Um estudo desenvolvido pelo Boston Consulting Group (BCG) que analisou a dinâmica de oferta e demanda de mão de obra, em 25 grandes economias do mundo (englobando 65% da população global e 80% do PIB mundial) previu para o Brasil, um déficit de 8,5 milhões de trabalhadores para 2020, e de 40,9 milhões pessoas para o ano de 2030 no mercado de trabalho do país.
O estudo previu desequilíbrios também em economias desenvolvidas como da Alemanha que teria um déficit de 2,4 milhões trabalhadores para 2020 e 10 milhões para 2030, com a redução da oferta de mão de obra de 43 milhões de pessoas para 37 milhões.
Interessante observar que o estudo informa que a maioria dos empregadores em toda a Europa reclama de "déficit de competências" por parte dos trabalhadores. O estudo prevê problemas menores em outras economias europeias, mas, considera que em 2030, isto será "um problema mundial".
Estes dados parecem estranhos. Eles parecem criar uma sensação da necessidade de criar condições para que a força de trabalho seja ainda mais ofertadas, indo na contramão da luta do trabalhador pela redução de carga horária de trabalho, por conta do aumento de produtividade gerada pela automação crescente.
Uma pista para isto pode ser visto na matéria do Financial Times, repercutida pelo Valor Online, com os dados do Brasil, que indica como um dos problemas a recente redução da idade mínima de aposentadoria na Alemanha de 65 para 63 anos. Também estimulam a "simplificação das leis trabalhistas e do sistema de impostos".
Na Alemanha, as medidas que estão sendo projetadas para lidar com a situação em 2030 são: aumento líquido da imigração da ordem de 100 mil trabalhadores por ano; alta de 71% para 80% na participação das mulheres na força de trabalho; e de 4% para 10% de pessoas com mais de 65 anos na força de trabalho e uma melhora no crescimento da produtividade.
No grupo dos Brics só a Índia, segundo o estudo do BCG estaria a salvo da escassez de mão de obra. Até A China teria em 2020 um déficit de 24,5 milhões de trabalhadores em 2030.
De outro lado, a se confirmar a confiabilidade do estudo e de suas previsões cabe ao nosso país um grande investimento em educação. Assim, torna-se ainda mais interessante a decisão de investir 10% do PIB na área, conforme lei aprovada no Congresso e sancionada recentemente pela presidenta Dilma.
Assim, poderiam ser ainda mais ampliados os investimentos e a ampliação de campus e vagas nos IFS (educação profissional) e universidades federais (ensino superior), além do ProUni e outros programas tornam-se indispensáveis. Mais um grande motivo de renovar, melhorar e ampliar o Ensino Médio.
Porém, mais que tudo, isto a notícia pode ser servir de estímulo à juventude de nossas cidades e de todo o país especialmente, os recém formados. Os jovens que vêm no presente o crescimento não visto há cerca de 40 anos no mercado de trabalho, podem assim olhar para o horizonte ainda com mais expectativas. A conferir!
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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