A redução do peso relativo de algumas instituições como mediadoras destes interesses na sociedade, cada vez mais complexa, e, de alguma forma, mais intolerante, aparentemente também, mais individualista, parecem completar o quadro a que pretendo aqui expor e refletir junto com colaboradores.
A possibilidade que a era informacional possibilita de se ampliar as conversas e diálogos seletivos, com grupos que pensam da mesma forma, sem precisar sair ou se desviar de suas atividades e realidades, em casa, no trabalho, estudo e lazer, parece ser um componente importante neste processo.
Antes, a vida em sociedade sempre foi bem "misturada". O tipo de vida fazia com que aprendêssemos a exercitar, mais (que hoje) diversas mediações, para que o diálogo necessário à sobrevivência se estabelecesse. Hoje, ainda é assim, mas, proporcionalmente, em muito menor intensidade.
Há quem enxergue também nestas novas dinâmicas sociais um aumento da intolerância às opiniões contrárias. A polarização (e seu desdobramento mais comum que é a radicalização) do debate não apenas político, mas de costume, valores, etc. parece levar a um movimento circular que tende quase sempre levar a um aumento exponencial da posição original.
Não me refiro ao debate eleitoral e das disputadas de poder. Este naturalmente tende a ser polarizado pela sua essência, lembrando que nas eleições majoritárias (aquelas em que se escolhe um, em detrimento de outros), o resultado final depende não apenas das propostas e virtudes de um, mas, de sua prevalência sobre o outro.
Nestes há escolha de direções. Sendo assim, a polarização, e até certo grau de radicalismo, se explica para que as diferenças possam ser percebidas e as escolhas feitas, como balanceamento dos argumentos e dos prós e contra.
O caso atual do cenário pré-eleitoral brasileiro é um exemplo claro. A meu juízo, o fato de ter aflorado, ainda mais que antes, a posição única da mídia comercial na direção política que lhe interessa – por interesse corporativo e/ou de negócios, ou mesmo ideológicos, ligados ou não às estruturas de poder econômico e redes de mídia internacional - explicaria, de outro lado, a reação dos que enxergam, muito mais que antes (evidentemente pelas possibilidades geradas pela internet e redes sociais) as desvantagens com que disputam posição e poder na sociedade.
De uma forma ou outra, parece haver consenso na identificação da redução do peso que as instituições passam a ter como mediadoras de posições distintas na sociedade. Mediações que sempre exigiram negociações e como tais construíam soluções e se tornavam bons indicadores na condução da vida cotidiana na sociedade.
Isto não parece ser obra do acaso. Decorre, como sempre de um processo histórico, não sem interesses. A política há algum tempo é a vilã dos males. Não há quem a defenda. O que há é defesa do poder pelos que o ostentam e, pelos que os atacam, situados na oposição interessados na chegada ao poder. Invariavelmente, todos que maldizem a política, se apresentam como intermediários da solução que não surge por milagre, mas, por construções políticas e sociais.
A observação sobre os significados e sobre os riscos da radicalização, vale menos pelo debate eleitoral em si, que pela natureza, como já falamos tende à polarização. A preocupação tem mais relação com o day-after. O dia seguinte exige diálogo e construção de maiorias ou consensos para além da escolha de nossos representantes políticos.
O diálogo é necessário para governar, para fazer as coisas, para ouvir as reprimendas e críticas ao que está saindo errado, e ainda, para a construção de acordos e de projetos que precisam e devem ser debatidos, antes de serem implementados.
É também verdade, que o debate eleitoral nacional, como o atual, altamente polarizado, radicalizado e, de certa forma, ideologizado, por conta do momento, claramente percebido como de transições, no plano político e econômico global, e em pleno processo de grandes mudanças nas posições de liderança e de novos alinhamentos geopolíticos, tenderão levar as disputas, para além deste momento de escolhas.
A possibilidade que a era informacional possibilita de se ampliar as conversas e diálogos seletivos, com grupos que pensam da mesma forma, sem precisar sair ou se desviar de suas atividades e realidades, em casa, no trabalho, estudo e lazer, parece ser um componente importante neste processo.
Antes, a vida em sociedade sempre foi bem "misturada". O tipo de vida fazia com que aprendêssemos a exercitar, mais (que hoje) diversas mediações, para que o diálogo necessário à sobrevivência se estabelecesse. Hoje, ainda é assim, mas, proporcionalmente, em muito menor intensidade.
Há quem enxergue também nestas novas dinâmicas sociais um aumento da intolerância às opiniões contrárias. A polarização (e seu desdobramento mais comum que é a radicalização) do debate não apenas político, mas de costume, valores, etc. parece levar a um movimento circular que tende quase sempre levar a um aumento exponencial da posição original.
Não me refiro ao debate eleitoral e das disputadas de poder. Este naturalmente tende a ser polarizado pela sua essência, lembrando que nas eleições majoritárias (aquelas em que se escolhe um, em detrimento de outros), o resultado final depende não apenas das propostas e virtudes de um, mas, de sua prevalência sobre o outro.
Nestes há escolha de direções. Sendo assim, a polarização, e até certo grau de radicalismo, se explica para que as diferenças possam ser percebidas e as escolhas feitas, como balanceamento dos argumentos e dos prós e contra.
O caso atual do cenário pré-eleitoral brasileiro é um exemplo claro. A meu juízo, o fato de ter aflorado, ainda mais que antes, a posição única da mídia comercial na direção política que lhe interessa – por interesse corporativo e/ou de negócios, ou mesmo ideológicos, ligados ou não às estruturas de poder econômico e redes de mídia internacional - explicaria, de outro lado, a reação dos que enxergam, muito mais que antes (evidentemente pelas possibilidades geradas pela internet e redes sociais) as desvantagens com que disputam posição e poder na sociedade.
De uma forma ou outra, parece haver consenso na identificação da redução do peso que as instituições passam a ter como mediadoras de posições distintas na sociedade. Mediações que sempre exigiram negociações e como tais construíam soluções e se tornavam bons indicadores na condução da vida cotidiana na sociedade.
Isto não parece ser obra do acaso. Decorre, como sempre de um processo histórico, não sem interesses. A política há algum tempo é a vilã dos males. Não há quem a defenda. O que há é defesa do poder pelos que o ostentam e, pelos que os atacam, situados na oposição interessados na chegada ao poder. Invariavelmente, todos que maldizem a política, se apresentam como intermediários da solução que não surge por milagre, mas, por construções políticas e sociais.
A observação sobre os significados e sobre os riscos da radicalização, vale menos pelo debate eleitoral em si, que pela natureza, como já falamos tende à polarização. A preocupação tem mais relação com o day-after. O dia seguinte exige diálogo e construção de maiorias ou consensos para além da escolha de nossos representantes políticos.
O diálogo é necessário para governar, para fazer as coisas, para ouvir as reprimendas e críticas ao que está saindo errado, e ainda, para a construção de acordos e de projetos que precisam e devem ser debatidos, antes de serem implementados.
É também verdade, que o debate eleitoral nacional, como o atual, altamente polarizado, radicalizado e, de certa forma, ideologizado, por conta do momento, claramente percebido como de transições, no plano político e econômico global, e em pleno processo de grandes mudanças nas posições de liderança e de novos alinhamentos geopolíticos, tenderão levar as disputas, para além deste momento de escolhas.
No plano internacional, as eleições do Parlamento Europeu, no final do mês passado, apontou para extremos e intensificação da disputa cada vez mais polarizada.
No plano nacional, não se pode dizer que seja difícil identificar forças que apostam em rupturas possíveis, numa espécie de terceiro turno, não previsto na institucionalidade da disputa. Tudo isto, pode também ser apenas desconfianças. Talvez influências de “filmes” que já vimos e cujos roteiros abominamos.
De outro lado, esta breve reflexão está longe de imaginar ou propor, se for o caso, uma espécie de mediação de transformações históricas mais importantes na sociedade, seja nacional ou mesmo global.
A inquietação e busca por novos modos e formas de mediação parecem também em curso. Isto poderia explicar o que parece nebuloso, preocupante e até inquietante.
Para alguns estaríamos falando de possíveis mudanças e de aprofundamento de grandes reformas. Para outros mais otimistas até de mudanças revolucionárias.
Neste ponto, eu me amparo na posição de Fernando Braudel, que defendeu que o capitalismo nunca entraria em decadência por forças internas e sim por um golpe externo de grande intensidade e combinado com uma alternativa digna de crédito para provocar o seu colapso.* Ainda para outros, poderíamos estar indo para a "destruição criadora" propalada pelo economista Schumpeter.
Enfim, quaisquer que sejam os desdobramentos e os percursos, a construção (ou reconstrução) após as definições de curso, eles exigirão, com algumas ou muitas dores, o diálogo, mesmo entre aqueles com posições mais díspares.
Enfim, há muitos autores e estudiosos pensando estas questões.
O debate e suas posições não são menos díspares do que aqui brevemente tentamos expor, com a única finalidade em tentar traduzir, (em “voz alta”) o percurso do singelo pensamento deste blogueiro.
Sigamos em frente!
* Ainda sobre mudanças e revoluções, acho que vale aqui replicar o início do do capítulo VIII "Alternativas com credibilidade no interior da sociedade; solidariedade e sustentabilidade" do livro "O fim do capitalismo como o conhecemos" que ando folheando, ainda para tentar compreender alguns dos problemas que vivemos. Seu autor é o cientista político alemão Elmar Altvater. Este capítulo, o penúltimo, nasce exatamente da análise de alternativas que estariam sendo procuradas dentro do pensamento de Braudel citado acima:
"Em regra, as muitas ações humanas que ocorrem no processo histórico só se revelam revoluções ex posct facto. Ao agirem em nexos sociais, as pessoas transformam suas relações sociais, às vezes em pequena escala e no plano local, às vezes em lutas sociais violentas. Muitas vezes os contemporâneos nem sabem que com sua vida cotidiana e seus experimentos sociais preparam o caminho para um transformação das formas sociais da produção e do consumo. Por conseguinte, uma revolução social não ocorre por ordem de uma elite partidária informada ou da elite de um movimento social. Muitas pessoas precisam chegar - tanto na análise quanto nas suas esperanças e utopias e nos objetivos políticos delas resultantes - ao que se denominou (com Marx) general intelellect, ao conhecimento comum dos movimentos sociais e políticos. Precisa-se de muito tempo para debates, para definir a direção das ações. Uma revolução social não é um golpe, mas um processo interativo de muitos experimentos sociais, a estender-se por longos períodos. ...
... Alternativas políticas não são inventadas em conventículos acadêmicos ou políticos. Elas surgem na e a partir da práxis política, social, e econômica das pessoas, em meio aos movimentos sociais. Estes são uma oficina de ideias, um intellectual messy center." (centro intelectual "misturado, bagunçado, confuso").
No plano nacional, não se pode dizer que seja difícil identificar forças que apostam em rupturas possíveis, numa espécie de terceiro turno, não previsto na institucionalidade da disputa. Tudo isto, pode também ser apenas desconfianças. Talvez influências de “filmes” que já vimos e cujos roteiros abominamos.
De outro lado, esta breve reflexão está longe de imaginar ou propor, se for o caso, uma espécie de mediação de transformações históricas mais importantes na sociedade, seja nacional ou mesmo global.
A inquietação e busca por novos modos e formas de mediação parecem também em curso. Isto poderia explicar o que parece nebuloso, preocupante e até inquietante.
Para alguns estaríamos falando de possíveis mudanças e de aprofundamento de grandes reformas. Para outros mais otimistas até de mudanças revolucionárias.
Neste ponto, eu me amparo na posição de Fernando Braudel, que defendeu que o capitalismo nunca entraria em decadência por forças internas e sim por um golpe externo de grande intensidade e combinado com uma alternativa digna de crédito para provocar o seu colapso.* Ainda para outros, poderíamos estar indo para a "destruição criadora" propalada pelo economista Schumpeter.
Enfim, quaisquer que sejam os desdobramentos e os percursos, a construção (ou reconstrução) após as definições de curso, eles exigirão, com algumas ou muitas dores, o diálogo, mesmo entre aqueles com posições mais díspares.
Enfim, há muitos autores e estudiosos pensando estas questões.
O debate e suas posições não são menos díspares do que aqui brevemente tentamos expor, com a única finalidade em tentar traduzir, (em “voz alta”) o percurso do singelo pensamento deste blogueiro.
Sigamos em frente!
* Ainda sobre mudanças e revoluções, acho que vale aqui replicar o início do do capítulo VIII "Alternativas com credibilidade no interior da sociedade; solidariedade e sustentabilidade" do livro "O fim do capitalismo como o conhecemos" que ando folheando, ainda para tentar compreender alguns dos problemas que vivemos. Seu autor é o cientista político alemão Elmar Altvater. Este capítulo, o penúltimo, nasce exatamente da análise de alternativas que estariam sendo procuradas dentro do pensamento de Braudel citado acima:
"Em regra, as muitas ações humanas que ocorrem no processo histórico só se revelam revoluções ex posct facto. Ao agirem em nexos sociais, as pessoas transformam suas relações sociais, às vezes em pequena escala e no plano local, às vezes em lutas sociais violentas. Muitas vezes os contemporâneos nem sabem que com sua vida cotidiana e seus experimentos sociais preparam o caminho para um transformação das formas sociais da produção e do consumo. Por conseguinte, uma revolução social não ocorre por ordem de uma elite partidária informada ou da elite de um movimento social. Muitas pessoas precisam chegar - tanto na análise quanto nas suas esperanças e utopias e nos objetivos políticos delas resultantes - ao que se denominou (com Marx) general intelellect, ao conhecimento comum dos movimentos sociais e políticos. Precisa-se de muito tempo para debates, para definir a direção das ações. Uma revolução social não é um golpe, mas um processo interativo de muitos experimentos sociais, a estender-se por longos períodos. ...
... Alternativas políticas não são inventadas em conventículos acadêmicos ou políticos. Elas surgem na e a partir da práxis política, social, e econômica das pessoas, em meio aos movimentos sociais. Estes são uma oficina de ideias, um intellectual messy center." (centro intelectual "misturado, bagunçado, confuso").
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