segunda-feira, agosto 25, 2014

Evolução do emprego formal Campos x Macaé e a falta de uma governança supramunicipal

Mais um dado extraído da tabulação dos números da Rais, período 2002 a 2013, agora com dados para os municípios de Campos dos Goytacazes e Macaé que complementam outras postagens anteriores que podem ser lidas aqui, aqui e aqui.


A primeira vez que o município de Macaé ultrapassou Campos dos Goytacazes, em números absolutos de emprego formais foi em 2001 e 2002. Em 2003, o município de Campos dos Goytacazes voltou a liderar até 2005. Estavam praticamente empatados em 2006, e de 2007 em diante, Macaé ultrapassou em muito, o estoque de vagas de empregos de Campos. Em 2013, a diferença do número de empregos era de 46,4 mil entre os dois municípios. Uma proporção de 50% do total de empregos de Campos.

A exposição destes números não tem como objetivo de trazer de volta a surrada discussão bairrista e provinciana da disputa entre as duas cidades. O objetivo é mais amplo e as realidades distintas.

Macaé é a base da Bacia que tem o nome de Campos, não sem motivo. Evidente que isto marca a diferença, sobretudo pela imensa capacidade de arrasto que a cadeia de empresas e empregos do setor óleo e gás possui. Além do mais, há muitos empregos registrados em Macaé que são executados nas sondas e plataformas em nosso litoral. Boa parte dela, por campistas, oriundos da então Escola Técnica Federal de Campos, atual IFF.

Macaé hoje é o quarto município fluminense em estoque de empregos no estado, enquanto Campos está na sétima colocação. Macaé tinha em 2013, estimados pelo IBGE 224 mil habitantes, enquanto Campos estima-se que tenha atingido mais do dobro de população com  477 mil moradores.

De outro lado, Campos registra uma boa parte dos empregos que são desenvolvidos na vizinha São João da Barra, com a construção e implantação do Porto do Açu.

Assim, tem-se entre estas cidades, aquilo que os técnicos chamam de grande movimento pendular de trabalhadores. Gente que mora num município e trabalha em outro, produzindo um grande fluxo diário que explica a grande movimentação de pessoas pelas estradas, em carros e ônibus.

Esta realidade explica uma maior dinâmica econômica regional, com espraiamento do movimento de comércio e serviços para locais distantes das bases das empresas, por conta, entre outras coisas, pela procura de moradias e custo de vida mais baratos em outras cidades. Algumas destas cidades podem até ser chamadas de dormitório. Este fenômeno deveria produzir ações supramunicipais de gestão regional, infelizmente, não cuidada hoje pelo governo estadual.

A análise desta realidade da densidade populacional e do emprego, junto com outros dados e indicadores como arrecadação própria do município, crescimento do número de empregos, apuração detalhada dos dados do IBGE sobre este fluxo pendular de trabalhadores entre os municípios de nossa região, entre outros, oferecem um bom diagnóstico do que políticas integradoras e complementares entre os municípios da região poderiam trazer de positivo para a nossa região.

Isto se Política Pública com "P" maiúsculo for o centro do debate para atender a região e aqueles que mais precisam dos governos. A conferir!

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