A manifestação na BR-356 e na estrada de acesso ao Porto do Açu foi encerrada há pouco, com promessas da empresa Tracomal, contratada da Prumo Logística S.A., em avaliar a situação dos caminhoneiros que lhe prestam serviços.
Porém, a situação deve ser analisada por uma ótica mais ampla do que da discussão pontual entre contratantes e contratados, embora, por si só a questão já tenha relevância em si, na relação entre empresas e motoristas donos de caminhões autônomos.
O que leva a estas situações de arrocho nas contratações verticalizadas que chegam às quarteirizações? A contrante principal a Prumo Logística S.A. (ex-LLX) alega sempre estar cumprindo os contratos, o que parece presumir que outros não o fazem.
Quem arca com os prejuízos da paralisação de quase seis milhares de trabalhadores de dezenas de empresa que atuam no Porto do Açu? Por baixo, considerando apenas salários e não outros atrasos em cronogramas específicos pode-se estimar em cerca R$ 400 mil.
Além disso, e mais importante para a sociedade é imaginar quais os problemas decorrentes o transporte de cargas em volume bem superiores ao definido em lei? Perdem os motoristas com as multas, mas, perde a sociedade com os estragos, que conhecemos nas estradas de acesso de uso comum nosso e bancado com os nossos impostos.
Mais do que isto há que se considerar os riscos que vivemos nestas estradas que contornam áreas urbanas com estas carretas, também chamadas de "trem-minhão". Carretas com excesso de peso, são de direção mais arriscada para seus motoristas e para os demais que cruzam as estradas e também para os pedestres.
Mais do que a quantidade e diversidade de manifestações de prejudicados (atingidos) pelos impactos pela implantação do empreendimento, o caso traz à tona outras questões a serem desbravadas, sobre as condições de trabalho nestas pedreiras.
Sobre o assunto veja o comentário que o blog recebeu hoje alertando sobre outros problemas localizados
há quase 100 quilômetros do porto, mas, também impactado pela realidade de sua implantação.
"Como a sempre nesse país o trabalhador levando a pior, chefes de família que dependem do trabalho PESADO e sempre discriminado e não respeitado do caminhoneiro. Em nossa localidade Cardoso Moreira, muitas famílias vivem do transporte de cargas e homens que saem de casa 2 horas da manhã,retornando muitas vezes às 23 horas obrigados a andar pesados pois as contas de um caminhoneiro são PESADAS, uma carreta anda com 22 pneus já viu o preço de 1 pneu. Nenhum deles gostariam de andar tão pesados,pois não é só de pneus que um caminhão é constituído,o sistema é que os obrigam a isso. Se por falta de pagamento de seus compromissos os juros cobrados são exorbitantes nas prestações dos autos.Sabemos que a RODOVIÁRIA deve fazer o seu trabalho,não somos contra, mas e por nós CAMINHONEIROS só DEUS com sua misericórdia."
O desenvolvimento e a geração de empregos é sempre bem-vinda, mas, há que se viabilizá-lo de forma a que todas partes sejam igualmente beneficiadas. O território, aí considerado também as pessoas, sua vida em sociedade, não pode ser um espaço de ninguém sem regulação, sem fiscalização para que o processo de construção e implantação do porto possa ser algo diverso do que tem sido ao longo destes sete anos, decorridos desde seu início no ano de 2007.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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Um comentário:
Informação atualizada sobre o que acontece com o Porto do Açu é sempre bem vinda. Sou investir minoritário, por isso toda notícia é valiosa. Obrigado Roberto Moraes. Vc está fazendo um belo trabalho.
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