Confesso que por mais que eu possa me esforçar, eu não consigo acreditar que os resultados da próxima pesquisa que o Datafolha está fazendo desde quinta-feira em todo o país, seja real.
Não desconfio do instituto. Porém, não tenho nenhum (nem algum) indicativo para acreditar neste resultado específico. Explico que não se trata de uma misantropia.
Fato é que se tornou difícil crer num resultado que pode alterar qualquer lógica. Mais: pode ajudar a construir um cenário que o faça em seguida, crível.
Evidentemente há enormes e pesadíssimos interesses por trás deste resultado.
Os mercados (digo os donos do dinheiro, não apenas os que negociam com ações) já há algum tempo conseguiram que os institutos lhes forneçam dados antecipados (as chamadas preliminares) para se moverem com alguma segurança. Imaginem agora e nesta pesquisa específica.
Os cenários que colunistas traçam (não sem interesse) desde quarta feira descrevem, são os mais díspares possíveis. Vi até quem fale da possibilidade da Dilma não conseguir chegar ao segundo turno. Imagine então o que virá.
Neste intervalo muita gente anda divulgando números de pesquisas por telefone (tracking) de tudo enquanto é tipo, buscando alinhamento de forças conforme interesses. Buscam o que chamo de convergência, entre o número chutado e o que ele pode trazer de positivo aos seus interesses.
O que aumenta minha desconfiança é saber que o Datafolha, ou os demais institutos podem depois em pesquisas anteriores mudar os números e dizer que o humor e a comoção podem ter se arrefecido e que a razão voltou a imperar.
Ou ainda que a propaganda eleitoral no rádio e na televisão, que coincidentemente também se incia esta semana, mexeram nas intenções dos eleitores.
Vale ainda neste cenário de hipóteses lembrar que as candidaturas aos governos estaduais, que já atravessavam antes estranhos acordos e cruzamentos de interesses regionais das legendas, poderão, a partir do fato trágico e lamentável do acidente e morte de um dos três principais concorrentes, alterarem completamente suas intenções e acordos, por considerarem que estes forma feitos numa situação anterior que não existe mais.
Quem conhece a política e seus códigos sabe que este fato tem potencial de justificativas de todo o tipo para mudanças de rumo, conforme a direção dos novos interesses e possibilidades.
O jogo já estava sendo jogado até o acidente da quarta-feira. Aliás, ele estava praticamente no meio, já com cerca de quarenta dias de campanha, tendo apenas cinquenta dias pela frente, até o pleito do primeiro turno.
Todos sabemos, que neste tempo de uma campanha (a metade), os sonhos já se derreteram e novos forma criados. Quem tinha poucas chances já tinha se dado conta do abandono, quem estava bem, já estava acompanhando, etc. Assim, o fato trágico, refaz o jogo que terá apenas a metade do tempo (sempre o decisivo) para ser jogado.
Em condições normais, o correto seria desejar que os interessados pudessem auditar a coleta e a apuração destes números, considerado as condições especiais. Mas isto é irreal. A Justiça Eleitoral deve a partir de agora pensar sobre estas excepcionalidades, não apenas sobre os novos registros de candidaturas, mas também das pesquisas.
Enfim, expus minha opinião, antes do resultado que será divulgado na segunda-feira, porque não acredito em seus números. Não busco concordâncias sobre a opinião, mas sim, o debate sobre elas, aliás, maior razão de ser deste espaço. Confiramos e acompanhemos os fatos e suas análises.
PS.: Atualizado às 15:58: Para corroborar com tudo que já comentei acima, eu lembro de indagar sobre os motivos que fizeram o DataFolha esconder o resultado da pesquisa para presidente que estava sendo fechado e seria divulgado na noite da quinta-feira, 14/08/2014, dia seguinte ao do acidente que levou à morte de Eduardo Campos.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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12 comentários:
Fique tranquilo blogueiro.
A Dilma vai ser reeleita.
O Bolsa Familia lhe garante no mínimo 20 milhões de votos. Pode vir qualquer um, ou uma. Não tem para ninguém. A Dilma está blindada.
20 milhões de votos garantidos, comprados com dinheiro público.
Meu caro, esse seu discurso podia até ser verídico ou ter algum fundo de razão antes do "PT" ser o "PT" que está aí desde Lula! Não se esqueça que em todos esses quesitos vcs. fizeram escola e se formaram com louvor! Nos dias de hoje e já algum tempo, não cabe aos petista mais se fazerem de vítima. Vítima somos todos nós que temos aguentar essa turma toda! Todos farinha podre do mesmo saco!!! Publica aí
A política com todos os seus defeitos como mediadora dos diferentes interesses da sociedade, nunca foi e nunca será movida pelos anti-alguma coisa. Muito menos os anti-petistas da contemporaneidade.
O PT tem muitos erros, ainda assim, menos que os demais partidos e, apesar de tudo com os méritos de ter contribuído para a redução da desigualdades e inclusão social.
Ainda insuficientes diante da demanda que se tem com os mais pobres que construíram este país.
A Casa Grande continua trabalhando para manter a senzala.
E a história segue.
O PT tem muitos erros?
Não se trata de apenas erros. Vem cometendo CRIMES!
Crimes gravíssimos. O mensalão foi apenas uma amostra. Estão aparelhando tudo. Tomando conta de tudo e ganhando muito dinheiro.
E mantendo o povo na miséria, com esmolas, porque não interessa ao PT um povo realmente instruído e que saiba pensar
Os crimes do mensalão mineiro. Do trensalão tucano.
Do aeroporto que agora pegou fogo coincidentemente em Cládio, MG.
Da compra da reeleição de FHC. Dos esquemas de venda da Vale.
O sistema todo tem muitas falhas.
Voltemos a jogar pérolas aos porcos e a Casa Grande a se lamentar.
Veja como a Casa grande raciocina. Queriam continuar a controlar s estrutura de representação política, mesmo perdendo a eleição.
É até admissível são séculos de Casa Grande.
Há necessidade de se aperfeiçoar a democracia e criar governos que atendam quem mais precisa deles e isto está bem longe do retorno à Casa Grande.
O ciclo é longo mas sem volta.
Engraçado que para este tipo de gente liberalismo é quase um revolução blochevique.
Sigamos em frente!
Mas a Casa grande continua mandando, com o apio do PT. O que representa Sarney e Renan? Jader Barbalho, esse mesmo, que declarou ter mais de 3 milhões de reais guardados em casa, aquele mesmo que o Lula, literalmente, beijou a mão, durante um comício.
O PT mantém o sistema porque está dele se locupletando. Mal comparando, está ocorrendo o que ocorreu na fábula "A Revolução dos bichos" (Orwell), com o PT fazendo o papel dos porcos.
Ainda perco o meu tempo com a mesma ladainha anti-petista, que não enxerga muito para além...
Quando Sarney, Jader, Renan serviram para FHC ganhar a reeleição e governar era bom, agora, que o PT é obrigado a repetir o modelo que o esquema estimula para não ser golpeado, eles se tornam problemas.
A mesma ladainha simplória e própria da casa que se imagina melhores que os outros e entende a democracia como instrumento para manter a senzala imaginando-os porcos, tal e qual.
Abraçaram e se lambuzaram vendendo todo país e agora beijando a mão e se ajoelhando e pedindo clemência em inglês aos yankes na dependência negociada, mas, mantendo a desigualdades.
Há que se suportar estes para não ser golpeado, mas, hoje, os pobres se alimentam, têm emprego, ascenderam socialmente, pegam até avião e a casa grande não suporta isto.
Não é a diferença entre os de cima que incomoda é a ascensão dos de baixo que melhoraram de vida que faz o fígado reclamar, tal qual a mídia comercial que lhes serve.
Sigamos em frente!
Pérolas e os porcos de sempre...
Os caras são uns estúpidos:
Acham super normal o governo restituir imposto de renda através das deduções e devolução de imposto para alguém que ganhe mais de 20 mil reais por ano, e que pague algo em torno de 15 a 18%, em média de imposto retido...
Acham super normal os estados, municípios e a União entupirem as empresas de favores fiscais, tolerarem a sonegação (como a globo, por exemplo), e o pagamento de 12% de juros da dívida pública aos bancos...
Mas acham "esmola" o governo restituir menos de 1000 reais por ano para uma família que tenha uma renda média de menos de 1/2 SM/mês e que gaste cerca de 60 a 70% de imposto embutido em tudo que come e consome (afinal, o pobre gasta parte de sua renda com produtos e serviços cujos impostos são os mais altos)...
Bando de imbecis, cretinos...
E você segue perdendo seu tempo...
Pois é, o Douglas só não fala que o bolsa esmola corrompe o sistema eleitoral. Quem recebe é voto certo no Governo. Assim fica fácil ganhar uma eleição, comprando votos com dinheiro público.
Já leram "A Revolução dos bichos", do Orwell ?
O PT faz exatamente o papel dos porcos na referida fábula.
Tem que dar é estudo, educação de verdade para o povo brasileiro, para ele aprender a raciocinar e se qualificar e empreender. Mas isso não interessa ao PT.
Parabéns Roberto, por proporcionar uma discussão tão aberta em seu blog. Não compartilho de sua opinião, mas acho louvável a forma como você conduz as discuções por aqui.
Novamente parabéns!
Na cabeça de porco do "revolução dos bichos", o sistema eleitoral "perfeito" é:
- O pobre, que nada levaria do Estado carregando as classes abastadas que recebem tudo do Estado, e votando nos candidatos destes mais ricos.
Aí sim, fica tudo bem e não há "corrupção eleitoral".
Quando o mais pobre recebe algo do Estado e consagra esta visão política é "esmola" ou "cabresto"...
(rs).
Rico leva todos os favores deste Estado, mas vota pelo "bem e o futuro do país", ou "por princípios"(rs)...
É Roberto, chegam as eleições e os idiotas perdem a modéstia...
Falam do Bolsa Família,aliás elogiado pela ONU como o melhor programa social do mundo.Mas se fosse do PSDB ninguém diria nada. Fala do Bolsa Família quem não precisa dele.A verdade é que o PT mudou o Brasil.Antes,pobres e negros não tinham vês.Agora tem. Lula pegou um Brasil quebrado,com reservas apenas de US$ 23 bilhões que hoje são US$ 370 bilhões. Inflação de 30% que hoje é 6,20%. Taxa Selic que era de 28% e hoje 11,5%.Pobre hoje estuda em Universidades e até no exterior.Etc,etc.etc.
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