Agora, o Porto do Açu que já chegou a ser chamado de Complexo Logístico-industrial Porto do Açu (CilPa) não é mais de um dono com rosto conhecido. Ele é de dois bancos como informamos em nota aqui neste espaço pela manhã.
Bancos que são chamados de fundos de investimentos porque não operam no varejo e sim no atacado buscando setores onde o capital possa obter maior reprodução do que no varejo dos empréstimos dos bancos que conhecemos.
Hoje, o acionista majoritário que controla a implantação do Porto do Açu é o fundo americano EIG. O segundo que está adquirindo agora 10,44% das ações é o fundo árabe Mubadalla de Abu Dhabi que investe na conhecida empresa americana GE, em energia na Espanha e Alemanha e mineração e siderurgia na China entre outras.
O Mubadala já havia investido na holding EBX e é sócia, junto com a trading suíça Trafigura, do Porto Sudeste, em Itagauaí, cujo projeto também foi desenvolvido por Eike.
Com este tipo de negociação, o empresário Eike Batista passa os problemas (passivos) junto com os ativos para os novos controladores, como o acordo com a empresa estadual Codin, no acordo de "parceria" de constituição, ainda não concluída do Distrito Industrial de São João da Barra, entre outros.
Neste caso, estão incluídos os pagamentos e as as áreas desapropriadas dos pequenos produtores do 5º Distrito. Há outros significados desta decisão para além deste, como por exemplo, a relação e as negociações com os poderes políticos nas três esferas de poder. As compensações ambientais e sociais se já estavam marginalizadas após a crise, agora tendem a ficar ainda mais difíceis de serem cobradas.
Observado, pelo lado dos fundos, pode-se saber em quais investimentos estes fundos aplicam, mas, não é possível saber quem são os donos do capital que constituem este fundos.
Não se surpreendam se tomarmos conhecimento adiante, por vias transversas, da participação de brasileiros conhecidos na gestão destes fundos. A Receita Federal considera lucro imobiliário sujeito à tributação os lucros gerados pela participação neste tipo de negócio.
Continuamos acompanhando como se dá no andar superior, os negócios entre as corporações, com a cada vez maior participação do setor financeiro, na alocação, em algum momento, do capital fixo sobre o nosso território.
PS.: Atualizado às 17:56.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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9 comentários:
Entramos então, oficialmente, na ciranda da acumulação composta do capital crescendo a 3%, infinitamente...
O excedente de capital enfim, conseguiu apropriar-se do projeto do fanfarrão Eike e mesmo que ele ainda participe por vias transversas, me faz pensar que a aposta de Lula no filho do doutor Eliezer estava correta.
Preferia que o controle oficial estivesse com o ex marido de Luma de Oliveira. Ao menos saberíamos contra quem protestar.
A história de Evaristo, o Barão de Mauá se repete, como farsa...
No caso, o farsante é o novo "barão", mas o roteiro é o mesmo.
Lula, fiel a sua "cultura" capitalista, gerida no chão de indústrias que cresceram sob a sombra de personagens míticos (Ford, Welsh, Chrysler, etc), ainda imaginava ser capaz de "criar campeões" para dar escala ao nosso indigente capital.
Não deu...
Tirando o cara da Odebrecht, e um ou outro aqui e acolá, o capital é rentista (à benção Setúbal) e o Estado é do capital.
Sim. Não é simples imaginar desenvolvimento na sociedade capitalista em que vivemos sem que a elite econômica queira crescer (sim crescer e não desenvolver) sem produzir e sem querer ter um projeto de nação.
Apostas de risco total o que limita em muito o esforço "do capitalismo de estado" numa sociedade moldada no rentismo doentio que vemos todos os dias.
Temos aí mais que um dilema, um grande problema, a ser superado.
Isto ajuda a explicar as dificuldades que os limites do modelo de inclusão social e de exportação das commodities (minerais e do agronegócio)possui, para o aproveitamento da "janela de oportunidade" gerada pela perda da dinâmica nos países do capitalismo central até então ordenadoras da economia mundial, que está realinhando o "sistema-mundo".
Como usar nossa pujança e "surfar na onda da inserção global" diante do "risco de ser encaixotado pela onda" com a sede de captura dos nossos excedentes econômicos pelas grandes corporações (tradings e bancos de investimentos), se além do estado (com Petrobras, Furnas, etc.) se tem muito pouco da elite econômica nacional?
Hoje, ela parece interessada apenas em nacos (%) de negócios destes fundos de fora. Querem se imbricar neles ("capitalismo de laços"), mas não querem arriscar nada (e olha que com apoio estatal e do BNDES)para crescer.
Lembre que para ampliar os aeroportos e ferrovias a presidenta determinou a três ministros percorrer alguns países, porque as empresas (empresários) daqui se negavam a participar diretamente, mas, se interessavam sempre em ter participação em pequenos nacos (%) do negócio. O que na prática acaba não deixando se ser, (sic) uma espécie de "neorentismo" (ampliando o neologismo).
Continuamos observando o cenário.
Não resta dúvida que teremos diante de tal quadro, uma guinada para fora do centro, que pode ser mais à esquerda, ou mais à direita. Não há como manter este "pacto esgarçado" da "Carta aos brasileiros".
Neste processo em curso a mídia comercial se arrepende hoje de ter aceito o pacto e parte com tudo e toda a força, apoiada por forças externas do capitalismo central decadente (leia-se EUA e Europa), para garantir o seu lado nesta disputa.
Para que a inflexão seja em outra direção, só resta a aliança com a população e isto está tendo que ser feito superando uma campanha midiática sem igual e impensável, para quem vocifera uma falsa neutralidade.
Mais que observar há que se defender o lado do povo nesta contenda que marcará não uma eleição, mas, o restante deste século.
Abs.
Desculpe, é Irineu Evangelista de Souza o nome do Barão...detalhes...
Às vezes eu imagino que falta a nossa elite, em sua folha corrida, um conflito nos moldes da Secessão estadunidense, onde os modelos de capitalismo entraram em choque irreversível: De um lado o sul escravocrata, agroexportador, e de outro, a industrialização e o trabalho (bem)assalariado que é a mola do consumo.
O grande problema que nestes conflitos, como em todos os outros onde os eixos de comando do capital se atritam, quem se fode é o pobre, preto, enfim, os pé-rapados que servem de bucha nos esquadrões, pelotões, companhias e divisões de infantaria...
Conheço bastante gente que também pensa assim, identificando que existiria este lapso em nosso processo histórico.
Eu também como outras pessoas penso que pulamos a etapa da "revolução democrático-burguesa" e isto sim pode ajudar na compreensão de todo este processo.
Mais uma vez, eu vejo que não é simples pular esta etapa e ver o país, bem distante do conceito de nação, tentar aproveitar a janela de oportunidades que se abre na geopolítica mundial com tão canhestra elite.
Enfim, entre idas e vidas, de forma gradual e menos radical vai se desenhando, num enorme esforço a construção de algo que está muito para além de ser compreendido na contemporaneidade.
Sobre o Barão de Mauá, até pelo que constatamos acima, há menos de um mês, eu reli parte de sua excelente biografia escrita pelo Jorge Caldeira.
Buscava nesta releitura compreender um pouco este processo. Ali também encontrei bases que explicam o início de nossa industrialização, na Ponta da Areia, onde estão hoje, três estaleiros em Niterói, inclusive o Mauá.
Assim, também ampliei uma análise sobre a importância dos portos no Brasil, bem antes da globalização dos mercados atuais e da exploração offshore que demanda tanto sistemas portuários e a indústria naval com a construção de embarcações.
Mauá acabou também engolido não pelos que queriam manter o Império, mas, pelo capital financeiro (já mundial).
Na ocasião já era clara a comparação em meio às distintas e históricas situações.
Eu tento, tento, tento, mas não consigo entender como se tenta repelir investimentos pesados em infraestrutura, sobretudo um investimento de risco como o Porto do Açu. Penso como seríamos se tivessemos outros Eikes e Barões de Mauá. Mas pelo que se percebe, há preferência por Lemanns e suas misturas de água e cevada. Bem, talvez possa também nos trazer uma medalha no tênis.
Comentarista das 8:16, não há repulsa ou preferência (não pela maioria, que nada decide, nestes casos).
Mas processos históricos, pontuados por injunções de determinados grupos (as elites).
O capitalismo, desde há muito tempo, já deixou de ser um sistema meramente acumulador de riqueza física (capital), resultado das expropriações advindas da exploração do trabalho.
Ou seja, os donos da banca não imaginam outra forma que não a subordinação completa de todas as outras formas de vida e de negócios.
Assim, a banca (os bancos e o sistema financeiro), preferem investimentos de baixo risco e altas taxas de retorno, possíveis apenas com a injeção de fartos recursos estatais (impostos, via subsídios).
A "quebra" do Eike e do Mauá não tem nada a ver com "questões morais", mas em ambos os casos, a imposição do capital internacional em não permitir que alternativas se construam para oferecerem concorrência lá na frente.
Mauá, como Eike, do alto de sua "arrogância" (que alguns chamam de empreendedorismo), imaginavam ser capazes de vencer esta barreira...
Não deu...
Pelo menos Mauá, como era comum aos homens de honra, pagou suas dívidas e reconstruiu sua vida, acabando como rico comerciante...
Já o cretino do Eike não tem esta fibra e passa a história como caloteiro, que tentou tirar proveito das informações que tinha para vender ouro aos tolos...
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