sábado, agosto 30, 2014

Dizem que não se deve acreditar em bruxas. Mas devemos ter certeza que elas existem!

O texto abaixo escrevi em meu perfil do Facebook logo depois de ler a análise do Renato Rovai em seu blog no portal da revista Fórum que postarei logo abaixo. Assim, se preferir leia primeiro o texto dele e depois este meu breve comentário sobre o momento político em que vivemos.

Esta reflexão precisa ser feita. Não apenas regionalmente, ou pelo estado RJ, que hoje vive muito e cada vez mais (o que deve ser discutido) dependente das receitas dos royalties. Porém, a repercussão de uma decisão de parar o pré-sal é para todo o Brasil e toda a sociedade brasileira. O quadro é de espantar! Confiram texto original e comentário abaixo:

Tenho aprendido que a cadeia produtiva do petróleo é complexa. Ela arrasta, mas também concentra. Por tudo que ando aos poucos descobrindo a hegemonia do petróleo na geopolítica da energia ainda deverá perdurar por quase meio século. A descoberta do pré-sal no Brasil foi feita contra muitos que queriam antes fazer novas concessões. Os mesmos que construíam plataformas lá fora, com o argumento (que não era só pueril, porque antes era mal intencionado de ser mais barato), diziam ser bobagem o pré-sal. Pois bem, livres de asneiras e más intenções anteriores, o trágico acidente de Santos, nos coloca agora diante deste desafio tão grande quanto a exploração com cuidados ambientais. Com a previsão destes recursos ampliamos para 10% o PIB da Educação. Reservou-se uma parte para a saúde e agora, a candidata diz que tem que parar e analisar tudo e continua queridinha do mercado? A conta não fecha. Ou estão enganando alguém. Pode ser que o pessoal do etanol tenha alguma razão em suas reclamações, mas, isto não pode ter relação com segurar o pré-sal para analisar. Aliás, são muitos e diversos os interesses cruzados. Só não se pode aceitar manipulação de quem diz que vai ficar bem para todos. Não se trata de desqualificação de quem quer que seja. Trata-se do direito ao debate sobre as posições de quem quer nos dirigir. Volto a repetir o caso é muito mais grave do que se poderia imaginar. Dizem que não se deve acreditar em bruxas. Mas que devemos ter certeza que elas existem e para isto não deveria haver dúvidas. Assim, diante de tantas evidências e entreguismo começo a pensar nas "bruxas", complôs e conspirações. Independente das posições, e com respeito às divergências, vou me certificando que estamos definitivamente diante de um exame sobre nosso grau de politização. A conferir!

"Ex-Marina defende interromper exploração do pré-sal. Sabe o que significa?"
Por Renato Rovai agosto 29, 2014 12:37

"O Globo de hoje anuncia em primeira página que a candidata do PSB, Marina Silva, planeja reduzir a importância do pré-sal na produção de combustíveis. Num encontro com produtores de etanol, na Feira Internacional de Teconologia Sucroenergética (Fenasucro), em Sertãozinho, Marina, para foi ovacionada quando disse: “temos que sair da idade do petróleo”. E também quando prometeu disse vai revigorar o álcool, dando incentivo para os produtores do setor.

O governo estima que em dez anos o Brasil extrairá US$ 112,5 bilhões em recursos para a área de saúde e educação com o pré-sal. E que em pouco tempo o país se tornará um exportador de petróleo.

Isso significará não apenas a nossa auto-suficiência energética, mas o Brasil também se tornará um país mais importante do ponto de vista geopolítico.

É isso que está em jogo e que incomoda profundamente os falcões americanos. Eles não querem o desenvolvimento do Brasil e muito menos o nosso fortalecimento internacional.

Um Brasil forte não interessa aos EUA. Desde sempre.

E por isso, sempre houve pressão para que a extração nas camadas de pré-sal fosse entregue a grandes empresas privadas, se possível americanas. E não fosse realizada pela Petrobras.

Os gringos querem o pré-sal para eles.

Mas como a campanha de Marina vai lidar com o assunto, segundo o Globo. Ela vai criar um grupo de especialistas para avaliar os riscos envolvidos na exploração do pré-sal e vai apresentá-los à sociedade.

Que especialistas, cara-pálida? A turma do Eduardo Gianetti da Fonseca, que defende a cobrança de mensalidade para “estudantes que podem pagar” nas universidades públicas.

O Globo procurou um especialista que pelo jeito não é da turma do Gianetti e a resposta à consulta foi óbvia. Nivaldo de Castro, coordenador do setor Elétrico da UFRJ disse que “seria uma decisão estratégica que alteraria substancialmente a capacidade de investimentos do país em duas áreas fundamentais para o Brasil entrar numa rota de desenvolvimento social, a Educação e a Saúde”.

Castro ainda acrescenta que diminuir investimento não seria uma boa estratégia porque o país perderia a liderança tecnológica na exploração da camada do pré-sal.

Mas aí vem a pergunta. Não seria uma boa estratégia para quem interromper os investimentos da Petrobras no pré-sal para o Brasil perder a liderança tecnológica neste setor?

Só não seria uma boa estratégia para o Brasil, os brasileiros e a Petrobras. Para os EUA e para suas empresas de exploração, como a Exxon isso seria lindo e maravilhoso.

Mesmo que depois de interromper a exploração por um determinado tempo o Brasil decidisse voltar a explorar o pré-sal, já estaríamos defasados tecnologicamente. E superados. E aí teríamos de terceirizar a exploração.

É um jogo absolutamente bruto que está por trás dessa decisão. Em nome de uma causa em tese ecológica, vamos entregar nossas reservas e abrir mão do nosso futuro.

Ao mesmo tempo que promete interromper o pré-sal para discutir as consequências da exploração, Marina diz que nunca foi contra os transgênicos.

E ainda está se comprometendo a priorizar acordos bilaterais em detrimento do Mercosul.

Marina está virando ex-Marina. É muita mudança em pouquíssimo tempo.

PS: A defesa do Banco Central independente e da interrupção da exploração do pré-sal vão ajudar muito a campanha do PSB a arrecadar. Por isso o tesoureiro Márcio França já disse que não tem essa de não aceitar recursos de empresas de armas ou qualquer outra área. Vale tudo, desde que seja legal, segundo ele. Vai chover dinheiro na hortinha do PSB com esses novos compromissos que passam a a ser assumidos agora. Não vai ser necessário nem usar semente transgênica para multiplicar os recursos."

7 comentários:

Anônimo disse...

É MARINA NO PRIMEIRO TURNO !!!

Anônimo disse...

O negócio é o seguinte:

"O PT e seus" podem falar, e fazer, e querer, e planejar, e resolver, e acertar, e concordar, e discordar, e mensalar, e Pré- salzar, e roubar, e desfazer, e acordar, e se juntar, e separar, e envermelhar, e embrancar e azulzar, e brigar, calar, e diabar, e tudo o mais.
PT e os Petecos concordam, explicam, defendem, inclusive dizendo antigamente, que Campos dos Goytacazes não pode ficar nessa de Pré Sal, de Petrobrás, que tem que pensar outros meios, né Morais?
Você mesmo já cantou esta pedra de várias formas por aqui. Mostrando a importância da Sustentabilidade e outras formas de obter recursos e com outro tipo de energia.

Nós podemos ser verdinhos, mas não somos ETs e muito menos robôs.


Será que você tem coragem de colocar este comentário?
Porque te conhecendo e esbarrando em você nesses dias aí,não tenho coragem de me identificar.

celso.

Roberto Moraes disse...

Caro Celso, (nome ou pseudônimo, com ou sem coragem para se apresentar ou nominar)

A mim não há problema em dialogar com as ideias, mesmo que só o blogueiro seja conhecido como interlocutor. Tem sido assim há dez anos que o blog existe.

Não misturemos as coisas. Não por má intenção e para embaralhar o discurso e reafirmar a já conhecida retórica anti-governo PT, anti-petista e preconceituosa já conhecida aqui neste espaço como anônimo e pseudônimo. A marca da ideia já é conhecida e bate sempre na mesma tecla. Apesar do pretenso diálogo de surdos vamos ao ponto do dia:

1) A defesa do planejamento e das ações para a economia local/regional pós petróleo e royalties continuam. Ela não tem relação mesmo que a compreensão seja torpe pelo "anti", esta nota com o texto do Rovai e o comentário do blog se refere à hipótese da suspensão da produção do pré-sal. Repito suspensão que foi a fala da candidata agora de toda a oposição e do mercado.

2) A dependência e os riscos dela para o município é sempre maior para este que para o estado e para o país. Simples assim, pelo porte.

3) Já tratei deste tema aqui e em muitas mesas que tenho debatido o tema sobre a maldição mineral, mas, simultaneamente tenho afirmado que a opção por ela, como uma das atuais três fronteiras de expansão de nossa economia, traz no seu bojo a tentativa (com todos os riscos) que isto representa.

4) As maiores economias regionais do mundo usaram seus recursos para dar o salto. Verdade que tudo isto no sistema capitalista, que não vê com bons olhos a expansão da base produtiva sem o seu controle. E é isto que está em jogo e que parece que a candidata oposicionista parece representar com esta posição. A quais interesses internacionais serve? BP, Chevron, Shell, Esso????

5) Não é difícil comprovar a hipótese diante da reação do mercado acionário brasileiro. Qual mercado não se assustaria com uma posição com esta da candidata de oposição, agora com reais chances de vitória, se por trás de tudo isto não tivesse outras e decorrentes decisões. Como gostam de dizer "o capital é covarde e não aceita ameaças porque corre". Então porque ao invés de correr está comemorando? Sabe-se que a interpretação sobre este processo não é simples e nem possível ser reproduzidos nos debates da grande rede ou de rua.

É o suficiente.

Anônimo disse...


Ufff!
Taí, Morais, você me surpreendeu com a resposta.
Foi claro, tranquilo, certeiro.
Não foi como petistas outros que se a gente mostra os descaminhos e incoerências, vem com xingamentos e deboches.

Obrigado pelo gesto de gente que sabe discutir o que pensa
Celso,
ET.

Anônimo disse...

Estou me lembrando que o Garotinho não queria seguir Campos porque ele seria a favor da divisão nos estados todos.

Será que marina vai seguir esta ideia?

Não vi ninguém falar sobre isso.

Outra: Garotinho/PT está com Dilma e Dilma/PT está com Garotinho?

Bem que eu acho que Garotinho deveria estar com Pastor Everaldo.

O que você acha?

Que análise política você faria?

Anônimo disse...

Roberto, você acha que seria possível viver sem o capitalismo no Brasil?

Capitalismo é tão ruim, assim?

Será que o Comunismo ou Socialismo, resolveria o problema brasileiro?

Ou Comunismo é coisa de gente que já perdeu a esperança é quer mais que tudo se exploda?

Gostaria deste debate.

Roberto Moraes disse...

Há bruxas e sabidos em tudo.

Não vou cair nesta esparrela de debate que não cabe aqui.

Quando se discute o sistema capitalista é para ver a forma que as coisas se dão neste processo.

Como movem os interesses e as diferenças nas disputas inter-capitalistas, etc.

Mesmo que não haja (e não existem uniformidades) há logicas fáceis de serem identificadas.

A regulação é muitas vezes quase uma figura de retórica pela sua quase incapacidade em lidar com as forças do mercado ou do dinheiro.

Saber e conhecer isto é também compreender os limites da democracia sob este sistema.

Por todos os lados que se tenta ler os cenários, estaríamos caminhando para algumas mudanças importantes.

Há quem imagine e diga que não há o que fazer e isto mesmo, não há o que mudar e o sistema é o mais perfeito ou menos imperfeito.

Há outros que enxergam seus limites e o movimento em diversas capitais do mundo desde Wall Street, Madri, etc. que questionam a representação política e a falta de representativa da maioria da população. Há que se saber quando e de que forma estes confrontos serão resolvidos, mas, eles parecem latentes.

O que surgirá daí?

Não acredito que seja um conformismo com o status-quo.