Veja nos links a seguir algumas das postagens deste blog sobre a implantação deste projeto:: aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
Abaixo a matéria na íntegra:
Anglo conclui Minas-Rio com gasto de R$ 30
bilhões
Maior investimento da empresa de mineração Anglo American, o projeto Minas-Rio, produção de minério de ferro em Minas Gerais e embarque no litoral fluminense, está com 90% das obras prontas. Mas ainda depende de três das quatro licenças para iniciar as operações. A expectativa da empresa é obtê-las até o fim de agosto, para fazer o primeiro embarque ainda neste ano.
O investimento no Minas-Rio, que vai posicionar a Anglo American entre as gigantes da mineração de ferro no mundo, é de US$ 14 bilhões - sem considerar a baixa contábil de US$ 4 bilhões de 2013 -, ou R$ 30 bilhões. Esse valor inclui a aquisição dos ativos e a implantação ao longo de sete anos.
Paulo Castellari, executivo que desde o início de 2012 está à frente do projeto, diz que em dois anos, quando atingir a produção anualizada de 26,5 milhões de toneladas, a receita da operação, a preços de hoje, será de US$ 2,6 bilhões - próximo de 10% do total da companhia, que no ano passado somou US$ 29,3 bilhões. Já a geração de caixa, medida pelo Ebitda, esperada em até US$ 1,5 bilhão, vai representar entre 20% e 30% do resultado operacional da Anglo. "Vamos ficar no mesmo nível da contribuição da África do Sul", diz o executivo.
Anglo American corre contra o tempo para
concluir o Minas-Rio
A multinacional de mineração Anglo American, que já foi símbolo na extração mundial de ouro e é lider global em diamantes e platina, corre contra o tempo para finalizar um de seus projetos mais caros. A obra do Minas-Rio, de produção de minério de ferro em Minas Gerais e embarque no litoral do Rio, é o maior investimento da companhia no mundo e está com 90% do cronograma pronto. Mas ainda depende de três das quatro licenças de operação para dar partida. A direção da empresa tem a missão de resolver isso até o fim de agosto para conseguir fazer o primeiro embarque rumo à Ásia ou ao Oriente Médio até o fim do ano.
O investimento no Minas-Rio, que vai posicionar a Anglo American entre a meia dúzia de gigantes da mineração de ferro no mundo, em uma lista liderada pela brasileira Vale, é de US$ 14 bilhões - sem considerar a baixa contábil de US$ 4 bilhões feita no ano passado -, ou R$ 30 bilhões. Esse valor inclui a aquisição dos ativos e sua implantação ao longo de sete anos.
Paulo Castellari, executivo brasileiro de 43 anos que desde o início de 2012 está à frente do projeto, diz estar confiante que o primeiro embarque, em um navio para 70 mil toneladas, vai ocorrer antes do fim do ano. "Já temos a licença de operação do porto e as outras três temos expectativa de receber antes do fim de agosto", afirmou.
Os órgãos ambientais de Minas Gerais devem fazer as vistorias técnicas nas áreas da mina e das instalações ainda em julho. Também são os responsáveis pela licença operacional da linha de transmissão de energia. Já o licenciamento para o mineroduto, que cruza os dois estados até chegar ao porto, está a cargo do Ibama.
A pressa da companhia faz todo o sentido. A Anglo está pagando muito dinheiro nesse projeto, que foi embalado dentro de uma estratégia de entrar no rentável negócio de minério de ferro em pleno boom mundial das commodities. As margens operacionais da atividade são umas das maiores da indústria mineral, em certos casos de até 70%. Ultimamente, minas boas e bem operadas rendem de 50% a 60%.
Envolta em uma ampla reorganização desde que Mark Cutifani assumiu a posição de principal executivo no lugar de Cynthia Carrol, responsável pela criação do Minas-Rio, a empresa quer parar de gastar e ver retorno do capital aplicado. Já enfrentou muitos atrasos da obra, cuja previsão inicial era de conclusão em 2010, e do aumento do investimento. O orçamento de implantação saltou dos US$ 3 bilhões iniciais para US$ 8,8 bilhões. Desse total, ainda faltam cerca de 15% para serem gastos, informa o executivo.
Cutifani e Castellari sabem bem que o retorno não virá tão cedo na medida que eles desejam e que tanto agradaria aos donos de ações da mineradora nas bolsas de Londres, cidade-sede da companhia, e de Johannesburgo, na África do Sul. A empresa prometeu aos seus acionistas globais que até 2016 terá retorno de no mínimo 15% sobre o capital empregado, considerando a média dos resultados de todos os seus negócios ao redor do mundo. É mais que o dobro dos 7% de 2012.
O Minas-Rio, admite Castellari, vai ser bem inferior a 15%. O projeto foi criticado desde o início, a começar pelo valor pago de mais de US$ 5 bilhões ao empresário Eike Batista, quando ainda era apenas uma ideia na cabeça do empresário e um amontoado de concessões de jazidas em uma região não tradicional em minério de ferro em Minas Gerais. Há dois anos, por fim, custou o cargo de executiva-chefe de Cynthia Carrol.
Daqui a dois anos, quando atingir a produção anualizada de 26,5 milhões de toneladas, a receita dessa operação, nos níveis de preços de hoje, será de US$ 2,6 bilhões - próximo de 10% do total da companhia, que no ano passado somou US$ 29,3 bilhões.
Mas esse não é o principal indicador, observa Castellari. A geração de caixa, medida pelo Ebitda, esperada em até US$ 1,5 bilhão, vai representar entre 20% e 30% do resultado operacional da Anglo. "Vamos ficar no mesmo nível da contribuição da África do Sul", diz o executivo brasileiro.
Naquele país, além de operações de diamantes, platina e carvão energético, a Anglo American já produz perto de 45 milhões de toneladas de minério de ferro em três minas operadas pela Kumba Iron Ore. Essa empresa, na qual detém o controle, com participação minoritária do governo local, é a maior mineradora de ferro do continente africano.
Admitindo que o Minas-Rio foi "uma aquisição audaciosa e cara" para a Anglo, Castellari observa, no entanto, que o projeto tem vários pontos positivos. O volume de recursos das jazidas em Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas quintuplicaram entre a compra em 2007 da MMX, de Eike Batista. Eram até 2 bilhões de toneladas e atualmente estima-se 10 bilhões de toneladas, sendo 1,5 bilhão com reservas certificadas. "Isso nos permitirá, no futuro, dobrar a produção, e até triplicar".
O executivo aponta ainda o custo de operação, na faixa de US$ 35 a tonelada, valor com produto posto no navio. Estima-se que o minério chegará aos seus clientes - metade siderúrgicas e metade pelotizadoras - pouco acima de US$ 50 a tonelada.
Segundo ele, o produto final da Anglo será um pellet-feed (minério superfino) com altíssimo teor de ferro - 68%. E, por cima, com baixíssimo teor de sílica, de 1%, e de alumina, de 0,3%. Isso conta pontos na hora de fechar contratos. O minério do Minas-Rio, na forma de uma polpa, sairá de Conceição do Mato Dentro (MG) por meio de um mineroduto, quase todo subterrâneo, de 525 km de extensão, ao custo de operação de US$ 2 a tonelada, ante US$ 10 a US$ 18 caso o transporte fosse realizado por uma ferrovia.
No terminal do Porto Açu, em São João da Barra, litoral do Rio, que será cativo, a commodity será filtrada e secada e dois embarcada em navios que no futuro levarão até 150 mil toneladas por viagem.
A Anglo é dona de 50% do terminal, em sociedade com a Prumo Logística, ex- LLX, que agora pertence à americana EIG. Essa obra, que depende ainda da finalização de um quebra-mar, até março deste ano, desde 2007, teve investimento total de R$ 2,8 bilhões, segundo informações da Prumo.
O Minas-Rio envolveu 20 mil trabalhadores no auge da obra - a metade deles em Minas. O mineroduto cruza 27 municípios mineiros cinco do Rio e exigiu negociações com 1400 proprietários de terras. "Sem o mineroduto e o porto dedicado, essa mina seria difícil de existir", diz Castellari.
Idealizado em três fases, e alvo de rumores de que a Anglo buscou um sócio para o empreendimento no ano passado, para minimizar suas perdas - fato admitido por Cutifani -, todo o esforço do executivo brasileiro é voltado para pôr o projeto em operação. "Aqui, estamos focados em entregar o primeiro embarque de forma responsável no fim do ano". Falar em expansão, para ele, é prematuro. Admite um ganho de pouco mais de 10% no sistema instalado, indo a 30 milhões de toneladas ao ano.
Ao fim dessa fase, a empresa vai empregr no Minas-Rio cinco mil pessoas - cerca de 1,6 mil diretamente e 3,5 mil como subcontratados para diversas atividades relacionadas à operação do dia a dia. Castellari garante que 70% serão das regiões da mina e do porto.
A empresa informa que já desembolsou para os municípios ligados à obra R$ 1,3 bilhão a título de impostos e outros recolhimentos de 2008 a 2012. Sem revelar valor, aponta Conceição do Mato Dentro como o maior beneficiado.
Sobre as críticas de que o projeto afetou comunidades no entorno e o meio ambiente da sua área de atuação, e de que não cumpriu todas as exigências para sua instalação, o executivo diz que "a empresa tem plena consciência de que o que foi prometido está sendo cumprido". "Algumas expectativas criadas podem não estar sendo atendidas. Fizemos um trabalho muito detalhado nas áreas social e ambiental", diz. (Colaborou Marcos de Moura e Souza, de Belo Horizonte)
Preço deve ficar acima de US$ 90 até 2016
Quando chegar ao mercado, o minério de ferro do Minas-Rio encontrará preços internacionais praticamente iguais ao atual, se confirmadas as projeções de analistas que acompanham o setor de mineração. Ontem, a commodity foi negociada a US$ 94,70 a tonelada no mercado à vista da China, e as estimativas de onze bancos consultados pelo Valor indicam preços de US$ 97 em 2015 e de US$ 98 em 2016.
Mesmo uma eventual aceleração da demanda da China - responsável por 66% das importações globais do produto em 2013 -, não deve levar os preços às alturas, segundo os analistas. Diferentemente de anos anteriores, quando a cotação caía, mas retornava a patamares superiores a US$ 140 por tonelada, há uma mudança estrutrural no mercado por causa do aumento da produção global.
Além da Anglo, as maiores mineradoras do mundo - Rio Tinto, Vale, BHP Billiton e Fortescue Metals - estão com novos projetos encaminhados. Isso elevará a oferta e dificultará arrancadas de preços de agora em diante.
Assim, os analistas estimam um adicional de cerca de 180 milhões de toneladas neste ano e de perto de 130 milhões no ano que vem. E assim como o Minas-Rio, os novos projetos dessas companhias têm custos de produção mais baixos - em geral, na casa dos US$ 30 por tonelada -, o que acaba reduzindo o patamar de preços globais. Nos primeiros seis meses deste ano, o preço de referência para o minério com concentração de 62% de teor de ferro caiu 30%.
Apesar de as previsões para o futuro indicarem preços bem inferiores à média de US$ 135 de 2013 - e ainda mais distantes do pico de US$ 159 em fevereiro do ano passado -, o preço esperado garante a atratividade do projeto da Anglo, diz Paulo Castellari, presidente da unidade de negócio de Minério de Ferro da empresa no Brasil. Segundo ele, o custo de produção do minério extraído de Conceição do Mato Dentro (MG) será de US$ 35 por tonelada até o porto. Somando US$ 18 por tonelada estimados para o frete internacional, ainda restam US$ 45 por tonelada para a companhia. "Seremos bastante competitivos. E vamos trabalhar para manter o custo em US$ 35 por tonelada", diz Castellari.
Por outro lado, apesar de não irem às alturas, os preços também não deverão desabar, dizem os analistas. As quedas devem ficar limitadas ao patamar de US$ 80 por tonelada, já que muitos produtores globais ainda têm altos custos de produção, principalmente na China. Com o preço de hoje, muitos já estão sendo forçados a deixar o mercado, diz Castellari. Ele afirma que, por essa razão, não espera um preço muito mais baixo do que o de hoje no longo prazo.
O executivo acrescenta que a tendência é de teores de ferro cada vez mais baixos nas operações antigas. Na China, afirma, já houve uma forte queda do teor médio das minas nos últimos anos. De 40% em 2003, passou a uma concentração de 20% em 2011. Para 2018, há previsão de 10% a 15%. No Minas-Rio, diz, o teor fica entre 35% e 40% nas frentes de lavra. E produto final com 68%.
PS.: Atualizado às 15:10 para acrescentar links de postagens anteriores do blog sobre a implantação do projeto Minas-Rio.
PS.: Atualizado às 15:10 para acrescentar links de postagens anteriores do blog sobre a implantação do projeto Minas-Rio.
Um comentário:
Prezado Roberto Moraes parabéns pelas suas postagens e comentários sobre os mais diversos problemas de interesse dos brasileiros, particularmente da sua região. No caso do complexo(mais por ser confuso do que multimodal) Porto Açu, a Anglo American está numa enrascada danada e não acredito que vá exportar "minério" fabricado em 2014 pelo Terminal cujo complicado quebra-mar não está concluído e há até greves que você tem noticiado e acidentes com os caixões. Esta defesa do mar era em blocos de rocha, com auxílio de 11.000 core locs de dez toneladas cada e estes num mau exemplo, antes, nunca visto neste País, ou no mundo,foram destruídos para virar material de enchimento dos caixões com areia para o novo modelo de quebra-mar. O preço de US$ 5,5 bilhões que a Anglo teria pago ao Eike Batista são inexplicáveis e a Receita Federal multou o empresário por sonegação, em R$ 3,8 bilhões - exatamente o valor devido nesta operação, de venda de meros direitos minerais de depósitos de ferro marginais – que não valiam US$ 0,5 bilhão –, com baixo teor na mistura de pouco minério rico e maior parte de minério itabirito, mais duro que friável, com 28 a 38% de ferro que exigem concentração com gasto de muita energia chega ao mercado com 65%, num momento de queda de preço e que vai ajudar a cair mais ainda. Portanto se hoje o minério está a US$ 84,00/t e com estes custos não ficará por menos de US$ 40,00/55,00/t, se cair mais um pouco os ingleses não vão pagar para os chineses ou seus concorrentes gastarem minério que nem foi testado ainda no alto forno, vai que o novo produto crepita. Um absurdo que o BNDES e outros agentes oficiais tenham colocado dinheiro para aumentar mais ainda a oferta de minério de ferro e com isso o preço desbar. Lembro que o preço do minério de ferro ficou estável entre US$ 14,00/18,00/ t, por quase 150 anos e nos últimos explodiu até US$ 240,00/t, sem igual aumento do aço e do automóvel. Outro problema que precisa ser mais bem analisado é o destino da água do mineroduto, pois Minas Gerais que reclama por não ter mar e já sente a falta de água na Bacia do Rio Doce, não pode adoçar o mar carioca, nem vai gostar de transferir - transpor - água ao sistema do Rio Paraíba do Sul. No projeto original havia dois dutos, que poderia ser um para levar e outra para trazer de volta a água. Foi feito uma só mineroduto para transportar 26 MTa e propagam que vão logo duplicar com outro duto. Desejo que a empresa, grande mineradora, tenha sucesso, mas já errou muito mais que é possível errar neste grande projeto, em preço, valor e prazo, pois começado em 2007 os informes diziam que iria exportar, em 2010, 11, 12, 13 1 agora 2014. Um abraço, geólogo Everaldo Gonçalves.
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