A notícia não deve ser boa para a Anglo American e para as exportações pela Prumo, através do Porto do Açu. Verdade que estes preços acabam refletindo especulações de mercado.
Hoje, a área de análise do Citibank confirmou que está pessimista com as cotações do minério de ferro. O fato teria levado a fixar em US$ 78 o preço da tonelada para o quarto trimestre em relatório que enviou aos seus clientes.
Mais, o Citibank prevê que até o terceiro trimestre do ano que vem, a média deve chegar a US$ 60 e, depois disso, a queda seria até US$ 50.
Na China, a commodity está sendo vendida em patamar próximo a US$ 75,50 por tonelada, o pior desde junho de 2009, segundo informou a consultoria Steel Index, em informação divulgada pelo Valor. Em 2015 e 2016, o Citibank espera nível de US$ 65 a tonelada.
A redução do preço do minério está afetando a brasileira Vale e a Bolsa de Valores do Brasil (Ibovespa), onde ela tem forte presença.
O mercado internacional de minério de ferro é altamente controlado por grandes traders (ou tradings) como a Trafigura, Glencore e outras.
As traders atuam como já comentamos aqui, citando professor Ladislaw Dowbor da PUC-SP, apertando ou soltando o fluxo de mercadorias através dos sistemas portuários e de grandes espaços de armazenagem, que podem estar mais perto da extração mineral, ou, mais comumente, próximo aos espaços dos compradores, que são as grandes siderúrgicas, especialmente da Ásia e depois Europa.
As sedes desta traders são os paraísos fiscais, especialmente da Suíça, onde pagam menos impostos e fazem transações financeiras protegidas por sigilos rigorosos. Um esquema semelhante ao que comentamos ontem, em nota aqui, sobre a chamada "engenharia fiscal" feitas pelas corporações de tecnologia.
Não é simples sobreviver na economia global com todas estas questões. Da mesma forma que no mundo atual, parece impossível não estar de alguma forma envolvido nesta realidade. Assim, só um estado bem estruturado e com capacidade de regulação e poder planejar e operar uma inserção internacional, sem que os resultados sejam apenas para as elites.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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3 comentários:
Que o Senhor é contra o empreendimento do açu todo mundo sabe,......nao preciso falar mais nada,um ate em breve professor!
Porque acha que o professor é contra o empreendimento no Açú?
Prezado Roberto Moraes, como sempre seus posts são de interesse nacional, pois a crise da mineração, uma forma de aproveitamento do capital primitivo ou acumulação primitiva, etapa pré-capitalista baseada no extrativismo, é séria e afeta nossas empresas num momento de indefinição nas leia mineral. A vigente, o Código de Mineração, baixado por Decreto-Lei da Ditadura de Castello Branco, incrível é melhor que o Marco Regulatório proposto pela presidente Dilma Rousseff, que parou a mineração enquanto não é aprovado. É um projeto sem conteúdo técnico e jurídico e meramente tributarista e liberal leiloando o subsolo pátrio, principalmente ao estrangeiro. Neste quadro a entrada da Anglo American neste momento tão crítico, além de aumentar a oferta de minério de ferro, com maior contribuição na baixa de preço que já está em US$ 70,00/t, como fica a situação de quem pagou US$ 5,00 para o "minério" in situ? o capitalismo não aceita pagar para entregar a mercadoria por valor do seu produto menor do que o valor do custo. Vamos aguardar e desejar sucesso ao projeto que, malgrado a origem de Eike Batista, superou em tempo record, muitos desafios, com problemas ambientais ainda em aberto, e concluiu a mina cativa, com mineroduto e porto. Um abraço geólogo Everaldo Gonçalves.
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