Por mais que os esforços sejam ampliados para
superar, em nível mundial, a matriz da energia com uso amplamente majoritário do
carbono (petróleo e do gás), através da adoção das chamadas energia
alternativas, o uso do petróleo, num horizonte próximo a meio século, ainda
será muito forte e hegemônico.
Diversos autores que estudam com freqüência o
assunto e a geopolítica do petróleo e da energia trazem dados que confirmam
esta realidade. Goste-se ou não esta é a tendência.
Evidentemente, preferiríamos que esta realidade fosse diferente. Porém, a previsão é de que cheguemos a 2025 com a China e os EUA consumindo juntos, mais de um terço das reservas mundiais de petróleo e isto ajuda a explicar boa parte dos conflitos mundial de poder.
Evidentemente, preferiríamos que esta realidade fosse diferente. Porém, a previsão é de que cheguemos a 2025 com a China e os EUA consumindo juntos, mais de um terço das reservas mundiais de petróleo e isto ajuda a explicar boa parte dos conflitos mundial de poder.
Assim, a procura por petróleo e gás em terra,
preferencialmente, e no mar alternativamente (offshore) tendem a se ampliar, demandando usos de novas tecnologias
e infraestruturas inovadoras de logística. Novos materiais e equipamentos
resistentes e flexíveis já estão tendo seus usos ampliados e aperfeiçoados.
Neste processo, de forma especial, as estruturas e
os sistemas portuários serão cada vez mais amplos. A relação petróleo-porto
para a exploração e porto-petróleo para a movimentação da carga líquida de
petróleo a granel, antes, ou depois de ser processado, exigirão grandes e
articuladas bases portuárias juntas a variados tipos de embarcação.
A indústria naval para atendimento ao setor de
exploração de petróleo se ampliará ainda mais do que se conhece hoje, tanto no
Brasil, como em outras partes do mundo, especialmente na Ásia: Coreia,
Cingapura e Japão.
A exploração offshore até há pouco tempo, se dava
basicamente em três principais áreas: no Mar do Norte, na Europa, nos países
baixos e Reino Unido (Holanda, Escócia e Noruega), no Atlântico Norte, no Golfo
do México, no litoral deste e dos EUA e no litoral brasileiro, agora
enormemente ampliado com as reservas do pré-sal que já possibilitam a produção
de mais de meio milhão de barris por dia.
Mais recentemente cresce a exploração também
Atlântico Sul, na costa da África, mais centrada em Angola e na Nigéria. No Mar
Cáspio (que seria o maior lago do mundo) no litoral da Rússia e na costa
de Baku, no Azerbaijão, onde se fala em reservas de 10 bilhões de barris de petróleo. Também ao
sul da China, no Mar da China e ao redor das diversas ilhas, já há indicativos
e prospecção em fase avançada.
Aliás, nesta breve reflexão, vale relembrar que as
primeiras iniciativas de exploração de petróleo foram na China três séculos
antes de Cristo, na busca por salmoura (sal). Agora, a China, depois de
aprender com a aquisição da canadense Nexen, explorando petróleo no Mar do
Norte, já prospectou poços a até 1.500 metros de profundidade.
Em maio deste ano, a China colocou em funcionamento a sua primeira plataforma para exploração em águas profundas (até 5 mil metros) no litoral de Hong Kong, mesmo em meio a tufões e potenciais conflitos territoriais com o Vietnã, Malásia e Filipinas.
Em maio deste ano, a China colocou em funcionamento a sua primeira plataforma para exploração em águas profundas (até 5 mil metros) no litoral de Hong Kong, mesmo em meio a tufões e potenciais conflitos territoriais com o Vietnã, Malásia e Filipinas.
Além disso, há uma semana as petrolíferas russas
Rosnef e Zarubezhneft, assinaram contrato com a CubaPetróleo para explorar o
chamado bloco 27 em águas profundas da ilha na América Central, também nos
limites do Golfo do México já explorado pelos mexicanos e americanos.
Imagem que mostra simbolicamente a forma de exploração offshore de óleo & gás |
Os especialistas dizem que a produção de petróleo no mar, hoje, só seria viável a um custo de aproximadamente US$ 75. Com o avanço e o domínio mais amplo de novas tecnologias, a tendência é que este custo de produção se reduza e a exploração avance a velocidades maiores do que as imaginadas há alguns anos.
Ao contrário do que se imaginava, o avanço deste
processo estaria hoje, mais fortemente ligada aos estados regionais que
controlam as maiores petrolíferas do mundo, do que às grandes empresas e
corporações privadas do setor.
Estes fatos, superada a fase da visão neoliberal da
economia e da política, que imaginava um estado mínimo, deixaram evidenciados
que o setor de óleo & gás, pela sua estratégia e pela alta necessidade de
investimentos, não tem como ser feita e conduzida, sem a forte presença do
Estado.
Assim, retoma-se a ideia de um estado planejador, não
apenas regulador e controlador, mas, também executor de políticas, onde a
presença dos oligopólios e das corporações força a maximização de lucros,
exploração do trabalho e maltrato do ambiente, tornando-se altamente predatórios
à sociedade.
Neste quadro, tornou-se necessário um estado (hoje
alternativamente e de forma híbrida com uma forma em transição, de capitalismo
de estado) para estruturar políticas públicas, e avanços, com ou sem a
participação mais operacional do setor privado, que no caso do petróleo tende a
ser menor no processo de exploração e produção, e de forma “híbrida”, um pouco
maior no beneficiamento (refino) e na distribuição.
A ampliação da exploração offshore em diversas partes do mundo, como extensamente citado, oferece ao Brasil, hoje, o maior conhecedor deste processo, oportunidades estratégicas na chamada geopolítica do petróleo. Tudo isto vai muito para além, de nossa capacidade em explorar a camada de pré-sal, que tudo leva a crer que seja parte uma única jazida que se estende às reservas do outro do Atlântico, na África.
PS.: Parte do texto e exposição feita por este blogueiro em 18 de julho de 2014, a partir de convite do Sindipetro-NF para participar da do 10º Congresso dos Petroleiros do Norte Fluminense (10º Congrenf), em Macaé, na mesa-redonda cujo tema foi: “A atual conjuntura e as perspectivas da indústria do petróleo e da Petrobrás”, junto com o economista Henrique Jager e o coordenador geral do Sindipetro-NF, José Maria Rangel. Aqui repercussão sobre as exposições e debate feita pela Ascom do Sindipetro-NF.
Um comentário:
Algumas preocupações geopolíticas e do campo bélico-militar-estratégico:
01- Cresce a necessidade de frotas navais e o uso de submarinos nucleares (maior autonomia);
02- Problemas para determinar os limites soberanos das reservas e as responsabilidades ambientais de cada país;
03- Neste caso (dos limites e responsabilidades), um bom exemplo foi o caso Chevron, Procuradoria Federal (Eduardo Oliveira) e ANP...
Com a tese de que o assunto (crime ambiental) deveria ser tratado em uma Vara Federal de Brasília, pela "impossibilidade" de fixar a competência do Juízo regional, dada a fluidez do dano ambiental (perpassou a costa de vários Estados da Federação), tentou-se dar corpo a uma tese jurídica que também pode servir a questões mais importantes, ou seja: os limites das plataformas continentais das reservas...
Ou seja, se eu concordar que os danos serão processados em instâncias que estejam acima das localidades (questão das autonomias federativas), nada me impede de eleger os fóruns internacionais para dirimir questões transnacionais (soberania)...
04- Outro tema grave: Há suspeita (bem plausível) que a Chevron "rodava" uma sonda não outorgada pela ANP no poço que adquiriu, justamente porque pretendia tentar sugar o pré-sal por "tabela", ou seja, a partir de um campo quase sem valor que comprou no leilão da ANP...
É sempre bom ficar de olho...porque não é por sermos paranoicos que não estejam nos perseguindo...
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