é método condenável, mesmo que queira se apresentar como novo.
O blog já tratou do tema em extenso e recente texto aqui no dia 17 de abril que depois foi republicado aqui no dia 25 de abril de 2014. Entre outras coisas prevíamos um quadro similar como parte de uma estratégia já decidida.
Na ocasião, antes das conclusões já afirmávamos nos três últimos itens de um diagnóstico sobre este "sistema" falido e de responsáveis conhecidos pela gestão no município:
"20) Difícil acreditar que a população mais esclarecida no município não consiga compreender o desenrolar deste processo.
21) Também não é difícil estimar que há interesse em deixar conflitos se instalarem para diante do Ministério Público Estadual e do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) forçar a solução que interessa neste instante, tanto sob o ponto de vista político para colocar responsabilidades em outros, quanto, de vantajosos contratos com grandes empresas. Acompanhem os desdobramentos que se seguirão para confirmar ou não a hipótese acima.
22) Diante de todo este quadro, não há como não repudiar o pouco caso dos que dirigem há mais de 1/4 de século, desde 1989, de forma direta ou indireta, este município. Eles conhecem bem toda esta realidade. Efetivamente, não parece, mais uma vez, existir muito interesse em alterar e modificar esta realidade do transporte público no Município de Campos dos Goytacazes. Mais uma vez, percebe-se interesse sim, em manter a cidade como reduto eleitoral e depois, como uma espécie de capitania hereditária, e ainda, como fonte e base poder político e econômico, interessada em seu grande orçamento (caixa), sendo o 14º maior orçamento entre as 5,5 mil cidades brasileiras, em função das receitas dos royalties do petróleo."
O povo vem sofrendo e deixado de lado há muito tempo, sem nenhuma preocupação e remorso. Estes sim são as vítimas, assim como os trabalhadores do setor. Transformá-los em algozes ameaçando com penas e leis, sem reconhecer as incompetências da gestão pública parece o desfraldar de uma cortina de fumaça para encobrir a nem tão complexa e evidente realidade.
Ajustes democráticos de conduta (ADC) devem substituir TACs (Termos de Ajustamento de Conduta) juntando a sociedade como um todo na busca de soluções. Manifestações políticas de "apoio" oficiais é mais do mesmo que há tempo se conhece.
A cidade e seus cidadãos mais uma vez precisam estar atentos e participar diretamente e através de suas instituições da construção de soluções que até aqui parece encarcerada na gestão pública. Esta mesmo eleita e com atribuições legais discricionárias atribuídas pelo poder de representação política do voto, não deveria rechaçar (como sistematicamente faz, mesmo nas crises) contribuições voluntárias de quem luta e deseja um sistema de mobilidade urbana eficiente, que é algo muito para além deste caótico sistema de transporte público do município de Campos.
Aproveitar este momento de crise para chancelar o mesmo, negando uma verdadeira reforma que o momento mais uma vez nos possibilita é estimular o aprofundamento do que se se diz desejar superar.
Não há como superar mais esta etapa, apenas com o bradar de leis, quando a história nos aponta a necessidade de altivez para a evolução, neste que é, seguramente, o setor que mais mexe e importuna a vida dos campistas, o transporte público que deveria viabilizar o ir e vir dos cidadãos que constroem esta cidade, que não deveria ter donos, porque em sua essência de pólis é de todos nós.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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6 comentários:
Fico imaginando os promotores públicos Federal e de Campos,dando uma investida nas reitorias do IFF e da Uenf para ver a folha de ponto dos servidores em greve, incluindo aí a dos reitores! Lindas! Assinadas de cabo-a-rabo. Não haveria camburão suficiente para todos nem vagas suficientes nas penitenciárias!
Eita país de 5ª!
Não deixe de publicar
Roberto, parabéns pelo conteúdo imparcial e inteligente do blog.
Muito obrigada pela sua imensa contribuição à sociedade campista e fluminense...e sabe-se lá até mais onde.... :)
Parabéns.
Que Jesus o abençoe hoje e sempre.
Professor,
Parabéns ao Promotor Marcelo Lessa, e que ele tenha o mesmo empenho, dedicação e profissionalismo para conduzir uma investigação afim de apurar as recentes denuncias sobre irregularidade na Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima.
Luiz
cade meu comentário? Tá parecendo o blog do Garotinho que nada do que se posta sai. Que chato!
Dr Marcelo Lessa , a população campista aguarda com muito anseio a apuração de possíveis irregularidades na Cultura em Campos, inclusive com suspeitas de estúdio de gravação particular construído com dinheiro público como colocada pelo ex-superintendente da Fundação Trianon.
O povo está sofrendo?
Mas tem que sofrer mesmo. Há anos vem votando nos mesmos políticos, em troca de favores. Não mudam nada! Votam sempre nos mesmos politiqueiros.
Estão sofrendo e continuam votando nos garotinhos. E vão votar de novo. Quem viver verá!
Não sinto pena nenhuma dessa massa de manobra, interesseira, que vota em troca de cheque-cidadão, bolsa-família, e outras coisas mais pagas com dinheiro público. Aprendam a votar!
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