As estatísticas de emprego podem ser tabuladas por duas diferentes fontes: o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que mede variações e movimentos do estoques de emprego, no curto intervalo de tempo, mensal e semestral, enquanto, a segunda fonte é o Relatório Mensal de Informação Social (Rais), que mede e permite análises de ciclos mais longos e série históricas. Ambas são produzidas pelo Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE).
Pois bem, desde o início de agosto, o professor do IFF Romeu e Silva Neto, membro, como este blogueiro, do Núcleo de Estudos em Estratégias e Desenvolvimento (NEED) do IFF, retomou as investigações sobre a movimentação da movimentação do trabalho formal nos 92 municípios fluminenses.
Estamos ruminando os dados com o professor Romeu. Para melhorar a atualizar a série histórica que está sendo levantada, desde 2002, ontem, o Ministério do Trabalho e do Emprego divulgou os dados da Rais do ano de 2013.
São dados muito interessantes para entendermos a dinâmica do emprego, por quantidade, setor e sua distribuição espacial no território fluminense. À primeira vista são muitas as observações interessantes sobre os números e sobre fluxos de empregos e tudo que eles representam, em termos de articulação com as políticas econômicas e as gestões locais.
Aqui no blog publicaremos dados, tabelas e gráficos para contribuir com a informação e estimular o debate sobre estas dinâmicas em curso. Além de olhar o passado na série histórica, se pretende, avaliar perspectivas traçando também cenários prospectivos até o final da década.
Entendemos que é importante trazer para a população os estudos e as análises feitas nas universidades, seus centro de pesquisas e congressos. Estes dados, análises e debates necessita ter uma circulação mais ampla e ser aprofundado pelos setores envolvidos, enriquecendo as análises e devolvendo à sociedade o que ela sustenta com seus impostos.
Vamos lá nas primeiras constatações na série histórica de doze anos (2002-2013).
Em termos de crescimento do número de empregos formais, o município de Rios das Ostras está disparado na primeira posição, entre os municípios fluminenses, com evolução de 625%.
Rio das Ostras é seguido de Porto Real com 251%. Rio das Ostras possuía em 2002, um número 5.841. Já no ano passado, Rio das Ostras fechou com um estoque de empregos de 42.351 vagas. Um crescimento colossal.
Confira abaixo o gráfico sobre os maiores crescimentos percentuais do estoque de empregos entre 2002 e 2013 na comparação entre os 92 municípios fluminenses:
Os números são muito significativos e podem ter várias explicações, especialmente sua relação cada vez mais integrada com a base de apoio do petróleo na vizinha Macaé. Os dois municípios hoje estão completamente conurbados (a área urbana de uma cidade entra na outra) sem que possamos distinguir seus limites.
Ainda assim, o seu crescimento em relação a Macaé (na 11ª posição com crescimento de 155%) exige mais explicações que deve ser aprofundada em outras análises, inclusive observando quais são os setores da economia onde este crescimento em Rio das Ostras foi mais expressivo. Rio das Ostras como sabemos é uma cidade basicamente de comércio e serviços, com poucas atividades agrícolas, ou industriais.
Macaé em 2002 possuía 56.521 empregos e em 2013, tinha um estoque de empregos de 144.627 vagas.
Evidente que na comparação com Rio das Ostras em termos de crescimento é mais complicada porque Macaé já saía em 2002 de um estoque alto de 56 mil vagas, contra quase dez vezes menos, Rio das Ostras que tinha 5,8 mil empregos.
É oportuno recordar que no ano 2001, este mesmo grupo de pesquisa ao criar o Observatório Socioeconômico do Norte Fluminense, identificou que naquele mesmo ano (2001) Macaé ultrapassou pela primeira vez, o município de Campos dos Goytacazes, no total do estoque de empregos, apesar de possuir uma população praticamente quase quatro vezes menor.
Agora, em 2013, Macaé é o quarto município fluminense em estoque de empregos formais com 144 mil vagas. Em primeiro é Rio-capital com 2,6 milhões de vagas, seguido de Niterói com 193 mil vagas e Duque de Caxias em terceiro com 172 mil empregos.
O município de Campos dos Goytacazes aparece em 36 lugar em percentual de crescimento em vagas de emprego pela RAIS 2013 com crescimento de 85% entre 2002/2013. Em 2002, Campos possuía 52.943 empregos, enquanto agora, em 2013, chegou a um total de 98.220 empregos, sendo o sexto entre os municípios fluminenses.
Para concluir esta primeira observação sobre a série história da Rais 2002/2013 no estado do Rio de Janeiro, chama a atenção o fato do município (agora da Região Metropolitana) de rio Bonito ter decrescido (-6,7%) em seu estoque de empregos no período em movimento contrário ao de todo o país e ao do estado do Rio de Janeiro.
Rio Bonito tinha em 2002, um total de 21.397 empregos, e agora em 2013, apenas 19.958 empregos. Há que se pesquisar a origem deste fato estranho até pela proximidade que a cidade tem com Itaboraí sede do Comperj que em fase de construção arrastou uma grande quantidade de empregos. Seria natural que trabalhadores que miraram formalmente para o vizinho município tivessem movimentado a economia e por arrasto ampliasse a dinâmica econômica de Rio Bonito.
Dois outros municípios vizinhos que tiveram uma relativa manutenção de seus estoques de empregos sendo também menores crescimentos percentuais (entre 2002-2013) depois de Rio Bonito é São Fidélis que cresceu apenas 1,1% e Santa maria Madalena com 8,3%.
Voltaremos ao tema por mais vezes trazendo dados e estimulando o debate sobre a realidade da dinâmica do emprego formal não apenas na região, mas, em todo o Estado do Rio de Janeiro.
PS.: Atualizado às 18:42: Acrescentando que o gráfico expõe que o município de São João da Barra tem o 5º maior crescimento (213%) entre 2002-2013 no número de empregos entre os 92 municípios fluminenses. Tendo passado de 3.152 empregos em 2002 para 9.891 empregos em 2013. Voltamos a lembrar que o crescimento percentual maior é sempre mais fácil para municípios que tinham uma pequena base, ou número de empregos em 2002, porque assim, o crescimento em números absolutos mesmo que menores, redundam em grandes percentuais.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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5 comentários:
Me ajuda a escolher, voto. o Et ou no Barack Obama? Qual o melhor para deputado?
É fácil observar o motivo de Campos, se encontrar na 36° posicao, na evolução de empregos formais dentre os 92 municípios do RJ. Para isso vejamos o cawrro-chefe de campanha de garotinho, ao governo do Estado do RJ :
Criação de casas populares, ampliar restaurantes populares, etc.
Janais prioriza a geração de empregos.
Enfim, em nosso município Campos dos Goitacazes esse casal garotinho, governa do mesmo.
Com essse pessoal na prefeitura a situação do emprego não mudará tão cedo
Esta observação parece preconceituosa e contra a política habitacional para os que mais precisam.
O programa Habitacional, a meu juízo, merece uma série de críticas, sobre qualidade, participação da população, custo das obras, não adequação a outras demandas, etc. mas não a esta.
Até porque a construção de casas gera empregos e renda que circula na economia.
A discussão é um pouco mais ampla.
Roberto,
Há algumas variáveis a serem analisadas e sondadas:
- O efeito da criação da ZEN (zona especial de negócios) na "fronteira" dos dois municípios (e bem mais próxima do parque de tubos);
- A intensificação/ampliação da vocação de "cidade-evento" na qual o município vem trabalhando, com a fixação de um calendário de eventos (inter)nacionais;
- A maior renda que aumenta o fluxo sazonal de população temporária (turistas e pessoas com duplo domicílio) não só do verão, mas que aumenta a carga do setor
de serviços e comércio em datas aleatórias;
- O transbordamento/conurbação proporcionado pelo esgotamento geoeconômico de Macaé;
- O aumento do emprego pela ampliação da presença dos investimentos públicos (ainda que sob a forma de contratos terceirizados), haja vista que a demanda aumenta todos os dias, gerando uma relação de causa-e-efeito na curva.
Eu, resumo as coisas em um ponto:
A indústria do petróleo é foda, e tem ainda mais uns 50 a 80 anos de hegemonia para transformar (e transtornar) os territórios onde atua...
Um abraço.
Creio que com a evolução do projeto do Complexo Logístico e Industrial de Barra do Furado, haja uma reação no que pese a criação de novas frentes de trabalho e geração de renda advinda da abertura de vagas de emprego formal e novas oportunidades de MO mais qualificada aderente a demanda da indústria do Petróleo que voltará, certamente, a crescer a partir de 2016.
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