Ontem à noite zapeando pelo controle remoto vi um programa bem bolado da TVE espanhola. Uma razoável televisão publica. Depois de um interessante programa-documentário sobre manutenção de alguns serviços (transporte de navios, avião, aquário público, etc.), eu assisti um programa ao vivo chamado “Debate” num imponente auditório da TVE.
O tema ontem foi “corrupção”. Eram seis ou sete debatedores. Além dos debatedores havia matéria sobre o tema mostrando dezenas de casos atuais na sociedade espanhola e também algumas entrevistas e entradas de correspondentes da TVE em outros países europeus falando sobre o tema em cada um destes países, como Alemanha, Inglaterra, França, etc.
Entre os debatedores eu me recordo que estava um representante de cada um dos dois principais partidos espanhóis que têm se revezado no poder, o PP e o PSOE. Dois ou três editores de jornais. Um filósofo e professor de ética, mais dois representantes de entidades da sociedade civil.
Assistindo o debate e evidentemente fazendo relações com nossa situação é possível a grosso modo, concluir que os problemas são similares, relacionados a financiamento de campanha, o uso de oportunidades para enriquecimento individual, participação dos diversos setores inclusive os empresariais nas tramas, etc.
Os argumentos são quase que os mesmos daqui. Todos agridem os partidos e os políticos. Estes acusam um ao outro. As razões seriam abuso da discricionariedade que o agente público tem para decidir, falta de transparência, etc. Más intenções das corporações que manipulam os partidos. Uso do eufemismo de lobby e presentes (regalos) para outros tipos de corrupção, etc.
Em alguns momentos eu fiquei com a sensação que o mesmo debate no Brasil parece um pouco mais avançado com a criação da CGU (Corregedoria Geral da União) como organismo anterior aos Tribunais de Contas (comuns aos diversos países) e, mais especialmente, à nova lei imputando responsabilidades também aos corruptores e não apenas aos corruptos, normalmente agentes públicos e políticos.
Enfim, um debate que serviu, pelo menos para mim, para reforçar que mesmo com a experiência milenar desta civilização européia, os problemas e as situações derivadas do valor da “não corrupção” (para não usar o termo honestidade) continua universal e contemporâneo.
Negar o fato é assumir a eterna visão submissa diante da realidade.
Sigamos em frente!
PS.: Duas observações sobre a rede TVE espanhola cujo portal pode ser visto aqui:
2 - Atualmente, a RTVE não tem publicidade em suas transmissões. Engraçado como fomos acostumados ao tal do "comercial". Assim, os programas diretos e sem intervalos quase tiram o fôlego de trechos a que fomos sendo acostumados, rs, rs. A retirada da publicidade foi uma decisão há cinco anos do governo do PSOE. Há poucos dias, o PP, partido que controla há três anos o governo central disse que vai rever esta decisão nos próximos dias.
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