Está sendo decidido hoje e manhã o sentido que estes grupos que se integram (e atuam de forma coordenada) agirão de agora até o primeiro turno.
Não é difícil de entender a lógica. Eles preferem Aécio. Comemoraram e trabalharam pela entrada de Marina, sem nenhum pudor com o período de velório, pela confirmação de sua entrada.
Entenderam que assim o segundo turno estava garantido, mesmo que com risco de Marina disputar com Aécio. Voltaram a confirmar interesse na vitória do Aécio.
Consideraram que a "espuma" pró-Marina poderia ser "decantada". Ajudariam com questionamentos sobre as contradições de sua candidatura. A cada dia, ou hora, se descobre mais uma.
Porém, diante da avalanche de fatos, só agora estão se dando conta que com a hipótese do segundo turno quase que garantida, a lógica dos dois turnos é um pouco mais complexa.
Quem vai para o segundo turno começa a ganhá-lo ou perder já no primeiro turno.
Assim, a desconstrução que já tinham começado a fazer das contradições de Marina, podem tirar a chance que a simulação do 2º turno, feita pelo Ibope, hoje lhe dá sobre Dilma.
Oh, dúvida cruel!
Desta forma, já há diversos deles dizendo que contra Dilma e o PT vale tudo e é melhor embarcar desde já na "onda" Marina, do que correr o risco que precisa ser combinado com o povo.
A avaliação do governo melhora a cada semana com os programas eleitorais. Hoje só 27% consideram o governo ruim ou péssimo. Assim, se sabe que a disputa no segundo turno não será simples, mesmo que eles fiquem desde já com Marina.
Da parte de Marina, ela faz de todas as formas possíveis cooptações a quadros do PSDB e desta elite, próxima de sua amiga banqueira, dona do Itaú e da Globo, as sinalizações e ofertas de que agora é a vez dela e que sua "Carta aos Brasileiros" já é conhecida.
Falta combinar com Aécio e outros tucanos. A decisão de deixar o caminho aberto para Marina liquida o PSDB como partido com projeto nacional. Depois de doze anos fora do poder e de um eventual segundo turno seria definitivo, em que pese a conquistas de alguns governos estaduais.
O contraponto a isto é a oferta de Marina que uma reconstrução partidária é mesmo necessária e que ela seria este "novo" caminho.
Conhecendo os movimentos da mídia e sua participação no jogo, mostrando definitivamente sua "falsa imparcialidade" não se pode ter dúvida do que virá. O medo da regulação e das cobranças dos impostos é definitiva.
Resta saber a parte da elite econômica que não os banqueiros, mas os industriais, os construtores os grandes da área de serviços como enxergam os riscos de todo este processo considerando o avanço (não sem problemas) que o país vem vivenciando a despeito da crise internacional.
Vale ainda observar que o povão e parte da juventude (dividia praticamente meio a meio entre Dilma e Marina) enxergarão e refletirão sobre o futuro. Aí estará decidida a eleição, mesmo que as elites caminhem em outra direção.
Enxergar com clareza este momento é tomar um banho de Brasil, para além dos livros e daquilo que a mídia e seus colunistas pensam que é o nosso Brasil.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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5 comentários:
Excelente análise do momento.
Pois é, a mídia insiste que com a entrada de Marina quem mais saiu perdendo foi a Dilma. Isso é uma inverdade pois poderá ser configurar a maior derrota do PSDB de todos os tempos.
Enfim, parte do eleitorado,está percebendo que anular ou votar em branco, não altera em nada o quadro eleitoral.
Notaram que, esse fato, só favorece, quem já está no poder,Presidente da República, Governadores e Prefeitos, e, os partidos com grande representatividade nos Estados.
Continuo reafirmando que a renovação a alternança de partidos, e dos políticos, é algo bastante salutar, para democracia. Tudo porque os políticos, mesmo que digam não, mas, tem o hábito, de priorizar, de governar para um grupo só. E isso agrada a uns e desagrada a outros.
Roberto, afastado por desânimo e decepção da lide partidária e muito silente, continuo a ler as suas análises conjunturais precisas e cirúrgicas. Não me contive e resolvi contribuir. A mídia astuta e a cobiça pelo poder sempre irão existir. Mas gostaria de ler de você sobre esse processo lento, porém natural e sensitivo das ruas, que muitas vezes escapam das garras e das análise desses dois predadores de mentes e votos. Se a pesquisa é um instrumento sério, parece que a realidade que o eleitor enxerga é outra. As evidências ficam claras quando ele precisa da saúde pública ou dos planos alternativos, ou quando ele vai comprar o que comer. Gastou se uma fortuna para se perder de 7 a 1 ao invés de melhorar a estrutura das estradas que lhe garantissem produtos mais baratos ou a quantidade de leitos e equipamentos nos hospitais. Talvez esse número reflita uma realidade que não garante ao cidadão sair e voltar vivo pra casa. Quem sabe talvez a tabela do IR que ficou sem correção por vários anos, aumentando a quantidade de contribuintes para alimentar os ralos do desperdício e da corrupção. E por aí vai. Enquanto isso os partidos que teriam o dever de dar a devida sustentação e de se contrapor não cumprem o seu papel. Principalmente o PT perdeu a credibilidade, o tato e o trato com os movimentos sociais, se isolando nos tratados burocráticos dos diretórios/escritórios, mantendo bem afastada até da sua militância tão eficiente. Parece que se fez a opção autofagista da permanência pura e simples no poder. Quem sabe a democracia não está apontando através dos números a eficiência da alternância do poder, que ensina a quem está por sair antes do tempo projetado, mas também mostra a receita diferente para quem está por entrar. É certo que só o tempo vai confirmar, no entan to a falta de humor político dos que contavam como certa a reeleição está muito evidente e quem sabe, mesmo com um escore não tão vexatório esse grupo político possa ser rebaixado pela História
Caro Félix,
Compreendo sua posição, mas, não acompanho. Nossas indignações são grandes e acredito que com razão, mas, não vou operar por aí.
Não posso aceitar que a renovação seja sempre interessante, quando os trabalhadores e a população para quem os governos são mais importantes têm tanto a perder.
Fico com o saldo e não com os detalhes, mesmo que identifique oportunistas em meios aos erros e equívocos.
Não vou querer cobrar isto colocando na conta dos trabalhadores e do povo.
No debate eleitoral crivado de esquemas deste democracia liberal e do dinheiro se ganha e se perde. É da disputa política isto.
O que não se deve é agir com o fígado ficando com qualquer um só para desforrar entregando a nação a quem sabemos que interesses atuam.
Respeito sua opção, lamento, mas divirjo frontalmente.
Há nesta eleição muito mais coisa em jogo do que a disputa interna. Isto para mim bastaria para buscar entender as razões de quem quer mudar para retornar ao passado, refletido nestas duas opções oposicionistas que restaram.
Abs.
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