Além do controle acionário para saber que "efetivamente" está mandando no Porto do Açu, outro importante acompanhamento é sobre os contratos de uso dos terminais portuários (extensão de píeres) e da ocupação da retroárea.
Neste imbróglio a maioria já entendeu a relação entre a Anglo American, mineradora que hoje possui o projeto Minas-Rio (mina e mineroduto até o Açu) e possui um acordo (joint-venture) com a Prumo.
Este acordo redundou recentemente na nova empresa "Ferroport". Esta é encarregada de receber o minério sob a forma de polpa, processá-lo (filtrá-lo), secá-lo para armazenar e depois embarcar em esteiras até o terminal 1 para saída nos navios graneleiros.
Há indagações sobre o acordo de uso desta área que a matéria da revista Exame esclarece em parte. Sobre estimativas de valores de pagamento de aluguel por uso de áreas no Porto do Açu, o blog publicou uma nota aqui no dia 8 de agosto que produziu bastante comentários.
Os cálculos das estimativas foram enviadas ao blog, mas são contas dos investidores minoritários de ação do empreendimento. Por ela, só com receita da Anglo, a Prumo receberia anualmente cerca de R$ 200 milhões de um total de R$ 250 milhões com arrendamentos de área. Por estas contas cerca de 80%.
Pois bem, diante deste quadro vale conferir a matéria da Exame:
"Ferroport e Anglo renegociam contrato do porto do Açu"
"Foram renegociadas condições contratuais sobre a operação, embora as principais condições comerciais tenham sido mantidas"
"A Prumo Logística informou nesta terça-feira que a Ferroport e a mineradora Anglo American renegociaram algumas condições contratuais sobre a operação no porto do Açu, embora as principais condições comerciais acordadas tenham sido mantidas.
De acordo com os termos renegociados, a Anglo se compromete a continuar pagando as parcelas mensais referentes ao contrato de "take or pay" independente da ocorrência do primeiro embarque de minério.
Contratos de take or pay obrigam o contratante a pagar pelo serviço, independentemente de haver ou não o uso efetivo da estrutura.
A renegociação prevê que a Anglo poderá compensar parcelas referentes aos períodos entre setembro de 2014 e a data do primeiro embarque, limitado até a parcela de fevereiro de 2015, totalizando no máximo 6 parcelas. Ainda, a compensação ocorrerá com o ajuste das parcelas mensais futuras após a data do primeiro embarque.
Foi mantida a obrigação da Anglo de pagamento à Ferroport de montante no valor de 7,10 dólares por tonelada de minério de ferro embarcado, atualizado pelo índice norte-americano PPI (Producer Price Index) com base no volume anual de 26,5 milhões de toneladas em base natural, pelo prazo de 25 anos.
O pagamento referente ao período de julho, no valor de 36,15 milhões de reais, foi efetuado pela Anglo na segunda-feira.
A Anglo American concluiu no fim de agosto o transporte da primeira carga de minério de ferro por meio do mineroduto do projeto Minas-Rio até o porto do Açu, no litoral fluminense, em procedimento teste.
As empresas envolvidas no projeto dizem que o primeiro embarque de minério está previsto para até o final de 2014."
Não é simples lidar com as informações econômicas, muitas vezes desencontradas e que em outras escamoteiam pontos mais importantes. O blog registrou acima pontos que considera mais importantes.
Tentando traduzir. A Anglo negociou valor a ser pago até que as exportações comecem a ser feitos porque o contrato entre as partes previa pagamento de aluguel, equivalente a montante que seria exportado, à taxa de US$ 7,10 por tonelada, que antes seria devido, mesmo sem que o sistema estivesse operacional.
Contrato "take or pay". Outro dado interessante é que a Prumo já fatura e como tal já paga Imposto Sobre Serviços (ISS) á Prefeitura de São João da Barra. Como em janeiro foi pago R$ 36,1 milhões à Prumo, a PMSJB vai ter direito a R$ 90 mil.
Interessante ainda observar que este sistema de contrato "take or pay" que aqui gera receita para a Prumo, lá no Porto Sudeste que era controlado por Eike (via MMX) e agora pela trader suíça Trafigura, a Trafigura cobra da MMX o mesmo tipo de compromisso de pagar pelo uso do porto (para exportar), aumentando os prejuízos e a crise da MMX.
Enfim, negócios e imbróglios dos contratos e da disputa econômica do capital dentro do sistema. Isto mexe com faturamentos, lucros, valores de impostos e destino das corporações que atuam num setor oligopolizado. Continuamos conferindo!
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