Não demora muito vão também chamar o papa Francisco de bolivariano. Aqui na Espanha, assim como em toda a América Latina, todos que dizem que não dá para esticar a corda da questão econômica, das desigualdades com arrocho, etc. são chamados de bolivarianos.
Atualmente o que mais é acusado e tem que responder todo o dia sobre isto é o líder do novo partido “Podemos”, Julio Iglesias.
Eu acho engraçado isto, quando Simon Bolívar poderia imaginar que do sul pudesse sonhar não apenas com a liberdade da porção americana, mas também da região ibérica.
Assim, eu não me espantarei quando chamarem o senhor Jorge Mario Bergoglio, o bom papa Francisco de bolivariano. Veja o que ele fez na última terça-feira.
Ele foi à sede do Parlamento Europeu em Estraburgo, na França e disse diante do Conselho da Europa que “o Mediterrâneo não deve se converter em um grande cemitério”. O papa falava dos maus tratos e do pouco caso que se vem dando, diariamente, aos imigrantes resgatados em barcaças que chegam nas costas europeias, especialmente na Itália.
Só que o papa foi mais longe, diante dos eurodeputados, o senhor Bergoglio apertou o cinto e seguiu criticando “os estilos egoístas de vida caracterizados pela opulência insustentável e indiferente aos mais pobres”. Ainda segundo matéria do jornal espanhol El País, o papa Francisco, defendeu que “a Europa não gire só em torno da economia, justo nos dias em que o presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, estava sendo acusado de beneficiar durante décadas às multinacionais para se enriquecer no paraíso fiscal de Luxemburgo, às custas dos países da periferia”.
Ao falar da opulência disse que o papa indiretamente olhava a suntuosidade das instalações do Parlamento e ia ainda mais fundo ao questionar os destinos pensados para a Europa, hoje cada vez mais excludente disse: “os grandes ideais que inspiraram a Europa parecem haver perdido força de atração, em favor dos tecnicismos burocráticos de suas instituições” e assim o papa animou a “sacudir a modorra”. “É chegado a hora de construir juntos a Europa que não gire em torno da economia e sim da sacralidade da pessoa humana e dos valores inalienáveis; uma Europa que abrace com valentia o seu passado e mire com confiança seu futuro para viver plenamente e com esperança o seu presente. É chegado o momento de abandonar a ideia de uma Europa atemorizada e presa sobre si mesma, para suscitar e promover uma Europa protagonista, transmissora da ciência, arte, música, valores humanos e também de fé. A Europa que contempla o céu e persegue ideais; a Europa que enxerga, defende e tutela o homem; a Europa que caminha sobre a terra segura e firme, precioso ponto de referência para toda a humanidade”.
A reportagem diz ainda que os eurodeputados se postaram de pé e aplaudiram longamente suas palavras, mas, eu fico aqui pensando que a maioria deveria estar pensando lá vem este bolivariano argentino para cá nos dizer o que devemos fazer e que precisamos mudar.
Na verdade, eu vejo que o mundo todo vocifera um adjetivo mirando, outro como já sabemos e “miramos” diariamente no debate político brasileiro. O mundo precisa caminhar em outra direção.
Mesmo não sendo católico, eu digo que este papa me representa!
Viva Francisco bolivariano I!
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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