Prosseguindo na divulgação de dados da RAIS/MTE (Relatório Anual de Informações Sociais) levantados pelo professor Romeu e Silva Neto, sobre o emprego em municípios da região Norte Fluminense, o blog traz agora a tabela e o gráfico que mostram a evolução do empregos, no município de Campos dos Goytacazes, no período de 12 anos, entre 2002 e 2014.
Pela tabela podemos ver que o pico do emprego no município foi em 2007, antes da crise de 2008/2009, quando o município atingiu 99.242 vagas de emprego formal. No ano seguinte de 2008, o estoque de empregos reduziu em 11 mil vagas (11%), caindo ainda mais em 2009 para 76 mil vagas, ou, 23 mil vagas (23%) de emprego quando comparado com o ano de 2007 com 99,2 mil empregos. De 2008 em diante, o estoque de empregos no município veio crescendo gradualmente chegando a 98.220 vagas, em 2013.
Observando o período entre 2002 e 2013, em termos de crescimento, ou evolução do número de empregos, o município de Campos ficou na 36 ª posição entre os 92 municípios fluminenses.
Por setor de atividade assim como no plano nacional a área de serviços é a que mais emprega com 31,7 mil vagas, seguido do comércio com 26 mil vagas. Apesar disto o emprego no comércio cresceu mais no período entre 2002 (91%) do que na área de serviços onde o emprego cresceu 62%. O setor de agricultura/agropecuária regrediu em termos de empregos. Tinha 2.248 vagas em 2002 e 2.145 empregos no ano de 2013.
Os setores de atividade econômica que mais cresceram em número de empregos em Campos foi o da Construção Civil que saiu de 2.852 vagas em 2002, para 8.341 vagas em 2013. Um crescimento de 292%, ou seja quase triplicou o número de empregos em pouco mais que uma década. O setor de administração pública acompanhou de perto este crescimento na construção civil. Saiu de 6.962 vagas em 2002 para 18.331 vagas em 2013, um crescimento de 263%.
Vale ainda observar no gráfico para além da tabela como flutuaram os empregos por setor de atividade ao longo deste período de 2002 e 2014. Enquanto a área de serviços foi a mais afetada pela crise 2008/2009, o setor de comércio (em vermelho) evoluiu sempre de forma constante em termos de emprego.
Também é possível ver o efeito em 2008 da proibição que o Ministério Público fez à Prefeitura de Campos com as terceirizações que redundou em significativa redução de empregos no setor de administração pública (verde), entre 2008 e 2009, quando a prefeita Rosinha assumiu pela primeira vez a prefeitura. A redução foi significativa saindo de 23,4 mil em 2007 para 13,6 mil em 2008. A partir de 2009, quando a prefeita Rosinha assumiu o número de empregos no setor público saltou e se mantém na faixa dos 18 mil empregos.
Isto induz a refletirmos que esta situação não tem sustentabilidade numa era pós-royalties, ou mesmo de redução destas receitas. Além da redução do quadro de funcionários terceirizados, outro setor imediatamente atingido é o de serviços, já que grande parte deste atua em contratos com a administração pública que move a economia local, com grandes interferências também na dinâmica econômica da construção civil e comércio. Esta é uma realidade antiga e que precisa ser discutida para além das eleições.
Outras análises são possíveis de serem feitas, mas, vamos ficar apor aqui. Confiram a tabela e o gráfico abaixo. Para ver em tamanho maior clique sobre as imagens.
PS.: Atualizado às 23:14: Para acrescentar comentário do Ranulfo Vidigal feito na mesma nota em seu perfil no Facebook: "O emprego público recuou de 24, para 18 por cento. A indústria, coração de qualquer mudança estrutural representa tão somente 7 por cento ( muito pouco). Somos uma economia de serviços, pois neste segmento temos cerca de 33 por cento das vagas formais, seguido do comércio, muito influenciado pela folha salarial do poder público. Resumo da ópera: A tão sonhada redenção imaginada pelas elites da cidade ainda não chegou. Caminhemos, pois."
Além disso, acrescentar à nota a informação que o município de Campos dos Goytacazes é o sétimo em número de empregos formais entre os 92 municípios fluminenses. Entre os dez municípios com maior estoque de empregos quatro são do interior (Macaé, Campos, Volta Redonda e Petrópolis), enquanto todos os demais são da Região Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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Um comentário:
A sustentabilidade nesses empregos, principalmente, com relação aos terceirizados pela prefeitura, são bastante questionáveis e inseguro.
Como muito bem colocado pelo blogueiro, numa situação pós-royaltes, a coisa ficaria insustentável, um caos. Já que esse casal da Lapa, não se esforça e nem procura atrair empresas que irão gerar empregos sustentáveis para nosso município.
Grande dos empregos aqui em Campos, são destinada aos cabos eleitorais do casal da Lapa. Sendo certo que esse tipo de emprego é temporário.
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